A Repórter X e as “Vidas
Destroçadas”
Ao
começar a trabalhar este tema não posso deixar de fazer uma pequena viagem
pelas vidas, todas as vidas, daqueles portugueses que um dia deixaram as suas
vilas ou aldeias, ficando para trás pais, e por vezes filhos, amigos de
infância, lugares e costumes que compõem a vida de qualquer um…
Em
regra, este mudar de vida para longes terras, fundava-se na falta de perspectivas
profissionais, e não raro nos parcos salários que eram pagos no comércio ou
amanho das terras…
Esta
triste realidade levava a que os nossos homens, na sua melhor idade, partissem,
na convicção de que uns anos bastariam para, à custa de uma vida paupérrima, e
com dois ou três empregos, amealhar o suficiente para o regresso às origens,
comprar ou construir uma habitação digna, e na mesma instalar um comércio que
lhe permitisse uma vida tranquila, para si e para os seus.
Esta
a regra geral, mas há excepções, poucas, mas existem.
E, o
melhor exemplo dessa excepção é o director e fundador da Revista Repórter X…
Alguém,
que para além da sua vida profissional normal, e a tempo inteiro, para além do
seu gosto pela escrita, autor de diversas obras, sente, porque à sua volta olha
e vê, que é preciso mais, que a língua e cultura portuguesa carecem de mais
atenção, e porque há muitos portugueses que não só não conhecem a língua do
país de acolhimento, nem tão pouco a sua própria língua, nem as regras legais
por que se pautam quer um, quer outro.
Vai
daí, cria uma Editora, lança uma Revista, regista-a, e divulga-a tanto quanto
possível junto de todos os falantes da língua de Camões.
Junto
dos emigrantes, espalhados pelos diversos países, encontra colaboradores, que
trazem para a revista, as vivências, as dificuldades bem como os sucessos dos
emigrantes portugueses…
Não
é novidade para ninguém que os 48 anos de obscurantismo deixaram marcas
profundas na população portuguesa… a falta de cultura, bem como a falta de
interesse pelas normais legais que nos regem quer em Portugal, quer nos
diversos países para onde se deslocam, é a todos os níveis gritante…
Não
raro, e a propósito de tudo e de nada, ouvimos a célebre frase – eu não ligo a política!
- como se não fossem os políticos que “fazem” ou mandam fazer, mas aprovam as
leis, sob as quais vivemos no nosso rotineiro dia a dia… não saber de política,
é igual a ficar na bendita ignorância, não conhecendo os seus direitos de
cidadania, e muito menos os direitos, que o país onde escolheu viver lhe
atribuí, ou nega…
De
todo o exposto, resulta que muitos emigrantes na Suíça se deparam com
dificuldades enormes, na sequência de acidentes de trabalho, não reconhecidos como
tal, o sistema de saúde da Suíça não é, de perto nem de longe semelhante ao
português, que não sendo uma maravilha, não nega tratamento a ninguém, a juntar
às dificuldades linguísticas, o monopólio das seguradoras sempre com o fito de
maior lucro em função da menor despesa, e ainda o facto dos sindicatos estarem
programados para o trabalhador nacional…
Nestas
situações como noutras, a Repórter X dá o que tem: as suas páginas, o seu site,
e permite que os portugueses digam de sua justiça, e contem aos leitores as
maldades que o sistema Helvético lhes fez à saúde e á sua vida…
A
verdade é que nestes 10 anos de existência sempre a Repórter X, deu voz a quem
se sentia injustiçado.
Para
além de permitir o uso da revista para divulgar as dificuldades e os problemas
com que se debatem os emigrantes portugueses, pelas mais diversas razões, a
Repórter X deu a cara e o nome, e organizou quer angariação de fundos, de
géneros alimentícios, nas mais variadas formas, desde que o resultado fosse
ajudar quem precisava.
