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segunda-feira, 29 de julho de 2024

As incursões de falangistas em Melgaço durante os tempos da guerra civil espanhola

As incursões de falangistas em Melgaço durante os tempos da guerra civil espanhola

Ponte Internacional antiga de S. Gregório (1936)
Por Valter Alves

No deflagrar da Guerra Civil espanhola, em Julho de 1936, a resistência à sublevação militar na Galiza foi levada a cabo essencialmente pelos civis das várias correntes políticas apoiantes dos republicanos. Em poucos dias,  com o apoio dos civis falangistas, as tropas franquistas controlaram todo o território galego e iniciaram uma campanha repressiva de que resultariam dois mil e quinhentos fuzilados ou “passeados” nos seis meses seguintes. Alguns conseguiram fugir e conseguiram esconder-se em aldeias raianas do Alto Minho e Trás-os-Montes.
Este clima de guerra originou uma série de incidentes na fronteira melgacense. No dia 3 de Setembro de 1936, a partir da margem galega foram disparados vários tiros contra uma pesqueira portuguesa em Paços (Melgaço) que se encontrava em obras à epoca.
 As autoridades do lado português protestaram. O Posto de Marinha, do lado galego, notificou o Tenente Lopes, Comandante da Secção de Melgaço, de que os autores dos disparos não eram militares mas sim civis. Além disso, as autoridades galegas acrescentaram que os tiros foram produzidos por grupos afetos à Falange que estavam a praticar tiro, por isso não eram dirigidas intencionalmente às obras da pesqueira.
Não foi o único caso problemático que aconteceu na area controlada pela Secção de Melgaço. No dia 10 de Dezembro de 1936, o Comando Provincial de Orense enviou um documento ao Tenente Lopes fazendo referência a factos ocorridos no dia 5 desses mesmo mês no lugar de Ribeiro de Baixo (Castro Laboreiro – Melgaço). Desconhesse-se o alcance real dos acontecimentos mas não deve ter sido coisa pouca já que provocou a intervenção direta da autoridade militar provincial de Orense. Contudo, estará relacionado com incursões e atividades de elementos afetos à Falange em território português. O Comando Territorial desta província refere-se a estes factos nos seguintes termos:
“Os elementos da Falange Espanhola que cometeram tal imprudência, fizeram-nos por conta própria e exclusiva, ignorando os tratandos internacionais que o proíbem, acreditando que fizeram bem à Causa  que defende a Espanha honrada. Nunca foram autorizados nem o fizeram com o conhecimento das autoridades espanholas, que sabemos em todo o mundo respeitar as leis internacionais, e mais ainda tratando-se de Portugal, nação irmã, que nos merece, aos bons espanhóis, respeito, afeto e carinho. Os falangistas citados foram castigados preventivamente, por minha autoridade, e desse assunto dei conta oportunamente ao Exmo. Sr. Governador Militar de Orense, que imporá o castigo definitivo a quem sejam merecedores”.
No mesmo mês, um soldado de vigilância no Posto Fiscal de Pousafoles, na mesma secção de Melgaço, informava de que durante a madrugada do dia 23 do dito mês de Dezembro de 1936, os fascistas espanhóis destruíram a ponte sobre o rio Trancoso nas proximidades de Pouzafoles. Esta ponte servia de trânsito para gado e alfaias agrícolas do povo da localidade melgacense com terrenos na ribeira do lado galego. Evidentemente, a ponte podia servia para facilitar a fuga dos elementos republicanos escondidos em terras galegas.
Como se tratava de uma ponte internacional, a destruição desta ponte foi concretizada evocando o perigo de fuga dos opositores ao General Franco para Portugal. Também por este motivo, esta tarefa foi levada a cabo por elementos civis comprometidos plenamente com a causa franquista ou seja por elementos da Falange, evitando assim o incidente diplomático. Nas mesmas circunstâncias, a antiga Ponte Internacional de S. Gregório foi, por esta altura, também destruída a partir do lado espanhol.
As movimentações dos falangistas em território português são feitas com um grande à vontade, já que as autoridades militares portuguesas e a polícia política (PVDE) prestaram estreita colaboração aos elementos da Falange chegando a irritar as autoridades locais portuguesas.
Em 1937, o comandante do posto da Guarda Fiscal da Ameijoeira (Castro Laboreiro) comunicava ao comandante da secção de Melgaço que «vieram a este posto três indivíduos da classe civil os quais diziam pertencer à Falange Espanhola para que os acompanhasse ao Ribeiro”. O objetivo desta deslocação a território português era a procura de galegos opositores ao regime franquista escondidos em terras castrejas. 
Aqui, em terras de Castro Laboreiro, a colaboração entre as autoridades militares portuguesas e membros da falange foi muito estreita. Desde o começo da guerra, houve um importante contingente de galegos opositores ao regime franquista que, depois de passarem a fronteira, tentaram esconder-se em terras castrejas. Contudo, a permanência de um grupo paramilitar estrangeiro em território português, numa situação de conflito bélico, não era, obviamente, uma situação agradável para as autoridades do Estado Novo. Depois de uma série de incursões de falangistas em Melgaço e noutras localidade raiainas, o Governador Civil de Viana do Castelo, Tomás Fragoso, recordava ao Ministro do Interior português a necessidade de reforçar os postos da Guarda Nacional Republicana para acabar com estas incursões e manter a integridade do território. Contudo os problemas das incursões falangistas em terras de Melgaço continuou praticamente até ao fim da guerra civil espanhola. As batidas na procura dos opositores ao regime franquista continuaram a ser efetuadas com falangistas e com a colaboração de militares portugueses, particularmente a PVDE.
Num documento de comunicação interno classificado, um membro da PVDE descreve o modo como se processam as detenções de galegos escondidos em Castro Laboreiro: “Geralmente, na montanha, estes indivíduos respondem com a fuga, ou com tiros, à intimação de “Alto”. E então a perseguição faz-se a tiro...
Quando presos, estes indivíduos nunca se dizem foragidos, “vermelhos” (comunistas) ou políticos. Alegam sempre terem entrado clandestinamente em Portugal em busca de trabalho. Organizados os respetivos processos, verifica-se a indigência, indocumentação e impossibilidade de se documentarem – pois os consulados espanhóis não os documentam – e é proposta a sua expulsão. E a expulsão não se pode fazer pela fronteira marítima porque os consulados, geralmente, não os documentam e as empresas de navegação não  fornecem passagens a indocumentados”.
O cerco aos galegos escondidos em Castro Laboreiro foi tão intenso que a maioria dos refugiados tentavam fugir para o exílio esperançados em conseguir documentos. A este respeito, o Diretor da PVDE enviou, em 7 de Outubro de 1937,  uma carta ao Chefe de Gabinete do Ministro do Interior, indicando-lhe que a partir da censura da correpondência de alguns portugueses, observa-se que alguns clandestinos localizados nas montanhas de Castro Laboreiro, tinham conseguido certidões de nascimento de nacionalidade argentina, para desse modo poderem documenta-se em Portugal. O diretor da polícia política emite então recomendações: “Nestas circunstâncias, rogo a V. Excelência que se digne obter do Sr. Ministro autorização para (...) que se prendam todos os estrangeiros que se apresentem com passaportes recentes tirados em Portugal sem qualquer visto desta polícia, ou sem documentação que prove a entrada legal no país, ou então sem a autorização de residência autorizada. Qualquer prisão deve ser imediatamente comunicada a esta polícia, explicando-se os motivos da captura”.
 Assim, o que se pensava num primeiro momento como uma das saídas mais fáceis para aqueles que não partilhavam a causa franquista, converteu-se num caminho sem saída. Na realidade, como já aqui foi abordado, os galegos que conseguiram passar a fronteira através do Minho ou através da serra na zona de Castro Laboreiro, encontraram em Portugal um ambiente solidário nas aldeias castrejas, ainda que as autoridades fossem, como se sabe, bastante hostis.

