Sobradelo da Goma:
uma terra esquecida no tempo, que o tempo
ainda lembra
Sobradelo
da Goma:
uma
terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra
Este
texto leva-nos numa viagem sobre a história de Sobradelo da Goma e as suas
gentes, desde o passado até ao presente, dês que a memória lembre e não
atraiçoe, pois, alguma coisa pode ficar esquecido: Estes testemunhos foram
tirados todos de pessoas vivas e outras já falecidas.
Sobradelo da Goma é uma
freguesia situada no Concelho da Póvoa de Lanhoso, Distrito de Braga: no lado
onde o Sol nasce, no horizonte pela manhã, indica o Leste, com cerca de 800
habitantes. Era no passado composta pelos seguintes lugares; Alcouce, Berraria,
Cabanelas, Carreira, Chêlo, Duquesas, Igreja Velha, Lajes, Outeiro, Pinhel,
Penas, Souto Velho, Vaje, Várzeas, Varzielas, Vinha, Ferrador, Lameiras,
Belmonte, Ponte, Barbeitos e Carneiros. Godinhos, Vilarinho de Baixo e Vilarinho
de Cima. É uma paróquia do Concelho da Póvoa de Lanhoso e da diocese de Braga.
Hoje os muitos destes lugares deram lugar a ruas e muitas freguesias
juntaram-se, designadas por União de Freguesias, no qual Sobradelo da Goma
continua como estava devido a ser uma freguesia grande. Lembro que a
electricidade entrou pelo lugar da Vinha e tão rápido chegou à minha casa, a
Varzielas, portanto há cerca de 50 anos! A minha casa foi das primeiras a ter
luz, nem toda a gente aderiu à electricidade dentro de casa, desde essa altura
passamos a ter luz pública para iluminar os caminhos de terra batida, hoje
quase todos alcatroados. (meus pais disseram-me; não metas ali nada dentro
de metal, mal viraram as costas meti um arame, logo foi sacudido e até vi
estrelas, ainda hoje tenho medo à electricidade, nem suporto choques estáticos
da roupa ou objectos). Eramos uma sociedade sem luz elétrica, telefone,
rádio e TV, eu, e os `putos´ do meu tempo íamos ver TV a preto e branco para a
venda do Nelinho, outros para as restantes vendas espalhadas pela freguesia e
ao pé de casa via com a minha mãe e meus irmãos a telenovela no Joaquim Dias e
Maria Moreira, era da casa do Chedas. Mais tarde uns tempos, lá tivemos TV a
preto e branco. Hoje temos Fibra Óptica, energias renováveis, eólicas, estradas
em todos os lugares da freguesia, água canalizada no qual 50% é proveniente da
Barragem dos Pisões. Quase não haviam automóveis. Algumas motorizadas e algumas
bicicletas. Quase não havia socialização na população. Juntávamos para
desfolhadas, para vindimas e pisar vinho, para fazermos semeadas de batatas à
enxada. Ir à Missa era o mais comum para as pessoas se verem e conversar.
Haviam as festas e arraiais para dançar, onde surgiam os engates que vinham a
dar em casamento, grande parte dos paroquianos da Goma casavam dentro da
freguesia ou com jovens de freguesias vizinhas. Cabia aos paroquianos a
manutenção econômica do pároco de qualquer freguesia. Como disse inicialmente,
a nossa freguesia era uma das mais populosas do Concelho. Costumava-se dizer
que o Padre da freguesia era o lavrador mais rico, recebia dos paroquianos, milho,
vinho, azeite, centeio e feijão. Todo o agricultor era obrigado a contribuir
com o dízimo em colheitas. A casa paroquial onde vivia o inquilino, ou seja, o
Padre da Freguesia, situada no largo da Igreja, tem uns grandes fundos, no qual
possuía as arcas em madeira para receber os cereais, vários pipos e grandes
barris para depositar o vinho. O azeite costumava ser depositado em ânforas ou
talhas de barro. Meus pais contribuíam com um cântaro de vinho, cerca de 15
litros e uma rasa de Milho, cerca de 28 quilos. Já
os meus avós, antes dos meus pais, contribuíam com o dobro, na altura que
possuíam uma grande Quinta, pois tudo dependia da produção de cada agricultor!
Os grandes Senhorios e Caseiros, davam também azeite, cerca de 15 litros, cinco
rasas de milho e uma de centeio. A freguesia tinha mais de 100 quintas. O Padre
vendia uma parte dos produtos, pois havia muita gente que não possuía Quintas e
nem pequenos terrenos e quem não tinha era pobre a não ser que tivesse estudos
e tivesse alguns estatutos pessoais e civis! Esses povos tinham outros
sustentos e compravam os seus bens essenciais com dinheiro e muitas vezes com
trabalho. Era usual usar as medidas através de uma vara ou aos palmos e a
chamada braça, abrindo os braços bem abertos de um homem, cerca de 2, 20
metros. As pessoas trabalhavam de sol a sol e no fim do almoço faziam uma sesta
para apregoar o cansaço.
Mulheres e homens iam à missa, no final as mulheres iam cozinhar e muitos
homens aproveitavam o final para irem até às tascas tomar uns copos de vinho,
naquela altura ninguém trabalhava aos Domingos, exceto para alimentar o gado e
regar os cultivos. O passatempo dantes era jogar a malha, namorar, ir até ás
tascas beber ou ir a uma festa local ou de outra freguesia. Haviam alambiques
de azeite, haviam lagares de vinho, haviam moinhos, hoje o que há está
abandonado à sua sorte!
Guerra
Mundial
Sargento Joaquim Gonçalves, "Quelhas"
Desde há muitos anos que o
nome desta freguesia é conhecido por bons motivos e muitos nomes vão aqui
constar: O avô paterno do director da Revista Repórter X, de seu nome Joaquim
Gonçalves, foi sargento na guerra mundial na Batalha de La Lys, na região da
Flandres, nas Trincheiras em França. Joaquim Gonçalves, na terra conhecido como
sargento `Quelhas´, era oriundo de Calvelos, Guilhofrei, casou com Elisa
Rodrigues de Sobradelo da Goma. O sargento era família da Mouta de Vilarinho de
Baixo e dos Rodrigues de Carreira. O director da revista herdou o apelido
“Quelhas” de seu avô, pois nasceu na casa do Quelhas no Lugar de Varzielas.
Sobreviveu à guerra mundial e veio para Portugal, trabalhar para o estado. Foi
guarda rios e viveu em Braga, onde nasceu Manuel, o pai de Quelhas. Tinha mais
dois irmãos, Ernesto, emigrou para o Brasil e lá faleceu e uma irmã, Arlinda,
que viveu na Póvoa de Lanhoso, no centro, e tinha a Tasca do Cantinho, mais
tarde mercearia, onde hoje se situa a Óptica 1 pertence ao Álvaro Oliveira ou
conhecido como Álvaro do Cantinho, é também Provedor do Idoso numa tutela da
Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso no presente ano 2021. Fez parte de uma
filarmónica em Sobradelo da Goma, da qual não há registos, mas segundo
conterrâneos mais velhos, efectivamente existiu. Era um homem conceituado, com
muitas terras, umas que herdou de uma tia povoense que vivia com a sua irmã, na
casa do Cantinho e outras que comprou, e que mais tarde foram penhoradas por um
erro de um familiar, que decidiu comprar um camião, quase único em Portugal e
correu-lhe mal. (a área era todo o envolvente da ex. Discoteca Isabelinha,
aviários da Groba, David Guimarães e do Abel Trolas). Apenas restou a casa
de família onde nasceu Quelhas e as terras herdadas e, mesmo assim à morte dos
pais, as terras deram um bolo dividido em cinco, na herança daquilo que ficou e
que outrora foi habitado e fabricado, no qual viveram cinco irmãos, `Quelhas´ -
João Carlos. Arlindo. Maria Augusta. Luís Filipe e Carla Cristina.
Igreja Nossa Senhora da Goma
Individualidades
Houveram e há ainda entre
nós muitas pessoas importantes na terra dos ourives, para além do Sargento,
muitos vieram ao de cima quando saíram para a primeira emigração,
principalmente para o Brasil, caso da família do Vale, falecidos, os benfeitores
da estrada brasileira. Há muitos familiares vivos, caso do Ferreiro, José do
Vale! As famílias e o peso dos presidentes de junta
desde o 25 de Abril de 1974 até então: Zeca da Groba, falecido. Casimiro da
Silva, falecido. Manuel Armando, falecido. David Guimarães, falecido, aqui o
Vice-presidente substitui o presidente no activo à sua morte, Claudino
Carneiro, presente. Manuel Poças Martins, falecido. Aristides Costa, presente.
