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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Corrupção na saúde na Suíça

Corrupção na saúde

 

Entrevista na Rádio on-line, Linha Horizonte, dos Açores, no programa “Olhar sobre o mundo” do dia 13 de Agosto de 2022, pelas 13h.

 


Entrevistado o Rui Fialho, emigrante luso na Suíça, trabalhador na construção civil, que lidera a contestação ao sistema de saúde e de gestão de acidentes de trabalho e de baixas médicas, sobretudo por ter sido um dos atingidos com as regras criminosas de gestão dos acidentes de trabalho.

Como entrevistadores, João Carlos Quelhas, pela revista Repórter X, e João Domingues, pela Rádio.

Com o patrocínio da agência César’s.

- Podemos dizer que existe um sistema de saúde suíço corrupto, entregue à gestão das seguradoras?

- É mais do que isso; são cometidas ilegalidades, que privam os emigrantes de verem os seus Direitos sociais atendidos. Alguns emigrantes cedem a esta teia de pressão, que pretende que os emigrantes, que dão encargos acrescidos, sejam conduzidos a saírem do País; origina inclusivamente suicídios e problemas familiares enormes, por verem os seus problemas de saúde não resolvidos e por degradar as suas condições financeiras. Gostava de debater essas situações com os actores políticos e diplomáticos dos dois países, mas sobretudo com os de Portugal, que parece fugirem ao problema. O que se nota é que as obrigações dos emigrantes aumentam e até são tributados nos dois países, mas os Direitos sociais diminuem. A única justificação, que recebe das entidades consulares, é de que os acordos bilaterais são omissos em muitas situações.

- Carlos Quelhas informa que já deu conhecimento a muitas entidades políticas, diplomáticas e administrativas, mas apenas teve resposta de uma delas, a embaixada em Berna, que diz não poder aceitar convites para debater estes assuntos!

- Rui responde que se deve insistir, até que sejam forçados a aceitar os convites para debate, nem que se pressione na opinião pública. É que a situação alastra a mais emigrantes portugueses, denotando haver uma intenção de se livrarem dos portugueses, que ficam menos produtivos por uma infelicidade de acidente laboral. O sistema de saúde, de gestão de reformas e apoios sociais está controlado pelas seguradoras, que manipulam médicos e outras autoridades intervenientes no processo. Até conseguem dividir os emigrantes, comprando silêncios de alguns que gerem grupos presentes, por exemplo no Facebook.

- Quais os procedimentos das seguradoras, actores do sistema de saúde e actores do controlo laboral?

- As seguradoras controlam o trabalho dos médicos, pois que estes trabalham para as seguradoras no sistema de saúde, forçando-os a alterar diagnósticos e relatórios, adequando-os ao interesse da seguradora. Nomeadamente, as seguradoras trabalham com o interesse das entidades patronais, procurando suavizar as causas dos acidentes, para que as mazelas apresentadas não se devam a condições de trabalho delas, alegando que havia causas anteriores, não sendo o acidente determinante. Como exemplo, refere que uma pessoa foi despedida, por ter recorrido a baixa médica; a seguradora entravou o processo, apresentando um relatório médico fraudulento, a negar a necessidade de baixa. Por isso, a pessoa foi falar com a médica autora do relatório, quando estava em público, pelo que esta acabou por declarar um relatório de teor diferente. Mesmo assim, foi informada pela entidade paternal que estava despedida.

- Porque ainda não envolveram os actores políticos neste caso?

- Carlos Quelhas insiste que já o fez, junto das autoridades portuguesas, incluindo os deputados pelo círculo da Europa e pelo distrito de Braga. Contudo, nenhum deu atenção ao caso. Muitos confidenciam que o sistema está a responder cegamente a um passado de abusos, em que alguns compravam relatórios médicos, para atestar incapacidade elevada para o trabalho, originando pensões elevadas.