Informações extraídas de :
- LOPEZ, Xejus Balboa & OROZA, Herminia Pernas (2001) - Entre Nós - Estudios de Arte, Xeografia e Historia en homenaxe ó Professor Xosé Manuel Pose Antelo. Faculdade de Xeografia e Historia; Universidade de Santiago de Compostela; Santiago de Compostela;
- OLIVEIRA, César (1987) - Salazar e a Guerra Civil de Espanha, Lisboa, O Jornal, 2ª edição.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

domingo, 28 de julho de 2024

De onde vem o som que ouvimos dentro de uma concha?

De onde vem o som que ouvimos dentro de uma concha?

 

Por Laura Faz

 


É uma experiência inesquecível ouvir o sussurro do mar quando trazemos ao ouvido uma linda concha que encontramos na praia. É sem dúvida fascinante e enigmático... até que a base física que o explica seja descoberta.

 

Desde crianças ouvimos o interior de uma concha e acreditamos que seja o som das ondas quebrando na praia.

 

Minhas lembranças me levam a uma garotinha curiosa de pouco mais de três anos que tentava enfiar os dedinhos dentro daquela concha de interior liso e brilhante, tentando descobrir quem cantava lá dentro.

 

Para partilhar a resposta ao enigma do “som do mar dentro da concha”, comecemos por descrever a família dos gastrópodes. São moluscos com exoesqueleto, área cefálica (cabeça) e área muscular ventral. Eles podem ter habitats terrestres ou marinhos.