Abílio Monteiro Rodrigues, presente, é o presidente actual na freguesia de
Sobradelo da Goma no ano 2022. O sargento Quelhas, era família do Quinhas da Venda de Vilarinho de Cima, mãe do
Engenheiro Alves, que para além de ter vivido em Sobradelo e transitado para
Brunhais com os pais e irmão Carlos que teve e empregou muita gente na
confecção têxtil, eram oriundos de Guilhofrei por parte da mãe e dos nossos
avós. Tem outros familiares, a Dolores da Casa da Capela do Rebelo em Carreira.
Já a esposa Elisa pertencia à família Rodrigues e família do Rego. (A
família do Rego é também uma família conceituada, eles teem uma costela da
freguesia de Castelões, Guimarães. Conhecidos hoje em dia por trabalham na arte
da filigrana, e têm a conhecida Oficina do Ouro no Lugar das Penas daquela
freguesia. Também tem um presidente de Junta e um Vereador na Câmara Municipal
da Póvoa de Lanhoso até ao ano 2021. No ano 2022 mantém o Presidente de Junta!
)
A família da Mouta, Gonçalves Veloso, confunde-se como parentescos do Quelhas pela parte da mãe, pois tem o nome VELOSO, Ermelinda Ribeiro Veloso, enquanto o pai, GONCALVES, tem Manuel Rodrigues Gonçalves, logo se cruzam os nomes entre famílias. Reparem, dois nomes na família da Mouta como Gonçalves Veloso! No entanto a mãe Ermelinda, tem sim familiares, conhecida como família do SOL, RIBEIRO, nasceram em Belmonte, no sopé de Várzeas e sobrinhas no Souto Velho, as saudosas irmãs Cidália Ribeiro que foi catequista e era solteira e a Mariazinha Ribeiro que teve muitos filhos; () a Mariazinha Ribeiro casou com o Poças, sobrinho do Manuel Poças que viveu em Várzeas e no qual tinha um irmão chamado João Poças, que casou com a irmã de minha avó Erminda Ribeiro Veloso, que se chamava Adosinda Ribeiro Veloso. O João Poças e Manuel Poças nada tinha a ver com a família do Sol, apenas se cruzaram nas famílias, o João Poças casou com a Adosinda Ribeiro, irmã de Erminda Ribeiro, no qual as duas foram vizinhas no lugar de Funde Vila em Garfe e eram da Casa do Sol ou apenas a mãe delas nascera em Belmonte e casou para Garfe, suscita aqui a dúvida e por outro lado o Poças sobrinho dos dois, João e Manuel Poças, também casou com a sobrinha, Mariazinha Ribeiro da família do Sol a viver no Souto Velho! Julga-se que talvez a família conhecida por alcunha de Mouta, com o nome Gonçalves Veloso, do lugar de Vilarinho de Baixo, se cruzou também com familiares da Família Ribeiro de Belmonte noutras vertentes do passado. Mas também se põe a hipótese de que a Família Rodrigues do lugar da Berraria, com sobrinhos no Outeiro, António, Celeste e Laurinda Rodrigues do Rego por parte do Pai, se cruzou com a família Gonçalves de Calvelos, para além do Sargento Quelhas que casou para Varzielas com a Elisa Rodrigues, a conclusão foi feita pelo Cientista Veloso que confirmou que as pessoas conheciam-se na missa e nos arraiais das festas da freguesia e também por intermédio de familiares e namoravam e é de todo provável e a confundir, na incerteza, quase certeza, sabe-se que a Felizarda Fernandes era prima de Joaquim Gonçalves (Sargento Quelhas), viveram numa grande casa, na Casa do Cancela na freguesia de Guilhofrei, da mesma família do Guarda cancela que estive no Posta da GNR da Vila da Póvoa de Lanhoso. Felizarda Fernandes era natural de São Silvestre, Vieira do Minho, casou com António Veloso e deste casamento nasceu o pai do cientista António Joaquim Gonçalves Veloso de seu nome Manuel Veloso, que casou com Erminda Gonçalves da Igreja Velha e é de todo impossível ligar exactamente estes parentescos, mas que coincidem, eles coincidem e são certos aos olhos dos vivos ainda hoje, já o ditado popular dizia; que somos todos irmãos…!
Sargento Joaquim Gonçalves e esposa Elisa Rodrigues
Vou começar por citar personagens fortes de
Sobradelo da Goma e que pertencem precisamente à minha família, não só por
alguns serem formados, mas para tentar repor a árvore genealógica o mais
correcta possível; Dr. José Gonçalves Veloso, Médico Cirurgião no Hospital
Geral de Nova Iguaçu, que não é apenas médico; é também professor da maior
universidade federal do Brasil e político. O irmão, António Joaquim Gonçalves
Veloso, Cientista ambiental, Doutor em geoquímica, Escritor, Professor
Universitário na Academia militar do Corpo de Bombeiros RJ, Chefe de
Departamento, coordenador de curso na empresa Universidade Federal Fluminense.
Em conversa com o professor, cientista, doutor e escritor, António Joaquim
Gonçalves Veloso, o mais velho de 12 irmãos, 11 deles vivos, pessoa sábia na
cultura e raízes populares, tendo escrito sobre Sobradelo da Goma, numa
linguagem expressiva dos tempos que o tempo quase não lembra e que fica para a
história e eu, como autodidacta, não quero deixar morrer a história de tudo, da
minha terra Natal; as minhas origens, que para além de difíceis de transcrever,
tentei encontrar na árvore genealógica da minha família, por certo uma das mais
prestigiadas, entre outras, na Freguesia de Sobradelo da Goma e que foge à
memória dos mais novos, para além da emigração que deixa esquecer as nossas
culturas do passado longínquo e passado recente.
Avô - António Veloso
Pai - Manuel Veloso
António Veloso com Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa
A trisavó do cientista era proprietária da Casa da
Mouta (hoje vive lá a Maria da Mouta), a Maria Fernandes Veloso, e viveu
ainda outra irmã, Rosa Fernandes Veloso, que mais tarde herdou uma Quinta em
Simães, ao pé da suposta casa da heroína Maria da Fonte, em que a casa e a
fonte ainda existem lá, escreveu Camilo Castelo Branco sobre o veredicto.
Segundo o Cientista, o seu bisavô emigrou para o Brasil, casou com uma
prostituta, depois regressou a Portugal à casa da Mouta e teve um filho;
chamava-se António Veloso. Portanto o pai do cientista e irmão das suas tias
Maria e Rosa. O bisavô do cientista teve 10 filhos, que morreram todos, antes
de completar um ano; ao 11° filho vingou um filho, aquele que veio a ser o Avô
do cientista, António Joaquim Gonçalves Veloso. Andou na Primeira Guerra de
1914 a1918 em La Lys, nas Trincheiras da França, tendo sobrevivido, tal como o
Joaquim Gonçalves (O cemitério de Sobradelo da Goma tinha uma quarta parte de
espaço ao fundo, à esquerda, designada pelo Cemitério dos Anjos, porque naquela
altura morriam muitas crianças; não existia médicos, não existia assistência,
havia dois médicos que lembra à memoria, um no Entroncamento, Taíde e outro na
Vila da Póvoa de Lanhoso. As crianças nasciam em casa e muitas morriam à
nascença e nos primeiros cuidados). O Avô, António Veloso, viveu na Mouta;
tinha dois irmãos, Joaquim Veloso missionário, economista, no seminário em
Valadares, Braga, que tinha estado em Moçambique e também o Casimiro Veloso. O
avô, António Veloso, foi para a Guerra Mundial um ano depois já casado, como
soldado (Cabo de boca), tendo estado na mesma guerra com o Sargento Joaquim
Gonçalves, meu avô paterno, oriundo de Calvelos, Vieira do Minho, a viver na
Casa do Quelhas em Varzielas, em comum com Elisa Rodrigues, familiar (da
família do Sol). António Veloso deixou a mulher grávida, de seu nome
Felizarda Fernandes na Casa da Mouta; ela era natural de São Silvestre, Vieira
do Minho. Deste casamente entre Joaquim Veloso e Felizarda Fernandes nasceu o
pai de António Joaquim Gonçalves Veloso de seu nome Manuel Veloso, que casou
com Erminda Gonçalves da Igreja Velha; deste casamento teve 12 filhos, onde se
inclui o CIENTISTA VELOSO.
