terça-feira, 19 de julho de 2022

ESCRITORES; OLIVEIRA MARTINS

Alexandre Herculano é considerado o maior historiador de Portugal. Hoje, vou falar de outro grande historiador português, Oliveira Martins que também foi um notável político e um vulto destacado da Geração de 70.

 


Joaquim Pedro de Oliveira Martins, nasceu em Lisboa em 30 de Abril de1845, falecendo na mesma cidade, em 24 de Agosto de 1894, vítima da tuberculose. Tinha 49 anos. Órfão de pai desde 1857, não pôde concluir o curso liceal e, consequentemente, frequentar a Escoa Politécnica, pois tinha a intenção de ser engenheiro.

 

Para ajudar no sustento da família, aos 13 anos, emprega-se numa empresa, que viria a falir dois anos depois. Em 1870 foi trabalhar para uma mina em Andaluzia de que viria a ser nomeado Administrador. Quatro anos depois, regressa a Portugal, para trabalhar na construção da via-férrea do Porto à Póvoa de Varzim e a Vila Nova de Famalicão, tendo ocupado o cargo de Director.

 

Em 1880 foi eleito Presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto e 4 anos depois Director do Museu Industrial e Comercial do Porto. Mais tarde, desempenhou as Funções de Administrador da Régie de Tabacos, da Companhia de Moçambique e fez parte da Comissão Executiva da Exposição Industrial Portuguesa.

 

Casa em 1865 com Victória de Mascarenhas Barbosa, de quem não teve descendência. Foi deputado em 1883, eleito por Viana do Castelo, e em 1889 pelo círculo do Porto. Em 1892 foi convidado para a pasta da Fazenda, cargo que ocupou apenas por cerca de 4 meses, por dissidência com o Presidente do Conselho de Ministros. Em 1893 foi nomeado Vice-Presidente da Junta de Crédito Público.

 

Oliveira Martins colaborou nos principais jornais literários e científicos, nos políticos socialistas e em muitas revistas.

 

A sua grandiosa obra começa em 1867 com o romance Febo Moniz. Escreveu na área das ciências sociais, mas são de destaque, sobretudo, as obras literárias, nomeadamente as suas obras-primas “Os Filhos de D. João I” e “História de Portugal”.

Das obras deste autor, destaco as seguintes; Febo Moniz-1867; Os Lusíadas-1872; As Teorias do Socialismo-1872; História da Civilização Ibíca-1879; História de Portugal- 1879; O Brasil e as Colónias Portuguesas-1880: Tábuas de Cronologia-1834; História da República Romana-1885; A Vida de Nun´Álvares Pereira-1889; Perfis-1930.

Foi companheiro de Antero de Quental, no grupo Cenáculo.

 

O professor Feliciano Ramos, na sua “História da Literatura Portuguesa”, dedica seis páginas a este historiador. Das quais respiguei o seguinte; “…Fixa residência no Porto, nas Águas Férreas. A sua casa foi o retiro aprazível, onde durante anos, trabalhou com sossego e grande aproveitamento para as letras. Escreveu em Águas Férreas alguns dos melhores livros, entre os quais figuram: História da República Romana, Portugal Contemporâneo e História da Civilização Ibérica. Por esta época convive com Antero, Luís de Magalhães e Alberto Sampaio, que são do número dos seus grandes amigos.” “Quando do Ultimatun inglês de 1890, consagrou-se, com fervor patriótico da defesa de Portugal e do nosso Império Ultramarino; nasceu assim o livro Portugal em África (1891), onde pulsa o coração patriota e se patenteia a inteligência do historiador, assim como o saber do economista. No mesmo ano de 1891 publicava Os Filhos de D. João I”.

 

“…A Academia Real da Ciência premiou, em 1880, com a mealha de ouro, a sua memória intitulada Circulação Fiduciária “… O convívio com os operários concorreu também para que prestasse a maior atenção ao problema social, e se inclinasse para o socialismo” “… No Portugal Contemporâneo… A matéria histórica do livro é surpreendida pela própria observação do historiador no seu meio, e daí o acentuado rigor e verdade que alcançou” “… A sensibilidade do historiador e a dignidade do patriota tomam carácter na obra Os Filhos e D, João I, cuja primeira edição data de 1891.” “… Na Vida de Nun´Álvares Pereira, surge-nos um biografista certamente bem documentado. É porventura a melhor obra do historiador” “… Oliveira Martins fundamentado nas suas leituras históricas, servido por uma riquíssima imaginação dotado ainda de uma fina sensibilidade, soube traçar quadros históricos cheios de agitação e vida.”

 

 Na enciclopédia “VISUM” podemos ler; Joaquim Pedro de Oliveira Martins – Historiador, sociólogo e economista português (1845/1894) …” “Como biógrafo deve-se-lhe a admirável trilogia que deixou incompleta, constituída por Os Filhos de D. João I, Vida de Nun´Álvares Pereira, e o Príncipe Perfeito, em que se revela um belo estilista, compondo, em certas descrições de homens e momentos, verdadeiros poemas e prosa.

 

Na mocidade, abordou o teatro como dramaturgo, escrevendo várias peças de intenção social (Febo Moniz, O Abade, Tragédia do Jogral, Afonso VI, o Mundo Novo). Pertenceu ao célebre grupo Os Vencidos da Vida, que incluía os maiores valores intelectuais da época. Morreu, quando muito havia a esperar do seu talento.”

 

Orlando Fernandes

Jornalista

 

 

No próximo capítulo:

- Eusébio, o Pantera negra

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns