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sábado, 8 de novembro de 2025

Morte após discussão nocturna, a culpa e a verdade em apuramento

Morte após discussão nocturna, a culpa e a verdade em apuramento:



Redacção, Suíça, 8 de Novembro de 2025.

Chegou à nossa redacção o relato de uma ocorrência grave em que, após um desentendimento nocturno entre dois homens de cerca de trinta anos, um deles caiu pela janela de um apartamento situado sobre um restaurante actualmente encerrado, vindo a morrer no local, segundo apurámos, a queda deu-se para o passeio da Hochfelderstrasse em Bülach, junto às pedras que separam a via do arruamento, na sequência de um infeliz empurrão, estando um dos intervenientes próximo da janela.

Na tarde de Sexta-feira, amigos do falecido reuniram se discretamente no local para uma breve cerimónia de despedida e memória, desde então, velas e cartas de condolências assinalam aquele ponto público nas imediações do antigo e lendário restaurante Lindenbaum, junto ao edifício escolar A, Lindenhof.

A informação recolhida indica que a discussão, verbal e física, terá ocorrido pouco depois da meia noite de Quarta-feira, 5 de Novembro de 2025, numa habitação situada por cima do referido estabelecimento, uma pessoa foi detida como suspeita, confirmando a Polícia Cantonal de Zurique que compareceu ao local, permanecem em curso as diligências para esclarecer as circunstâncias exactas, a verdade factual e eventuais responsabilidades penais.

A Revista Repórter X manterá a cobertura, com respeito pela verdade, pela justiça e pela dor dos envolvidos, até que o apuramento oficial determine, com rigor, onde termina o acaso e onde começa a culpa.

Fontes, Wülsi’s News Service, 08.11.2025, 15,30 h, confirmação da Secção de Comunicação da Polícia Cantonal de Zurique por Roger Alice Bonetti, 08.11.2025, 15,45 h.

Autor Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Sem Abrigo: Comentadores que não sabem a realidade para opinar sobre os outros, falta de moral

Sem Abrigo: Comentadores que não sabem a realidade para opinar sobre os outros, falta de moral:


Há sempre quem abra a boca antes de abrir o coração. Gente que fala como quem despeja lixo, convencida de que opinar é o mesmo que saber. O caso do homem que vive na estação de Bülach mostrou isso com clareza: há quem fale por maldade, há quem fale por ignorância, e há quem, por fim, ainda tenha a decência de falar com o coração.

As redes encheram-se de comentários, e deles saiu o retrato da sociedade em que vivemos. Uns ofendem, outros tentam justificar, e poucos; muito poucos; tentam compreender. Tudo começou com uma observação simples, publicada pela Revista Repórter X: um homem dorme há mais de um ano num espaço fechado da Estação de Caminhos de Ferro de Bülach, rodeado de cheiro a urina, tabaco, suor e álcool. Um espaço com porta e vidros, transformado em abrigo, onde ele dorme, come e sobrevive à vista de todos.

O caso foi comunicado à Câmara Municipal, à Segurança Social e à Polícia. Nenhuma instituição resolveu nada. O silêncio tornou-se a resposta. E é nesse vazio que aparecem os comentadores; os que acham que sabem tudo e os que, de facto, não sabem nada.

As vozes do desprezo:

Logo surgiram os insultos, como sempre. Comentários de gente sem moral, que escreve como quem cospe no chão. Más-línguas. Ignorantes:

“Deveria ser deportado para o seu país de origem.” Quando jamais foi dito que ele era imigrante!...
“Que vá dormir junto de um rio, assim o bebe, caga e mija e não cheira mal.” Esta é a moral cívica de alguns comentadores!...
“Está sempre bêbado, malcriado, enfim, não se pode falar com ele.” Afirmação falsa, ele fala com quem fala com ele e não é malcriado se não lhe fizerem nada!...
“Se tem pena, leve-o para sua casa.” Não são respostas que se dê a ninguém, pois as boas ideias são aceitáveis, mas este tipo de comentários é descabido!...
“Grande mentira, aqui só se fica legal se tiver documentos.” Quais documentos, se o homem vive no país dele!...
“Tirem-lhe as portas que já dorme menos.” Para dizer isto, estava calado!...
“Vai lá buscá-lo e enche o frigorífico com cervejas.” Bom conselho, deve ser o espelho de quem comentou!...

Palavras feias, frias, escritas por quem vive de barriga cheia e alma vazia. Há quem ache graça, há quem aplauda, há quem partilhe. É a decadência moderna, rir-se da miséria e chamar-lhe opinião.

As desculpas e as leis:

Outros, em tom mais calmo mas igualmente vazio, tentaram justificar o abandono com leis e frases prontas:

“Pela lei não pode ser obrigado a ir para uma instituição.”
Não se trata de lei e sim de uma palavra amiga; com boas palavras o homem aceitava ter ajuda, como disse ao Quelhas, mas certamente não as usam. Foi o que a polícia fez, obrigou o homem a sair dali naquela noite!...

