Conceição Bernardino
Este país não é para deficientes
Ao longo da história da humanidade os
cidadãos com deficiência foram os mais descriminados e marginalizados, é nesta
vertente que me debato perante um país que continua a ignorar o que simboliza
de coitadinhos.
Comecemos pelas instituições públicas: é tão
lindo quando me deparo com emblemas e plaquinhas que dão prioridade aos
deficientes mas no entanto na fila de espera continuam cidadãos de muletas,
invisuais e as cadeiras de rodas que qualquer dia também começam a pagar
imposto de circulação. Alguns destes portadores de deficiência ainda reconhece
os direitos que lhe assiste mas outros preferem ocultar e silenciar pela
rebeldia estereotipada dos olhares da maledicência.
Circular nas vias públicas é uma
utopia, uma autêntica aventura para os mais ousados, são confrontados com uma
série de desportos radicais; buraco sim buraco não, (bem são só mais uns
buraquitos próximos do buraco orçamental ou do ozono quase nem se aludem), mas
o civismo continua guardado dentro da mentalidade reles do coitadinho que ocupa
a via para peões com os seu carro bem polido fica impune, ora atrás de um
sempre fica melhor outro e mais outros… então se for dia de romaria ou de
futebol venham de lá mais cinco que as autarquias agradecem e todos beneficiam,
menos os obtusos dos deficientes que não entenderam que eram personas não
gratas.
Agora passemos às grandes superfícies
comerciais; Braille não é baile, é mesmo Braille (sistema de leitura através do
tacto para cidadãos invisuais), mas quem manda estes seres para um hipermercado
sozinhos, só pode ser maluco ou alguém que está a ser filmado para os apanhados
ou então uma nova série do “Mister Bean”. Já repararam no amontoado de latas
que espalham nas promoções (leve 5 e pague 6) ou na camada de prateleiras
carregadas de pacotes de açúcar quando o preço pertence à massa de cotovelos
que está ao lado, o melhor é porem os invisuais a jogarem bowling sempre é mais
seguro, o risco de sofrerem um acidente é menor e não têm despesas por danos
pessoais. Pergunte ao gerente ou nalguma instituição pública se sabe linguagem
gestual, quer que responda?
Dessa língua não temos mas aproveite
que a língua de boi está em promoção. Neste país existe cerca de um milhão de
deficientes…
Viva a declaração universal dos direitos do
homem!
Conceição Bernardino
https://www.facebook.com/#!/conceicao.bernardino
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