Nesta altura, 11 dos filhos são vivos; todos vivem
no Brasil, como citei; um deles faleceu (O Pai do Cientista, Manuel Veloso,
teve em Portugal 4 filhos; o Mais velho António Joaquim Gonçalves Veloso,
cientista, escritor, aposentado. 2° Joaquim Gonçalves Veloso, Advogado, activo.
3° Armando Gonçalves Veloso, comerciante padaria (Armando e João sócios na
padaria) aposentado. 4° José Gonçalves Veloso, médico Cirurgião, Professor,
escritor, activo. No Brasil nasceram 8 filhos; 5° João Gonçalves Veloso,
comerciante padaria, falecido. 6° Lino Gonçalves Veloso, comerciante, padaria,
aposentado (filho Tenente Coronel da Infantaria da Aeronáutica nacional
brasileira da força aérea), 7° Maria de Fátima Gonçalves Veloso, professora
Primária, aposentada, 8° Maria da Graça Gonçalves Veloso, doméstica,
pensionista. 9° Maria Celeste Gonçalves Veloso, comerciante de Loja, activo.
10° Casimiro Gonçalves Veloso, sub-Tenente de Infantaria da Aeronáutica
nacional brasileira (força aérea), aposentado. 11° Maria Luísa Gonçalves
Veloso, Funcionária da Segurança Social, aposentada. 12° Maria do Céu Gonçalves
Veloso, doméstica aposentada).
Manuel Veloso da casa da Mouta em Vilarinho de Cima
e Erminda Gonçalves da Casa de João Ferreira na Igreja Velha, onde viveu o
Clemente Gonçalves, irmão de Erminda Gonçalves, mãe do Cientista (conheceram-se
e apaixonaram-se na missa; tinha sempre muita gente de todos os lugares,
portanto um lugar de culto e encontros; conheceram-se no grupo “juventude
operário católica” da Igreja matriz actual nas Penas.
Relembro que, antigamente os nomes da Mãe não
entravam no nome dos filhos; daí ser difícil fazer a árvore geneaológica.
Sabe-se que a Felizarda Fernandes era prima de Joaquim Gonçalves (Sargento
Quelhas), viveram numa grande casa, na Casa do Cancela na freguesia de
Guilhofrei. O Pai de António Joaquim Gonçalves Veloso nasceu na casa da Mouta,
época da primeira guerra Mundial de 1917, Manuel da Mouta ou Manuel Veloso,
carpinteiro, marceneiro. Contudo, e em pleno Sec. XXI, há inúmeros jovens que
estudaram e deram GRANDES senhores em várias actividades laborais e
profissionais, muitos na emigração, outros nas grandes metrópoles, alguns poucos
na Vila e Concelho de Lanhoso e houve aqueles que resistiram e continuam na
rica/ pobre freguesia desertificada da terra dos Gomos, como descreveu Padre
Aquilino Pereira no seu livro “Bodas Sacerdotais dos 50 anos na Paróquia da
Goma!”. Há quem estudou para Padre e quem foi e é Padre, caso do Padre Manuel
da Fonte Carvalho. Enfim tantas profissões, as mais comuns Dentistas,
Engenheiros, Professores, Escritores. Lembro o escritor Altino do Tojal, que
escreveu o Livro “Os Putos”, que fala em gente de Sobradelo, principalmente no
Felisberto Manquinho, no qual o livro passou a filme. Haveria tanta gente a
citar, mas que não ocorreu e podem ainda informar, enquanto torno público esta
publicação, para assim compor melhor este registo, reintroduzir apontamentos novos,
tal como se faz numa biografia.
(sargento Joaquim Gonçalves, `Quelhas´ e esposa
Elisa do rego)
Uma mensagem do Cientista Veloso:
"Uma das maiores alegrias que tenho é saber
que Sobradelo da Goma deixou de ser apenas exportador de mão-de-obra barata e
não qualificada para o resto da Europa. Pelos vistos já temos grandes homens e
mulheres, que se dedicam a outras actividades e não apenas ao trabalho braçal;
cada vez mais importante, mas que não tem influência na Comunidade onde labutamos".
Grupo Desportivo
Outra referência para a
freguesia é o Grupo Desportivo da Goma (GDG), que foi fundado há 35 anos, dia 26
de Março de 1986. Quando fundaram o grupo desportivo, as condições eram
bastante precárias, mas nada disso era um entrave. As reuniões realizavam-se no
coreto e chegaram mesmo a abrir um bar, que funcionou durante vários anos.
Inicialmente, as actividades realizavam-se no campo de cultivo da Veiga, onde a
casa permanece desabitada. Aquando da fundação do clube, a modalidade à qual se
dedicavam mais era o futebol de 11. Na época, era uma freguesia mais populosa,
com muitos jovens, embora já com muita emigração, mas tinham facilidade em
formar equipas. Realizavam-se torneios em Sobradelo, Brunhais, Castelões,
Guilhofrei, Serafão, entre outros locais das redondezas. Havia uma grande
envolvência dos atletas e conterrâneos.
Estatutos
Em 1996, foi alterado o estatuto do grupo, e passou a conter constituição, correspondência e certidão. Hoje é uma associação de natureza desportiva, recreativa e sócio-cultural. Entretanto, toda a direcção ambicionava ter melhores instalações, e foi feita uma candidatura para um fundo comunitário, para que se pudessem iniciar as obras. A câmara municipal deu um apoio monetário significativo, mas também houve muito apoio por parte dos emigrantes e conterrâneos, que contribuíram com a organização de campanhas e eventos para angariação de fundos. Foi feito o campo de futebol, um pavilhão e balneários. No ano 2000 terminaram as obras da nova sede, que tinham iniciado por volta de 1998.
Modalidades
Durante alguns anos, o CDG
organizou provas de motocross, que inclusive faziam parte dos campeonatos
regional e nacional, e que juntavam cerca de 600 pessoas por evento.
Inicialmente, estas provas realizavam-se em Vilarinho, nas matas do Araújo;
depois passou a ser junto do campo de futebol de Vilarinho de Cima (que
também estes fizeram lá um campo de futebol independente sem balneários, na
fronteira com São Miguel do Monte, Fafe) e mais tarde realizavam-se nas
imediações, bem como nas instalações do Desportivo da Goma. Para a realização
destas provas faziam lombas no próprio Campo de futebol, e aproveitaram o
caminho paralelo à barragem das Andorinhas. O Grupo também apoiou desportistas
individuais amadores de ciclismo em estrada batida e de atletismo de estrada.
Teatro
Além do futebol, havia muitas actividades para os habitantes,
organizadas pelo GDG. A falecida Dona Beatriz Gomes, conhecida por Tisinha, uma
senhora culta e sábia, para além da sua função de educadora na escola Primária
e Preparatória TV até ao Sexto ano, que serviu alunos da freguesia da Goma e de
Taíde, hoje fechada, que desempenhava muito bem, fazia grupos de teatro no
salão paroquial, que mais tarde deu lugar ao lar de idosos, Centro Social e
Paroquial de Sobradelo da Goma, no tempo do Padre Aquilino Pereira e da
Comissão Fabriqueira, hoje extinta. Organizava ainda os jogos sem barreiras no
Centro da freguesia ao ar livre (Há ainda hoje a casa, agora particular, que
em tempos foi escola, mais conhecida por Escolas Velhas, onde houve um
professor muito mau, o Professor Mangas, no tempo dos nossos Pais e que
nos lembra num passado mais recente a Professora Emília do Fonseca. Casa
que podia ser aproveitada para museu da freguesia, encontrando-se no centro,
junto à Igreja Matriz da Goma). Estas actividades passaram a realizar-se
mais tarde no campo das Oliveiras, espaço do actual campo de futebol (onde
os rapazes jogavam à bola, no qual as próprias oliveiras nos fintavam, pois
eram obstáculos). Nessa época, jogávamos também nos largos ou cruzamentos
dos lugares de freguesia. Mais tarde, já em 2005, no recinto do GDG
realizava-se anualmente a queima de Judas e tinham ainda um grupo de teatro,
que encenou várias peças no Theatro Club na Póvoa de Lanhoso. Houve Encenações
da Morte de Cristo e uma encenação teve a realização de missa campal, que foi
reportada por um canal de televisão da Galiza e pela repórter X, em que o
director participou uma única vez nas suas férias da Suíça.
