ANÁLISE COMPARATIVA DOS
RESULTADOS DAS
LEGISLATIVAS 2019 E
PROJECÇÃO POLÍTICA
Da leitura dos
resultados comparativos podemos especular que o PS está a crescer no
eleitorado, à custa da ala mais esquerdista e pragmática do PSD e da ala mais
moderada e pragmática do BE e do PCP!
No contexto eleitoral,
há apenas três Partidos que se destacam, em crescimento; o Partido dos
Abstencionistas com 5.559.610 eleitores (51,43%; de longe, o maior Partido
português), o Partido dos brancos e nulos com 255.586 eleitores (2,36%) e o PAN
com 174.511 eleitores (1,61%).
Os novos Partidos com
assento parlamentar representam franjas muito pequenas da sociedade, assentes
em culturas de ódio e de minorias ditatoriais ressabiadas e falsamente
oprimidas!
Em termos práticos não
interessa ao PCP, embora menos ao BE, sacrificar o seu eleitorado mais
pragmático, ajudando o PS a governar! Daí que ambos não queiram comprometer-se
em acordos com o governo, preferindo esperar pelo sentido de cada proposta.
Logo, teremos um governo a ter de transigir ideologicamente mais aos antigos
parceiros, se quiser continuar a governar!
Em alternativa, poderá
tentar acordos com o PSD, naquilo que os parceiros de esquerda não
aprovarem..., mas sabendo que vão transferir eleitorado para o PSD, ajudando
eleitoralmente este numa derrocada governamental!
Contudo, há dois
Partidos a disputarem o voto da maior parte dos interesseiros e que fomentaram
na sua génese, em resultado de precisarem comprar votos de acto eleitoral para
acto eleitoral; o grosso dos votantes são os militantes desses dois Partidos e
os que arranjaram emprego na função pública e nas empresas geridas por
ex-governantes, ou têm familiares lá desenrascados!
Não é por acaso que
esses dois Partidos, em cada acto eleitoral, procuram agradar a simpatizantes,
pertencentes a famílias numerosas!
Daí que, contrariamente
ao que se diz, o populismo vai enraizar nos Partidos de Poder, pois que foi lá
que começou! E vai acentuar-se, pela necessidade de fugir ao medo do aumento da
abstenção e da pulverização dos lugares parlamentares por uma miríade de novos
partidos, que espreitam a oportunidade de subir a S. Bento! Neste capítulo, a
concorrência velada dá os seus frutos de diminuição da importância e peso dos
que fizeram o sistema eleitoral e o País que temos! É que não podem comprar
todos os votos, pois que os lugares na função pública e nas grandes empresas,
sobretudo depois destas terem sido privatizadas, estão a reduzir-se e não são
rotativos; só uma lei de despedimento na função pública poderia refrescar o
eleitorado a agraciar...! Contas feitas, a geração que está a reformar-se, embora
ainda a aquecer o lugar e a preparar o emprego dos filhos, instalou-se após a
revolução, o que gerou estabilidade eleitoral aos Partidos que lhe arranjaram o
emprego!
Em resultado disto,
qualquer governo vai ser forçado a maiores consensos, tanto parlamentares como
civis, alargando a concertação social ao efeito da participação denunciante e
referendária da comunicação social, agora partidarizada entre os dois polos do
bloco central que também a ajudou a singrar, seja pela concessão de licenças,
seja pelos apoios orçamentais!
Portanto, a tarefa
governativa será cada vez mais difícil para os Partidos que instituiram o
sistema! Ironia das ironias...; enquanto aos pequenos projectos partidários
resta tentar agraciar os abstencionistas e protestantes do sistema! Uns ficam
reféns de minorias, nunca crescendo além de um limite, se tentarem a estratégia
de serem partidos de causas minoritárias, e outros têm enorme margem de
crescimento para serem o novo Partido maioritário de Portugal, caso estruturem
uma boa estratégia de comunicação da visão que resolva Portugal, e que vença o
bloqueio da classe mediática instalada pelo sistema!
Sociólogo, Dr. José Macedo de Barros
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