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terça-feira, 19 de julho de 2022

Em Appenzell, não há só queijo!

Viagens; Instâncias de Ski, entre Säntis, Toggenburg e Büchs

 


Em Appenzell, não há só queijo!

 

O Säntis é uma montanha que culmina a 2.505m e encontra-se no cantão de d'Appenzell Rhodes-Exterior, d'Appenzell Rhodes-Interior e de Saint-Gall. No topo do Säntis, encontra-se uma torre com 123,5m, que serve de posto emissor rádio e televisão, assim como uma estação meteorológica, dois restaurantes, lojas, etc. Daqui, conseguimos ver os cumes das montanhas francesas, italianas, alemãs, austríacas e do Liechtenstein. O teleférico permite-nos passar dos 1360m (Schwägalp) aos 2505m (topo do Säntis), vencendo 1145m de desnível, tendo sido construído entre 1933 e 1935. Uma visita como tantas outras, a não perder.

 

Já viajei por todos os países, à volta da Suíça, mas conhecer a Suíça também é fundamental, pois o conhecimento cultural enriquece a nossa mente e, nesse sentido, junto o útil ao agradável, em todas e quaisquer viagens que faço em família, com amigos ou sozinho; umas são em férias e outras são viagens de trabalho e ambas servem para a Revista Repórter X e, desta feita, também para o Jornal digital “Bom Dia”, como NOVO colunista.

 

Ich bin da; Büchs hotel, local onde dormi, muito próximo de Vaduz, principado do Liechtenstein, que também já visitei e, logo a seguir, vem Österreich. Büchs é uma Comuna da Suíça, no Cantão São Galo. Conforme fui subindo o terreno até Toggenburg, localidade em que fiz a primeira paragem, para fazer um vídeo curto. Entre Wildhaus, Stein, Nesslau, havia dezenas de parapentes no ar, e dezenas de turistas a subir os teleféricos e centenas de esquiadores. Continuei a viagem, com a câmara sempre apta para a melhor foto em andamento, pelo asfalto e lá seguindo para o topo do cume mais alto. Säntis foi o pico mais alto da montanha, percorrido desde o hotel em que ficamos hospedados, localizado em Büchs. Säntis é uma montanha, que pertence a Appenzell e São Galo, na Suíça; o seu maciço é constituído por rocha calcária. Entre muitas subidas e descidas e imensas curvas, estendia-se ao longo da estrada estreita, cerca de 2m de neve na valeta, enquanto a estrada estava limpa e seca pelo calor abrasador, que se fazia sentir no dia certo para a viagem certa (parecia que estava no Mónaco; imaginei a neve nas valetas com os raids de Formula1). A Suíça é um país montanhoso da Europa Central, com um grande número de lagos, vilas e picos elevados dos Alpes. As suas cidades têm bairros medievais e monumentos antigos. O país também é conhecido pelas suas estações de Ski e trilhos. Os sectores bancário e financeiro são muito importantes para a economia do país, e os chocolates e os relógios suíços têm fama no mundo inteiro. Numa das elevações dos Alpes, assustadoras à vista cá de baixo, em Säntis, há um teleférico que está situado em Schwägalp e é célebre pelas suas vistas panorâmicas extraordinárias, que metem medo, preso por um só cabo, mais grosso que um punho, que de certa forma ali pára perto do pico granítico; o cabo fazia um braço curvado. A altura era tal, que nem se viam as pessoas, quando começavam a descer. Jamais andaria naquilo, para além de ter um preço elevadíssimo acima dos 100 fr por pessoa; valeram os vídeos e as fotos e o convívio naquele lugar. A serra tapou o sol e ficou frio como um frigorifico, pois que a neve cá em baixo, fora da estrada, tinha espessura de 3 m, quando abaixo em Toggenburg estava calor e quase sem neve nas valetas. Havia um Bus pequeno, para transporte de turistas e moradores, com pouco tempo de espera. Para lá ficar no hotel e comer, seria uma asneira, tudo muito caro e menos fresco, quando a solução pensada, em Büchs, foi a acertada. Para disfrutar, descemos de novo a Toggenburg; havia muitas mais instâncias de Ski. Aquela gente ali deve ganhar uns milhares por dia, que dá para no Verão ficarem com a barriga ao Sol! Digo eu, passam ali milhares de pessoas naquela zona entre Büchs e Säntis! Cada local da Suíça tem a sua característica, pois se aqui o povo ganha a vidinha com a neve, noutros lados e outras estações ganham a vidinha com plantações de estufas em terra arenosa e outros da agricultura, na criação de animais, na avicultura, na vinícola, no queijo, no chocolate, nos relógios, na indústria farmacêutica, no turismo, nos barcos de transporte, nos museus, na prostituição, na restauração, na hotelaria, etc. Já em Toggenburg, depois de subir o teleférico a pico, a menos de uma terça parte do preço do Teleférico de Säntis e menos perigoso, porque tinha uma altura razoável e mais visível aos meus olhos para observar o óbvio. Enquanto em Säntis via pedras por baixo, em Toggenburg via neve a toda a volta.

 

A grande diferença é que em Säntis, podia avistar mais e melhor outros países; tem uma vista extraordinária, e com bom tempo podia-se observar a Floresta Negra, na Alemanha, e as montanhas e terras de seis países; Suíça, Alemanha, Áustria, Liechtenstein, França e Itália. Já em Toggenburg, ao subir o teleférico, tínhamos debaixo dos pés um grande e extenso tapete de neve. As pessoas cá de baixo para cima, viam-se em miniaturas tal como se fossem vistas de avião para o solo; era assim a visibilidade do teleférico, que subia e descia em cabos de aço grossos e robustos. A neve brilhava mais que o sol e quase era obrigatório usar óculos de sol, porque era para proteger os olhos de tanta claridade entre o sol, a neve e o Céu azul. Dali, Toggenburg, a Leste da Suíça, região do vale superior do rio Thur e ao seu principal afluente, o Necker, região constituinte do cantão de St. Gallen, encontramos numa cauda o Berggasthaus Sellamatt Restaurant, onde saciei a sede e bebi um café, ali havia outras plataformas de transporte, tipo balouço eléctrico; as cordas e assentos subiam cheias de desportistas amadores até aos locais mais altos e desciam vazios. O pessoal dos Skis, dali para baixo desciam como se fosse no poço da morte, a pique e com descidas rectas e com grandes curvas. Cá em baixo, havia pistas de neve quase rectas, para aprendizagem de crianças. Depois, conforme fomos descendo, nas partes mais baixas apareceram várias pistas de neve, que provavelmente devem usar todo o ano para aprendizagem e até, quem sabe, para provas desportivas colocando neve artificial. Nos vales tem uma densa rede de trilhos para caminhadas a pé, sobre a região em torno de Rietbach; no entanto restritas com a neve, já com um tempo ameno, permite conhecer plantas raras. A topografia montanhosa também atrai ciclistas, para não falar nos inúmeros lagos de Gräppelensee, Schönenbodensee e Schwendi, com água límpida para banhos no tempo mais quente. Há ainda a atracção animal, os passeios no lombo dos burros, observação de animais selvagens, trilhos e caminhos bem preparados para carrinhos de bebé. Os pais ainda contam com uma variada oferta de serviços, para entreter as crianças, como brinquedoteca, babysitting e uma programação infantil intensa. No Inverno, o Snowland vira um espaço dedicado aos jovens esquiadores e snowboarders. A Suíça é linda pela sua forma geográfica, as cordilheiras e os picos, chamados de colinas e vales, os Alpes que fazem transparecer todo o ano neve, mesmo vista das grandes cidades. Por exemplo, em Zürich, quem estiver junto do lago de Bellevue, está a observar o contraste da água azul e límpida e o Céu azul e as montanhas bem lá ao fundo com os picos esbranquiçados, designados por Alpes suíços. Cada viagem tem o seu sabor e costumo gerir cada uma delas com emoção, pelo prazer da partilha com todos os meus leitores, que decerto gostam de conhecer histórias e locais que possivelmente gostariam de visitar e o sonho permanece. No recolher do hotel para descansar, cansado, mas feliz, ainda fui beber uma cervejada de cevada e, a seguir, tentei dormir depressa, pois tinha já de levantar no mesmo dia, para seguir viagem. Aquela viagem, que esperou por mim 15 anos! Heidihaus em Maienfeld, que será o seguimento desta viagem numa próxima edição. Os sonhos realizam-se sempre que o homem quer e, tal como escreveu a escritora, Susana Teixeira, “não desistas de ti”; aqui tem uma dica caro leitor.

 

Até à próxima viagem

 

Autor; Quelhas


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

“Relatórios de médicos errados arruínam pensões de inválidos”.

O porquê da IV/ SVA, SUVA, MÉDICOS, ADVOGADOS, SEGUROS arruinarem pensões de inválidos?

 

Um dos motivos; “Relatórios de médicos errados arruínam pensões de inválidos”.

 


(O 20 Minuten deu um cheirinho de informação sobre os emigrantes que lutam contra o sistema da saúde na Suíça; a SIC passou num programa sobre o mesmo conteúdo, a Revista Repórter X deu voz várias vezes ao caso, agora o Blick reforça a notícia com notícias de corrupção, que tanto nós falamos). Não vamos desistir de falar nestes casos e em breve teremos uma matéria escrita na primeira pessoa.

 

Thomas W. e N.T.B.  perdem os seus meios de subsistência, após relatórios duvidosos de IV

 "Algo assim torna a sua vida num inferno"

Uma única e má conversa de 30 minutos mudou o destino de Thomas W. e o dinheiro acabou - dois casos documentados mostram como relatórios da IV falsos, ou pelo menos questionáveis, ​​quase destruíram os meios de subsistência. 

Explosivo; A mesma empresa está por detrás de ambos os relatórios.  Vários processos criminais estão em andamento.

 

Thomas W. (67) ainda pode ver a perplexidade.  Enquanto ele conta a sua história, o seu humor muda de raiva para tristeza "Mesmo anos depois, ainda é incompreensível para mim como um único relatório, meia hora de conversa, pode tornar a sua vida num inferno", diz Thomas W. Seu caso está bem documentado.  Todos os documentos estão disponíveis.

 

Ele tinha quatro anos, quando contraiu a poliomielite.  Os efeitos tardios não o afectam por muitos anos.  Isso muda em Janeiro de 2015. Thomas W. sente dores todos os dias e não consegue ficar de pé por muito mais tempo.  Ele está sempre cansado.

 

Um neurologista afirma que Thomas W. sofre de síndrome pós-pólio, fraqueza muscular e fadiga crónica.  Ele agora é considerado "reduzido em desempenho" e não pode mais trabalhar.

 

De repente, não há mais dinheiro:

Thomas W., portanto, inscreve-se no IV e no seguro de ajudas de custo.  Para receber o dinheiro, ele é encaminhado à empresa PMEDA e ao médico Henning Mast para um laudo pericial.  "A avaliação foi uma piada", diz Thomas W. hoje. O Dr. Henning Mast preparou o relatório, a partir de uma conversa, que durou cerca de 30 minutos.

Um mês depois, ele recebe o relatório.  Thomas W. é "100 por cento" capaz de trabalhar; uma actividade adaptada "não é necessária", diz.  "Quase fui atropelado", lembra.

 

As consequências são graves; em Janeiro de 2016, Thomas W. terá todo o dinheiro cancelado.  Apenas as suas economias e o apoio da sua família e amigos o mantêm à tona por um ano.  Que você tivesse que ser alimentado como um adulto era degradante. O relatório do Dr. Henning Mast quase arruinou a minha vida  “Minha vida se tornou um inferno", diz Thomas W.

 

Pelo menos cinco casos criminais:

Thomas W. vai ao tribunal.  O seu advogado quer outra opinião.  Thomas W. foi examinado por cinco médicos, durante um período de semanas.

