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domingo, 5 de março de 2023

Oficina do Ouro, filigrana, Sobradelo da Goma

Oficina do Ouro, filigrana, Sobradelo da Goma


Elsa Carneiro Rodrigues é uma artesã da filigrana, esposa de Arlindo Monteiro, representando a 4ª geração de família de ourives.

 

A Oficina do Ouro, situa-se no lugar das Penas na freguesia de Sobradelo da Goma.

 

A oficina da Elsa, do Arlindo e do seu sócio conta já com 11 pessoas a laborar. Mantém a origem familiar. Que começou no avô Mandinho, também filho de ourives. Portanto, esta tradição familiar já está a trabalhar na 5ª geração, com o filho dela, Fernando Rodrigues. A primeira geração, supostamente, trabalhava também na prata e cobre, essencialmente. O Avô da Elsa, sábio e de raízes populares, conhecido por Mandinho, era da freguesia de Travassos e a avó, conhecida por Glorinha, era da freguesia de Calvos, que acabou por ficar cega e que eu, tenho na memória muito presente, na altura que eles viviam no Lugar do Chêlo.

Por norma, os homens das gerações da família trabalharam sempre na ourivesaria. Na terceira geração, todos começaram a trabalhar a Filigrana, como o “Coração do Minho em Ouro”, símbolo promovido pela autarquia local; Abel Armando Silva, Manuel Armando Silva (Neca, ex. presidente de junta) e Fernando Silva e o pai da Elsa, Aurélio Silva, os mais conhecidos. Fernando Silva abriu loja em Braga e os restantes mantêm ourivesarias em Sobradelo da Goma, na mão dos filhos. As mulheres da família não seguiram a profissão e a Elsa é a primeira a dar contributo, nesta 4ª geração, considerada a guerreira da família.

A Oficina do Ouro começou com a união da Elsa e do marido Arlindo, em 1991. O Luís Monteiro fez sociedade com a cunhada e com o irmão, em 2003, até aos dias de hoje.

Sem apoios públicos, são convidados para exposições e feiras. Vendem para Viana do Castelo e estrangeiro. Compram a matéria-prima num fornecedor de metais preciosos. Transformam as barras puras em lingotes, e depois são puxados no cilindro, para fiar. Moldam os objectos com entrevoltas de fio. Comercializam a filigrana, embora também façam alianças e cordões, por exemplo.

Fazem parcerias com outras oficinas de amigos e colegas sobradelenses. Dinamizam a actividade em Sobradelo, criando maior força à marca. As habilidades passam por uma boa visão e poder de concentração no minucioso.

Já estiveram em televisão, para promover a empresa. Dá maior visibilidade à empresa e a esta actividade, levando o nome da freguesia e do Concelho a todo o lado.

Os ourives de Póvoa de Lanhoso, Sobradelo da Goma e Travassos, foram para a emigração, há mais de 15 anos, e ainda não há trabalho para o seu regresso!

 

Há quem diga que havia demasiados trabalhadores para a procura. Eu mantenho a tese de que os emigrantes não foram embora porque não havia trabalho, mas sim foram embora para procurar uma vida melhor. O que a Elsa referiu é que agora, se todos regressarem, não há trabalho para eles, porque entretanto pequenas empresas caseiras fecharam, até algumas empresas dos que trabalhavam por conta própria e em tantos anos formaram-se muitos ourives novos. Portanto, com a redução de oficinas caseiras e novos aprendizes é que se todos regressassem não havia emprego para todos.

Sobradelo da Goma, Travassos e Gondomar são os que trabalham mais nisto, mas Elsa não sabe quem produz mais. Talvez Viana do Castelo seja quem comercializa mais peças de ouro em Portugal, provenientes destes e outros lugares. Trabalham com catálogos e amostras, para evitar os assaltos. A entrega ao cliente é com o serviço de empresas de segurança. Os clientes podem vir directamente buscar o produto, mas não convém, por questões de segurança.

Os concorrentes directos praticamente já não é preocupação, por se habituarem mais a cooperar; há mais uma partilha de negócio e rede colaborativa, para responderem às encomendas.

Usam forno Eléctrico de 1100 graus celsius, para fundir o ouro puro e fazer a liga; 12,5% de prata e 12,5% de cobre, para fazer ouro de Lei de 19K. Vai à contrastaria do Porto, em carros de segurança, por imposição governativa. O lingote obtido é puxado no cilindro e esmagado em lâminas, que se transformam em rolos de fio. Fazem o rendilhado com pinças e soldas.

Fazem peças para adereços de ornamentação de vestuário nos grupos folclóricos, nomeadamente os cordões de voltas, que são quase sempre fios de prata dourada, de banho ou placa.

Como artesã, acredita que a freguesia tem futuro e deseja que os filhos estejam ligados à freguesia, pois encontra motivos de desenvolvimento, por exemplo no turismo fluvial, a começar pela barragem das andorinhas, que lhe parece pouco dinamizada. A freguesia está numa encruzilhada turística para o Gerês, Braga e cidades importantes do distrito, tendo enorme potencial.

 

- Esta temática, da Oficina do Ouro de Sobradelo da Goma, é incluída neste novo livro de Carlos Quelhas sobre Sobradelo da Goma, relatando as memórias da freguesia e das suas gentes, quer fixadas à terra ou na diáspora portuguesa.

 

Revista Repórter X

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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