 

Os gastrópodes incluem espécies populares como as pertencentes à família Strombidae, que recebem o nome comum caracoles marinha ou conchas.

 

As conchas são a parte rígida das conchas.

 

A cobertura rígida e dura das conchas é chamada de concha. Tem formato espiral, é feito de carbonato de cálcio, podendo ter cores vivas, e é o que associamos ao fenômeno sonoro que iremos descrever.

 

O murmúrio vem do meio ambiente

Nossos ouvidos captam uma grande quantidade de ondas sonoras que vêm não só de fora, mas também de dentro do nosso corpo. O cérebro é capaz de “interpretar” como sons os sinais elétricos que convertem as vibrações que se espalham pelo ar e chegam ao tímpano.

 

Voltando à concha, a primeira coisa é entender que o interior da concha, retorcido e com interior de vidro, comporta-se como uma cavidade ressonante.

O que conhecemos como “ruído branco” – ou seja, a mistura de todos os sons ambientais – salta dentro da concha (onde o ar está presente) e produz ondas de ressonância, que colidem continuamente com as paredes interiores. Algumas destas ondas são “silenciadas” ou canceladas e outras são amplificadas, dependendo da forma e tamanho da área em que impactam. Essas ondas são aquelas que saem da concha e entram em nossos ouvidos, e são o que nosso cérebro interpreta como o som das ondas do mar.

 

A física da ressonância em poucas palavras

Na física, a ressonância é descrita como o aumento da amplitude de uma onda que ocorre quando a frequência de uma força aplicada periodicamente é igual à frequência do sistema sobre o qual ela atua.

 

O fenômeno da ressonância foi descrito pela primeira vez no século XVII por Galileu Galilei e ocorre com todos os tipos de vibrações ou ondas presentes na natureza.

No final do século XIX, o físico alemão Hermann Helmholtz apresentou sua teoria conhecida como “batimento do vento” ou ressonância de Helmholtz, que descreve o efeito da ressonância do ar dentro de uma cavidade.

 

Com base no princípio conceituado pelo cientista alemão, vamos ver o que é um ressonador Helmholtz, o dispositivo capaz de selecionar frequências específicas de um som complexo e amplificá-las.

 

Ressonador Helmholtz

É composto por um recipiente feito de material rígido e de formato quase esférico, com gargalo que consiste em um orifício na parte superior e uma abertura maior na outra lateral.

 

As dimensões e formatos desses componentes determinarão a frequência de ressonância, ou seja, na qual o sistema oscila.

Quando a abertura do pescoço do ressonador é colocada no ouvido, a maioria dos sons presentes no ar circundante será abafada e outros serão amplificados.

 

A concha dos gastrópodes funciona como um ressonador de Helmholtz. O mistério do mar dentro da concha foi então revelado.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

A lenda da padeira de Aljubarrota

A Lenda da Padeira de Aljubarrota

Por O Nosso Cantinho


Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária e heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria matado sete castelhanos que encontrara escondidos num forno.
Brites de Almeida teria nascido em Faro em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.
Teria 6 dedos em cada mão, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã.
Vendeu os poucos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira.
Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde tornar-se-ia dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos.
Teria encontrado sete castelhanos dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os.

Revista Repórter X Editora Schweiz

sábado, 27 de julho de 2024

Firma; Revista Repórter X, Handelsregister Kanton Zürich

Descrição da Firma 


Handelsregister Kanton Zürich:
A revista nasceu em versão online, 01 de Abril de 2012 e foi registada em 2016 no registo comercial de Zurique em versão impressa em papel e online.
Revista Repórter X / Repórter Editora
'Orgaização Portuguesa na Suíça em Diálogo'

Defensores dos Direitos Humanos. Jornalismo. Crítica. Notícia. Entrevista. Biografia, História, Debate. Biografia. Publicidade. Reportagem. Política. Religião. Desporto. Sociedade. Europa. Mundo. Eventos Culturais: Galas de aniversário Repórter X. Fado. Moda. Lançamento de livros Repórter Editora...