Janeiras
- Além destas iniciativas, tinham outras, tais como cantar as Janeiras, onde angariavam um valor considerável, mas também se divertiam e divertiam os habitantes, realizavam os concursos de máscaras no Carnaval, festejavam o dia da Criança e ainda concursos de desenho no aniversário do GDG, que inicialmente eram expostos no coreto, que era antigamente a sede do desportivo, e mais tarde na junta da freguesia. Sempre tentaram envolver todas as faixas etárias nos eventos do grupo (participei com dois livros na escola da Goma, a convite da Junta de Freguesia com O livro da Criança e Inspiração do Compositor, tendo feito autógrafos em todos os livros entregues a todos os meninos).
Barragemdas Andorinhas
Cicloturismo
- Também organizavam várias iniciativas de
cicloturismo, sendo que o primeiro passeio foi às Taipas, e mais tarde a outros
locais, como a barragem de Queimadela, Agra, Ermal, entre outros. Havia ainda
provas de comidas, torneios de malha, provas de carrinhos de rolamentos, festas
de passagens de ano, bike-paper, iniciativa onde corriam a freguesia de
bicicleta e tinham que responder a questões sobre a freguesia, e ainda provas
de atletismo, onde participavam muitos atletas profissionais. Chegaram mesmo a
levar uma comitiva do desportivo a vários cantões da Suíça, entre eles Zurique,
onde a revista repórter X esteve presente.
Triatlo
Hoje em dia, tudo está diferente, pois não houve renovação. A juventude
emigrou e os antigos dirigentes estavam cansados e desgastados, devido a toda a
dedicação que sempre tiveram com o clube. Entre 2010 e 2015 houve um vazio
completo e ninguém queria agarrar o projecto. Felizmente, os fundadores
chegaram a uma decisão final, e optaram por ter um GDG mais pequeno, mas
dedicado a actividades federadas, nomeadamente o Triatlo. É hoje uma equipa
federada na Federação Portuguesa de Triatlo, participando em várias provas a
nível nacional. Juntaram pessoas ligadas à modalidade e realizavam provas nas
instalações do desportivo e também na albufeira das andorinhas, onde já
realizaram 5 edições do Triatlo das Andorinhas. Também organizam o Trail das
Andorinhas, ligado à vertente de enduro. A nível das instalações, têm agora a
manutenção de que careciam, pois havia sinais claros de abandono e vandalismo.
É hoje considerado dos melhores espaços desportivos do concelho. Ambicionam, em
breve, iniciar-se também na modalidade de canoagem.
Padroeira da Goma
Apesar da freguesia estar um pouco desertificada, devido à emigração dos
jovens, continuam a tentar manter-se algumas tradições, como por exemplo o
escotismo; Agrupamento 1365 – Santa Maria da Goma, a desfolhada e a realização
da festa da Senhora da Goma, com missa e procissão. Os cafés, as tascas e
mercearias eram o ponto de encontro, principalmente aos fins-de-semana, mais
propriamente no Centro, quando saíam da Missa dominical, para tomarem o seu
galão, para aquecer a alma e pôr a conversa em dia. Hoje, volvidos cerca de 30
a 40 anos, uma grande parte da emigração está a regressar reformada; são
pessoas entre os 60 a 65 anos de idade, que ainda podem dar muito à freguesia e
quem sabe trazerem os filhos e netos, que em maioria ficaram na emigração!
Romarias
Realizavam-se várias
romarias, tais como a Senhora da Goma, padroeira da freguesia. A festa do
emigrante, ou do Senhor, no centro da freguesia. Em Várzeas, fazia-se a festa
na Capela, em honra de Santo António. Na Capela da Igreja Velha, o S. Tiago. Na
Capela de Vilarinho, a Senhora do Pilar.
Os Andores vinham de todos os lugares da freguesia até ao Centro, junto do cemitério, a 200 m da Igreja paroquial; isto porque muitos Andores eram enormes e bem enfeitados (Actualmente, os Lugares deram lugar a Ruas e, com tantas pessoas importantes, deram nomes arruaceiros a certos destinos, como exemplo; Poça do Brito, da conhecida poça de regadio, e que nem casas tem; tem o lugar de Varzielas, onde ficava bem patente a rua, onde viveu o Sargento Quelhas, na rua que lhes passa à porta, hoje casa da Neta mais nova, Cristina Gonçalves, casada com Nelson natural de Anissó, Vieira do Minho). Eu possuo no local, da minha parte, umas leiras e uma mata, outrora dividida em duas pela estrada brasileira.
Escuteiros da Goma
A
estrada da brasileira foi construída por um emigrante no Brasil, família DO
VALE, que mereceu um jazigo/capela única na entrada do cemitério da Goma. Uma
freguesia, situada entre socalcos e linhas de água, e que tem hoje acessos
intermédios com ligação a todos os lugares. Ainda hoje, no turismo, tem o
percurso pedestre de Carreira ou do Ribeiro Queimado; é uma passagem pelo património
natural, cultural e etnográfico, fauna selvagem, campos verdejantes, flora e
gado bovino e caprino em pasto natural, caminhos e casas rurais e senhoriais. O
Caminho Pedestre, do Ribeiro Queimado, segue o ribeiro, num trajecto
deslumbrante envolvendo a Natureza, tendo vários locais de repouso junto ao
Parque de Lazer do Pontão, na Albufeira das Andorinhas - Rio Ave. O percurso
estende-se ao Monte do Merouço, que nos leva à visibilidade de outras
freguesias e concelhos vizinhos, envolvendo a floresta e os campos, os recursos
de água e as árvores, os socalcos e as espécies de fauna e flora, que fazem
deste lugar um sonho para a visitar. Temos ainda a estrada municipal, que serve
Sobradelo, entre Castelões e Guilhofrei, com acesso pedestre à freguesia de
Travassos, pela mesma estrutura da Barragem das Andorinhas. Também à freguesia
de Brunhais na ponte do Pontão, a que deu o nome, e à freguesia da Esperança,
servida pela ponte Mem Gutierres, que vai dar acesso a Vieira do Minho, Rossas,
Cabeceiras de Basto e Arco de Baúlhe. O Pontão tem uma praia Fluvial na cabeça
da barragem, envolvida na natureza verde e espelhada pelas águas do Ave na
própria barragem das Andorinhas, muito apreciada pelos povoenses e por quem a
visita.
Frade
Em tempos, viveu na casa “Obra
da Mãe do Céu”, hoje apenas com paredes, um Frade em Vilarinho, que inventou
santos, que davam castigos aos meninos, e esta estrada ficava cheia de
autocarros com pessoas, que a iam ver. Este Frade acabou por ser decapitado
perto de Fátima, onde tinha uma segunda casa. Acusaram o padre Aquilino Ribeiro
de fazer parte do sistema e por fazer parte da Pide, no passado (foi-me proposto fazer um livro na Repórter X Editora,
mas negou-se).
Há um grupo de
Escoteiros; Agrupamento 1365 – Santa Maria da Goma, cuja data da Fundação é
13-05-2012; pelo que me apercebi, estão na entreajuda à Igreja da freguesia de
Sobradelo da Goma. Uma grande parte dos jovens, que já pertenceram ao
Agrupamento, emigraram tal e qual como os jovens das lidas do ouro e da filigrana.
Hotéis rurais
Para turismo rural, esta freguesia tem a Casa Oceane,
em Varzielas. Casa do Outeiro, no Outeiro. Villa Rua de Belmonte, em Várzeas.
Casa da Capela do Rebelo e a Casa das Eiras, em Carreira. Estas duas últimas,
sendo hotéis; tem a Serra do Merouço a sobrepor o pano de fundo, que tiveram um
projecto que nasceu com o objectivo de recuperar os edifícios locais de traça
tradicional, onde estão inseridos hotéis rurais.
Todas elas casas rústicas
muitíssimo bem equipadas e com muitas condições. Havia algumas casas
senhoriais, que davam para o mesmo fim; a exemplo destas, entre outras, a casa
da Groba nas Duquesas, a casa do Chedas na Igreja Velha, a casa do Araújo em
Vilarinho, tal como aconteceu mais recentemente com a casa Oceane, do falecido
António Pereirinha, mesmo junto da casa onde eu nasci, ou a Casa do Outeiro e
também a Villa Rua de Belmonte, do falecido David Guimarães, ex-presidente de
Junta de Freguesia da Goma.
