Alexandre Herculano é considerado o maior historiador de Portugal. Hoje, vou falar de outro grande historiador português, Oliveira Martins que também foi um notável político e um vulto destacado da Geração de 70.
Joaquim Pedro de
Oliveira Martins, nasceu em Lisboa em 30 de Abril de1845, falecendo na mesma
cidade, em 24 de Agosto de 1894, vítima da tuberculose. Tinha 49 anos. Órfão de
pai desde 1857, não pôde concluir o curso liceal e, consequentemente,
frequentar a Escoa Politécnica, pois tinha a intenção de ser engenheiro.
Para ajudar no sustento
da família, aos 13 anos, emprega-se numa empresa, que viria a falir dois anos
depois. Em 1870 foi trabalhar para uma mina em Andaluzia de que viria a ser
nomeado Administrador. Quatro anos depois, regressa a Portugal, para trabalhar
na construção da via-férrea do Porto à Póvoa de Varzim e a Vila Nova de
Famalicão, tendo ocupado o cargo de Director.
Em 1880 foi eleito
Presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto e 4 anos depois
Director do Museu Industrial e Comercial do Porto. Mais tarde, desempenhou as
Funções de Administrador da Régie de Tabacos, da Companhia de Moçambique e fez
parte da Comissão Executiva da Exposição Industrial Portuguesa.
Casa em 1865 com
Victória de Mascarenhas Barbosa, de quem não teve descendência. Foi deputado em
1883, eleito por Viana do Castelo, e em 1889 pelo círculo do Porto. Em 1892 foi
convidado para a pasta da Fazenda, cargo que ocupou apenas por cerca de 4
meses, por dissidência com o Presidente do Conselho de Ministros. Em 1893 foi
nomeado Vice-Presidente da Junta de Crédito Público.
Oliveira Martins
colaborou nos principais jornais literários e científicos, nos políticos
socialistas e em muitas revistas.
A sua grandiosa obra
começa em 1867 com o romance Febo Moniz. Escreveu na área das ciências sociais,
mas são de destaque, sobretudo, as obras literárias, nomeadamente as suas
obras-primas “Os Filhos de D. João I” e “História de Portugal”.
Das obras deste autor,
destaco as seguintes; Febo Moniz-1867; Os Lusíadas-1872; As Teorias do
Socialismo-1872; História da Civilização Ibíca-1879; História de Portugal-
1879; O Brasil e as Colónias Portuguesas-1880: Tábuas de Cronologia-1834;
História da República Romana-1885; A Vida de Nun´Álvares Pereira-1889;
Perfis-1930.
Foi companheiro de
Antero de Quental, no grupo Cenáculo.
O professor Feliciano
Ramos, na sua “História da Literatura Portuguesa”, dedica seis páginas a este
historiador. Das quais respiguei o seguinte; “…Fixa residência no Porto, nas
Águas Férreas. A sua casa foi o retiro aprazível, onde durante anos, trabalhou
com sossego e grande aproveitamento para as letras. Escreveu em Águas Férreas
alguns dos melhores livros, entre os quais figuram: História da República Romana,
Portugal Contemporâneo e História da Civilização Ibérica. Por esta época
convive com Antero, Luís de Magalhães e Alberto Sampaio, que são do número dos
seus grandes amigos.” “Quando do Ultimatun inglês de 1890, consagrou-se, com
fervor patriótico da defesa de Portugal e do nosso Império Ultramarino; nasceu
assim o livro Portugal em África (1891), onde pulsa o coração patriota e se
patenteia a inteligência do historiador, assim como o saber do economista. No
mesmo ano de 1891 publicava Os Filhos de D. João I”.
“…A Academia Real da
Ciência premiou, em 1880, com a mealha de ouro, a sua memória intitulada
Circulação Fiduciária “… O convívio com os operários concorreu também para que
prestasse a maior atenção ao problema social, e se inclinasse para o socialismo”
“… No Portugal Contemporâneo… A matéria histórica do livro é surpreendida pela
própria observação do historiador no seu meio, e daí o acentuado rigor e
verdade que alcançou” “… A sensibilidade do historiador e a dignidade do
patriota tomam carácter na obra Os Filhos e D, João I, cuja primeira edição
data de 1891.” “… Na Vida de Nun´Álvares Pereira, surge-nos um biografista
certamente bem documentado. É porventura a melhor obra do historiador” “…
Oliveira Martins fundamentado nas suas leituras históricas, servido por uma
riquíssima imaginação dotado ainda de uma fina sensibilidade, soube traçar
quadros históricos cheios de agitação e vida.”
Na enciclopédia “VISUM” podemos ler; Joaquim
Pedro de Oliveira Martins – Historiador, sociólogo e economista português
(1845/1894) …” “Como biógrafo deve-se-lhe a admirável trilogia que deixou
incompleta, constituída por Os Filhos de D. João I, Vida de Nun´Álvares
Pereira, e o Príncipe Perfeito, em que se revela um belo estilista, compondo,
em certas descrições de homens e momentos, verdadeiros poemas e prosa.
Na mocidade, abordou o
teatro como dramaturgo, escrevendo várias peças de intenção social (Febo Moniz,
O Abade, Tragédia do Jogral, Afonso VI, o Mundo Novo). Pertenceu ao célebre
grupo Os Vencidos da Vida, que incluía os maiores valores intelectuais da
época. Morreu, quando muito havia a esperar do seu talento.”
Orlando Fernandes
Jornalista
No próximo capítulo:
- Eusébio, o Pantera
negra
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Parabéns
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