Especial Daniel
Bastos III
Continuação Pág. 30
Pedro
da Silva, o primeiro carteiro do Canadá
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Uma das maiores nações do mundo em área total, o Canadá preserva uma
história prodigamente ligada à emigração portuguesa que se manifesta na actualidade
da presença lusa neste país, que ocupa grande parte da América do Norte, de
mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário,
Quebeque e Colúmbia Britânica.
Ainda que a emigração portuguesa para o Canadá só tenha alcançado expressão
a partir do início da segunda metade do séc. XX, a presença de portugueses
neste território, que se estende desde o oceano Atlântico, a leste, até ao
Oceano Pacífico, a oeste, é limitado a norte pelo Oceano Ártico, a sul e a noroeste
possui fronteira terrestre com os EUA, remonta ao início do séc. XVI.
Essa presença antiga de portugueses no Canadá encontra-se
paradigmaticamente condensada na figura de Pedro da Silva, personagem histórica lusa que chegou entre 1672 e
1673 à Nova França, onde hoje se localiza a província do Quebeque, tendo depois
sido responsável pelas primeiras expedições de correio do país.
A história do português Pedro da Silva encontra-se profusamente apreendida
pela comunidade luso-canadiana. Como comprova por exemplo, o documentário
histórico de homenagem ao primeiro carteiro do Canadá, realizado pelo
produtor e realizador Bill Moniz, a biografia histórica assinada pelo
investigador lusodescendente Carlos Taveira, ou a iniciativa dos Serviços
Postais canadianos que lhe dedicaram no princípio do séc. XX um selo.
Os vários olhares sobre Pedro da Silva, que nasceu em Lisboa em 1647 e
faleceu a 2 de agosto de 1717, registam que nos primórdios do séc. XVIII, o
carteiro de origem lusa assegurava a entrega de cartas e pacotes postais entre
Montreal e o Quebeque, naquela foi a primeira expedição de correio no Canadá.
Existem, inclusivamente, registos que Pedro da Silva efetuou o transporte de
correio e mercadorias pelo rio São Lourenço durante a guerra entre a França e
os iroqueses, um grupo nativo que apoiava o império inglês, contexto que terá contribuído
nesse período para que o rei francês Luís XIV o tenha nomeado como
"Mensageiro Real" na Nova França.
Conhecido como "Le
Portugais", Pedro da Silva é um dos mais insignes antepassados da
comunidade portuguesa no Canadá, uma comunidade que se destaca hodiernamente
pela sua relevante integração, empreendedorismo e papel económico e
sociopolítico.
Peter Francisco, o herói
português dos Estados Unidos da América
No passado dia 4 de julho, assinalou-se o Dia da Independência dos Estados Unidos da América, um dos principais, senão mesmo o principal feriado da nação
norte-americana, que evoca a Declaração
de Independência de 1776, ano em que as Treze Colónias declararam a
separação formal do Império Britânico.
O processo de independência dos EUA, ao
corporalizar as aspirações à emancipação dos povos, ao triunfo dos direitos
inalienáveis do homem, designadamente o direito à vida, liberdade, felicidade e
segurança, constituiu um marco indelével para a humanidade. Nesse arrojado
processo, abalizado pela Guerra da Independência, iniciada em
1775 entre os colonos americanos e a Coroa Inglesa, e o reconhecimento da emancipação com o Tratado de
Versalhes em 1783, destaca-se a figura heróica do português Peter Francisco, a quem chamaram “o Gigante
da Virgínia”, “o Gigante da Revolução”, “o Hércules da Virgínia”.
Pedro Francisco ou Peter Francisco terá nascido a
9 de Julho de 1760, na freguesia de Porto Judeu, na Ilha Terceira, no
Arquipélago dos Açores, de onde foi raptado ainda em criança por corsários que
o abandonaram na costa norte-americana. Após passar pelo orfanato de
Prince George County, foi acolhido pelo juiz Anthony Winston, magistrado
que em março de 1775 participou na Convenção da Virgínia, acompanhado do seu
protegido de raízes lusas.
Com uma imponente estampa física de mais de dois
metros altura e cem quilos de peso, Peter Francisco, desde cedo decidiu
combater pela independência dos Estados Unidos, alistando-se no 10º Regimento
de Virgínia, às ordens de George Washington, que viria a ser o primeiro
Presidente dos EUA, distinguindo-se nas várias baralhas em que participou pelos seus atos de heroísmo e bravura.
Quando ainda recentemente as comunidades portuguesas de Boston e Providence
acolheram as comemorações oficiais do Dia de Portugal, o Presidente da
Republica, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se a Washington para uma visita
oficial que contou com um encontro com
o Presidente dos EUA,
Donald Trump, a figura heróica de Peter Francisco é um elo histórico
memorável dos laços entre Portugal e os Estados Unidos da América.
Artigo: Daniel Bastos
Revisão editorial: Sociólogo político
Dr. José Macedo de Barros
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