Fundador: João Carlos Veloso Gonçalves / escritor Quelhas 
Director/Chefe de Administração: Prof. Ângela Tinoco
Contabilidade: Bárbara de Matos
Sociólogo político, conselheiro repórter X: Dr. José Macedo Barros

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Cozer o pão em Castro Laboreiro: crenças e orações

Cozer o pão em Castro Laboreiro: crenças e orações


Por Valter Alves

Os singulares costumes e tradições das gentes de Castro Laboreiro davam um longo compêndio. Um dos costumes ímpares nesta terra é o ato de cozer o típico pão castrejo, normalmente em forno comunitário. A importância e a qualidade deste pão desde tempos muito antigos comprova-se pelo facto de ser mencionado no foral, citado pelo Padre Bernardo Pintor, que D. Sancho I concedeu foral a Castro Laboreiro há cerca de 800 anos: «... quando fosse a Castro Laboreiro, o Rei recebia de cada casa 2 pães...».
Em tempos mais recentes, a investigadora Maria Lamas, no seu livro “As mulheres do meu país”, aludindo ao pão de Castro Laboreiro, acrescenta que é «... o mesmo pão negro e grande como a roda de um carro, cozido no forno comum, uma vez por mês, e conservado fora do alcance dos ratos nas prateleiras da "camboeira", suspenso do teto, a um lado da cozinha». O pão de Castro Laboreiro também é referido na obra da autora francesa Mouette Barboff na sua obra “O pão das mulheres”, por serem estas que geralmente o confecionavam.
O ato de cozer o pão em Castro Laboreiro, assim como noutros pontos do nosso concelho e do país, está repleto de rezas e crenças, umas de raiz religiosa e outras de raiz pagã as quais são consideradas pelas gentes castrejas como fundamentais. Localmente, a preparação do pão é assim descrita de forma muito sucinta: «Peneirar a farinha centeia. Peneirar a farinha milha ou triga. Misturar as farinhas e juntar água, sal e o fermento. Mexer com a mão. Amassar e dobrar a massa (palhada).» Como fermento, usa-se massa preparada anteriormente e deixada a levedar durante 12 Horas. Diz a lenda que «a água ou orvalho de S. Pedro quando usada para fazer o fermento não deixa o pão azedar». Pronta a massa, esta é colocada a levedar, durante 4 horas, coberta com um lençol de linho e uma manta de lã, fazendo-se a seguinte reza:

“S. Vicente te acrescente
S. Mamede te levede
Imaculada Conceição
Faça de ti bom pão.”

Esta reza tem algumas variações. Por vezes, também se reza com os seguintes dizeres:

“São Mamede te levede
São Vicente te acrescente
São João te faça pão
O Senhor te ponha a Sua mão.”

Ou ainda

São Vicente t’acrescente
São João te faça pão
Nossa Divina Senhora
Te ponha a sua mão”.

Enquanto o pão leveda, aquece-se o forno comunitário usando-se em especial a lenha de urze. Quando o forno está bem quente, retiram-se as brasas e com estas na pá fazem-se cruzes dizendo:

«Cresça o pão no forno
O Bem de Deus pelo mundo todo
P'rás feiticeiras um corno
E p'rá parranheira do forno”, e atiram-se as brasas para o chão.

Ao colocar cada broa de pão na pá, para de seguida enfornar, abençoava-se fazendo-se uma cruz sobre a sua carapaça, com um punhado de cinza retirado da fornalha.
No momento de colocar o pão no forno, dizia-se:

Cresça o pão no forno
E o bem de Deus pelo mundo todo
Saúde aos trabalhadores e aos bem feitores
Bruxas de Zangões vão para a
borralheira comer os carvões.”

Tradicionalmente a porta do forno é selada com estrume de bovino para evitar as perdas de calor. O tempo de cozedura é de 2 h aproximadamente, após o que o pão é armazenado na «camboeira».
A “tenda” era o primeiro pão a sair do forno e a ser consumido no interior da estrutura. Diz-se que só se podia “apartar” (partir) a “tenda” com as mãos, e se alguém passasse a lâmina do “cuitelo” (faca) pela “tenda”, as broas que estivessem dentro da “forneca” não coziam bem (CARVALHO, Diana, 2015).




- CARVALHO, Diana (2015) – Castro Laboreiro – do pão da terra aos fornos comunitários. Dissertação de Mestrado. FLUP, Porto.

- LAMAS, Maria (1948) – Mulheres do meu país. Editorial Caminho, Lisboa.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Daniel Fernandes - Se nascesse rico (Official video)

"SE NASCESSE RICO" Oh minha mãezinha Sei que sou bonito refrão 2X Mas era mais feliz Se nascesse rico Seria tão boa, a minha vida Com dinheiro pra gastar Ter um bom maquinão Para as miúdas conquistar... Mas nem uns trocos , eu tenho no bolso Para um charuto comprar... Se saio com uma miúda Ela acaba por me deixar Oh minha mãezinha Sei que sou bonito refrão 2X Mas era mais feliz Se nascesse rico E conheci uma miúda Daquelas com tudo no lugar convidei-a pra jantar Mas não sei como vou pagar Não tenho dinheiro,
Nem pro jantar... E não podia falar Os pratos eu vou lavar


Letra; Daniel Fernandes Instrumental; Lucas Júnior Produção; Luís Marante Porque a quero conquistar....