Riqueza
Algumas famílias sobressaíam em relação a outras, não se sabendo bem de onde vinham algumas riquezas, para além daquelas que foram feitas na primeira emigração para o Brasil, onde muitos, nesse passado, eram padeiros entre outras profissões. Lembro, num passado bem recente, o Juca Peixoto, genro do Eduardo carpinteiro, homem mestre nas escadas de vindima, e do famoso papagaio trazido ou importado do Brasil, que todos os dias cumprimentava os meninos oriundos dos Lugares de Varzielas, Duquesas e Vinha, ao ir e vir da escola primária, e o António do Pereirinha, cuja casa senhorial se tornou Hotel Rural, Casa Oceane.
Junta de Freguesia da Goma
Havia muitas
Casas senhoriais e as casas dos caseiros:
Encravada
entre o lugar da Vinha, Duquesas e Varzielas, há a grande quinta da Groba “foi
aqui nesta casa que viemos, em democracia, a ter o primeiro presidente da Junta
de Freguesia. Zequinha da Groba, assim era conhecido”. A quinta tinha casa
senhorial “casa da Groba” e várias casas de caseiros, hoje tudo a paúlo.
Antigamente, tinham exploração e comércio de aves de aviário em grande
dimensão, o mais variado tipo de frutas para comércio de venda, as vinhas, o
milho, o centeio, as hortaliças e todo o derivado agrícola. Os Patrões
trabalhavam parte com o tractor, luxo naquele tempo, e os Caseiros trabalhavam
a terra à mão e enxada e com as Vacas, que puxavam os arados e as grades, para
fresar a terra “um dos caseiros presentes na memória viveu na casa de
Varzielas, Gualdino Bota (família e ali criaram vários filhos que
labutaram nas terras. Mais tarde foram viver para Várzeas e ficou tudo a paúlo
até então).
Os da Groba
tinham o seu próprio espaço de venda ao público, no qual possuíam também a
típica tasca e loja tipicamente portuguesa, e vendiam produtos agrícolas, entre
todo o material usual nas quintas e campos e vida de casa. Hoje, a taberna está
fechada. Vivem lá os dois filhos, João e seu irmão Joaquim, que ainda hoje
comercializam frangos e cuidam da terra junto à casa, enquanto o resto é
passado; caso das casas nas Duquesas, onde viveu o Joaquim “Pautilha” e o
Afonso Barbosa, “Porras”, também com inúmeros filhos que laboraram as terras.
Há uma outra casa, ficou para um neto, que teve renovação, enquanto as outras
ficaram sem tecto, excepto a casa de Varzielas que levou telhado novo para nada!
Já em Vilarinho de Cima, tem a casa Senhorial do Araújo, envolvendo alguns
terrenos em Vilarinho, estendendo-se até Casal d' Estime, freguesia de São
Miguel do Monte, Fafe. Possuíam também casa de Caseiros, muitos terrenos que
eram cultivados e ainda extensos montes com árvores (em tempos, o motocrosse
foi rei nestes terrenos agrestes).
A quinta do
Vieira tinha os terrenos sobrepostos na barragem das Andorinhas; tinham
caseiros, e ali naquela casa enorme e, desde que me lembro, sempre desabitada;
numa das cortes tinha um matadouro, onde um familiar mais novo, a viver em
Guilhofrei, talhante Adriano Vieira, ali abatias as vacas, bois e bovinos e
comercializava a carne ali e fora, com distribuição. Ali encostado, junto das
instalações do GDG, no lugar das Duquesas, tínhamos a venda do Aristides,
depois Nelinho “funga”; à semelhança da Groba, vendia o que a malta gastasse,
principalmente adubos; funcionava um pouco como Drogaria e Tasca separada, para
além de, mais tarde, venderem gasolina. A poucos metros dali, tem os escombros
da Casa Queimada e um anexo inabitado. Queimada porque lhe atearam fogo; tinha
sido uma padaria no passado longínquo da família dos Vieira, que provavelmente
deveriam ter vindo do Brasil! Um pouco mais atrás, lugar da Vinha, havia a
venda da Arminda Doceira, com tradicionais bolos de pão de Ló. Lembro-me de
ouvir dizer que o marido da Arminda apareceu afogado! Apegado era o José
Gonçalves, Cesteiro, que da arte fazia cestos de todos os feitios e tamanhos. A
Rosa, esposa do José Gonçalves, era padeira porta-a-porta; envergava uma
canastra à cabeça. No passado, existiu a família Chedas, na casa que apelidou
de Casa do Chedas; depois, viveu lá a família dos Moreiras, que nada tinham a
ver com esta família, tendo a casa sido vendida, mais precisamente à família
Gonçalves, da casa ao lado, Casa de João Ferreira na Igreja Velha. A casa
continua a ser conhecida como a casa do Chedas e pertence agora à Isabel
Gonçalves e marido Rui Sousa, natural de Serafão. Esta casa foi construída à
semelhança da Igreja do Pilar, Restaurante do Horto e Capelas envolventes, que
segundo dizem com pedra do castelo de Lanhoso; a isso acrescenta-se que a casa
do Chedas foi construída com grandes pardieiros e pilares de pedras retiradas
da Igreja naquele lugar, cujo nome é IGREJA VELHA, hoje uma capela com este
nome. A casa da Feliz, junto da Igreja paroquial, no passado foi um convento de
freiras, que foi empregada doméstica no Porto; segundo falavam, tivera sido
amante do Patrão, e teve um filho que fez medicina; o Patrão comprou-lhe aquela
Quinta! A Venda do Felisberto foi antigamente do Joaquim do Inácio; deixou-a a
dois irmãos. Um deles era o Armindo Esteves ou Armindo do Inácio, tio do Berto,
a viver na Póvoa, cuja esposa, Inês, era enfermeira no Hospital António Lopes e
Centro de Saúde da Póvoa de Lanhoso. Esta loja incendiou, o Felisberto foi
acusado do crime e cumpriu prisão. O Felisberto casou com a Lúcia, a sobrinha
do Padre Aquilino, que era funcionária nas Escolas de Sobradelo mais a Celeste
do Rego.
Havia a
venda da Olimpia e do Abel, mesmo ao pé da igreja Matriz; foi ali instalado o
primeiro telefone público da freguesia, por volta de 1953. Aqui há bem pouco
tempo funcionou a Oficina do Ouro. A Olímpia era da Família do Professor
Augusto Pereira da Fonseca (Professor Galhetas, que batia muito com a régua
e uma varinha de bambu ou cana da índia), dona das Escolas Velhas, onde
vivia o Minguinhos; na escola separavam os homens das mulheres, sendo estas por
volta de 60 alunas. Poucos faziam a 4ª Classe, pois os pais queriam os filhos a
trabalhar no campo. Em 1952, houve um decreto do Governo, obrigando as filhas a
estudar. As filhas eram dedicadas ao casamento e não livres. Em Cabanelas,
havia a casa do Baptista e da Florinda; a filha tinha por volta de 13 anos e a
Polícia foi lá e obrigou-os a pôr a filha a estudar, senão iam presos. Na
época, quase todas as mulheres eram analfabetas. Haveria mais famílias a
descrever, mas não é fácil e a seu tempo, quem sabe, haverá mais informações (Ouvia
falar em mais algumas famílias, Passadiço, Sol, Fonseca, Gomes, Vieira.). Por
falar em Cesteiro, não me lembro, mas ouvia falar nos Cesteiros de Várzeas! Mas
o Germano cesteiro tinha uma tasca, mercearia, importante em tempos na
distribuição de correio, em que os CTT e carteiros particulares, como a Virinha
Moleira ou o Manuel Rodrigues Gonçalves, numa freguesia enorme, distribuíam
cartas; a primeira de porta-a-porta nos lugares de baixo, e o segundo a ponte
na ligação entre o Café do Centro, no lugar das Penas, e a tasca e venda do
Firmino no lugar de Vilarinho de Cima e a própria venda do Germano.
Antigamente, era a Loja do Início, hoje encerrada. Na freguesia, tinha vários
pontos estratégicos com vendas de mercearia e tascas, para os homens beberem
uns copos e jogarem à malha e cartas. Havia as vendas e as tascas; Loja da
Celeste na Igreja Velha; o marido, Manuel “Matachim”, foi carpinteiro de
profissão “lembro uma pessoa que o tinham como mauzão, mas era uma excelente
pessoa, o Lemos ou conhecido como “tomba lobos”, talvez por ser forte e bufão,
mas boa pessoa e, numa das saídas da venda, depois de beber uns copitos com os
amigos, teve um acidente de automóvel entre a Igreja Velha e Vilarinho e
faleceu”.
