Número total de visualizações de páginas

Traductor de Português para outras línguas

quinta-feira, 10 de março de 2022

A Repórter X e as “Vidas Destroçadas”


A Repórter X e as “Vidas Destroçadas”

 

Ao começar a trabalhar este tema não posso deixar de fazer uma pequena viagem pelas vidas, todas as vidas, daqueles portugueses que um dia deixaram as suas vilas ou aldeias, ficando para trás pais, e por vezes filhos, amigos de infância, lugares e costumes que compõem a vida de qualquer um…

 

Em regra, este mudar de vida para longes terras, fundava-se na falta de perspectivas profissionais, e não raro nos parcos salários que eram pagos no comércio ou amanho das terras…

 

Esta triste realidade levava a que os nossos homens, na sua melhor idade, partissem, na convicção de que uns anos bastariam para, à custa de uma vida paupérrima, e com dois ou três empregos, amealhar o suficiente para o regresso às origens, comprar ou construir uma habitação digna, e na mesma instalar um comércio que lhe permitisse uma vida tranquila, para si e para os seus.

 

Esta a regra geral, mas há excepções, poucas, mas existem.

 

E, o melhor exemplo dessa excepção é o director e fundador da Revista Repórter X…

 

Alguém, que para além da sua vida profissional normal, e a tempo inteiro, para além do seu gosto pela escrita, autor de diversas obras, sente, porque à sua volta olha e vê, que é preciso mais, que a língua e cultura portuguesa carecem de mais atenção, e porque há muitos portugueses que não só não conhecem a língua do país de acolhimento, nem tão pouco a sua própria língua, nem as regras legais por que se pautam quer um, quer outro.

 

Vai daí, cria uma Editora, lança uma Revista, regista-a, e divulga-a tanto quanto possível junto de todos os falantes da língua de Camões.                

 

Junto dos emigrantes, espalhados pelos diversos países, encontra colaboradores, que trazem para a revista, as vivências, as dificuldades bem como os sucessos dos emigrantes portugueses…

 

Não é novidade para ninguém que os 48 anos de obscurantismo deixaram marcas profundas na população portuguesa… a falta de cultura, bem como a falta de interesse pelas normais legais que nos regem quer em Portugal, quer nos diversos países para onde se deslocam, é a todos os níveis gritante…

 

Não raro, e a propósito de tudo e de nada, ouvimos a célebre frase – eu não ligo a política! - como se não fossem os políticos que “fazem” ou mandam fazer, mas aprovam as leis, sob as quais vivemos no nosso rotineiro dia a dia… não saber de política, é igual a ficar na bendita ignorância, não conhecendo os seus direitos de cidadania, e muito menos os direitos, que o país onde escolheu viver lhe atribuí, ou nega…

 

De todo o exposto, resulta que muitos emigrantes na Suíça se deparam com dificuldades enormes, na sequência de  acidentes de trabalho, não reconhecidos como tal, o sistema de saúde da Suíça não é, de perto nem de longe semelhante ao português, que não sendo uma maravilha, não nega tratamento a ninguém, a juntar às dificuldades linguísticas, o monopólio das seguradoras sempre com o fito de maior lucro em função da menor despesa, e ainda o facto dos sindicatos estarem programados para o trabalhador nacional…

Nestas situações como noutras, a Repórter X dá o que tem: as suas páginas, o seu site, e permite que os portugueses digam de sua justiça, e contem aos leitores as maldades que o sistema Helvético lhes fez à saúde e á sua vida…

 

A verdade é que nestes 10 anos de existência sempre a Repórter X, deu voz a quem se sentia injustiçado.

Para além de permitir o uso da revista para divulgar as dificuldades e os problemas com que se debatem os emigrantes portugueses, pelas mais diversas razões, a Repórter X deu a cara e o nome, e organizou quer angariação de fundos, de géneros alimentícios, nas mais variadas formas, desde que o resultado fosse ajudar quem precisava.