- Rui confirma que deve haver esse sentimento subjacente a esta atitude de perseguição, mas focada nos que não têm domínio da língua, não conseguindo defender-se e por estarem isolados de grupos de acção e defesa. No caso dele, apesar da duração do conflito, que teve com as autoridades suíças, durante 5 anos, conseguiu obrigar ao respeito dos Direitos dele, embora ainda não totalmente, mas continuará a sua luta, mesmo quando estiver em Portugal, e planeia ir reclamar junto das sedes do governo português e da presidência da República.

- Que conselho quer dar aos emigrantes lusos?

- Em primeiro lugar, devem ter todas as informações junto das autoridades portuguesas nos círculos da emigração. Nomeadamente, quando tiverem de escolher uma seguradora, procurem saber qual a menos conflituosa. Também, quanto aos pareceres médicos, devem pedir segundas opiniões em profissionais independentes do sistema, se possível.

- Um ouvinte que interveio no programa diz ser vítima do mesmo e até hoje ninguém quer reconhecer um acidente de trabalho.

- Rui reforça que muitas vezes a própria autoridade que vai reconhecer o acidente, elabora relatórios falseados, para minimizar o que sucedeu. De seguida, o clínico ainda reforça que a mazela apresentada se deve a uma situação anterior ao acidente, para diminuir a responsabilidade da entidade patronal.

- Porque razão as autoridades contactadas, para resolver os conflitos, não ajudam nada, por exemplo na conclusão do caso do Rui?

 

- O que sabe é que já está saturado de remar contra tanta falta de vontade e vai regressar a Portugal, fazendo-lhes essa vontade. Soube, por experiência própria, que as nossas autoridades diplomáticas nada fazem e as autoridades suíças estão todas alinhadas na mesma estratégia; até os tribunais acautelam a vontade da seguradora. Fazem tudo para atrasar respostas, recorrendo a reencaminhamentos de processo e alegando que não têm competência no caso.

- Um outro ouvinte refere que a nacionalidade dos acidentados é essencial para dar seguimento ao processo; sabe que se estiverem suíços em causa tudo funciona direitinho. Mas o certo é que todos contribuem o mesmo para o sistema.

 

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Quem tem razão, os doentes lesados ou o sistema!

 

Contudo, há uma possibilidade de resolver melhor, se accionarem o seguro de invalidez.

- Segundo Rui, assim é. Mas não acredita que outro tipo de seguro dê melhor resposta.

- Carlos Quelhas dá outro exemplo, em que a seguradora AXA estava a pagar um seguro relativo à SUVA, mas depois cessou quando recebeu ordem da SUVA, para deixar de pagar a indemnização mensal, deixando o doente confuso sobre quem tinha responsabilidade na suspensão. O que é facto é que a maioria dos médicos tem contrato com as seguradoras.

- Rui refere que está a ser contactado por muitos emigrantes na mesma situação, que se mantinham silenciosos, mas vêem agora alguém que pode ajudar a reunir todos. Estão agora a ser orientados com a experiência dele.

- Mais um ouvinte declara que esteve de Baixa média, que acabou, e ainda não lhe disseram nada da aplicação da reforma de invalidez, que está mais que atestada.

- Carlos Quelhas remata, dizendo que por vezes as pessoas não fazem tudo o que deviam, como aconteceu noutro caso, em que um beneficiário, após pedido de reforma por invalidez, foi logo para Portugal, sem proceder às formalidades legais, que devem incluir o levantamento da pensão. Entretanto, em Portugal foi mudada a medicação, que estava totalmente errada, fazendo com que melhorasse substancialmente. Entretanto, pediu acção judicial contra os serviços clínicos Suíços e vai ver o resultado. Aqui, coloca a questão; será que é sistemático fazerem prescrição errada de medicação, para debilitar os doentes?