“Há casas para sem-abrigo e refeições servidas, se ele quisesse tinha ajuda.”
Não se trata de querer, trata-se de ter capacidade emocional; voltou a ser criança!...

“Na Suíça ninguém fica na rua, se está ali é porque quer.”
Porque quer o raio que vos parta; primeiro sabei a história e depois falai!...

Falam de leis, mas não conhecem a realidade. Nunca puseram um pé num abrigo. Não sabem que há listas de espera, avaliações e restrições. Que quem está sob o efeito do álcool é muitas vezes recusado. Há pessoas que esperam meses por uma vaga. Que os sistemas automáticos da assistência social funcionam melhor para os números do que para as pessoas.

A verdade dura e crua é que quando por vezes fazem um delito ou ficam bêbados ou drogados até à exaustão e a polícia os vê ou alguém telefona, levam-nos 24 horas a uma cela para lhes fazer testes sobre o que consumiram, medicam-nos e dão-lhes banho e de comer, e no dia seguinte põem-nos a andar e depois cobram-lhes por isso, não querem saber se têm dinheiro ou não. É mais fácil dizer “não quer ajuda” do que admitir que o Estado não tem onde o pôr.

As verdades escondidas:

O homem nasceu na Suíça, filho de pai suíço e mãe sul-americana. É cidadão suíço, e não estrangeiro. Teve um acidente de trabalho e ficou inválido, doente, debilitado e em situação de abandono. Não recebeu indemnização da SUVA, foi pensionado por invalidez, valor que não dá para medicamentos, muito menos para pagar renda de casa e seguro de saúde. Confirmou à Revista Repórter X que aceita ajuda. Disse que quer tratamento, acompanhamento e casa.

Mas o que consta nos registos da Segurança Social é o contrário: “não quer ajuda.” É o truque velho da máquina administrativa; se o problema não quer ajuda, o Estado já não falha. Assim se apagam pessoas e se limpam relatórios.

As vozes que ainda pensam:

Entre a lama, houve também quem falasse com sentido. Comentários de gente que sente vergonha alheia da frieza dos outros:

“É triste chegar a este ponto, as autoridades que resolvam o problema desse senhor.” Pois, mas nem Segurança Social, nem Câmara Municipal, nem a polícia!...
“Não se deve falar assim das pessoas, ninguém está livre de acabar igual.” Ainda há quem pense antes de escrever 'merda'!...
“Devíamos ajudá-lo em vez de criticar, levá-lo à Segurança Social para mostrar que ele quer ajuda.” O Quelhas já se pronunciou a quem de boa vontade quer ir com ele e levar o Sem Abrigo à Segurança Social!...
“Há muita gente a sofrer e a Suíça já não é o que era.” Na Suíça nem tudo o que reluz é ouro!...
E também a confissão dura de quem já viveu o mesmo: “Em 2023 dormi cinco meses na rua, e em 2024 foram sete. Desde 2022 estou sem casa.”

Percebemos que não está na rua, talvez numa casa de favor ou numa instituição?!... Estes comentários são a prova de que ainda há humanidade. Mas são poucos, e perdem-se no meio da gritaria das más-línguas.

O eco dos outros lugares:

Houve quem dissesse conhecer situações semelhantes noutros cantões:
“Em Zürich também já se vê muitos a dormir nas ruas e nas paragens.”
“Em Genève são dezenas.”
“Em Dielsdorf também há um, dorme nas casas de banho públicas.”
“Há mendigos em todo o mundo, para onde se for há sempre alguém a sofrer.”

Não é o Repórter X quem afirma; são as próprias pessoas, testemunhas da realidade, a mostrar que o fenómeno se espalha e já não é exceção. A pobreza não é um rumor, é um facto. E o que a Suíça fazia questão de esconder, agora vive-lhe à porta das estações.

O sistema que falha:

A Segurança Social, quando questionada, refugia-se na lei. A Câmara lava as mãos. A Polícia diz que nada pode fazer. Mas é preciso lembrar que um Estado que se vangloria de ordem e disciplina não pode ignorar o abandono humano. Que a lei que protege deve servir pessoas, não relatórios. E que a mentira administrativa; “ele não quer ajuda”; é uma vergonha pior do que a pobreza que dizem combater.

A decadência moral:

Os comentários insultuosos mostram o que muitos se tornaram: pessoas frias, maldosas, sem empatia. Gente que acha que a pobreza é castigo, que a doença é culpa, que a miséria é escolha. Falam de “bons portugueses” e “bons suíços”, como se a dignidade tivesse nacionalidade. E quando não têm mais que dizer, atiram política ao assunto: “esse é do Chega”, “os que o defendem que o levem para casa.” Como se Portugal tivesse a ver com isto?!...

Esses são os verdadeiros sem abrigo; sem abrigo moral, sem abrigo de consciência. Anormais!...

A realidade que não se quer ver:

Há quem diga que na Suíça não há pobreza. Há. E está a crescer. Há pessoas que vivem doentes, com reformas que mal chegam para o seguro de saúde. Há quem perca a casa por não conseguir pagar a renda. Há quem viva em quartos alugados por semana. Há idosos esquecidos e doentes tratados como incómodos.

Mas enquanto a Suíça mantém a fachada de perfeição, a realidade infiltra-se nas estações, nos abrigos lotados, nas esquinas. A Suíça só sabe cobrar, mas oferecer está quieto!...

O espelho de Bülach:

O caso de Bülach é o reflexo disso tudo. Mostra o Estado que finge ajudar, o povo que finge preocupar-se, e os comentadores que fingem saber. Mostra que a sociedade perdeu a vergonha de julgar e a coragem de agir. Em vez de opinarem, metam os pés ao caminho para saberem das realidades. Metem nojo, só se lembram dos mendigos no Natal, porque assim muitos ganham à custa de colocar o nome deles?!...

O homem da estação, com o seu cheiro, o seu copo e o seu silêncio, é o retrato vivo daquilo que todos fingem não ver. E é também o espelho que muitos evitam; porque ninguém quer imaginar-se ali.

Conclusão:

A vergonha não está no homem que dorme à noite dentro daquela sala imunda com uma garrafa de whisky na mão, ou dorme durante o dia de pé com uma cerveja na mão!... A vergonha está em quem passa, vê e comenta. Está nas instituições que fingem agir. Está nos que julgam sem saber, nos que riem de quem sofre, e nos que se calam porque pensam que nunca lhes acontecerá.

O homem de Bülach é um homem só, mas é também símbolo de muitos homens; os que foram deixados para trás por um país que já não quer olhar para os seus.

autor: Quelhas
Revista Repórter X

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Jantar de angariação para o S. C. Maria da Fonte em Zurique

Jantar de angariação para o S. C. Maria da Fonte em Zurique.


Ontem, Sexta-feira, sete de Novembro de dois mil e vinte e cinco, o S. C. Maria da Fonte celebrou, em Zurique, a continuidade do espírito do seu centenário, naquele que foi um jantar de angariação realizado na Casa do Benfica de Zurique. A iniciativa concretizou-se graças ao empenho de Isaias Dias, à cooperação do Clube Mariafontista, ao apoio da Casa do Benfica e à presença da Revista Repórter X, reunindo simpatizantes, adeptos, sócios, futuros sócios, amigos e amigos dos amigos, unidos para apoiar o Clube da terra da Maria da Fonte.

O Sport Clube Maria da Fonte carrega o nome da heroína Maria da Fonte, símbolo de coragem, voz popular e defesa da liberdade. Esse nome não é adorno. É história viva que acompanha o Clube desde a sua criação, raiz profunda no coração da Póvoa de Lanhoso e de todos os que dela descendem, mesmo quando a vida os levou para longe.

Foram então apresentados os representantes vindos de Portugal:
João Gomes. Presidente Honorário.
Eduardo. Vice-Presidente.
Rui Abreu. Capitão.
Nelinha. Directora.
Artur. Director.

João Gomes, Presidente Honorário e Velha Glória do S. C. Maria da Fonte, é nome maior da história do Clube. Jogou durante 17 anos ao serviço das cores Mariafontistas, foi depois Presidente, treinador de vários escalões e homem que fez um pouco de tudo naquele emblema, sempre com entrega e lealdade. A sua palavra é raiz, memória e constância. Na noite de ontem concedeu entrevista em vídeo, recordando tempos de campo, de direcção e de vida inteira dedicada ao Clube.

Por fim, foi chamado o organizador do encontro, Isaias Dias, que nomeou aqueles que, com ele, tornaram possível este momento. Porque é justo que cada gesto seja reconhecido pela voz certa.

O Clube Mariafontista em Zurique é uma casa familiar, onde já passaram gerações inteiras, numa corrente viva que se prolonga no tempo e no afecto. O S. C. Maria da Fonte não é apenas um Clube, é pertença, é raiz, é memória que se transmite como herança de sangue e coração.

Durante a noite tiraram-se fotografias com todos os presentes, retratos individuais e imagens em conjunto.
Entre elas destacam-se:

João Gomes, Presidente Honorário, ao lado de Márcio de Araújo, Presidente da Casa do Benfica de Zurique.

Rui Abreu, Capitão, presente em Zurique.

João Gomes em entrevista com Quelhas e Fernando do Duo Z&F.

A fotografia de um sócio que adquiriu peças para ajudar o Clube, gesto simples e cheio de significado, expressão concreta da palavra “pertencer”.

E, porque a celebração também se afirma como alegria, amizade e continuidade, cantaram-se os parabéns ao S. C. Maria da Fonte, num coro sentido, onde cada voz estava ligada à terra que ficou lá longe, mas nunca se perdeu.

No final, foram entrevistados os Mariafontistas presentes em nome do Clube, porque a história viva deve ser contada por quem a traz no coração.

Zurique viveu o Maria da Fonte.
E a Póvoa de Lanhoso esteve ali inteira, acesa, presente.

