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domingo, 20 de outubro de 2024

Pobreza no Luxemburgo: quase metade dos portugueses enfrenta dificuldades financeiras

Pobreza no Luxemburgo: quase metade dos portugueses enfrenta dificuldades financeiras

 

A situação económica dos portugueses no Luxemburgo já não é a mesma de há duas décadas. Atualmente, 42% da comunidade portuguesa admite ter dificuldade em pagar as contas no final do mês, um aumento de 3.750 pessoas em relação ao ano anterior.

Por, Tomás Guerreiro

 

“A Revista Repórter X sabe que o Luxemburgo é o país mais rico da Europa, davam subsídios chorudos a mães que tivessem filhos para a comunidade crescer, de repente o país dá uma reviravolta, vamos lá saber porquê. Sabemos que o Luxemburgo oferece transportes públicos e, com esta crise, talvez o melhor do Luxemburgo venha a mudar para pior.”

 

Uma Comunidade em Dificuldade

Conforme o último relatório do Instituto de Estatística do Luxemburgo (STATEC), os portugueses são a comunidade emigrante que mais enfrenta carências económicas. Enquanto 42% dos portugueses reportam dificuldades financeiras, apenas 24% dos franceses afirmam o mesmo.

Alexandra Oxacelay, diretora da cantina social “Stëmm vun der Strooss”, observa que muitos portugueses trabalham em setores como a construção civil, limpeza e restauração. Essas áreas, embora empreguem muitos, são caracterizadas por trabalho a tempo parcial e contratos precários, dificultando o acesso à habitação e ao crédito, além de estarem associadas a baixas remunerações.


Crescimento da Pobreza

O relatório revela que 8,2% das famílias portuguesas no Grão-Ducado vivem abaixo do limiar de pobreza, enfrentando grandes dificuldades financeiras. O mercado de trabalho no Luxemburgo também não tem a mesma capacidade de absorção de mão de obra, levando Oxacelay a afirmar que “muitos portugueses esperam emigrar para o Luxemburgo, mas não encontram empregos. O sonho de uma vida melhor tornou-se distópico, já não é como há 20 anos, quando era mais fácil estabelecer-se.”

 

A Realidade do Custo de Vida

Apesar dos altos salários, o custo de vida no Luxemburgo, especialmente em relação à habitação, é elevado. O estudo do STATEC aponta que as famílias residentes são cada vez mais propensas a relatar dificuldades financeiras, com a percentagem a subir de 20% para 22% em comparação com o ano anterior.

Os indicadores não monetários, como a capacidade de gozar férias anuais ou evitar pagamentos em atraso, também corroboram esta tendência. Os trabalhadores portugueses são os que apresentam os salários mais baixos entre as nacionalidades com maior representação no país, com apenas 58% a considerar que são adequadamente compensados pelo seu trabalho.

 

Despesas com Habitação

As despesas com habitação representam um peso significativo no orçamento das famílias. Segundo Bruno Pires, encarregado de obra em Luxemburgo, “o custo elevado da habitação, incluindo amortizações de empréstimos e rendas, torna a situação financeira muito complicada, especialmente para quem vive do salário mínimo.”

 

Dependência da Segurança Social

A pobreza afeta não só a comunidade portuguesa, mas também outras comunidades, como a francófona e até mesmo os luxemburgueses nativos. Entre os utilizadores da cantina social “Stëmm vun der Strooss”, 15% são portugueses, tornando-os o grupo mais representado, seguido pelos luxemburgueses (13%).

“A pobreza no Luxemburgo reflete a desigualdade da sociedade que construímos. Com uma grande comunidade portuguesa, é natural que muitos enfrentem dificuldades económicas”, conclui Alexandra Oxacelay.

 

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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