 

Foi com esse espírito de ajuda a conterrâneos seus, que a Repórter X iniciou a publicação de um conjunto de entrevistas, a membros de um grupo nascido nas redes sociais, e que se auto-denominaram  “ Vidas Destroçadas”, tendo todos como denominador comum, e segundo os seus próprios testemunhos a negligência, a mentira, e até erros médicos… em resumo parece existir um complô entre seguradoras, serviços de saúde e até os próprios médicos, de forma a ignorar as verdadeiras repercussões dos acidentes de trabalho, antes fazendo os tratamentos á base de vulgares analgésicos ou antipiréticos, que ao camuflar a dor, permitam o desempenho das funções pelo acidentado, sem contudo resolver o problema médico, que se manterá até que um novo episódio ou recidiva o torne tão evidente, que permita aos médicos alegar que se trata de causa natural…

 

Foi o espírito de solidariedade que levou a revista a publicar no site, e na revista impressa, através do Twint a propor uma forma de ajuda solidária à Repórter X, a todos os leitores e seguidores da Suíça e de toda a diáspora, bem como aqueles que estavam com problemas com os serviços de saúde Helvéticos, um 1CHF/€, a quem quisesse doar, em troca teria publicações grátis na revista. Do resultado, e com o dito, poder-se-iam intentar acções, pagar consultas a advogados, custear deslocações para reuniões com entidades oficiais, nomeadamente consulados, ou outras, nos diversos cantões… É do conhecimento público que a Repórter X nunca se furtou a movimentos solidários em prol de quem viva momentos difíceis… nem sempre é bem entendida, e no caso bem tratada por aqueles a quem pretendia ajudar.

 

Porém, este apelo à solidariedade foi criticado, como se a revista se quisesse apenas promover… quando há má fé, o julgador por si se julga…

 

Foi o que aconteceu com o grupo “Vidas destroçadas”! o grupo desmembrou-se em quatro, desentenderam-se e nascem as acusações entre eles! e a Repórter X apanha por tabela!

 

Um dos grupos dissidente, utilizou o símbolo do Twint da Repórter X numa carta para o Consulado Português em Zurique, numa perfeita acção de usurpação de nome e logotipo, e que em última análise configura, para além da ilegalidade de violação de marca ou distintivo, um verdadeiro crime de difamação…

 

Esta crónica, onde se reflete sobre a verdadeira natureza humana, visa tornar público, algo semelhante à velha história do idoso que mostra aos filhos que conseguem partir os 10 vimes um a um, mas nunca conseguem parti-los se estiverem juntos.

 

Os portugueses, em momentos de aflição unem-se com um objectivo comum – pugnar pelo reconhecimento de direitos que consideram lesados …, porém basta que um atinja parte do almejado, para que comecem as divergências, desentendimentos, querendo cada um de per si arcar os louros devidos, e nascem uma infinidade de mini grupos, em tudo semelhantes, com algumas indecifráveis diferenças, que nunca chegarão a lado nenhum tornando-se praticamente invisíveis.

 

De uma ideia a todos os títulos meritória, porque os seus membros reuniam as mesmas queixas dos serviços helvéticos, uma união que tinha pernas para andar e podia, pela sua divulgação, pela denúncia das diversas situações vir mesmo a beliscar o funcionamento, ou mau funcionamento dos serviços, beneficiando os ora queixosos, tornou-se apenas um nome, retirando a credibilidade aos seus membros e mais grave a sua actuação ao pautar-se pela difamação,  entra na ilegalidade e comete o crime de difamação contra quem, de boa fé, só queria solidarizar-se com as suas causas.

 

Assim, o comportamento de pelo menos três grupos dos, vidas destroçadas, não mostram à sociedade ter um comportamento diferente daqueles que acusam. Se a si não lhe foram reconhecidos direitos, pelas seguradoras, se os serviços de saúde não lhe deram o tratamento que tinham direito, eles os grupos dos destroçados, usam marcas que não lhes pertencem, criticam de forma vil a Repórter X que só pretendia levar mais longe as suas queixas.

 

À Repórter X, e na qualidade de representante em Portugal, resta-me deixar o meu lamento e manifestar a minha tristeza, bem como um alerta – antes de abrir as páginas ou o site da revista em acções de solidariedade, talvez seja conveniente analisar um pouco melhor aqueles a quem damos a mão, não vá a mesma regressar “mordida”, como aconteceu, no caso sub Júdice.

 

Sines, 4 de março de 2022    

                  

Lídia Silvestre

Jurista

 

Sem comentários: