O Director do Gazeta Lusófona parte para a reforma e o
Jornal mensal chega ao FIM!
O Gazeta Lusófona
nasceu no mês de Setembro de 1998, com Manuel Araújo e Adelino Sá, e à
posteriori Adelino Sá tomou o pulso ao Jornal até aos dias de hoje e agora chegou
o FIM
(à esquerda, Adelino Sá, e á direita, Ministro do trabalho, José Vieira da Silva, na Embaixada em Berna.)!
O Director do Jornal Gazeta Lusófona despede-se assim com estas palavras e um POEMA:
Esta é a minha última
publicação. Foi um prazer partilhar momentos e emoções com todos. Não o podia
fazer de outra forma, do que num poema, e é um modo singelo de vos agradecer
toda a amizade disponibilizada ao longo dos anos. Fiquem bem!
Partida
Sou poeira nesta viagem
do tempo
Escrevi histórias no
livro das memórias
Escuto a bondade de um
momento
Sinto a vida em versões
contraditórias
Palavras sentidas sem
rosto de pranto
E nem sempre a prece é
ouvida
As letras são refúgio e
o meu manto
Sem a força de
contrariar a partida
Sou vida e sou lamento
nesta corrida
Amordaço a paixão
contida na emoção
Nas lágrimas perdidas
da despedida
Sou o espelho de
martírios de um fim
Abraço o tempo no
regresso a casa
Num percurso em que dei
o melhor de mim
Autor; Adelino Sá
(Foto; Festival de folclore, Rancho As Lavradeiras do Minho de Hinwil)
Jornalismo
Cheguei
à conclusão, há muito, muito tempo, que a maioria dos portugueses emigrados não
mereciam ter rádios, TV, jornais e revistas on-line e impresso! Uns porque
confundem tudo que é internet com jornalismo no terreno, passo a passo, pessoa
a pessoa. Outros porque cada vez mais lêem menos, por falta de tempo para ler,
mas tendo tempo para outras coisas. Também, em vez de incentivar os filhos a
ler para falar melhor, incutem-lhes somente a cultura local, e depois nas
férias nem português falam para os avós. Alguns, em vez de ajudar, criticam.
Quando devem louvar calam-se e quando é para criticar são os primeiros. Quem
fala em jornalismo, fala em livros! Os próprios agentes de livrarias são os
primeiros a incutir um livro de Saramago, ou duma qualquer figura pública da
TV, e nunca anunciam os autores locais, pois os outros não precisam de
propaganda. As rádios on-line para a canção veio dar valor aos pequenos
cantores, mas muitos não saem disso; o dia tem 24 horas e podiam ir mais longe
para além disso; a cultura da maioria dos apresentadores não deixa que isso
seja eminente. Então ficam pelo entretenimento. Para muitos, na emigração,
cultura é o folclore, futebol, política e novelas. No folclore é onde tem mais
analfabetos; atenção, falo isto com todo o respeito, friso uma geração que veio
para o estrangeiro na altura que deveriam estudar em Portugal e quando esta
geração não existir, os seguidores desistem. No futebol, quem ganha milhões são
eles que fazem parte do jogo; isso para nós não é cultura, é desporto! Na
política nem se fala, criam crises económicas!
Sem o
jornalismo nada rolava, não viam bola, não ouviam músicas, não viam concertos.
Nada. Aqueles que estudaram e se formaram no estrangeiro, grande parte são
escravos do português, quando cada vez mais há estrangeiros com interesse na
nossa língua! Estou atento a tudo e observo e testemunho que nós, Revista
Repórter X, temos bastantes assinantes de vários países e porquê? Um bom
exemplo de interesse pela língua de Camões e da cultura lusa, que afinal ainda
é a 7ª língua mais falada no mundo e está a perder-se pelos portugueses que a
deturpam! Muito triste. A maior parte das empresas, diria todas as empresas
podiam ajudar o jornalismo; o jornalismo fica caro, envolve o recurso humano,
material e imaterial. Há muitas formas de ajudar.
Se
algumas empresas têm muitos clientes e muito dinheiro, há outros que têm menos
e há serviços para todos, várias escolhas, várias opções. Embaixadas e
Consulados, Instituto de Camões, Ministério dos Negócios Estrangeiros,
Secretário de Estado, Governo e Presidência da República; têm uma grande culpa
da situação precária do jornalismo. Não há apoios remunerados, nem ajuda no
marketing, etc.
Dou
mais um ano, dois ou três anos, para acabar a maior parte dos jornais de língua
nacional fora de Portugal e podemos agradecer aos portugueses em geral pela
falta de apoio. Está aqui o exemplo de um jornal que deu o que podia dar aos
portugueses e termina com dignidade e nem sempre o seu Director foi
compreendido. Tantas e tantas vezes o tentaram jogar contra outros com enredos.
Quantas horas conduziu e quantos Km fez na estrada fora de horas! Quantas horas
esteve sentado à frente de um PC a escrever notícias! Quantas vezes foi abaixo
e nunca desistiu por si. Tudo tem um limite e o Gazeta actual, agora passa à
história.
(Foto; Salão da Igreja de São Félix e Santa Regula, num diálogo com o Secretário de Estado das Comunidades, Dr. José Luís Carneiro e comitiva).
Conheci
o Adelino Sá através dos meus Lançamentos de livros. Foi a alguns eventos!
Acompanhei-o algumas vezes e encontramo-nos algumas vezes ao acaso. Escreveu
uma Nota num dos meus livros. Tivemos bons momentos!
O
Director da Revista Repórter X deixa uma palavra de apreço ao seu amigo,
Adelino Sá, por tudo que deu aos Portugueses na Suíça, pois quem dá o que pode,
perdoa-se-lhe todos os equívocos!
Texto e Fotos, Quelhas
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