E, por falar
em mauzão, havia ali ao pé da venda, em Carreira, o Hélio, que por sinal também
se chamava Lemos, pessoa pacata, mas que ninguém se metesse com ele; levava
meia dúzia à sua frente. No lugar de Varzielas havia a mercearia da Mercedes,
fechada há muitos anos; era muito baseada em farinhas e produtos típicos e o
bacalhau, ambas encerradas. O marido, Aquilino, era o homem mais alto da
freguesia no passado presente e lembro o Zé do Cochicho, num passado mais
longínquo, que vinha visitar o meu pai, desde Viana do Castelo, a Sobradelo da
Goma e fazia-se transportar numa carroça puxada por um burro “coitado do
burro”; ele foi vizinho dos meus avós, morou na casa do João Fernandes “melro
negro”, mesmo à frente da minha casa, e meus pais diziam que o Zé era tão
forte, que fazia a vez de um burro, pois trazia um carro de bois com uma pipa
cheia de vinho em cima! Chegou a pernoitar algumas vezes na casa do Quelhas,
onde eu nasci.
Em Sobradelo
da Goma, antigamente havia muitos caçadores e pescadores; uns tinham o vício e
outros a necessidade de caçar e pescar para consumo, ou as duas coisas juntas,
para alimentar as numerosas famílias, que trabalhavam em maioria no campo, e
não era para todos. Ficava caro; os pobres estavam condenados a tudo. Os que
tinham mais posses tiravam as ditas licenças de uso e porte de arma, juntando a
despesa da compra de arma e canas de pesca e todo o material usado, para matar
o coelho bravo e ir à pesca da truta. Havia muitas raposas, javalis e alguns
lobos! No tempo dos Tordos, iam aos tordos, procuravam também o pardal bravo e
o pombo bravo. Falava-se no contrabando, mas já não é do meu tempo! Antigamente, antes de mim, a luz era a do
dia; a que iluminava a noite era a do pneu de borracha; em casa a vela ou a
candeia. Na altura dos primeiros telefones, escrevia-se cartas à mão para a
namorada ou familiar e que bem que sabia receber correspondência. Eu já vim no
começo da evolução, tive tele-escola preparatórias. Lavrava-se os campos com o
arado. Faziam-se estrumeiras, para adubar os campos. Roçar mato e limpar moutas
era à enxada, mas surgiram os tractores e as máquinas de cortar, a bateria.
Para malhar o milho, havia a malhadeira. Podar vides ainda se mantém igual com
a tradicional tesoura de poda. No meu tempo já não havia Moleiros a distribuir
farinha; lembro do Vieirinha do Bobeiro que transportava os sacos no burro! Os
Lagares de azeite, Prensas de vinho, Moinhos a água e Alambiques de Bagaço
estão todos em ruínas. Dantes havia pedras, muitas pedras para além dos muros
das bouças e campos; hoje deram lugar a bancos de merendas, principalmente no
percurso pedestre do ribeiro queimado. Antigamente, a freguesia era e ainda é
constituída de socalcos; havia muitas tempestades de chuva e neve. Hoje, com o
degelo glaciar, tudo está a mudar no clima global. Nas épocas festivas vivia-se
intensamente com a família na Páscoa, no Natal e Ano Novo. Dantes, nos Velórios
não se chorava; as pessoas gritavam pelos seus entes queridos. Não havia
casamento que não lançassem confeitos, e era tradicional. Todos os jovens
preparavam-se para a Primeira Comunhão e Comunhão Solene; o Baptismo era a
cargo dos pais e padrinhos, quando ainda não sabíamos para o que íamos.
Comércios
encerrados:
Alguns dos
comércios são mais recentes e outros antigos e quis salientar todos; para
tristeza minha, as escolas novas de Sobradelo da Goma fecharam, espaço com
rés-do-chão e um andar com 4 salas amplas em baixo e em cima, e que na altura
possuíam mesas com o buraco ou orifícios para o tinteiro da caneta de bico, o
qual usei, bem como a lousa, e sou do tempo em que os professores batiam com a
cana pelas orelhas abaixo e com a régua; ninguém deve esquecer a Professora
Emília do Fonseca. Brincar era à bola e à macaca, jogar aos botões, com a malha
e ainda saltar à corda. As casas de banho não tinham sanitas; “cagava-se” na
superfície de louça cerâmica e tinha urinóis a feder. Não fazem lá actividades
nenhumas, pois que a junta tem sede própria; até para as eleições a escola
deixou de servir! No lugar de Várzeas havia a tasca e mercearia da Família
Ferreira, loja do Barreirinha, depois de muito tempo nas mãos de Manuel
Pereira, que também possuiu um Táxi, hoje fechado. Recordo alguns Cafés e
restaurantes, lojas, tascas ou mercearias, como queiram chamar, encerrados;
Loja do Neca Revelhe na Barreria. Loja do Aires no
Outeiro. Café Restaurante de António Carneiro e Óscar Carneiro no Ferrador.
Café dos Godinhos, de José Guimarães. Restaurante As Eiras em Carreira. Cito
novamente as transcritas no texto atrás, a Loja da Celeste na Igreja Velha.
Mercearia da Mercedes em Varzielas. Loja do Barreirinha em Várzeas. Loja do
Inácio, depois loja do Germano. A freguesia teve bastante tempo o Conjunto
típico e tradicional Português, Estrelas da Madrugada, em Várzeas, liderado
pelo António Dias, “Mansinho”. Ali na Vinha, houve a Discoteca Isabelinha que,
em tempos, teve muito sucesso; depois, deu lugar a algumas actividades, uma
delas a Casa do Benfica da Póvoa de Lanhoso, que depois mudou para a Vila e ali
morreu também. Ali nas Penas, lembro do Venâncio Macedo, que teve uma oficina
artesanal de fazer pipos e dornões. Tivemos três praças de Táxis, em Vilarinho
o Senhorinha, nas Penas o Manuel Poças Martins, ex. presidente de Junta, na
Vinha o Alberto Martins. Nas Penas, na construção, o pioneiro foi o Albino
Martins e depois veio o Clemente Abreu, entre outros; uns terminaram a missão e
outros abriram pequenas e médias empresas no ramo imobiliário. Em relação a
cafés, tivemos, no lugar da Vinha, o café do Arménio Fernandes, “Marçal”,
também ourives. No Ferrador, tivemos dois Cafés restaurantes, mesmo na entrada
para a freguesia da Esperança, o Café Restaurante de António Carneiro e filho
Óscar Carneiro, ambos fechados, em que o último foi explorado pelo “riza”.
Fecharam ainda os seguintes comércios; A Drogaria no lugar da Vinha de Joaquim
Antunes, fechou recentemente. As Construções Bernardo e Luís Costinha. A
Pocilga, do Joaquim do Vale e Domingos da Costa nas Lameiras. A carpintaria do
António Mansinho em Várzeas. A Discoteca
Isabelinha na Vinha. Havia os dois irmãos Sapateiros, José e Celestino em
Varzielas e o Carlos Manquinho que, para além de sapateiro, animava as festas
da freguesia com música nos seus Altifalantes de festas e arraiais, e agora
vive em Várzeas. A serralharia do Ferrador está há décadas fechada; era do
António Quelhas do Tanque. Há muito tempo, mas ainda vivo, o atelier do Eduardo
do Papagaio, que fazia escadas de vindima. O Talho e matadouro do Adriano Vieira,
antigamente do Inacinho. Para além de Espaços comerciais e fabris, havia os
serviços prestados, tais como entrega de pão e peixe; caso das Sardinheiras,
Rosa do Pinhel, a Aida de Cabanelas, a Rosa de Vilarinho. Os Padeiros; Rosa
Beija e Silvia Escareie na Vinha, Bino Pesca do Chêlo, Maria Ruas de Várzeas e
a Glória e filha Casimira do Outeiro. Os vendedores de Frutas, Zeca Pesca de
Varzielas, Silvina e Zé Escareie da Vinha. Os peixeiros Artur Costa nas Penas e
António da Costa de Vilarinho. Aviários de António Oliveira (onde era
localizado?). Os Seguros Rui Fernandes e Café Arménio Fernandes, irmãos Marçal
na Vinha. Café Xico Borges na Vinha. Minimercado Abílio Rodrigues nas Penas.
Supermercado de Claudino Carneiro na Vinha, ex. presidente de junta. Luís Antunes,
Costinha, nas Lameiras. Lembro a Laidinha do Casimiro, mulher das vacinas, ela
que fazia este trabalho por caridade aos Sobradelenses, que lhes pediam. Muita
gente, aqui falada, será insubstituível!