Quelhas, escritor Português 
Fernando Nascimento (Duo ZF)
Revista Repórter X

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Texto de introdução da Revista Repórter X no evento do Maria da Fonte:

Texto de introdução da Revista Repórter X no evento do Maria da Fonte: 


O S. C. Maria da Fonte festejou os seus cem anos na Póvoa de Lanhoso, terra que o viu nascer do povo e da memória antiga. Hoje na Suíça, com o empenho de Isaias Dias, com a cooperação do Clube Mariafontista, do Benfica de Zurique, com a presença da Revista Repórter X, de simpatizantes, adeptos, sócios e futuros sócios, amigos e amigos dos amigos, reunimo-nos neste jantar de angariação para ajudar o clube da terra da Maria da Fonte.

O Sport Clube Maria da Fonte, como clube desportivo, carrega o nome da heroína Maria da Fonte, heroína de Portugal, símbolo de coragem, de voz popular e de defesa da liberdade. Esse nome não é ornamento, é história viva às costas do clube, é raiz profunda no coração da Póvoa de Lanhoso e de todos os que dela descendem.

Para conhecermos melhor o S. C. Maria da Fonte, chamo os elementos que vieram de Portugal, João Gomes, presidente honorário, Eduardo, vice presidente, Rui Abreu, capitão, Nelinha, directora, Artur, director.

Por fim, chamo o organizador, Isaias Dias, e se houver mais alguém, que seja ele a pronunciar os nomes, pois é justo que cada gesto seja reconhecido pela voz certa.

O Clube Mariafontista é um clube amigo e familiar, onde já passaram os nossos bisavós, avós, pais, filhos, netos, bisnetos, tios, primos e amigos, corrente viva entre gerações. É um clube entranhado na cultura popular povoense. Eu próprio tive lá família por parte de minha mãe, e hoje tenho lá família por parte de meu pai. O S. C. Maria da Fonte não é apenas um clube, é raiz, é pertença e é memória viva que pede o nosso cuidado e o nosso amparo.

Para isso, dou agora voz aos convidados.

Nota breve,
No final, entrevistaremos os mariafontistas presentes em nome do S. C. Maria da Fonte. 

Acrescentamos: Alguns dirigentes deram uma curta palavra e a Nelinha leu um comunicado enviado pelo presidente do S.C. Maria da Fonte, Paulo Flávio em agradecimento. A entrevista foi com o João Gomes, presidente honorário do S. C. Maria da Fonte. Cantaram-se os parabéns ao Maria da Fonte. Os povoenses compareceram para o jantar de angariação de fundos ao clube da Póvoa de Lanhoso. Revemos amigos e fez-se festa.

Autor: Quelhas
Fernando Nascimento (Duo ZF)

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

O Consulado que nos envergonha em Toulouse

O Consulado que nos envergonha em Toulouse:


Sexta-feira, em Toulouse, sul de França, o deputado pela Europa, José Dias Fernandes, do Chega, visitou o espaço que deveria representar Portugal e servir os seus emigrantes. O que ali encontrou não dignifica o nome da Pátria. Um edifício pobre, cansado, sem condições mínimas, sem alma e sem respeito por quem ali trabalha e por quem ali procura auxílio. Na sua descrição, sente-se a vergonha de quem ama o seu país e vê a sua imagem ferida pela incúria e pelo esquecimento.

Um consulado não pode ser um lugar apertado, frio, improvisado, onde os funcionários cumprem o seu dever sem meios e os utentes aguardam como quem espera esmola. Não pode faltar um simples Multibanco, obrigando os emigrantes a pagar em dinheiro como se estivéssemos parados no tempo. Não pode faltar um refeitório digno, uma casa de banho decente, um espaço humano onde se sinta pertença. Os emigrantes não são estrangeiros de segunda, são Portugueses, são a continuação viva da Pátria para além das fronteiras.

O consulado de Toulouse envergonha-nos enquanto Nação. A imagem que transmite é de abandono, desinteresse e distância. Não basta cobrar taxas e carimbar papéis. Portugal deve estar presente com dignidade, com respeito, com a honra que se deve aos seus. Os consulados não podem ser cofres que arrecadam dinheiro, devem ser casas abertas, porto seguro para quem vive com a saudade à flor da pele.

Portugal deve lembrar-se dos seus filhos que partiram, mas não deixaram de ser Portugueses. Deve olhar para eles com respeito, cuidar deles como se cuida de quem se ama. A bandeira que flutua no mastro só tem valor se for acompanhada da dignidade de quem a representa.

Quem parte leva Portugal no coração. Quem chega deve encontrar Portugal vivo e de pé.

Autor Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Assembleia da República: doze deputados na defesa das causas dos emigrantes

Assembleia da República: doze deputados na defesa das causas dos emigrantes



Ontem, dia cinco de Novembro, o deputado José Dias Fernandes, eleito pelo Círculo da Europa, alinhou doze deputados na defesa das causas dos emigrantes, levando ao Parlamento temas há muito esperados, como o voto electrónico, a revisão da lei eleitoral e o ensino das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Foram questionados o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel e o secretário de Estado Emídio Sousa, para que a voz de quem vive longe da terra tivesse finalmente lugar na casa onde se faz a lei, a casa onde o tempo tantas vezes esqueceu quem partiu.

