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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

História do parto por “cesariana”

História do parto por “cesariana”.

 

Por José Rafael Trindade Reis

 


A primeira cesariana bem-sucedida foi realizada na Suíça em 1500

Mas…

… não foi nenhum por nenhum médico

… não foi nenhuma parteira

… então?

foi por um castrador de porcos chamado Jacob Nufer, na sua sua esposa Elisabeth Alice Pachin.

Origem do nome cesariana

No mundo moderno, com o avanço da medicina e da obstetrícia (especialidade médica que se dedica ao acompanhamento da gestação e do parto), o procedimento chamado “cesariana”, “cesária” ou, ainda, “parto em cesariana” tornou-se uma opção comum que, não necessariamente, está relacionada com o risco de morte iminente à mulher parturiente ou ao feto.

Mas qual é a origem de tal procedimento?

Por que possui esse nome tão singular?

O nome tem sua raiz etimológica na palavra latina “caedere”, que significa “corte”, “cortar”, mas há outra referência também que se junta a essa: o nome do líder da República Romana, Júlio César.

O parto por cesariana, segundo algumas fontes historiográficas, remete ao nascimento do general líder da República Romana, Júlio César, que foi retirado do ventre de sua mãe, Aurélia, após a morte dela, e para salvar o bebê, os responsáveis pelos procedimentos médicos da época. tiveram que optar pelo corte do ventre da mãe.

Essa história, a despeito de ser exatamente verdadeira ou não, pois por muitos é considerada apenas uma tentativa de colagem do nascimento de César ao mítico nascimento de Esculápio, revela, no entanto, muito sobre tal prática e sobre a história da própria medicina.

O deus Esculápio (nome latino) ou Asclépio (nome grego), comum tanto à civilização grega quanto à romana, é considerado a divindade da medicina, do saber médico, ainda hoje o seu símbolo, um cajado envolto por uma cobra, é utilizado como emblema de faculdades de medicina.

Pois bem, neste mito, esculápio teria também sido retirado do ventre de sua mãe, Corônis, por Apolo, antes de cremar-lhe o corpo. Essa referência mitológica já denota um apreço especial do saber médico por práticas que vão além da estrutura natural com vistas à preservação da vida.

No entanto, na Antiguidade e na Idade Média, a maior parte dos relatos de cesariana acentua que o procedimento era aplicado apenas em caso de morte da mãe.

Os relatos do primeiro parto em cesariana com a mãe viva remontam ao ano de 1500, e esta cesariana foi realizada por um homem comum, que, ao que consta, nada sabia de detalhes técnicos da medicina da época., de seu nome era Jacob Nufer.

A história conta-se em poucas palavras:

Após vários dias de trabalho de parto e com a ajuda de treze parteiras, Elisabeth a esposa de Jacob, não conseguia dar à luz, o seu marido, completamente desesperado, e em risco de perder a esposa e a criança, faz um apelo desesperado às autoridades locais para o autorizarem a efectuar um corte na barriga da mulher e retirar a criança, como costumava fazer aos animais.

Depois de muita insistência de Jacob, perante as confusas autoridades locais face ao insólito do seu pedido, estes, perante a perspectiva dum parto malsucedido para a mãe e para a criança, acabaram por aceder, e finalmente Jacob obteve a respectiva permissão das autoridades locais para tentar retirar o bebé pela barriga.

Para o efeito Jacob usou uma lâmina de barbear afiada, e a e criança nasceu viva e saudável, a mãe recuperou normalmente a sua saúde, o talho no seu ventre cicatrizou normalmente e a criança não teve sequer uma sequela, e Elisabeth ainda teve mais 5 filhos, todos de parto natural, e até teve gêmeos.

O bebé nascido de parto nada convencional para a época viveu sempre com saúde até os 77 anos.

Para quem não sabe, os castradores de porcos eram homens muito habilidosos no manuseio da faca, e frequentemente retiravam as crias de animais pela barriga, durante os partos considerados difíceis em animais como éguas, vacas, cadelas, ovelhas e porcas de modo a poderem salvar as crias quando entendiam que a mãe poderia morrer.

A história do castrador pode parecer implausível, mas se alguém alguma vez viu a habilidade de um castrador de porcos em acção, a intervenção não parecerá tão estranha.

Inicio do uso da cesariana na obstétricia.

Assim como Nufer, outros casos semelhantes podem ter ocorrido também, tanto antes de 1500 quanto contemporaneamente ao caso da pequena cidade suíça, mas o facto é que, como relata o pesquisador Joffre Marcondes de Rezende, apenas no século XVIII a cesariana foi aplicada por médicos no domínio estrito da obstetrícia.

Também Langaard (1873), no seu Dicionário de Medicina Doméstica e Popular, dá-nos o seu testemunho: “

“A introdução da cesariana na prática obstétrica só teve início a partir do século XVIII. Tinha uma alta mortalidade fetal e materna e só era praticada em casos muito especiais. Apesar de que não se pode admitir que a operação seja absolutamente mortal, o número das operadas que escapam com vida é muito limitado”.

De facto, a tendência da época demonstrava uma clara preferência dos obstetras apenas para o uso do fórceps ou, se necessário, a embriotomia, e somente no século XX a cesariana se tornou uma operação rotineira para as mulheres grávidas.

 

Fontes:

História Internacional das Ciências Cirúrgicas.

J.M. Rezende - A Primeira operação cesariana em parturiente viva.

Claúdio Fernandes - Crónica da história da medicina.

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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