A Suíça come tudo: facturas que engolem a dignidade dos cidadãos
Na Suíça, o país que muitos consideram símbolo de ordem e estabilidade, cresce o clamor de quem já não aguenta mais ser esmagado por um sistema que consome o salário até ao último cêntimo. Empresas como a Swisscom, os seguros de saúde obrigatórios (Krankenkasse), companhias eléctricas como a EKZ, a BKW ou a Axpo, e serviços como a SBB (Caminhos de Ferro Suíços), os serviços de saúde, como os hospitais, e os próprios CTT suíços, entre outros, parecem estar mais interessados em aumentar os lucros do que em servir com justiça os seus clientes. Cobram 30 fr fora de prazo!
Nos últimos meses, vários cidadãos, incluindo pensionistas, trabalhadores doentes e famílias com dificuldades, denunciaram práticas abusivas. Reclamações sobre taxas escondidas, atrasos mal compreendidos e penalizações automáticas estão a multiplicar-se. Um residente em Luzern partilhou a sua revolta: “As pessoas adoecem, as pessoas vão de férias, as pessoas recebem tarde. Não somos máquinas. E estas empresas têm de aprender a respeitar a realidade de quem vive do lado de cá da conta.”
A indignação recai particularmente sobre os aumentos arbitrários e os custos de valor acrescentado que se infiltram nas facturas sem explicação clara. “A Swisscom decidiu cobrar mais 30 francos. Nem que morra, não pago. Isto é roubo”, afirmou outro cidadão, que garantiu já ter enviado o seu Kündigung (rescisão de contrato). Já nem nos damos ao luxo de rescindir o contrato com a EKZ, por esta não ter concorrência!
O grito é colectivo: a Suíça come, e come muito. Come tempo, come saúde, e agora quer também engolir a dignidade. A pergunta que se impõe é: até quando os cidadãos vão continuar a pagar pelo conforto de empresas que se esqueceram da humanidade, sendo os seus próprios clientes a fonte do rendimento destas — e que, ao invés de serem explorados, deveriam ser respeitados!?
A Revista Repórter X Editora Schweiz continuará atenta, dando voz a quem se recusa a ser mais um número num país onde os serviços parecem servir apenas quem cobra, não quem paga.
Sem comentários:
Enviar um comentário