A Revista Repórter X perguntou então das questões da Kesb e da Suva, dores profundas da nossa emigração, que atravessam famílias, lares, histórias de trabalho e vidas suspensas. A resposta do deputado foi que, por agora, há silêncio e reserva, porque o dossier está a ser tratado, que é tempo de deixar trabalhar e não perturbar.

Compreendemos o cuidado, mas não esquecemos a urgência. Porque quem vive na emigração conhece o peso das esperas e sabe que o tempo, quando se sofre, não é um tempo neutro. Há silêncios que protegem, há silêncios que ferem. Que este seja o primeiro e não o último passo, que o caminho se mantenha firme, que a defesa dos nossos não se dilua no esquecimento dos dias.

Acreditamos no trabalho que se anuncia, mas manteremos viva a vigilância e a memória, porque a justiça nasce também da persistência de quem não desiste. E o emigrante nunca desistiu da sua dignidade.

Nota de rodapé:
O Quelhas, fundador da Revista Repórter X na Suíça, tem estado em contacto telefónico com o deputado José Dias Fernandes e com o deputado Carlos Gonçalves. Ambos manifestaram disponibilidade para se deslocarem à Suíça, a fim de ouvirem directamente os lesados da Suva e os pais que ficaram sem as crianças para a Kesb. A Revista Repórter X encontra-se a organizar, com todas as pessoas interessadas, um segundo encontro a realizar-se em Janeiro ou Fevereiro, com a presença dos nossos representantes de Portugal na Suíça e dos nossos diplomatas. Será igualmente solicitado ao consulado e à embaixada que estejam presentes, assim como ao Governo Português, representado pelo secretário de Estado e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.

autor: Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Sem Abrigo: Comentadores que não sabem a realidade para opinar sobre os outros, falta de moral

Sem Abrigo: Comentadores que não sabem a realidade para opinar sobre os outros, falta de moral



Há sempre quem abra a boca antes de abrir o coração. Gente que fala como quem despeja lixo, convencida de que opinar é o mesmo que saber. O caso do homem que vive na estação de Bülach mostrou isso com clareza: há quem fale por maldade, há quem fale por ignorância, e há quem, por fim, ainda tenha a decência de falar com o coração.

As redes encheram-se de comentários, e deles saiu o retrato da sociedade em que vivemos. Uns ofendem, outros tentam justificar, e poucos; muito poucos; tentam compreender. Tudo começou com uma observação simples, publicada pela Revista Repórter X: um homem dorme há mais de um ano num espaço fechado da Estação de Caminhos de Ferro de Bülach, rodeado de cheiro a urina, tabaco, suor e álcool. Um espaço com porta e vidros, transformado em abrigo, onde ele dorme, come e sobrevive à vista de todos.

O caso foi comunicado à Câmara Municipal, à Segurança Social e à Polícia. Nenhuma instituição resolveu nada. O silêncio tornou-se a resposta. E é nesse vazio que aparecem os comentadores; os que acham que sabem tudo e os que, de facto, não sabem nada.


As vozes do desprezo:

Logo surgiram os insultos, como sempre. Comentários de gente sem moral, que escreve como quem cospe no chão. Más-línguas. Ignorantes:

“Deveria ser deportado para o seu país de origem.” Quando jamais foi dito que ele era imigrante!...
“Que vá dormir junto de um rio, assim o bebe, caga e mija e não cheira mal.” Esta é a moral cívica de alguns comentadores!...
“Está sempre bêbado, malcriado, enfim, não se pode falar com ele.” Afirmação falsa, ele fala com quem fala com ele e não é malcriado se não lhe fizerem nada!...
“Se tem pena, leve-o para sua casa.” Não são respostas que se dê a ninguém, pois as boas ideias são aceitáveis, mas este tipo de comentários é descabido!...
“Grande mentira, aqui só se fica legal se tiver documentos.” Quais documentos, se o homem vive no país dele!...
“Tirem-lhe as portas que já dorme menos.” Para dizer isto, estava calado!...
“Vai lá buscá-lo e enche o frigorífico com cervejas.” Bom conselho, deve ser o espelho de quem comentou!...

Palavras feias, frias, escritas por quem vive de barriga cheia e alma vazia. Há quem ache graça, há quem aplauda, há quem partilhe. É a decadência moderna, rir-se da miséria e chamar-lhe opinião.


As desculpas e as leis:

Outros, em tom mais calmo mas igualmente vazio, tentaram justificar o abandono com leis e frases prontas:

“Pela lei não pode ser obrigado a ir para uma instituição.”
Não se trata de lei e sim de uma palavra amiga; com boas palavras o homem aceitava ter ajuda, como disse ao Quelhas, mas certamente não as usam. Foi o que a polícia fez, obrigou o homem a sair dali naquela noite!...

“Há casas para sem-abrigo e refeições servidas, se ele quisesse tinha ajuda.”
Não se trata de querer, trata-se de ter capacidade emocional; voltou a ser criança!...

