Dr. João Pedro é professor na Universidade de Coimbra e presidente da associação PAJE.
Deslocou-se à Suíça, para participar na iniciativa
solidária para angariação de fundos para a associação, contando com a ajuda da
igreja de São Félix e Regula, bem como da Casa do Benfica. Durante esta visita,
foi entrevistado por Susana Teixeira. A comunidade portuguesa, na Suíça, tem
mostrado que está com a PAJE, já desde há vários anos, o que permite que possam
ajudar ainda mais jovens. As ajudas são prestadas nas mais diversas áreas,
nomeadamente procura de emprego, ajudas a nível psicológico, pois muitas vezes
são vítimas precoces de vários tipos de violência, combate à solidão,
alojamento, situações burocráticas, entre outras. As comunidades portuguesas,
pelos vários países, têm sido bastante sensíveis às iniciativas desta
associação, pois compreendem que os jovens que crescem nas instituições, quando
atingem a idade adulta, saem sem um ponto de retaguarda, e identificam-se,
pois, como emigrantes, também precisaram de ajuda na sua integração.
Desenvolver competências de autonomia básicas, como por exemplo capacidade para
orientar uma casa, cozinhar, tratar das lides domésticas, ir às compras, gerir
um ordenado, coisas banais para a maioria dos cidadãos, é um dos pontos
abordados; no entanto, são desenvolvidas capacidades a nível interior, como por
exemplo, aprender a tomar pequenas decisões, para que um dia possam fazê-lo com
grandes decisões.
A pandemia causou a muitos jovens uma instabilidade
muito grande, pois a falta de apoio a nível familiar e a solidão vigoraram, e
muitos jovens, já ajudados antes, voltaram a procurar apoio junto da PAJE, para
que se pudessem sentir mais seguros e amparados.
A PAJE está a trabalhar activamente para que sejam
alterados alguns aspectos na legislação, e da mesma forma que, por exemplo,
vítimas de violência doméstica e ex-presidiários são apoiados na sua
reintegração, sejam estes jovens também apoiados. O acesso a habitações,
estágios profissionais, integração no mercado de trabalho, acesso bonificado às
questões de saúde mental, são algumas das questões em que o Estado poderia
contribuir de forma activa. O trabalho, no âmbito da saúde mental, é
fundamental, pois os jovens que vivem em instituições, são privados da vida
familiar, muitos deles de instituição em instituição, sem qualquer estabilidade
emocional; levam consigo uma bagagem intelectual marcada negativamente para a
vida.
Entrevista; Susana
Teixeira
Transcrição; Patrícia Antunes
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