Mudou-se
Tínhamos a
serralharia do Abel Poças, também artesão de peças em talha, que saiu da
freguesia para outro local, Vilela, no concelho de Lanhoso.
Comércios ainda abertos
Há abertas, ainda, algumas variadíssimas empresas, umas antigas e outras
novas; Em Vilarinho de Baixo há ainda a venda da Maria da Mouta, tasca
tipicamente portuguesa, da dita família dos Gonçalves Veloso, numerosa e com
uma história rica, de emigrantes no Brasil. Ainda abertos, há no Lugar de
Várzeas, o mais moderno de todos, o Café Milénio de António Fernandes “Chasco”.
O Café Central do Luís do Rego nas Penas. O Café Mercearia Firmino em
Vilarinho. O Bar Pontão. Temos ainda um talho do Abílio Rodrigues aberto no
lugar das Penas. A Oficina do Ouro, que produz filigrana para o mundo inteiro.
Na ourivesaria sobradelense tudo começou pelo “Mandinho” nos trabalhos de
bijutarias e prata, elaborados à mão. A
arte espalhou-se à família, apostando cada um em empresas familiares separadas
com os filhos, na prata e no ouro; Abel Armando e Silva, Lda. Manuel Armando
Rodrigues. Aurélio & Monteiro, Lda; Oficina do Ouro. Depois temos a
Ourivesaria Sacramento de João Arménio Fernandes, que agora comercializa. Na
Serralharia o “ferreiro” José do Vale, no lugar de Vilarinho de Cima. O José
“faroco” Novais, em Varzielas, era um grande artista na arte da ferragem,
principalmente na construção de ramadas para as vides. O irmão tinha uma
oficina de carpintaria no lugar de Vilarinho de cima, junto ao Frade, que lhe
era familiar. No Ferrador a arte das ferraduras para os cavalos, que outrora
deu lugar ao nome do Lugar existente! A Drogaria das Penas de Manuel Machado e
Manuel Vale. No Ferrador temos um chapeiro e pintor de automóveis. Em Vilarinho de Cima temos o Ferreiro José
Vale da Silva. Na Vinha temos a Mecânica da Goma de Silvério Fernandes. Há os
Construtores, Marco de Vilarinho, Gualter Canelas de Várzeas. Os Madeireiros,
José Joaquim e Márcio de Várzeas. Os Madeireiros e construtor de Muros, Rui
Sousa da Igreja Velha. O Luís Capela tem Tractor para trabalhos agrícolas em
Vilarinho. As Terraplanagens de João Freitas Oliveira nas Lameiras. A
Terraplanagem de Manuel Lima de Vilarinho de Cima. Os Aviários da Groba nas
Duquesas e Vinha. Os aviários de Manuel e Ortense Pires, a Ourivesaria de César
Vale nas Lameiras. O Ourives Zé Martins nas Lameiras. A ourivesaria do Filipe
na Vinha. Há ainda o António da Pinha, que agora trabalha para o Manuel Armando
Fernandes. Já a Fábrica de Confecção de Várzeas de Eduardo Oliveira e Elisa da
Fonte Carvalho, neste momento funcionam como armazém. A igreja conta com o
Padre Albino Carneiro, natural do Mosteiro, Vieira do Minho. A igreja tem um
Coro, onde a Igreja possui um Harmónio. A freguesia tem um grupo de Escoteiros.
A Sede da Junta de freguesia substituiu as escolas para o voto nas eleições e
no atendimento aos seus conterrâneos.
Escritores:
Veio para a paróquia da Goma e permaneceu mais de 50 anos o Padre
Aquilino Pereira. Nascidos na Goma; Abel Ribeiro Poças. João Carlos Veloso
Gonçalves. Altino do Tojal. Médico, José Gonçalves Veloso. Dr. António Joaquim
Gonçalves Veloso.
Recursos hídricos
Considera-se que esta
freguesia tem excelentes recursos naturais, e poderia ser das mais
desenvolvidas do Concelho, e não o é, por não serem aproveitados, nomeadamente
pelas autarquias, que a desvalorizam. Tem uma excelente localização e conta com
a barragem das Andorinhas, encostada à barragem de Guilhofrei, onde entre ambas
corre o rio Ave e fica a Ponte da Esperança, ou de Mem Gutierres, como é
conhecida; destaca-se com estruturas medievais e atravessa o Rio Ave, que
divide as freguesias de Sobradelo e da Esperança. O rio Ave, em tempos, moveu
muitos moinhos. Este rio nasce na Cabreira; tem um afluente que vem de
Carreira, atravessa o lugar de Várzeas, passa no Lugar de Souto Velho e chega à
praia fluvial do Pontão, ali junto do Lugar do Ferrador e das Duquesas. Ficam,
pelo meio, os montes que ficam abaixo da Igreja paroquial da Goma e é mesmo ali
que se encontra um moinho movido a água abandonado e outro mais acima no Souto
Velho. Sobradelo está encostada ao sopé do Merouço e faz fronteira com Fafe,
Vieira do Minho e Guimarães. Na envolvência tem Guilhofrei, Vieira do Minho.
São Miguel do Monte, Fafe, Castelões, Guimarães. Na sua margem direita do rio
Ave e da barragem das Andorinhas ficam as freguesias de Travassos, Brunhais e
Esperança do mesmo concelho da Póvoa de Lanhoso. Tem muitos recursos
desaproveitados, como por exemplo o hídrico. Tem ainda um canal a alimentar as
turbinas da central eléctrica de Porto d’Ave. Antigamente, também era uma zona
de caça e pesca. A praia fluvial do Pontão é uma atracção na época do Verão no
desporto, na pesca e para bronzear.
Desertificação
Hoje em dia, é uma freguesia pouco habitada, pois os jovens vêem-se
obrigados a emigrar, devido à falta de oferta de trabalho. Mesmo os que emigraram
há muitos anos, hoje não voltam, pois não querem deixar filhos e netos sozinhos
no estrangeiro, e a zona não oferece condições para receber os emigrantes de
volta. Os cafés e mercearias também fecharam, devido ao número reduzido de
habitantes, bem como o lar de idosos, escolas e várias actividades desportivas!
Está na altura de mudarmos de políticas e de sistema político, ter a ambição de
puxar mais e mais para a nossa terra, de fazer ver aos ex-emigrantes para
apostar na qualidade de vida em Sobradelo da Goma, pois que ficamos a cerca de
8 quilómetros da Vila e para quem tem carro, sair de vez em quando de Sobradelo
à sede de concelho, é sair para distrair um pouco e não ficarem bloqueados
apenas neste lugar. Sobradelo da Goma terá vida, se nos movimentarmos e
fizermos os outros movimentar, trazer riqueza para a terra dos Gomos, investir
numa das freguesias mais bonitas do Município de Lanhoso.
Ourivesaria
Em tempos, Sobradelo empregou dezenas de ourives, e embora ainda haja
alguns, a tradição está a perder-se. Nos últimos anos, a Filigrana tem sido
muito valorizada e tem participado em vários concursos a nível nacional e
internacional, ligados à cultura. Hoje em dia, o Coração de Viana é muito
procurado, tanto a nível nacional como internacional, por ser uma referência à
cultura portuguesa. Sobradelo da Goma e Travassos são os maiores produtores, e
Viana do Castelo e Gondomar comercializam o produto povoense. Contudo, não
posso deixar de dizer o seguinte, com toda a crise instalada de há uns anos
para cá, desde que os ourives deixaram a obra de arte da ourivesaria e partiram
para a emigração, a Póvoa de Lanhoso deixou de ter ouro suficiente, ouro esse
que origina a que os executivos Camarários apelidem Lanhoso de “terra do ouro”,
quando há cada vez menos ouro e produção de ouro artístico no concelho de
Lanhoso. Cada vez há menos famílias a reproduzir a famosa filigrana, os
crucifixos, etc.