“Na Suíça ninguém fica na rua, se está ali é porque quer.”
Porque quer o raio que vos parta; primeiro sabei a história e depois falai!...

Falam de leis, mas não conhecem a realidade. Nunca puseram um pé num abrigo. Não sabem que há listas de espera, avaliações e restrições. Que quem está sob o efeito do álcool é muitas vezes recusado. Há pessoas que esperam meses por uma vaga. Que os sistemas automáticos da assistência social funcionam melhor para os números do que para as pessoas.

A verdade dura e crua é que quando por vezes fazem um delito ou ficam bêbados ou drogados até à exaustão e a polícia os vê ou alguém telefona, levam-nos 24 horas a uma cela para lhes fazer testes sobre o que consumiram, medicam-nos e dão-lhes banho e de comer, e no dia seguinte põem-nos a andar e depois cobram-lhes por isso, não querem saber se têm dinheiro ou não. É mais fácil dizer “não quer ajuda” do que admitir que o Estado não tem onde o pôr.


As verdades escondidas:

O homem nasceu na Suíça, filho de pai suíço e mãe sul-americana. É cidadão suíço, e não estrangeiro. Teve um acidente de trabalho e ficou inválido, doente, debilitado e em situação de abandono. Não recebeu indemnização da SUVA, foi pensionado por invalidez, valor que não dá para medicamentos, muito menos para pagar renda de casa e seguro de saúde. Confirmou à Revista Repórter X que aceita ajuda. Disse que quer tratamento, acompanhamento e casa.

Mas o que consta nos registos da Segurança Social é o contrário: “não quer ajuda.” É o truque velho da máquina administrativa; se o problema não quer ajuda, o Estado já não falha. Assim se apagam pessoas e se limpam relatórios.


As vozes que ainda pensam:

Entre a lama, houve também quem falasse com sentido. Comentários de gente que sente vergonha alheia da frieza dos outros:

“É triste chegar a este ponto, as autoridades que resolvam o problema desse senhor.” Pois, mas nem Segurança Social, nem Câmara Municipal, nem a polícia!...
“Não se deve falar assim das pessoas, ninguém está livre de acabar igual.” Ainda há quem pense antes de escrever 'merda'!...
“Devíamos ajudá-lo em vez de criticar, levá-lo à Segurança Social para mostrar que ele quer ajuda.” O Quelhas já se pronunciou a quem de boa vontade quer ir com ele e levar o Sem Abrigo à Segurança Social!...
“Há muita gente a sofrer e a Suíça já não é o que era.” Na Suíça nem tudo o que reluz é ouro!...
E também a confissão dura de quem já viveu o mesmo: “Em 2023 dormi cinco meses na rua, e em 2024 foram sete. Desde 2022 estou sem casa.”

Percebemos que não está na rua, talvez numa casa de favor ou numa instituição?!... Estes comentários são a prova de que ainda há humanidade. Mas são poucos, e perdem-se no meio da gritaria das más-línguas.


O eco dos outros lugares:

Houve quem dissesse conhecer situações semelhantes noutros cantões:
“Em Zürich também já se vê muitos a dormir nas ruas e nas paragens.”
“Em Genève são dezenas.”
“Em Dielsdorf também há um, dorme nas casas de banho públicas.”
“Há mendigos em todo o mundo, para onde se for há sempre alguém a sofrer.”

Não é o Repórter X quem afirma; são as próprias pessoas, testemunhas da realidade, a mostrar que o fenómeno se espalha e já não é exceção. A pobreza não é um rumor, é um facto. E o que a Suíça fazia questão de esconder, agora vive-lhe à porta das estações.


O sistema que falha:

A Segurança Social, quando questionada, refugia-se na lei. A Câmara lava as mãos. A Polícia diz que nada pode fazer. Mas é preciso lembrar que um Estado que se vangloria de ordem e disciplina não pode ignorar o abandono humano. Que a lei que protege deve servir pessoas, não relatórios. E que a mentira administrativa; “ele não quer ajuda”; é uma vergonha pior do que a pobreza que dizem combater.


A decadência moral:

Os comentários insultuosos mostram o que muitos se tornaram: pessoas frias, maldosas, sem empatia. Gente que acha que a pobreza é castigo, que a doença é culpa, que a miséria é escolha. Falam de “bons portugueses” e “bons suíços”, como se a dignidade tivesse nacionalidade. E quando não têm mais que dizer, atiram política ao assunto: “esse é do Chega”, “os que o defendem que o levem para casa.” Como se Portugal tivesse a ver com isto?!...

Esses são os verdadeiros sem abrigo; sem abrigo moral, sem abrigo de consciência. Anormais!...


A realidade que não se quer ver:

Há quem diga que na Suíça não há pobreza. Há. E está a crescer. Há pessoas que vivem doentes, com reformas que mal chegam para o seguro de saúde. Há quem perca a casa por não conseguir pagar a renda. Há quem viva em quartos alugados por semana. Há idosos esquecidos e doentes tratados como incómodos.