 

O resultado do final é inequívoco; "Nossa avaliação contradiz a avaliação do Prof. Henning Mast", concluem os médicos.  Thomas W. é severamente restringido e não é mais adequado para tarefas "fisicamente exigentes".

Conclusão; pode-se pensar que o Dr. Henning Mast tinha um paciente diferente à sua frente.

A avaliação é eficaz.  No início de Julho de 2017, o tribunal condenou a seguradora de diárias a pagar a diária de forma retroactiva.

O especialista em IV, Dr. Henning Mast, aparece repetidamente nas manchetes, e há pelo menos cinco processos criminais contra a sua empresa PMEDA no Cantão de Zurique.  O Ministério Público não diz exactamente quantos são.  No entanto, um dos procedimentos está “bem avançado”.

Como os assessores de deficiência são funcionários públicos, o Ministério Público deve primeiro obter decisões de autorização dos tribunais.  Por esse motivo, as alegações não puderam ser investigadas por muito tempo.

 

O Dr. Henning Mast pode, portanto, continuar a realizar pareceres de especialista.  Embora até o governo federal já tenha tido que restringir o Dr. Henning Mast, ele continua recebendo ordens de avaliação.  O processo penal não significa automaticamente que os actos criminosos realmente ocorreram.  É por isso que a presunção de inocência se aplica ao Dr. Henning Mast e a todos os funcionários.

 

Em 2020, o IV pagou à PMEDA CHF 2,9 milhões por 262 pedidos, informaram as autoridades à Blick, a seu pedido.  "Isso corresponde a uma média de cerca de 11.000 francos por relatório poli-disciplinar em que três especialistas ou mais estão envolvidos", segundo a Secretaria Federal do Seguro Social.

Thomas W. não é um caso isolado.  De acordo com um relatório da PMEDA, N.T.B. (46) também tem que lutar pela sua mesada diária.  Em 2001, sofreu um grave acidente; as consequências foram graves.  Ele sofre de fortes enxaquecas e precisa tomar remédios.  Em 2014, os médicos da Clínica Hirslanden determinaram que ele seria 100% incapaz de trabalhar no futuro.

Em 2015 também foi encaminhado para a PMEDA  "A conversa nem foi conduzida pelo próprio Mast", diz ele.

  

Relatórios de médicos errados arruínam pensões de inválidos

Hoje os emigrantes perderam o medo de lutar com os poderosos

 

As autoridades às vezes retrocedem:

N.T.B.  diz que não foram feitos vários esclarecimentos relevantes. 

 

No entanto, PMEDA atesta; O paciente está apto para o trabalho.  O seguro de subsídio diário responde e corta os fundos.  Como resultado, o pai solteiro tem que viver sem emprego e renda por um ano e meio.

 

Em 2017, o IV escritório do cantão questionou o relatório.  Ela encomenda um novo.  O resultado é claro.  Os achados do exame físico do exame PMEDA são "no mínimo notáveis ​​e difíceis de explicar"

 

E "Embora os avaliadores não tenham avaliado a capacidade para o trabalho, no momento, e tenham sido considerados necessários e aconselháveis ​​esclarecimentos adicionais ao internamento, a seguradora de diárias responsável suspendeu os benefícios, após a referida avaliação."

Por causa deste novo relatório, as autoridades estão, pelo menos parcialmente, recuando.  O IV paga um quarto de pensão desde 2017.

 "Algo assim nunca deve acontecer novamente"

 

A Secretaria Federal do Seguro Social, responsável pela supervisão dos órgãos periciais, continua a trabalhar com os indiciados.

O jornal Blick também gostaria de ter recebido um depoimento da empresa PMEDA e do médico Henning Mast.  Mas tanto telefone quanto duas petições escritas, com uma lista de perguntas, permanecem sem resposta.

N.T.B.  diz que está de volta ao trabalho hoje, mas só por causa de uma dose alta de medicação - e ele está no saco  "Porque em algum momento você desiste porque não pode lutar contra as fábricas das companhias de seguros.".