Convite para a inauguração da ampliação do cemitério de Lanhoso

Exmo./a Sr./a Jornalista, Revista Repórter X

 

A Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso convida V. Exa. para a inauguração da Ampliação do Cemitério de Lanhoso, marcada para amanhã, dia 27 de julho de 2024, pelas 17h00.

 

Programa:

17h00 – Missa (Igreja de Lanhoso)
17h45 – Inauguração (Cemitério de Lanhoso)

 

Agradece antecipadamente a presença de V. Exa..

 

Com os melhores cumprimentos


 

 

 

 

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GABINETE DE COMUNICAÇÃO

MUNICÍPIO DA PÓVOA DE LANHOSO
Av. da República | 4830-513 Póvoa de Lanhoso
Telf.: 253 639 700 | Ext. 369
www.povoadelanhoso.pt


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Guerra nuclear pode acabar com o mundo

Guerra nuclear pode acabar com o mundo


 

A revista Repórter X tem vindo a falar da iminente guerra mundial (Meia dúzia de mísseis são suficientes para que o Mundo colapse) que pode vir a acontecer, na qual Portugal está na mira da Rússia, um país de chico-espertos. Os políticos portugueses estão a pôr-se a jeito ao ajudar a Ucrânia e a opor-se à Rússia, além de se intrometerem na guerra de Israel com o Hamas na Síria. A Europa poderá ser um alvo de ataque nuclear da Rússia!

Investigamos sobre quais as cidades europeias que poderiam ser alvo de mísseis nucleares russos e destacamos que o Reino Unido seria o mais vulnerável a tais ataques.

A Rússia tem feito repetidas ameaças contra países ocidentais devido ao seu apoio à Ucrânia na luta contra a agressão do Presidente russo, Vladimir Putin. Este tipo de retórica, que frequentemente inclui apelos a ataques com mísseis sobre capitais europeias, pode ser exagerado e não refletir necessariamente a posição oficial do Kremlin.

Em resposta ao compromisso de Washington e Berlim de que os EUA começarão a desdobrar mísseis de longo alcance na Alemanha em 2026, a Rússia voltou a fazer ameaças. Os planos incluem a estação de mísseis de cruzeiro SM-6 e Tomahawk, bem como armas hipersónicas em desenvolvimento. Yevgeny Popov, deputado da 8ª Duma Estatal da Rússia, acusou os EUA de lançar a Europa no caldeirão de uma guerra mundial com destruição mútua garantida.

Há um vídeo publicado por Anton Gerashchenko, conselheiro de assuntos internos da Ucrânia, no qual o russo Yevgeny Popov apareceu em frente a um mapa da Europa, alegando que os mísseis que os EUA pretendem desdobrar na Alemanha representam uma ameaça significativa para a Rússia. Ele afirmou que estas armas poderiam alcançar cidades como São Petersburgo, Kazan, Moscovo, Novosibirsk e Yekaterinburgo.

Estamos a falar de mísseis que se enquadram no Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF), que foi destruído por Trump, disse Yevgeny Popov, referindo-se à retirada dos EUA do tratado de controlo de armas em 2019.

O russo Yevgeny Popov advertiu que, caso a declaração da Casa Branca se concretize, todas as capitais europeias estariam em risco se os mísseis russos fossem colocados em Kaliningrado, o enclave russo que faz fronteira com a Polónia e a Lituânia, membros da NATO. Entre as cidades mencionadas estavam Berlim, Varsóvia, Paris, Bucareste e Praga, além de bases americanas na Alemanha.

O propagandista destacou que a Frota do Norte da Rússia se concentraria no Reino Unido, referindo-se ao país como “nosso inimigo tradicional”. A proposta dos EUA de desdobrar mísseis na Alemanha, segundo Popov, não só ameaça Londres, mas também Manchester, Birmingham e a base naval britânica em Clyde, na Escócia. A Grã-Bretanha é a mais vulnerável. Bastam três mísseis e esta civilização colapsará. A Base das Lajes nos Açores poderá estar também na mira dos russos, pois é lá que os EUA podem se apoiar contra qualquer guerra, principalmente na Europa. A Base das Lajes, embora criada no contexto da Segunda Guerra Mundial, o seu desenvolvimento e importância estão ligados à influência dos Açores no controlo do Atlântico, assim como o seu uso está relacionado com o interesse dos Estados Unidos na redefinição das predominâncias político-militares no pós-guerra.

Atenção, União Europeia e Reino Unido! O canal de TV estatal russo mostrou um mapa de ataques nucleares em capitais europeias. Esta declaração serve como um alerta sobre as intenções e capacidades bélicas da Rússia, aumentando a tensão entre Moscovo e os países ocidentais.

Até ao momento, nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico nem o Pentágono comentaram estas declarações para não darem importância. Esta retórica agressiva reflecte o clima tenso nas relações internacionais, especialmente no contexto da guerra na Ucrânia e da política de defesa europeia.



Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

quinta-feira, 25 de julho de 2024

O papel da assistência social na Suíça e como solicitar ajuda

O papel da assistência social na Suíça e como solicitar ajuda

 


A definição e objetivo da assistência social

 

A assistência social na Suíça é uma rede de apoio fundamental para garantir um nível mínimo de subsistência para aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade e não têm capacidade para se sustentar. Esta forma de assistência é projectada para apoiar indivíduos e famílias que não podem contar com o apoio familiar ou com outros benefícios legais e que se encontram em dificuldade financeira.

 

O objectivo da assistência social é não apenas assegurar a sobrevivência básica, mas também promover a reintegração e a autonomia dos beneficiários. Isso é feito através da provisão de recursos necessários para atender às necessidades essenciais, como alimentação, habitação e cuidados médicos. A assistência social também visa encorajar e apoiar a busca de emprego e outras formas de auto-suficiência, ajudando a integrar os beneficiários na sociedade e no mercado de trabalho.

 

Estrutura e financiamento da assistência social

A assistência social na Suíça é organizada a nível cantonal e municipal, o que significa que cada região pode ter suas próprias regras e procedimentos específicos. Os custos da assistência social são cobertos pelos cantões e pelos municípios, com um sistema de co-participação do governo federal em casos específicos. Cada cantão tem a responsabilidade de elaborar e implementar suas políticas de assistência social, adequando-se às necessidades e realidades locais.

 

O financiamento da assistência social é sustentado por impostos e contribuições sociais. Em comparação com outros países, a Suíça tem um sistema de bem-estar social que é geralmente bem financiado, permitindo uma rede de proteção social robusta. No entanto, a assistência social é destinada apenas para aqueles que realmente não têm outras fontes de apoio e, portanto, o acesso a este apoio é cuidadosamente monitorado.

 

Como solicitar e obter assistência social

Para solicitar assistência social, o primeiro passo é contactar o serviço social regional do seu município. A Suíça está dividida em cantões e municípios, cada um com seus próprios serviços sociais. O requerente deve dirigir-se ao serviço correspondente à sua área de residência.

 

O processo de solicitação inicia-se com a apresentação de uma série de documentos e informações sobre a situação pessoal e financeira do requerente. Entre os documentos geralmente requeridos estão comprovativos de rendimento, despesas, contratos de aluguer, e qualquer outra documentação relevante. A apresentação de documentos é essencial para uma avaliação justa e precisa da necessidade de assistência.

 

Se a documentação não for fornecida ou se a situação financeira não for clara, a assistência pode ser recusada. Contudo, a assistência social é considerada um direito de último recurso, disponível para quem realmente precisa, independentemente da responsabilidade pessoal pela situação financeira.

 

O procedimento de pedido é gratuito, e os serviços sociais têm a obrigação de fornecer informações e orientações sem custos adicionais. Isso inclui ajuda na compreensão dos requisitos e no preenchimento dos formulários necessários.

 

Processo de decisão e recursos

As decisões sobre a concessão de assistência social são tomadas com base na análise detalhada da situação do requerente. Qualquer decisão da comissão social é comunicada por escrito e deve incluir informações sobre as vias de recurso disponíveis. Se a decisão for desfavorável, o interessado tem o direito de apelar, seguindo os procedimentos legais estabelecidos.

 

As decisões podem ser contestadas através de processos formais de recurso, que garantem que todos os cidadãos tenham a oportunidade de contestar decisões que considerem injustas. Estes processos são importantes para assegurar que o sistema de assistência social seja justo e transparente.

 

Aspectos adicionais e serviços complementares

Além da assistência financeira direta, os serviços sociais na Suíça também podem fornecer suporte adicional, como orientação para o emprego, aconselhamento psicológico e apoio à integração social. Estes serviços complementares são parte do esforço para ajudar os beneficiários a superar a sua situação de vulnerabilidade e a alcançar a independência.

 

Os serviços sociais colaboram frequentemente com organizações não governamentais e outras entidades para oferecer um leque mais amplo de apoios e recursos. A cooperação com instituições de caridade, organizações comunitárias e serviços especializados pode proporcionar suporte adicional em áreas como saúde mental, cuidados infantis e formação profissional.

 

Conclusão

A assistência social na Suíça desempenha um papel crucial na proteção dos indivíduos e famílias em situações de necessidade. O sistema é estruturado para garantir que os recursos sejam direccionados para aqueles que mais necessitam, promovendo a integração e a recuperação da autonomia dos beneficiários. Com um sistema de apoio bem financiado e uma rede de serviços sociais eficaz, a Suíça busca assegurar que todos os cidadãos tenham acesso ao suporte necessário para enfrentar dificuldades e alcançar uma vida digna.


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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Com a César´s AG, você está primeiro


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 Modelo; autor: Quelhas: Foto: Bárbara de Matos


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terça-feira, 23 de julho de 2024

Poema: VILA DO CONDE – Poema de Euclides Cavaco.

PRAIAS DE PORTUGAL – Convido os meus amigos, leitores e seguidores, a virem comigo numa viagem virtual, visitar algumas das mais maravilhosas PRAIAS e terras de Portugal, que me orgulho cantar na minha poesia, numa sequência de poemas e videos que aqui me apraz partilhar convosco. Hoje vamos até...


VILA DO CONDE – Poema de Euclides Cavaco.

Garbosa Vila do Conde
Cidade amena e suave
Belo litoral aonde
Desagua o Rio Ave.
Velho Castro que era então
Villa Comite chamado
Já antes da fundação
Burgo muito povoado.

Terra industrializada
Do turismo qual destino
Por monarcas visitada
Já teve outrora um casino.
Atracções, requinte e cor
Aqueduto e Santa Clara
Renda de bilros maior
Que o Guiness confirmara.

Suas praias elegantes
Ornando do mar as margens
Convidam veraneantes
Das mais distantes paragens.
Jardins, museus, monumentos
São muitos e bem diversos
Tem tantos encantamentos
Que não cabem nos meus versos.

José Régio aqui nasceu
Das letras nobre figura
Que muito prestígio deu
À sua Terra e cultura.
Orgulho das suas Gentes
Que o seu povo nunca esconde
Quer vivam nela ou ausentes
Veneram Vila do Conde.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Que triste notícia a falar do português escrito no dialecto português do brasileiro!

Que triste notícia a falar do português escrito no dialecto português do brasileiro!

 


"Portugal tem que se apropriar do fato de ter um gigante como o Brasil que fala o português, e não dizer que nós falamos brasileiro. É abraçar a diversidade da língua. Enquanto nós ficamos nos degladiando por bobagem, estamos deixando de fazer negócios e de realmente abraçar essa diversidade, essa riqueza. A gente tem que unir, não separar".

 

Os brasileiros não falam brasileiro, eles falam português com dialéctico português do Brasil naquele país americano! Da mesma forma os africanos de língua e expressão portuguesa falam português com dialecto africano, assim bem como Timor-Leste na Oceânia, fala o dialéctico português timorense!

 

O novo acordo ortográfico só veio piorar as linguagens entre os povos que não se compreendem bem na lingua português, misturando o português com dialéctos do Brasil, países africanos de língua portuguesa e de Timor-Leste, além disso cada região já reflecte isso, o exemplo dos dialéctos do Alentejo ou ilhas.

 

Há muitas palavras que existe no português de Camões que não são usuais no Brasil e vice-versa. Havia de haver sim um acordo ortográfico mais eficaz e quem deveria de mudar de acordo ortográfico, seriam os países das ex. Colónias portuguesas e não Portugal. Fazer valer as palavras dos dois países para todos, isto porque uma grande parte dos brasileiros ao dialogar com os portugueses tem imensa dificuldade em entender bem essa conversa, enquanto, o português tem muita mais facilidade de compreender a linguagem e dialecto brasileiro, provavelmente habituados a telenovelas, etc…

 

Conforme o actual primeiro-ministro Luís Montenegro voltou a repor a bandeira de Portugal, que reponham o português de Camões e o português de Portugal. O Brasil deveria ter a sua própria língua, o brasileiro, isto se não houver cooperação equivalente entre os dois países para um melhor acordo ortográfico e uma melhor grafia, mais idêntica e usual pelos dois povos.

 

Palavras que não cabem na minha grafia; estou dizendo / estou a dizer; ação / acção; fato / facto, me chama / chama-me; me ama / ama-me. É isso, os portugueses não amam o português, amam as brasileiras / brasileiros! A nossa identidade está a se perder, PERDÃO, está a perder-se... isso, perder-se.

 

"os brasileiros andam com o carro atrás dos bois".

