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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Adopção de crianças na Alemanha

Adopção de crianças na Alemanha

 

Entrevista Repórter X aos pais, via on-line, cujo filho lhes foi retirado pela segurança social alemã.

 


O Carlos Quelhas esteve à conversa com Elisete Tomé (mãe do Leandro, angolana) e Carlos Tomé (pai do Leandro, alemão com nacionalidade portuguesa e descendente de portugueses emigrados), para se apurar as razões e circunstâncias, que originaram a retirada do seu filho único, Leandro, pela segurança social, quando este tinha 10 anos; actualmente, o Leandro acabou de completar 14 anos e encontra-se à guarda de uma instituição privada, de acolhimento de menores em situação de risco, protocolada pelo Estado alemão.

Tudo começou, quando o Leandro foi objecto de perseguição agressiva (bullying) na escola, tendo inclusivamente sido ameaçado de morte. Anteriormente, tinha sido diagnosticado como hiperactivo e, nas palavras da mãe, muito hiperactivo. Nesse quadro, o jovem acabou por entrar em depressão, face à pressão ameaçadora dos colegas, pedindo para não ir à escola. Por causa disto mesmo, os pais limitavam o seu convívio, impedindo que fosse para o exterior da casa, onde residiam.

A escola acabou por formular certas objecções e alertas para as entidades de protecção de menores, alegando que a mãe não tinha condições de saúde, decorrentes de complicações de cesariana que a impede de usar roupa normal, para poder cuidar da criança. Para apressar o processo de intervenção estatal, a professora do Leandro aliciou este, para confirmar que era objecto de maus-tratos, por parte dos pais.

Desde então, logo que a criança foi retirada da guarda dos pais, por sentença do tribunal, tem havido um conflito intenso dos pais com as instituições estatais responsáveis pelo processo. Face a este enquadramento, a revista colocou algumas questões:

- Costumam fazer visitas ao filho?

- Em cada semana, aos sábados, têm 2 horas para visitar e falar com o filho. Durante as visitas, a criança chora por ali estar e alega não se sentir bem, nem comer bem; paralelamente, os pais notam que não há cuidados de higiene mínimos, nem lhe dão uma alimentação conveniente, o que os obriga a tratarem dele, quando lá vão, administrando produtos de tratamento do cabelo e pele, dado que a mãe distribui produtos naturais de tratamento, como também levando alimentos do seu gosto.

- Qual a situação social dos pais?

- Estão em situação de desemprego e costumam ser apontados, por não vestirem convenientemente, quando andam na rua e se dirigem às instituições, onde não aceitam bem que andem de fato de treino, apesar de que a mãe é forçada a isso, por causa dos problemas de saúde.

- Aconselharam-se junto dos advogados?

- Têm o seguimento de uma advogada, que os encaminha para os actos processuais do tribunal, decorrentes da retirada da guarda aos pais. Neste momento, levaram o caso ao tribunal superior, por alegarem que não foram ouvidos pelo juiz, que pronunciou a retirada do filho. Souberam que o juiz alegou perigo de fuga e rapto da criança pelos pais, ao saber por comunicação dos pais, que estes tinham a possibilidade de regressar a Portugal, onde se criou uma oportunidade de trabalho e que lhes permitia regressar com o filho, para o que apelavam para o tribunal. Na Alemanha não conseguem encontrar um trabalho que os liberte ao sábado, dia de convívio com o filho.

- Parece que o factor emprego não é determinante para retirar filhos, pois que há pais com emprego, a quem foram também retirados os filhos; concordam?

- É verdade que sim e tudo parece apontar para uma pressão de retirada de filhos, para os colocar em instituições preparatórias do processo de adopções.

- Que declarações prestou a escola, por intermédio da professora do Leandro, e que apressaram o processo de retirada pelo tribunal?

- Pelo reportado pela criança, a professora começou por aliciar com brinquedos e mimos, talvez para sugerir que não teria aquele tratamento com os pais; face ao quadro comportamental do Leandro, recomendaram ensino especial para crianças com dificuldades de aprendizagem, alegando a hiperactividade e medicação, como forma transitória de o desligarem dos cuidados dos pais.