Foi
com esse espírito de ajuda a conterrâneos seus, que a Repórter X iniciou a
publicação de um conjunto de entrevistas, a membros de um grupo nascido nas
redes sociais, e que se auto-denominaram
“ Vidas Destroçadas”, tendo todos como denominador comum, e segundo os
seus próprios testemunhos a negligência, a mentira, e até erros médicos… em
resumo parece existir um complô entre seguradoras, serviços de saúde e até os
próprios médicos, de forma a ignorar as verdadeiras repercussões dos acidentes
de trabalho, antes fazendo os tratamentos á base de vulgares analgésicos ou
antipiréticos, que ao camuflar a dor, permitam o desempenho das funções pelo
acidentado, sem contudo resolver o problema médico, que se manterá até que um
novo episódio ou recidiva o torne tão evidente, que permita aos médicos alegar
que se trata de causa natural…
Foi
o espírito de solidariedade que levou a revista a publicar no site, e na
revista impressa, através do Twint a propor uma forma de ajuda solidária à
Repórter X, a todos os leitores e seguidores da Suíça e de toda a diáspora, bem
como aqueles que estavam com problemas com os serviços de saúde Helvéticos, um
1CHF/€, a quem quisesse doar, em troca teria publicações grátis na revista. Do
resultado, e com o dito, poder-se-iam intentar acções, pagar consultas a
advogados, custear deslocações para reuniões com entidades oficiais, nomeadamente
consulados, ou outras, nos diversos cantões… É do conhecimento público que a
Repórter X nunca se furtou a movimentos solidários em prol de quem viva
momentos difíceis… nem sempre é bem entendida, e no caso bem tratada por
aqueles a quem pretendia ajudar.
Porém,
este apelo à solidariedade foi criticado, como se a revista se quisesse apenas
promover… quando há má fé, o julgador por si se julga…
Foi
o que aconteceu com o grupo “Vidas destroçadas”! o grupo desmembrou-se em
quatro, desentenderam-se e nascem as acusações entre eles! e a Repórter X
apanha por tabela!
Um
dos grupos dissidente, utilizou o símbolo do Twint da Repórter X numa carta
para o Consulado Português em Zurique, numa perfeita acção de usurpação de nome
e logotipo, e que em última análise configura, para além da ilegalidade de
violação de marca ou distintivo, um verdadeiro crime de difamação…
Esta
crónica, onde se reflete sobre a verdadeira natureza humana, visa tornar público,
algo semelhante à velha história do idoso que mostra aos filhos que conseguem
partir os 10 vimes um a um, mas nunca conseguem parti-los se estiverem juntos.
Os
portugueses, em momentos de aflição unem-se com um objectivo comum – pugnar
pelo reconhecimento de direitos que consideram lesados …, porém basta que um
atinja parte do almejado, para que comecem as divergências, desentendimentos,
querendo cada um de per si arcar os louros devidos, e nascem uma infinidade de
mini grupos, em tudo semelhantes, com algumas indecifráveis diferenças, que
nunca chegarão a lado nenhum tornando-se praticamente invisíveis.
De
uma ideia a todos os títulos meritória, porque os seus membros reuniam as
mesmas queixas dos serviços helvéticos, uma união que tinha pernas para andar e
podia, pela sua divulgação, pela denúncia das diversas situações vir mesmo a
beliscar o funcionamento, ou mau funcionamento dos serviços, beneficiando os
ora queixosos, tornou-se apenas um nome, retirando a credibilidade aos seus
membros e mais grave a sua actuação ao pautar-se pela difamação, entra na ilegalidade e comete o crime de
difamação contra quem, de boa fé, só queria solidarizar-se com as suas causas.
Assim,
o comportamento de pelo menos três grupos dos, vidas destroçadas, não mostram à
sociedade ter um comportamento diferente daqueles que acusam. Se a si não lhe
foram reconhecidos direitos, pelas seguradoras, se os serviços de saúde não lhe
deram o tratamento que tinham direito, eles os grupos dos destroçados, usam marcas
que não lhes pertencem, criticam de forma vil a Repórter X que só pretendia
levar mais longe as suas queixas.
À
Repórter X, e na qualidade de representante em Portugal, resta-me deixar o meu
lamento e manifestar a minha tristeza, bem como um alerta – antes de abrir as
páginas ou o site da revista em acções de solidariedade, talvez seja
conveniente analisar um pouco melhor aqueles a quem damos a mão, não vá a mesma
regressar “mordida”, como aconteceu, no caso sub Júdice.
Sines,
4 de março de 2022
Lídia
Silvestre
Jurista
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