Pobreza! A crise silenciosa da comunidade portuguesa no Luxemburgo
A revista Repórter
X, sob a direção do seu fundador Quelhas, um escritor e potencial candidato à
presidência da República Portuguesa, está a aprofundar o seu conhecimento sobre
as comunidades portuguesas no mundo. Esta notícia foca particularmente os portugueses
no Luxemburgo, onde foram apurados os seguintes dados:
O Luxemburgo já não é
o que era há muito tempo. Semelhante à Suíça, que esconde muitos problemas, o
país começou a explorar os emigrantes. Quase metade dos portugueses enfrenta
dificuldades para arcar com as despesas. O número de portugueses com carências
económicas aumentou em 3.750 em relação ao ano anterior. Aproximadamente 42%
destes admitiram ter dificuldades em saldar as contas no final do mês. Entre as
comunidades de emigrantes no Luxemburgo, os portugueses são os que mais
enfrentam problemas económicos. O último relatório do Instituto de Estatística
do Luxemburgo (STATEC) revela que 42% dos portugueses têm dificuldades em pagar
as suas despesas mensais, enquanto apenas 24% dos franceses se encontram na
mesma situação.
Alexandra Oxacelay,
directora da cantina social “Stëmm vun der Strooss”, menciona que “um
grande número de portugueses está empregado em sectores como a construção
civil, limpeza e restauração”. Essas áreas “oferecem muitas
oportunidades, mas frequentemente em regime de part-time ou com contratos
precários”, o que resulta em dificuldades “no acesso a habitação e
crédito bancário”, além de estarem ligadas a “remunerações baixas”, segundo
as declarações que fez ao Contacto.
Aumento das
dificuldades para os portugueses
De acordo com o
relatório, são mais 3.750 os portugueses que enfrentam carências económicas em
comparação com o ano anterior. Ademais, 8,2% das famílias portuguesas no
Grão-Ducado vivem “abaixo do limiar de risco de pobreza e enfrentam
dificuldades financeiras severas”, conforme o relatório do Statec.
O mercado de trabalho
luxemburguês já não tem a mesma capacidade de absorção de trabalhadores.
Oxacelay destaca: “Muitos portugueses, cheios de esperança, tentam emigrar
para o Luxemburgo, mas não encontram emprego e percebem que o sonho se tornou
distópico. Não é como há 20 anos, quando era mais fácil estabelecer-se”,
contextualiza.
A cantina social
“Stëmm vun der Strooss” serve diariamente mais de 400 refeições.
Segundo o estudo do
STATEC, “os jovens, os residentes de nacionalidade portuguesa, as pessoas
com baixa qualificação académica e os operários são os que mais enfrentam
dificuldades económicas” no Luxemburgo. “A vida está a tornar-se difícil
para todas as comunidades, não apenas para os portugueses, sendo uma realidade
que afecta a classe média e trabalhadora em geral”, acrescenta a directora
da cantina social, que fornece mais de 400 refeições diariamente.
O elevado custo de
vida agrava a pobreza
A pobreza está a
aumentar não só na comunidade portuguesa, mas também entre os francófonos e os
próprios luxemburgueses. As “famílias residentes no Luxemburgo” são cada
vez mais propensas a afirmar que têm “dificuldades em cobrir as suas
despesas” — uma estatística que subiu de 20% para 22%.
Os indicadores não
financeiros, como a incapacidade de desfrutar de uma semana de férias anuais ou
a existência de pagamentos em atraso, confirmam esta tendência. Contudo, os
portugueses estão entre os trabalhadores que recebem os salários mais baixos e que
possuem um nível de vida inferior entre as nacionalidades mais representadas no
país.
Outro relatório do
Statec, também divulgado este ano, revela que “os portugueses têm os
salários mais baixos e, de longe, a pior adequação salarial: apenas 58%
consideram que a sua remuneração é justa em relação ao seu trabalho”.
A habitação pesa
nas finanças familiares
O rendimento mensal
reduzido dos trabalhadores portugueses resulta num nível de vida inferior,
conforme aponta o documento. O estudo mais recente do Statec indica que as
baixas qualificações académicas contribuem para a pobreza. “Embora os
salários sejam relativamente altos, o custo de vida, especialmente o da
habitação, é extremamente elevado”, afirma Bruno Pires, um encarregado de
obra de 42 anos que trabalha numa empresa de construção civil no Luxemburgo.
As despesas de
habitação e os encargos associados, como a amortização de empréstimos e o
pagamento de rendas, constituem um fardo financeiro significativo para as
famílias, de acordo com o estudo mais recente do Statec. “Para quem recebe o
salário mínimo e tem contas a pagar, a situação torna-se bastante difícil”,
comenta Bruno Pires, que emigrou para o país há 15 anos. “É visível a
diminuição do poder de compra”, acrescenta. No entanto, ele observa que a
situação em Portugal também não é favorável.
Entre as
nacionalidades com maior presença no Luxemburgo, os franceses e os belgas são
os que gozam de um nível de vida mais elevado e que mais facilmente conseguem
fazer face às suas despesas. Os portugueses encontram-se na posição mais
desfavorecida, conforme indicam os dados do STATEC.
A comunidade
portuguesa e o recurso às cantinas sociais
Alexandra Oxacelay,
directora da “Stëmm vun der Strooss”, destaca que 15% dos frequentadores da
cantina social têm nacionalidade portuguesa, tornando-se o grupo mais numeroso
a utilizar este serviço. Os luxemburgueses representam 13%, seguidos por cidadãos
de outras nacionalidades, como romenos, espanhóis, franceses e ucranianos. Os
restantes 50% dos utentes provêm de 141 nacionalidades diferentes.
“A pobreza no
Luxemburgo é um reflexo da sociedade desigual que construímos. Com uma
comunidade portuguesa tão vasta, é natural que muitos enfrentem dificuldades
económicas”, relativiza
Alexandra Oxacelay.
A revista Repórter X
também apurou que o Luxemburgo, como o país mais rico da União Europeia, tem
trabalhadores que vivem na pobreza. Apesar de oferecer subsídios generosos a
pais com filhos, a realidade leva muitos portugueses a ter mais filhos, apenas para
enfrentarem a pobreza mais tarde. Além disso, o Luxemburgo libera os emigrantes
quando estes não pagam o transporte público, mas há alguma situação que se
agravou e que está muito negativa para a vida dos emigrantes!
O Luxemburgo é um
líder em pobreza laboral idêntica à Suíça. No Luxemburgo, quem recebe até 2.247
euros por mês corre o risco de entrar na pobreza. A Suíça com ordenados mais
altos, quem recebe 3.500 euros mensais também enfrenta muitas dificuldades face
à inflação. É imperativo aumentar o salário mínimo e abolir impostos em vários
países, tal como noticiámos em Portugal, aumentar para o mínimo para 1.300 euro.
João Carlos Veloso
Gonçalves / Quelhas
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