- Nesta situação, Rui diz que podemos pensar muita coisa e acabamos por ter medo da intervenção do sistema Suíço, clínico e de avaliação de baixas médicas. Depois, são quase 12 anos a tentar defender os direitos em tribunal, sempre que as decisões clínicas sejam desfavoráveis aos beneficiários.

 

 

Inclusivamente no caso dele, será depois o calvário de ter de ir para o tribunal europeu e internacional dos Direitos do Homem.

- Segundo outro ouvinte, para agravar isto, quem decide sair da Suíça, perde parte dos direitos, como por exemplo acesso aos meios complementares de terapia, como cadeiras de rodas.

- Rui confirma. Mais, até perdem valores parciais de reforma se abandonarem o País. Não há dúvida que as decisões políticas impedem tudo o que seja beneficiar os emigrantes. Mais ainda, as instituições judiciais acabam por dificultar resoluções, tentando forçar a desistência dos processos, para lá de ser muito caro recorrer aos tribunais, o que debilita e demove da intenção. Por causa de situações de acidente de trabalho e baixa médica destroem-se famílias, pessoas e situações económicas.

- O trabalho adaptado à nova situação de incapacidade é solução para estes casos difíceis?

- Até nesta situação são colocados entraves; Rui pediu formação para se adaptar a outro trabalho e foi recusada. Parece que não há interesse na reintegração no mercado de trabalho e tudo aponta é para se livrarem do emigrante.

- Seria possível reunir as entidades envolvidas nestas situações, para serem confrontadas com tudo o que se disse aqui?

- Segundo Rui, seria excelente se eles se disponibilizassem, mas não acredita nisso, pois que ele já tentou e fecharam-se na resposta, pois que sabem que seriam expostas publicamente as falsidades dos relatórios técnicos e clínicos. Mais, seriam entendidas as formas de crime que o sistema pratica contra os emigrantes. Dá como exemplo até as autoridades políticas portuguesas, em que por exemplo o senhor Presidente da República respondeu que não pode intervir. Mesmo os Partidos de oposição foram alertados, dizendo que iam levar o assunto a discussão, e depois nada fizeram.

 

 

 

Assim sendo, vão expor tudo isto em manifestações programadas para Portugal, junto a estas entidades todas.

- Carlos Quelhas relata outro caso, em que um acidentado ligou a um advogado e este disse para ligar, por um número de valor acrescentado, de modo a dar informação. Nesse telefonema posterior acabou por indicar as quantias exageradíssimas, a pagar, para tentar saber se o caso era plausível. Foi paga a exorbitância, para depois receberem a comunicação que o advogado não ia agir contra a seguradora, denotando conflito de interesses. Só depois de muita reclamação, este advogado vigarista e desonesto aceitou devolver 1/5 do que recebera.

- Rui confirma isto ser usual, pois que até com ele se passou, dado que já pagou 4000 francos só para lhe ser lida uma sentença e dar parecer do que devia fazer a seguir, sem garantias de sucesso!

- O locutor da rádio interrompeu com uma exclamação de que afinal a calamidade não é só portuguesa, demonstrando-se que há uma crise mundial, favorável a diferenças de tratamento e abuso económico de pessoas.

- Que mensagem quer o Rui deixar a todos os emigrantes e quem nos ouve?

- No seu caso, lutou 5 anos contra o sistema, depois de o azar lhe ter batido à porta, num acidente de trabalho na construção civil. Conseguiu parte da resolução, que os obrigou a assumir a realização de cirurgias de tratamento. A família ficou afectada e ele ficou psicologicamente enfraquecido, mas nunca desistiu de lutar por si e por todos os emigrantes na mesma situação, pois que o silêncio é com o que contam os injustos. Pede que os portugueses se unam, nomeadamente organizando acção conjunta no tribunal europeu! Agradece a participação da rádio, pois que a comunicação social portuguesa não quer saber do assunto. Vão pressionar os agentes políticos para se juntarem à discussão, pois que não irão desistir de dar eco ao assunto na opinião pública, por todos os meios existentes.

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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