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sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Faleceu um dos homens mais importantes da história de Sobradelo

Falecimento: Tínha deixado uma msg ao Cientista, prof. Dr. António Veloso de final de ano a perguntar como estava de saúde e a desejar um bom ano novo 2023 e hoje responderam-me assim: "Sr João Quelhas, lamento informar, mas o Veloso faleceu". 

DESCANSA EM PAZ AMIGO!




Deixo aqui os meus pêsames a toda a familia, sobre o desaparecimento do meu 'parente' para a vida terrena, ele que era oriundo da "mouta" Vilarinho de Cima, Sobradelo da Goma.

Como muitos sabem, o Veloso fiz vários programas comigo em rádio online. 

O Veloso em vida deixou-me testemunhos vivos sobre o meu futuro livro; (Sobradelo da Goma, uma terra esquecida no tempo, que o tempo não esquece) e será uma HOMENAGEM ao grande Senhor povoense, ignorando por muitos na cultura local e até esquecido pelos seus, que tomarei a liberdade de colocar a sua história na Revista Repórter X Editora Schweiz cujo participou também muitas vezes.

Participei num dos seus livros, cujo o Veloso me deu a honra, "memórias da infância " e, que em sua MEMÓRIA deixo aqui um desses textos sobre a nossa terrinha que nos viu nascer...

O ATO DE ROÇAR O MATO – MEMÓRIAS DA INFÂNCIA
Um arbusto espinhoso, característico de solos pobres em cálcio, também denominado tojo, é o mato tradicional das regiões graníticas montanhosas da região mediterrânica. Mais de 90% do mato roçado, na região do Minho, era deste vegetal. Além dele cresciam, e ainda crescem, nos montes desta área: urzes (érica) nos lugares mais elevados; fentos comuns, que são as nossas samambaias, sendo ótimas para estrume por não serem lenhosas; torga, planta lenhosa sem espinhos, que cresce colada às rochas ou rente ao chão e que muitas vezes arranquei e trouxe para queimar no lume no inverno; trovisco, planta tóxica, que os aldeões relacionavam à presença de águas subterrâneas e soube que infelizmente é usada para dizimar gaios, pardais e melros, cozinhando-o com grãos de milho depois espalhados nos campos de cultivo; erva comum (capim), que crescia ralo nessas montanhas de solo pobre; e giestas, usadas como vassouras, antes da chegada da piaçava e que não existiam nas vertentes da Igreja Velha e íamos buscá-las em Deva, encosta de Vilarinho, voltada para o norte e com mais umidade. Silvas são vegetais que crescem nos vales e talvegues. São muito espinhosas e dão como fruto amoras silvestres que, por vezes, matavam nossa fome. São da mesma família da roseira.
O gado bovino somente comia as herbáceas. As cabras e ovelhas se alimentavam de todas as outras plantas, mesmo as espinhosas, exceto o trovisco. Todos os montes eram roçados constantemente com a enxada e o mato carregado em carros de bois, levado para forrar as cortes ou estábulos onde o gado pernoitava e aí tinha suas atividades fisiológicas. Pelo menos de três em três meses, havia de se colocar nova camada de mato sobre a anterior, já semicurtida. Na época de lavrar os campos, se espalhava sobre o solo, como único adubo que se usava.
Quem hoje observa o mato alto, não tem ideia de como ele era escasso para os agricultores até cinquenta anos atrás. Os montes estavam sempre roçados e aos vegetais não tinham mais de meio metro de altura. Por vezes, comprava-se um lote de mato dentro da propriedade de um vizinho. Lembro que, escasseando o mato de minha família, meu tio pediu ao cunhado do Soutinho, uma parcela de cerca de 20 por 50 metros. Estava de férias do seminário e fui com Avelino do Quelho roçá-lo. Ele, embora um pouco mais novo, era melhor que eu, pois nunca tive grande aptidão para o trabalho braçal. Mas, enfim, demoramos um dia para realizar o trabalho. Só paramos para ir almoçar. Água, bebíamos no ribeiro vizinho, na época não poluído.
Esse tempo, não tão distante assim, parece de um mundo perdido. Existiu e contribuía para que não houvesse incêndios florestais, pois o substrato estava sempre limpo, o que não ocorre agora, num mundo mecanizado e que a utilização do adubo verde e compostagem é apenas uma lembrança de um tempo que se perdeu na memória.

Foto de arquivo com sua excelência, o Presidente da República Portuguesa,  Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, numa das actividades do Dr. Veloso, cientista e homem que foi chefe máximo da Academia Militar do Corpo de Bombeiros na cidade de acolhimento, em Niterói no Brasil.

João Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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