 

Brasileira quer português como língua “oficial” para negócios internacionais

 

 https://www.dn.pt/1998089733/brasileira-quer-portugues-como-lingua-oficial-para-negocios-internacionais/

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

segunda-feira, 22 de julho de 2024

As águas curativas de Melgaço em meados do século XVIII

As águas curativas de Melgaço em meados do século XVIII

Por Valter Alves

 


lgaço é conhecido desde fins do século XIX como terra de águas milagrosas. Das nascentes da estância termal do Peso, nasce uma água com caraterísticas ímpares em Portugal, especialmente no tratamento da diabetes e que foi descoberta há cerca de 130 anos.

Todavia, desde há vários séculos, há referências a nascentes de águas com caraterísticas medicinais que os fregueses sempre acreditaram que curavam determinadas doenças. Noutros artigos anteriores, já aqui fiz referências às Caldas de Fiães e Paderne e outras nascentes em outros pontos do concelho.

 

No século XVIII, temos as Memórias Paroquias como uma das mais importantes fontes históricas para nos ajudar a compreender como era Melgaço na época. Mas o que são as memórias Paroquiais de 1758?

Um aviso de 18 de Janeiro de 1758 do Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, fazia remeter, através dos principais prelados, e para todos os párocos do reino, os interrogatórios sobre as paróquias e povoações pedindo as suas descrições geográficas, demográficas, históricas, económicas, e administrativas, para além da questão dos estragos provocados pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. As respostas deveriam ser remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino. Desta forma, estas Memórias Paroquias correspondem a um conjunto de respostas dadas a esse inquérito.

 

Um dos itens sobre os quais os párocos eram questionados, era a existência ou não nas paróquias de nascentes de águas curativas bem como as suas caraterísticas e prescrições.

Em Melgaço, vários párocos fazem referências a nascentes nas suas memórias paróquias em 1758. Um deles é o pároco de Castro Laboreiro que nos conta que na chamada Ribeira do Porto dos Asnos existe uma “(...) água que tem virtude para curar as chagas, e forragem da boca nos meninos lactantes, em que mais comumente se acha este dano”. Tais virtudes das águas desta ribeira são confirmadas no livro do Padre Carvalho da Costa no seu livro “Corografia Portuguesa” (1706) quando este afirma que “quando himos do Porto dos Asnos, ou Cavalleiros, passamos outro limitado ribeiro, pelo qual foy a pé o Santo Arcebispo Dom Frey Bertholameu dos Martyres a visitar aquella Igreja. Tem virtude esta água para curar a boca lixosa às crianças e outras enfermidades”.

Por outro lado, o pároco de Penso, também nos fala de uma fonte de nascente junto ao rio Minho que é conhecida há séculos como a Fonte Santa. O sacerdote escreveu nas Memórias que “(...) se lhe cha­ma por tradição antiga a Fonte Santa, tem a água dela várias vir­tudes. Tem a água desta fonte um cheiro de enxofre mas no sabor não tem mau gosto. É muito clara e muito fresca, somente o cheiro de enxofre tem a circunstância que lançando-se na dita água alguma prata a põe em breves instantes amarela como perfumada de ouro e logo se tira da água esfregando-a com os dedos da mão se alimpa e fica como dantes limpa. Por donde corre água da dita fonte deita um limo pelo rego da cor do mesmo eixofar”. O padre escreve ainda que a água emanada desta fonte era indicada “(...) especialmente para queixas de destemperança de fígado, lepra e outras mais queixas que procederam de humores quentes. Tem mais a virtude que quem beber da água dela lhe abre a vontade de comer se tiver fastio (...) e lavando alguma ferida com a água dela são especialmente se for presidida deste […] do fígado tem sido muita gente que vem tomar banhos a ela recuperando a saúde perdida de água milagrosa”.

Podemos ainda ler nas Memórias Paroquiais de Chaviães, onde o vigário nos fala de umas águas que nascem nas margens do rio Minho ou emergem no meio deste. O dito sacerdote carateriza essas águas como “Salutíferas, medicinais, asidulas por passarem por minerais de ferro (…) e costumam onde nasce, correr pouca água, deixar por cima um lasso prateado com algumas feses douradas”. O vigário fala-nos que estas águas “tem virtude eficaz para curar feridas porque são um conjunto de vá­rias águas e muitas delas são sulfúreas que nascem pela borda do dito rio e outras nasceram no centro dele e pelas áreas de ouro”.

Ainda em relação às águas do rio Minho, o vigário de Chaviães escreve nas Memórias Paroquiais que “hum célebre médico castelhano, (…) D. Jozé Lavandera (…) fez nelas suas experiências e foi maravilhado dellas, dizendo que tinham a mesma virtude que as de [Prixmoni?], em Inglaterra”.

Como vemos, as crenças nos poderes curativos das águas de diversas nascentes no nosso concelho de Melgaço é muito mais antigo que o conhecimento das virtudes das águas do Peso…     

 


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