Eleições Europeias
Entrevista ao deputado Carlos Gonçalves
Carlos Gonçalves - A primeira
conclusão a retirar das eleições europeias, que decorreram no passado dia 26 de
Maio, foi a forte abstenção verificada, o que a todos nós deve preocupar.
Assim, quando vejo algumas das análises que foram feitas, após a publicação
dos resultados eleitorais, e independentemente das leituras políticas que
se devem retirar, é sobretudo importante que nós possamos questionar sobre as
razões de tão grande distanciamento entre os portugueses e a participação
política.
Maria Kosemund - O que devem fazer ou exigir, para alterar as
distâncias das mesas de voto nas Comunidades?
Carlos Gonçalves - No que diz respeito às Comunidades portuguesas,
as recentes alterações introduzidas à Lei do Recenseamento Eleitoral, propostas
pelo Governo e pelo Grupo Parlamento do PSD permitiram aumentar de forma
exponencial os universos de eleitores dos círculos da emigração. No entanto,
como sempre defendi, não era recomendável aumentar desta forma o universo
eleitoral, sem acompanhar esta medida de uma nova metodologia do exercício do
direito de voto. Infelizmente, a proposta que o PSD apresentou, de associar o
voto presencial ao voto por correspondência para todas as eleições, foi
chumbado na Assembleia da República, sendo apenas aceite este modelo para as
eleições legislativas e depois de muita discussão que atrasou até aprovação do
diploma. Assim, os portugueses que residem no estrangeiro, que pretenderam
votar no passado dia 26, tiveram que percorrer dezenas, centenas ou milhares de
quilómetros, consoante o lugar onde residem. Acresce que, em países de forte
emigração como por exemplo Alemanha, Franca ou Austrália, tivemos menos mesas
de voto que em actos eleitorais anteriores.
Maria Kosemund - Opinião sobre os resultados do PSD nas
Comunidades?
Carlos Gonçalves - Por esta razão, os motivos da
"esmagadora" abstenção nos círculos da emigração deve-se a razões
técnicas. Alguém acredita que um eleitor faça milhares de quilómetros para se
dirigir a uma mesa de voto para exercer o seu direito cívico? Tivemos mesmo
países, onde vivem portugueses em que não havia mesas de voto. Não culpem as
comunidades pela abstenção. Culpem, sim, aqueles que por razões de ordem
estratégica não aprovaram a proposta do PSD de associação do voto por
correspondência ao voto presencial. Mas estes resultados também têm leituras
políticas. O Partido Socialista venceu as eleições de forma clara, apesar de
ser com valores relativamente baixos e o meu Partido atingiu um resultado
semelhante ao das eleições de 2014. A comparação destes resultados deve merecer
uma profunda reflexão por parte do PSD, que se deve agora mobilizar para um
combate diferente no qual deve aparecer com um projecto alternativo para
o País. Um projecto no qual os portugueses se possam rever e que permita
inverter a actual tendência de um País que não tem estratégia para o futuro e
que vê todos os seus indicadores internos e externos a depreciarem-se.
Os portugueses merecem um País diferente e o PSD deve marcar essa diferença
Cordiais cumprimentos,
Maria Kosemund, representante
Revista Repórter X na Alemanha
Revisão editorial; Sociólogo político
Dr. José Macedo de Barros
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