Mas enquanto a Suíça mantém a fachada de perfeição, a realidade infiltra-se nas estações, nos abrigos lotados, nas esquinas. A Suíça só sabe cobrar, mas oferecer está quieto!...


O espelho de Bülach:

O caso de Bülach é o reflexo disso tudo. Mostra o Estado que finge ajudar, o povo que finge preocupar-se, e os comentadores que fingem saber. Mostra que a sociedade perdeu a vergonha de julgar e a coragem de agir. Em vez de opinarem, metam os pés ao caminho para saberem das realidades. Metem nojo, só se lembram dos mendigos no Natal, porque assim muitos ganham à custa de colocar o nome deles?!...

O homem da estação, com o seu cheiro, o seu copo e o seu silêncio, é o retrato vivo daquilo que todos fingem não ver. E é também o espelho que muitos evitam; porque ninguém quer imaginar-se ali.


Conclusão:

A vergonha não está no homem que dorme à noite dentro daquela sala imunda com uma garrafa de whisky na mão, ou dorme durante o dia de pé com uma cerveja na mão!... A vergonha está em quem passa, vê e comenta. Está nas instituições que fingem agir. Está nos que julgam sem saber, nos que riem de quem sofre, e nos que se calam porque pensam que nunca lhes acontecerá.

O homem de Bülach é um homem só, mas é também símbolo de muitos homens; os que foram deixados para trás por um país que já não quer olhar para os seus.

autor: Quelhas
Revista Repórter X


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Comunidade Mariafontista celebra o Centenário do Clube em Zurique

Comunidade Mariafontista celebra o Centenário do Clube em Zurique:



O Sport Clube Maria da Fonte, em articulação com a Casa Benfica de Zurique, realiza no próximo dia 7 de Novembro de 2025, pelas 20 horas, um jantar comemorativo integrado nas festividades do Centenário do Clube (1925-2025).

O evento, que conta com o patrocínio oficial do Sport Clube Maria da Fonte, representa mais do que um simples encontro, é um tributo à Comunidade Mariafontista espalhada pelo mundo, em especial àquela que vive e trabalha na Suíça, mas que nunca esquece as origens e o amor à sua terra-mãe, Póvoa de Lanhoso.

A celebração terá lugar na Casa Benfica de Zurique, espaço que abre as suas portas à irmandade desportiva portuguesa, unindo dois emblemas históricos num mesmo gesto de amizade e identidade nacional.

Serão servidos dois menus à escolha, cuidadosamente preparados para a ocasião:

Menu 1

Bitoque de novilho

Bebida — vinho da casa (meio litro por pessoa)

ou refrigerante / água (1,5 L)

Café

Menu 2

Bifinhos de porco com molho de cogumelos

Bebida — vinho da casa (meio litro por pessoa)

ou refrigerante / água (1,5 L)

Café

Preço por pessoa: CHF 80.00

Esta noite será mais do que um jantar, será um reencontro de memórias, de afectos e de orgulho mariantino, onde cada palavra e cada brinde hão-de ecoar os cem anos de história e de glória do clube que nasceu do povo e para o povo.

Viva a Comunidade Mariafontista. Viva o Sport Clube Maria da Fonte. Viva Portugal.

Revista Repórter X Editora Schweiz 

Revistareporterx.blogspot.com 

autor: Quelhas

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

A arte e a voz na sala da Revista Repórter X

A arte e a voz na sala da Revista Repórter X 


Na sala da Revista Repórter X viveu-se um encontro de música, palavra e emoção, conduzido por Quelhas com os entrevistados convidados, onde o Fado e a canção portuguesa se cruzaram com histórias de vida e reencontros inesperados. Foram quatro presenças cheias de alma: Isabel Batista, Ana Parrinha, Zé e Fernando, que juntos formam o Duo Z&F.

O Zé e o Fernando, naturais de Vila Real de Santo António de Trás-os-Montes, além de convidados, forneceram o equipamento e os microfones que tornaram possível o som e a gravação. O ambiente foi de amizade e partilha, com o gesto caloroso de Quelhas, que preparou pizas especiais, acompanhadas de sumos, águas e vinhos.

Durante as entrevistas, Isabel Batista, vinda das Caldas da Rainha, falou do seu novo CD e pen, com oito músicas da sua autoria, incluindo um Fado dedicado ao pai, que foi fadista em Lisboa. Isabel soube recentemente desses factos por intermédio da tia, irmã do pai, de cuja existência não tinha conhecimento, até esta a reconhecer num programa de televisão e entrar em contacto.

Ana Parrinha, natural de Beja, no coração do Alentejo, partilhou o seu percurso artístico e o lançamento de dois novos temas em colaboração com Fausto Santos, com quem tem trabalhado intensamente: Os últimos temas inspirado na personagem “Mariazinha Paris”, encabeçada por Fábio Oliveira, música escrita por ambos e apresentada esta semana no Porto Canal, e outro dedicado a Nuno Brísida, apresentado no Club Amigos da Gândara.

Houve também momentos de comoção. O Zé, teclista de longa carreira, que nunca foi cantor e hoje acompanha o Fernando com voz de fundo, emocionou-se ao recordar uma canção que escreveu para a mãe; começou a cantá-la, mas a emoção não o deixou terminar. O Zé actuou durante muitos anos na banda Os Nova Onda, de Zurique, onde foi sempre teclista, até o proprietário regressar a Portugal. Desde então juntou-se ao Fernando, formando o Duo Z&F. Já o Fernando, também de Vila Real de Santo António de Trás-os-Montes, passou por vários grupos, incluindo Os Latinos, com Isaías Dias, e continua a cantar todo o tipo de temas, sendo muito solicitado nas comunidades portuguesas da Suíça.
De salientar que o Fernando também, em tempos, escreveu uma canção própria, que era cantada frequentemente com Os Latinos, marcando uma fase especial do seu percurso artístico.

O Duo Z&F, composto por dois amigos e emigrantes na Suíça, sonha continuar o Duo em Portugal, onde nasceram, e alcançar uma editora de envergadura e a televisão. O Zé aproxima-se da reforma, e o Fernando seguirá depois, mas a vontade de gravar mantém-se firme. Mostraram interesse nas letras de Quelhas, autor de trinta composições, já dadas a voz por diversos artistas, entre eles Isabel Batista, Ana Parrinha, Alexandre Faria, Rui Alves e Tom Sawyer...

As gravações, feitas de forma simples e natural, encontram-se já no Facebook, YouTube e TikTok da revista. Em breve estarão também no X, Instagram, LinkedIn e na página oficial da Revista Repórter X.

Ana Parrinha, que regressou à Suíça pela quinta vez, acompanhada por Quelhas, tem realizado pequenas tournées de Fado com guitarristas, enquanto Isabel Batista já visitou o país três vezes. Foi precisamente a convite que Quelhas entrevistou Isabel Batista pela primeira vez, ocasião em que se conheceram. Ambas participaram na última gala da Revista Repórter X, que uniu arte, música e palavra num mesmo palco.

Foi uma tarde verdadeira, de partilha e de alma, onde o Fado e a música portuguesa encontraram eco na voz e no coração de quem as vive.

autor: Quelhas, escritor Português

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

domingo, 2 de novembro de 2025

Fado e tradição no Club Amigos da Gândara

Fado e tradição no Club Amigos da Gândara


Na noite de 1 de Novembro, o Club Amigos da Gândara recebeu o Fado pela terceira vez, em colaboração com a Revista Repórter X, numa celebração de alma, tradição e portugalidade. Subiram ao palco Isabel Batista e Ana Parrinha, duas vozes distintas unidas pelo mesmo sentir: cantar Portugal.

O espectáculo abriu com o Fado da Maria da Fonte, da autoria de Quelhas, gravado e instrumentado por Leandro Perfeito. Mais tarde, o público pediu que fosse cantado, mas, por não estar ainda gravado, decidiu-se não o declamar. Este mesmo fado já havia sido declamado no ano anterior por Ana Parrinha, acompanhada pelas guitarras dos guitarristas de António Pinto Basto.

Seguiram-se fados de Amália Rodrigues, Hermínia Silva e Mariza entre outros fadistas, interpretados com alma e respeito. O público, profundamente tocado, pediu novamente o fado “Alma”, da autoria de Quelhas, e este foi cantado à capela, em silêncio total, pela voz de Isabel Batista, tal como o Fado deve ser ouvido: com recolhimento e verdade.

Ana Parrinha deu também voz ao cante alentejano, sem qualquer acompanhamento musical, apenas com a força e pureza da voz, num momento de autenticidade que comoveu todos. O público acompanhou nos refrães, unindo-se num coro natural e espontâneo.

Depois vieram músicas da sua autoria e músicas tradicionais portuguesas das décadas de cinquenta, sessenta e setenta, que levaram o público a cantar, sorrir e dançar. Durante o Fado reinou o silêncio, e na parte popular reinou a alegria.

Tiago Martins deu música às fadistas e encerrou a noite a cantar, animando o público até ao fim, num clima de amizade e celebração.

Na gastronomia, brilharam os sabores de Portugal: naco na pedra, bacalhau à Brás e cozido à portuguesa, acompanhados por vinho da casa, licores, sumos, águas e sobremesas variadas.

A decoração, cuidada pelo próprio Club Amigos da Gândara, trouxe elegância e alma: toalhas acinzentadas com centro vermelho e velas acesas, que iluminaram a noite e os corações presentes.

A Revista Repórter X agradece ao Francisco e à sua cara-metade pela dedicação e acolhimento, e envia um abraço ao Sr. Mário e à esposa, pais do Francisco e fundadores do Club Amigos da Gândara, ausentes por estarem em Portugal. Recordam-se com saudade os bons momentos vividos nesta casa, onde já se realizaram grandes espectáculos, como a Gala da Revista Repórter X, que trouxe ao Gândara a RTP1 e muita arte, canto e literatura.

Foi uma noite bela, respeitosa e cheia de vida, onde o Fado foi ouvido como deve ser: com alma, silêncio e verdade.

autor: Quelhas, director revista repórter X

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