 

 

Um inferno abusivo na retirada de menores aos pais pelas instituições

 

É algo incompreensível, dado que o Leandro tinha bom aproveitamento escolar. Há um sentimento, por parte da mãe, que é vítima de racismo e inferiorização, uma vez que a professora chegou a sugerir ao marido que se divorciasse, para conseguir novamente a guarda da criança, dado que fala bem o alemão e a mãe não. Notam que as pessoas africanas, que falam bem o alemão, já não têm problemas desta ordem.

- Já contactaram as autoridades portuguesas consulares ou da embaixada, ou apresentaram o caso aos representantes políticos parlamentares eleitos pela Europa?

- A mãe já fez o contacto, expondo a situação junto do consulado, nomeadamente das consequências psicológicas e físicas nela e no marido, que desencadearam crises nervosas e atendimento no hospital. Igualmente, alertou para a falsidade de testemunhos, tais como os prestados por uma cunhada, que alegadamente deve ter sido paga para um dado sentido do depoimento. Também reportaram que os avaliadores públicos da situação, uma ucraniana e um alemão, prestaram informação falsa nos relatórios enviados ao tribunal.

- Há ouvintes, nesta entrevista, que alertam que é prática recorrente a Alemanha fazer este jogo, para forçar os pais a saírem do país, quando concluem que não são úteis e só geram despesa. Concordam?

- Têm a mesma sensação.

- Sentem que têm capacidade financeira para cuidar do filho?

- Claro que sim, pois que conseguiram cuidar bem dele durante os primeiros 10 anos da vida do filho e com muito melhor qualidade física e emocional, que o que está a fazer a instituição de guarda do filho, fazendo os pais muito mais atenção individualizada aos problemas comportamentais do menino. Só quando se dirigiram às instituições, para dar conta das perseguições ao filho, é que chamou a atenção reactiva e exagerada dos técnicos. Tiveram a sensação de que até incentivaram mais essa perseguição, por acção instigadora da professora, para dificultar a guarda e controlo da situação aos pais.

- A revista alega ter vídeos, em seu poder, onde se mostram situações de perseguição agressiva de alunos nas escolas, onde inclusivamente os professores incentivam outros alunos, partindo de uma acção de reprovação de condutas em meio escolar, de forma negativa e totalmente reprovável por parte de professores, que deviam ter conhecimento da forma como lidar com as situações de conflito de grupos. Os pais têm conhecimento disso?

- Sabem que se fala algumas vezes de situações assim e parece que alguns professores têm papel determinante nestes processos, como se ganhassem alguma coisa com isso. No caso do filho deles, de facto só aconteceu o problema depois de o Leandro ter mudado para a leccionação desta professora, e que precipitou tudo.

- Que mensagem querem deixar aos ouvintes da entrevista?

- Aconselham a escolher bem os Estados alemães, para onde querem ir trabalhar e residir, pois que certas regiões são de comportamento mais despropositado e insultuoso, parecendo mais agressivos e sem educação no trato social, sendo racistas. No caso deles assim foi e até a professora envolvida lhes disse textualmente, que tudo faria, para que o filho não regressasse a casa.

- Sentiram que as entidades e pessoas envolvidas nunca assumem os erros de avaliação e processuais?

- Claramente, dado terem sempre muita arrogância no trato e condução dos processos, não querendo dar conhecimento das falhas aos superiores. Basta ver que não são diligentes em muitas situações, como por exemplo crianças ao abandono nas ruas e ninguém quer saber; só se focam nos casos que lhes comunicam, como fizeram estes pais, quando reportaram a perseguição e problemas psicológicos do filho. Para finalizar, deixaram uma mensagem de conforto e carinho ao filho e apelaram às autoridades, para corrigirem o erro do seu caso.

 

 

 

 

Transição do texto: Dr. José Macedo de Barros,

sociólogo político

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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