Fica a história possível
Sobradelo da Goma foi, desde sempre, uma freguesia repleta de grandes
iniciativas e eventos, muito rica a nível de cultura, de espaço e de recursos
naturais, mas infelizmente tem sido esquecida e cada vez se verifica mais o
êxodo dos habitantes para outras terras, que oferecem melhores condições. A
população, que ainda lá habita, está envelhecida, há poucos jovens capazes de
desenvolverem a zona e apostarem no seu novo crescimento. Os habitantes afirmam
também que a freguesia parou no tempo e é triste a forma como se tem verificado
esta decadência e desertificação da aldeia. Na perspectiva dos ex-emigrantes
regressarem à Casa da família, trazendo alguns filhos e netos que no futuro
constituam cá família, com a ajuda das riquezas que muitos trazem, mesmo que uma
minoria invista, poder-se-á voltar quase ao passado, mas não me parece que os
mais novos queiram fabricar as terras, havendo agora maquinismos e pouca obra
braçal, pois as terras são a principal riqueza da região; temos uma terra
abundante, cheia de recursos de água e semear para colher, tanto para consumo
próprio, assim como para vender para fora. Pode contribuir para que, tudo que
fechou, possa abrir num futuro muito próximo e termos mais qualidade de vida,
desenvolvendo métodos antigos biológicos da produção, para uma melhor
alimentação que se perdeu, com tantos produtos químicos, e alongarmos a nossa
qualidade de vida!
Havia muitas lendas e ditados populares; aqui neste
contexto fomos buscar coisas sérias da história duma terra pacata e das suas
gentes, que se estudou e em maioria está presente na memória de quem conta e
que ouviu de quem contou e que já não estão no rol dos vivos, que foram os
antepassados; quem sabe um familiar seu, que tenha contactado muita gente;
alguns se fossem vivos, poderiam ter cerca de 130 anos.
Bülach, Schweiz, 10 Abril 2021
Revista Repórter X;
Texto; Quelhas
Participação; António
Joaquim Gonçalves Veloso. Abílio Rodrigues.
Uma citação do Dr. António Joaquim Veloso:
“É nas pequenas aldeias de "Sobradelo da Goma" onde nascem
grandes HOMENS”
Ele cita também o Quelhas, que veio a escrever a Análise e Crítica, num
importantíssimo livro (memórias da infância), que ofereceu ao Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa visita a Portugal, no XXXII -
Comemoração do Elos Internacional Lusíada - Lisboa 2019 “Um avanço tecnológico
fantástico”, em que foi eleito para o Conselho deliberativo.
Resumo do Sumário:
Memórias da infância do Cientista Veloso
Tenho o privilégio de escrever a Análise & Crítica; Memórias da
Infância do Professor, Cientista, Doutor, Escritor, António Joaquim Veloso “da
Mouta” e como diz o nome, em crítica social construtiva, dos tempos em que o
tempo agora dita!
SOBRADELO DA GOMA
Na minha época, já não era como era antigamente e agora nem para lá
caminhamos, a não ser que a crise e a fome e o tempo da PIDE e Ditadura de
Salazar volte de novo!
Eu, já na meia-idade, não vivi nem de perto e nem de longe as vivências
do Doutor Veloso “meu parente”.
Não gramei de todo o trabalho braçal, tal como refere o autodidacta
António Veloso, nem andei descalço e a escola já tinha WC (dantes eram escolas
velhas, tempo do “Professor Mangas”, porque depois vieram as novas!)
Vi muitas raposas e coelhos bravos, o que é estranho naquele tempo não
haver; talvez houvesse mais caça grossa, uma vez que havia muita pobreza!
Os partos ainda eram feitos em casa; tal como naquele tempo, as
parteiras eram mulheres com jeito para a coisa.
Na minha época, não se ia para o Seminário e sim para a Universidade;
para o Seminário iam os Padres.
Lembro do Santiago e das festas anuais da Igreja Velha que, para mim,
esta foi sempre Capela; “dizem que as pedras da casa do “Chedas” eram da Igreja
e a Câmara Municipal quer apoderar-se dela por esse motivo histórico”; (a
Igreja é velha porque depois veio a nova). Entre as festas da Senhora do Pilar,
em Vilarinho, as festas de St. António, em Várzeas, e a festa do Senhor e da
Senhora da Goma “padroeira da freguesia” nas Penas.
A luz era a do dia; a que iluminava a noite era a do pneu de borracha e
da candeia.
O Ribeiro Queimado, esse nunca ardeu, hoje faz-se por lá caminhadas
pedestres e de guia turístico, onde a água corre límpida, entre colinas e
calçadas.
Lagares e Prensas de vinho conheci, assim como Moinhos de água, mas à
semelhança do Veloso, não conheci os Alambiques e nem Lagares de azeite, porque
o homem destruiu (tal como a Capela da Igreja velha ou o Castelo de Lanhoso).
A Quarta-Classe era feita na freguesia, quando mais tarde e já no meu
tempo, houve Tele-Escolas preparatórias, enquanto freguesias grandes e povoadas
nunca tiveram.
Já os bancos de merendas começaram a existir há pouco; fazem parte da
rota turística de Carreira e do Ribeiro Queimado.
Sobradelo da Goma; cap. – XIII
Tributo ao Dr. Veloso
Moleiros a distribuir farinha, conheci, mas fora da freguesia de
Sobradelo da Goma, pois por cá estão em extinção, há muito tempo.
Os deslizamentos dos Socalcos eram frequentes pelo tempo muito chuvoso;
hoje mudou totalmente, por causa dos distúrbios climáticos, poluição do ar, que
é o principal factor de todas as alterações do clima Terrestre.
Travassos terra do Ouro e Sobradelo também, porque o Marketing do
Pelouro da cultura é quem o dita.
Os pinheiros eram mais raros, embora nesse tempo fossem raros, porque
agora são raros à semelhança da raposa!
Lavrar campos era com o arado de marca “vaca”; hoje nem com tractor!
Dantes, nos Velórios, não se chorava; gritavam, até parecia que queriam
ir juntos com o caixão.
Roçar mato era à enxada e roçava-se as moutas e hoje até os campos têm
silvas e ainda se queixam da crise!
Se dantes a Páscoa era sinónimo de respeito, ao acolhermos o Padre em
casa, hoje qualquer pecador pega na Cruz de Cristo.
Telefone e Luz eléctrica chegou a tempo do meu namoro, tempo de escrever
cartas, na transição para a internet.
Os insectos e principalmente as Vespas eram bravas e as Vaca-Louras eram
mais fortes dos “cornos” que os nossos dedos e se fosse hoje atiravam-nos de
cangalhas!
Malhar milho para além do malho, havia a malhadeira e ainda hoje se
malha sem malhar; ai se malha.
A poda era só feita por entendidos; hoje chamamos-lhe de artistas, mas
como há poucos artistas, estamos a ficar sem vinhas no concelho da Póvoa de
Lanhoso.
Fruta tínhamos de toda a qualidade nos campos; hoje temos troncos de pé.
Os casamentos eram feitos de confeitos; íamos aos casamentos para
lamber.
O meio ambiente era de “merda”, como dizia o Doutor Veloso; faziam-se
estrumeiras, para adubar os campos, que ficavam ali a feder.
Nos Natais, as famílias uniam-se; hoje separam-se, em vez de falarem
entre elas; estão a falar no Facebook!
Dantes acreditávamos em ditados populares e lendas e hoje nem nos
milagres, que dizem ter acontecido no passado.
Baptismo, contínua igual com o desconsolo da água-benta fria pelas
“ventas” abaixo.
O contrabando já não é do meu tempo; agora são drogas.
O Avô do Doutor António Joaquim Veloso e meu Avô Joaquim Gonçalves,
Sargento Quelhas, andaram em Flandres, nas Trincheiras, na Primeira Guerra
Mundial de 1914/ 18, na Batalha de La Lys em França; foram dos poucos
sobreviventes. Nessa época, em Portugal, havia a Ditadura de Salazar, ou seja,
a PIDE ou a polícia Fascista.
Observação:
É nas pequenas Aldeias, onde nascem grandes homens! Mesmo de estatura
baixa, são grandes homens! Homens com H GRANDE e contam-se seis autodidactas na
história duma terra pacata na região do Minho, espalhados pelo Mundo!
“Freguesia de Sobradelo da Goma, Concelho da Póvoa de Lanhoso (terra da Maria
da Fonte) no Distrito de Braga”. Quelhas, Altino do Tojal, António Veloso, José
Veloso, Padre Aquilino Pereira (que viveu mais de 50 anos na paróquia) e Abel
Poças, não fogem à excepção.
Nota Breve:
Estarei certo de que o passado foi passado e o presente é presente e o
futuro o dirá; cada tempo no seu tempo e cada minuto que passa vai ficando para
a história!
João Carlos Veloso Gonçalves
Zürich, 09 de Maio de 2015
FIM
autor: Quelhas
Publicado em capitulos na Revista Repórter X desde
Janeiro a Julho 2022
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