MENSAGEM DO DIA NACIONAL DO TEATRO AMADOR (2013)
Num país como este nosso Portugal, e neste nosso
tempo, onde e quando o Teatro Profissional abrange e serve muito desigualmente
o diverso território, sendo cada vez mais escassas as Companhias sobreviventes
em muitas capitais de Distrito, fora dos grandes centros urbanos – como é
consolativo verificar que o Teatro Amador, com tantas ou mais dificuldades
ainda nos recursos de funcionalidade, vai briosamente cumprindo a sua função
sociocultural: afinando sensibilidades, despertando vocações artísticas,
agitando marasmos de comodismo egoísta, abrindo fronteiras de consciência
política e renovado humanismo.
Por certo nunca será demasiado insistir neste
ponto: o exercício amador da Arte Teatral é amplamente salutar. E nunca ouvimos
falar de empresários ou diretores escolares que se tenham arrependido de
patrocinar qualquer grupo dramático no respetivo âmbito laboral ou de ensino.
Porque sempre os amadores de teatro se evidenciarão, positivamente, no seu
profissional trabalho quotidiano, tal como, nas mesmas circunstâncias, sempre
se hão de salientar nas aulas os alunos universitários, mas até os de escolas
básicas ou secundárias.
Se o Teatro Profissional atinge por vezes níveis
admiráveis de qualidade artística (devidos naturalmente à aprendizagem regular
e institucional), não deixa o Teatro Amador de surpreender-nos de quando em
quando, com o desempenho de um intérprete, a destreza duma encenação, a ousadia
de um cenário – decididamente superando a tradicional insuficiência de meios.
Mesmo tendo em consideração a justa remuneração devida aos profissionais (que
permite a sua subsistência), não creio haver grande vantagem em demarcar,
insistir demasiado na verdadeira vocação do profissional e na generosa devoção
do amador. Porque um e outro servem a sua Arte de eleição consoante as suas
disponibilidades de tempo.
E como é impressionante saber que alguém, depois de
umas tantas horas de trabalho, privando-se do repouso e do convívio familiar,
ainda tem ânimo de se entregar a ensaios ou representações teatrais!
No campo específico do Teatro, mais que desejável é
a solidariedade entre profissionais e amadores. Participem os primeiros, sempre
que possível, em ateliês de formação dos segundos, que, por sua vez, lhes
poderão fornecer intérpretes profissionalizantes e ajudar à habituação, à
fidelidade de um público.
Por outro lado, há que lembrar à Secretaria de
Estado da Cultura e a algumas Câmaras Municipais mais renitentes que o Teatro –
profissional ou amador – é mesmo uma criatividade cultural prestigiante e
subsidiável. Mais que certos fogos de artifício que por todo esse País
deflagram num esplendor e logo desaparecem. (Metaforicamente falando, claro).
NORBERTO ÁVILA
Dramaturgo
Enviado Por Dr: Paulo Freitas,
Biblioteca Municipal da Póvoa de Lanhoso
Lembrar um belo momento no teatro da Póvoa de Lanhoso no lançamento de; O livro da criança
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