Thomas W. também está convencido de que algumas coisas precisam mudar com os especialistas em IV.

Porque “Alguém vai destruir a sua existência com relatórios falsos.  Algo assim nunca deve acontecer novamente."

 

NOTA BREVE; hoje, tive uma nova luz na insistência do caso que acompanho, depois do advogado ter comido algum valor e desistido de ajudar, o hospital vai fazer novo relatório para rectificar erros humanos e logísticos para enviar à SUVA. No entanto, estou a juntar documentos comprovativos para entregar ao Tribunal; grande parte deles o paciente já os tem e faltam mais alguns do hospital central sobre outas situações de saúde e do empregador, com declaração de horas semanais trabalhadas ao longo de mais de uma década. Peço-vos por favor e nada se passa comigo, mas doí-me; não desistam. Breve teremos cá Deputados, para nos ouvirem, mas antes vão saber de toda a história deste paciente que sigo e do relato do jornal Blick. Publicaremos em breve o nosso caso na Revista Repórter X.

 

Texto adaptado do Blick, embora não mexesse quase nada na forma de concordância da linguagem ou gramática; fi-lo para aproximar mais a comunicação para o português, sem ferir ou alterar conteúdos originais do jornal suíço.

 

Quelhas, João Carlos Veloso Gonçalves

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Poema; Não é da idade (Quelhas)

Não é da idade!

 

Rio por fora e choro por dentro

Não sabes o meu pensamento

Triste e cansado

Não é da idade

Talvez da saudade

 

Sei que há uma fraqueza

E mais que um sentimento

Que sinto de certeza

No meu discernimento

Que me leva ao lamento

 

Até agora era uma icónica

E passou a ser presente

A culpa do sentimento

De nunca ter contado

E sempre ter guardado

 

Ai, no meu cofre fechado

A ganhar bolor

No fundo da gaveta

Nada disto é treta

Da escrita a decompor

 

Desabafo nos meus livros

Nos tempos perdidos

Na minha alma

Aquela que me acalma

Nas noites descomedidas

 

Por ser uma alma boa

De nada sentir à toa

Sou consistente e verdadeiro

Confio no inconfiável

Que me amaldiçoa

 

Nem todo poema é amor

Pode ser até furor

Ter ali fantasia

Transmitindo a felicidade

Dum pequeno sonhador

 

Às vezes nada existe

Embora a ideia persiste

Quando pode ser um protesto

Usando o verso

E tentar desabafar

 

O porquê de rir por fora

Espalhar-te de lágrimas por dentro?

Ser feliz sem o ser

Enganar o próprio amor

E a tua felicidade

 

Não é da idade

Embora possa parecer

Eu bem-quero crer

Ou até querer

Que era da mocidade

 

Mas algo está errado

Nesta meia felicidade

Que me tem atraiçoado

Numa vida de afazeres

E de ter tanto perdoado

 

Tudo se torna uma rotina

A fazermos vista fina

E omitimos a verdade

Daquilo que é a felicidade

Duma vida condigna

 

Nunca gosto de dizer não

Detesto que me neguem

Uma mão lava a outra

E duas mãos lavam a cara

Nem tudo são contos de Fada

 

As pequenas desavenças

Trazem alguns conflitos

Mas o ódio e a perseguição

São muito mais traiçoeiras

E causam a grande desilusão

 

A inveja é evidente

Há corruptos e ladrões

Vejo tudo no meu consciente

O mundo a desfalecer

Mas nunca perco a feijões

 

Sou vencedor e sempre venci

Há-de vir quem me tira do sério

Pelo meu grande valor moral

Que trago comigo de Portugal

Sem qualquer mistério

 

Sou eu e sempre serei

Não vou mudar o mundo

E nem a mim porque sim

A minha dignidade vem do fundo

Da raiz e da humildade

 

Da razão e felicidade que nunca me tirarão!

 

Autor; Quelhas

 

 

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Poema: Não sei de mim... (poetiza de Arosa)

NÃO SEI DE MIM!

 

Um mar, âncora azul, céu cinzento,

asas do infinito, trajeto de solidão.

O mundo em que me fito, e não me vejo,

não sei quem sou, onde estou!

Perdi-me na escuridão do meu ser,

onde as estrelas são luzeiros

nos meus caminhos.

 

O sol enfeita o regaço enjeitado

de amoras e papoilas negras,

de sangue escarlate,

ausências de quem não ama,

não existe em tuas mãos.

 

Mãos calejadas de mendigar,

o sol, a lua, o infinito,

num universo perverso,

onde as flores choram

nos beirais de pássaros cristalinos,

por nascer…

 

Onde existo eu, ou tu,

a saudade adormecida,

no peito destroçado de magnólias

por descobrir.

 

Serpentes devoradoras,

que encantam e destroem,

em suspiros traiçoeiros,

à beira rio plantados,

em braços de amieiros,

ao alto, bem elevados!

 

Serei eu? És tu?

A ilusão! É de ninguém.

O transcendente no ar!

O nada que sou!

 

No verde amargurado,

suspiros a florir,

em concordância de vozes

e sons místicos, dispostos

como cordas da citara, e da guitarra.

 

Envolto no regaço de amoras silvestres,

aladas, resplandecentes,

entrelaçam cachoeiras, onde deitas a pureza,

e adormece a inocência de menina.

 

Os dias, em reflexos,

esvoaçam os sorrisos,

de gaivotas no mar alto,

de asas libertas como folhas de cetim,

ou pergaminho.

Ritmo obtuso, insidias e seduções…

 

Majestosos cabelos estendem

sobre as águas em ribeiros e alto mar,

e cortejam simetricamente,

a túnica imperial, cor de púrpura e linho,

dispondo-se em amplas volutas,

sobre os joelhos, tecida

a fios de ouro fino.

 

Um caudal de rendas,

em arco iris de esmeraldas,

e verde mar, em céu azul,

de harmonia, triunfal.

 

Extasiado e dócil, o olhar

de plumas hirtas e bico doirado

em longas garras, possante,

a avestruz de asas candescentes,

num ímpeto feroz de atrocidade,

e caudas enroladas, como a lã,

e o novelo que cresce,

contamina a verdade.

 

Flagelo em mar cristalino,

crispado nas águas dançantes.

Nas pupilas de teus olhos,

floresce o concerto de abandono,

em graciosas melodias,

em tardes calmas, noites frias.

Mortandade, sol, lua, universo, infinito!

 

Transcendente é a vida que não nos pertence,

não me pertence, não é minha nem é tua!

A vida é de ninguém!

Cristais do olhar, flores de abril,

março a passar, floridos os quintais,

rochas, tojos, espinhos a desbravar.

Contaminam a paisagem,

do teu ser de amargura, prefigurada.

 

A lua brilha no parapeito

da janela axadrezada e…

a mensagem vai veloz na noite escura.

Braços de sereia torturada anseiam

o húmus da terra ressequida

em teus lábios de andorinha,

e gaivotas flamejantes em céu aberto.

 

Jardins adornados de gravilha,

e o cítiso, o serpil, o lírio, ligustro,

o narciso, colocásia, malóbatro e a mirra.

Os catos ensaiam em bálsamos

um concerto de rosáceas floridas,

e, a beleza do perfume a incenso,

desregramento, construído.

 

Sentidos que esboçam enxofre

nessa terra de ninguém,

e, clandestinamente,

jactanciosos os pardais,

crescem e vivificam sons melodiosos

dos aromas de cristais…. 

 

A utopia cheira a maresia,

a brisa, a vontade que rasga

o horizonte infindo do querer,

ser Mulher a construir,

a preencher o livro em branco

dos seus dias, calejados

de vertigens tortuosas.

 

E, nuances na ladeira, esperam,

em noites de cortesia,    

por teu sorriso, escancarado,

onde brilha o coração

quando deitas, num céu brilhante

de estrelas, num azul apaixonado

 

inédito,

M. Amélia F. Fernandes

“Poetisa de Arosa”

 

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial