Pesquisar neste blogue

Übersetzung in Ihre Sprache

Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 19 de julho de 2022

Poema: Não sei de mim... (poetiza de Arosa)

NÃO SEI DE MIM!

 

Um mar, âncora azul, céu cinzento,

asas do infinito, trajeto de solidão.

O mundo em que me fito, e não me vejo,

não sei quem sou, onde estou!

Perdi-me na escuridão do meu ser,

onde as estrelas são luzeiros

nos meus caminhos.

 

O sol enfeita o regaço enjeitado

de amoras e papoilas negras,

de sangue escarlate,

ausências de quem não ama,

não existe em tuas mãos.

 

Mãos calejadas de mendigar,

o sol, a lua, o infinito,

num universo perverso,

onde as flores choram

nos beirais de pássaros cristalinos,

por nascer…

 

Onde existo eu, ou tu,

a saudade adormecida,

no peito destroçado de magnólias

por descobrir.

 

Serpentes devoradoras,

que encantam e destroem,

em suspiros traiçoeiros,

à beira rio plantados,

em braços de amieiros,

ao alto, bem elevados!

 

Serei eu? És tu?

A ilusão! É de ninguém.

O transcendente no ar!

O nada que sou!

 

No verde amargurado,

suspiros a florir,

em concordância de vozes

e sons místicos, dispostos

como cordas da citara, e da guitarra.

 

Envolto no regaço de amoras silvestres,

aladas, resplandecentes,

entrelaçam cachoeiras, onde deitas a pureza,

e adormece a inocência de menina.

 

Os dias, em reflexos,

esvoaçam os sorrisos,

de gaivotas no mar alto,

de asas libertas como folhas de cetim,

ou pergaminho.

Ritmo obtuso, insidias e seduções…

 

Majestosos cabelos estendem

sobre as águas em ribeiros e alto mar,

e cortejam simetricamente,

a túnica imperial, cor de púrpura e linho,

dispondo-se em amplas volutas,

sobre os joelhos, tecida

a fios de ouro fino.

 

Um caudal de rendas,

em arco iris de esmeraldas,

e verde mar, em céu azul,

de harmonia, triunfal.

 

Extasiado e dócil, o olhar

de plumas hirtas e bico doirado

em longas garras, possante,

a avestruz de asas candescentes,

num ímpeto feroz de atrocidade,

e caudas enroladas, como a lã,

e o novelo que cresce,

contamina a verdade.

 

Flagelo em mar cristalino,

crispado nas águas dançantes.

Nas pupilas de teus olhos,

floresce o concerto de abandono,

em graciosas melodias,

em tardes calmas, noites frias.

Mortandade, sol, lua, universo, infinito!

 

Transcendente é a vida que não nos pertence,

não me pertence, não é minha nem é tua!

A vida é de ninguém!

Cristais do olhar, flores de abril,

março a passar, floridos os quintais,

rochas, tojos, espinhos a desbravar.

Contaminam a paisagem,

do teu ser de amargura, prefigurada.

 

A lua brilha no parapeito

da janela axadrezada e…

a mensagem vai veloz na noite escura.

Braços de sereia torturada anseiam

o húmus da terra ressequida

em teus lábios de andorinha,

e gaivotas flamejantes em céu aberto.

 

Jardins adornados de gravilha,

e o cítiso, o serpil, o lírio, ligustro,

o narciso, colocásia, malóbatro e a mirra.

Os catos ensaiam em bálsamos

um concerto de rosáceas floridas,

e, a beleza do perfume a incenso,

desregramento, construído.

 

Sentidos que esboçam enxofre

nessa terra de ninguém,

e, clandestinamente,

jactanciosos os pardais,

crescem e vivificam sons melodiosos

dos aromas de cristais…. 

 

A utopia cheira a maresia,

a brisa, a vontade que rasga

o horizonte infindo do querer,

ser Mulher a construir,

a preencher o livro em branco

dos seus dias, calejados

de vertigens tortuosas.

 

E, nuances na ladeira, esperam,

em noites de cortesia,    

por teu sorriso, escancarado,

onde brilha o coração

quando deitas, num céu brilhante

de estrelas, num azul apaixonado

 

inédito,

M. Amélia F. Fernandes

“Poetisa de Arosa”

 

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

ESCRITORES; OLIVEIRA MARTINS

Alexandre Herculano é considerado o maior historiador de Portugal. Hoje, vou falar de outro grande historiador português, Oliveira Martins que também foi um notável político e um vulto destacado da Geração de 70.

 


Joaquim Pedro de Oliveira Martins, nasceu em Lisboa em 30 de Abril de1845, falecendo na mesma cidade, em 24 de Agosto de 1894, vítima da tuberculose. Tinha 49 anos. Órfão de pai desde 1857, não pôde concluir o curso liceal e, consequentemente, frequentar a Escoa Politécnica, pois tinha a intenção de ser engenheiro.

 

Para ajudar no sustento da família, aos 13 anos, emprega-se numa empresa, que viria a falir dois anos depois. Em 1870 foi trabalhar para uma mina em Andaluzia de que viria a ser nomeado Administrador. Quatro anos depois, regressa a Portugal, para trabalhar na construção da via-férrea do Porto à Póvoa de Varzim e a Vila Nova de Famalicão, tendo ocupado o cargo de Director.

 

Em 1880 foi eleito Presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto e 4 anos depois Director do Museu Industrial e Comercial do Porto. Mais tarde, desempenhou as Funções de Administrador da Régie de Tabacos, da Companhia de Moçambique e fez parte da Comissão Executiva da Exposição Industrial Portuguesa.

 

Casa em 1865 com Victória de Mascarenhas Barbosa, de quem não teve descendência. Foi deputado em 1883, eleito por Viana do Castelo, e em 1889 pelo círculo do Porto. Em 1892 foi convidado para a pasta da Fazenda, cargo que ocupou apenas por cerca de 4 meses, por dissidência com o Presidente do Conselho de Ministros. Em 1893 foi nomeado Vice-Presidente da Junta de Crédito Público.

 

Oliveira Martins colaborou nos principais jornais literários e científicos, nos políticos socialistas e em muitas revistas.

 

A sua grandiosa obra começa em 1867 com o romance Febo Moniz. Escreveu na área das ciências sociais, mas são de destaque, sobretudo, as obras literárias, nomeadamente as suas obras-primas “Os Filhos de D. João I” e “História de Portugal”.

Das obras deste autor, destaco as seguintes; Febo Moniz-1867; Os Lusíadas-1872; As Teorias do Socialismo-1872; História da Civilização Ibíca-1879; História de Portugal- 1879; O Brasil e as Colónias Portuguesas-1880: Tábuas de Cronologia-1834; História da República Romana-1885; A Vida de Nun´Álvares Pereira-1889; Perfis-1930.

Foi companheiro de Antero de Quental, no grupo Cenáculo.

 

O professor Feliciano Ramos, na sua “História da Literatura Portuguesa”, dedica seis páginas a este historiador. Das quais respiguei o seguinte; “…Fixa residência no Porto, nas Águas Férreas. A sua casa foi o retiro aprazível, onde durante anos, trabalhou com sossego e grande aproveitamento para as letras. Escreveu em Águas Férreas alguns dos melhores livros, entre os quais figuram: História da República Romana, Portugal Contemporâneo e História da Civilização Ibérica. Por esta época convive com Antero, Luís de Magalhães e Alberto Sampaio, que são do número dos seus grandes amigos.” “Quando do Ultimatun inglês de 1890, consagrou-se, com fervor patriótico da defesa de Portugal e do nosso Império Ultramarino; nasceu assim o livro Portugal em África (1891), onde pulsa o coração patriota e se patenteia a inteligência do historiador, assim como o saber do economista. No mesmo ano de 1891 publicava Os Filhos de D. João I”.

 

“…A Academia Real da Ciência premiou, em 1880, com a mealha de ouro, a sua memória intitulada Circulação Fiduciária “… O convívio com os operários concorreu também para que prestasse a maior atenção ao problema social, e se inclinasse para o socialismo” “… No Portugal Contemporâneo… A matéria histórica do livro é surpreendida pela própria observação do historiador no seu meio, e daí o acentuado rigor e verdade que alcançou” “… A sensibilidade do historiador e a dignidade do patriota tomam carácter na obra Os Filhos e D, João I, cuja primeira edição data de 1891.” “… Na Vida de Nun´Álvares Pereira, surge-nos um biografista certamente bem documentado. É porventura a melhor obra do historiador” “… Oliveira Martins fundamentado nas suas leituras históricas, servido por uma riquíssima imaginação dotado ainda de uma fina sensibilidade, soube traçar quadros históricos cheios de agitação e vida.”

 

 Na enciclopédia “VISUM” podemos ler; Joaquim Pedro de Oliveira Martins – Historiador, sociólogo e economista português (1845/1894) …” “Como biógrafo deve-se-lhe a admirável trilogia que deixou incompleta, constituída por Os Filhos de D. João I, Vida de Nun´Álvares Pereira, e o Príncipe Perfeito, em que se revela um belo estilista, compondo, em certas descrições de homens e momentos, verdadeiros poemas e prosa.

 

Na mocidade, abordou o teatro como dramaturgo, escrevendo várias peças de intenção social (Febo Moniz, O Abade, Tragédia do Jogral, Afonso VI, o Mundo Novo). Pertenceu ao célebre grupo Os Vencidos da Vida, que incluía os maiores valores intelectuais da época. Morreu, quando muito havia a esperar do seu talento.”

 

Orlando Fernandes

Jornalista

 

 

No próximo capítulo:

- Eusébio, o Pantera negra

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Alemanha; 10 de Junho Dia de Portugal

Festejamos o Dia de Portugal,

de Camões e das Comunidades Portuguesas

 

 


A 10 Junho, celebramos o nosso País, com a sua história e os seus feitos, a nossa língua e a nossa cultura. A10 de Junho, saudamos as portuguesas e os portugueses espalhados pelo Mundo.

 

É o terceiro ano, que o Nosso Embaixador em Berlim regressa ao nosso contacto, para nos dar algumas reflexões sobre a nossa vida, enquanto comunidade, e a nossa acção neste vasto país que é a Alemanha.

 

Atravessamos um ano cheio de momentos com alegria e outros menos bons. A pandemia perdeu força, mas deixou cicatrizes; importa sinalizar pela positiva os eventos, os negócios, o diálogo.

 

Não devemos esquecer o resto, todas as provas do civismo e da solidariedade que as nossas comunidades deram ao longo destes penosos dois anos de pandemia.

 

Continuamos a contar com o apoio de todas as autoridades alemãs. A Embaixada e os Consulados Gerais estão indo ao encontro das necessidades das Associações portuguesas, que por culpa da pandemia não têm recursos para continuar anos de luta dos portugueses, que as fundaram e que estão a ver essas mesmas a fechar, por falta de verbas.

 

Tem-nos sobrado motivos para nos orgulharmos do nosso País e do prestígio que as nossas Associações ganharam na Alemanha.

 

O caminho é para a frente e deveras alentados; temos que tentar que essas Associações possam sobreviver com ajudas do Estado português; para isso vão ter que ter um trabalho pela frente, para obterem essas mesmas regalias, que sabemos não serão para todos, mas ao menos as que tiverem esse privilégio que o aproveitem, e uma coisa é certa, de um modo muito expressivo, aquilo que somos é o lugar que, enquanto portugueses, ocupamos na República Federal Alemã.

 

 

 

Maria Kosemund

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

O “Emplastro” tem nome e é um ser humano!

Nesta edição de julho da Revista Repórter X, eu gostaria de apresentar um artigo, que diz muito do preconceito e rotulação que nós Portugueses fazemos, ao longo das nossas vidas com certas “personagens”, com quem nos vamos cruzando.

 


Em Colaboração com o POSTAL DO DIA -

Artigo; O “Emplastro” tem nome e é um ser humano!

 

Vimo-lo há uns dias a festejar mais um título do FC. Porto, mas também o poderíamos ter visto na Procissão das Velas, em Fátima ou na Queima das Fitas.

Poucos portugueses não conhecerão o “Emplastro”. Mas poucos serão aqueles que conhecem o Fernando Jorge.

Sobre o que aparece atrás das câmaras, nos mais variados acontecimentos desportivos e culturais, ninguém tem dúvidas de quem se trata.

Rimos, abanamos a cabeça, questionamos um pormenor ou outro, antecipamos onde estará a seguir.

O “Emplastro” não tem mistérios.

 

Mas do Fernando Jorge muito pouco, ou nada sabemos.

Nasceu no dia 25 de Abril. E logo se viu que talvez não viesse a ser como as outras crianças.

No dia em que completou três anos, aconteceu o mesmo num outro 25 de Abril. Também logo se viu que aquele dia não seria igual aos outros dias.

Nasceu numa família demasiadamente pobre da Praia da Madalena, no Porto.

Ficou muito cedo órfão, mas uma avó conseguiu durante alguns anos ser o seu bocadinho de rede, o seu bocadinho de chão. Foi trabalhar, com pouco mais de dez anos, para uma fábrica, onde era valorizada a sua força de braços pouco ou nada normal para uma criança. Os seus bracitos levantavam máquinas, como se tivesse o poder de um homem.

E o Fernando, a quem chamavam “Pintas” por causa de um sinal de nascença, era mais do que criança – ele era uma criança eterna. Ingénuo. Generoso. Amigo.

O Fernando entregava o dinheiro à avó – o dinheiro da fábrica e das esmolas que pedia todos os fins de tarde, na Igreja dos Congregados, na Praça de Almeida Garrett, no centro do Porto.

 

Estou a escrever este postal para si, que julga conhecer o “Emplastro”.

Quero dizer-lhe que o Fernando nunca aprendeu a ler ou a escrever, mas na CERCI dizia-se que sabia cortar, colar e pintar.

E sabia também sorrir e entregar-se aos outros, sem perceber o modo como os outros o olhavam. Nuns casos abraçavam-no sem nada em troca, abraços genuínos de gente boa. Noutros, abraçavam-no para gozar o prato.

Chegaram a levá-lo para viagens de finalistas em Espanha, chegaram a enchê-lo de moedas para que dançasse, para que pousasse para selfies alarves, para que fosse o monstro num circo de aberrações do princípio do século XX.

O Fernando deixa-se ir. Gosta de ser gostado.

Para ele, todos o adoram, gostam de si como ele gostou daquele passarinho que um dia tentou apanhar num poste de alta tensão na estação das Devesas, em Gaia. Muitos dias no hospital, uma queimadura importante na zona lombar e uma pergunta logo que saiu dos cuidados intensivos.

“E o passarinho?”

 

Tem página na Wikipédia.

Costuma dormir nas redondezas do aeroporto Sá Carneiro.

Uma noite, depois de ter perdido a boleia da claque do FC. Porto, que o levaria de regresso ao lugar onde dorme, o Fernando bateu à porta do Posto da GNR de Barcelos, para ali poder dormir.

Foi um fartote, mas ao “Emplastro” não era possível dizer que não. Arranjaram-lhe cobertores, para que a cela, por uma vez, fosse usada por uma criança (ainda por cima) eterna.

 

O Fernando acredita em Deus.

Sempre que pode, vai a Fátima ou entra nas igrejas, onde o ajudam com moedas e conselhos.

Numa missa da RTP, apareceu a ultrapassar toda a gente, para tomar a hóstia em primeiro lugar; lembro-me de ter pensado que se Deus existir, talvez aquela imagem seja simbólica.

Afinal, o Fernando, nascido num dia 25 de Abril, o Fernando Jorge que guarda num saco de plástico papelada que não mostra a ninguém…, talvez seja até mais do que um ser humano.

Talvez seja uma criança eterna, que existe para mostrar ao mundo o quanto olhamos sem ver, o quanto conhecemos sem saber, o quanto somos insensíveis ao que está para lá da superfície.

 

E assim vos deixo com esta reflexão, que não é apenas sobre o Fernando Jorge, mas muito sobre cada um de nós – Susana Teixeira.

 

Por; LO, adaptação Susana Teixeira

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

“Chegada a França”

Aqueles que me ajudaram

 


“Chegada a França”

 

Nos dias 8, 9, 11 e 19 de Maio

Fui trabalhar até dizer chega

As minhas pernas tão doridas

Por ser doente da limpeza

 

Uma coisa me marcou

Que eu tenho de contar

Com quem menos eu contava

Estava lá para me ajudar

 

Pessoas de mim se esqueceram

Meu coração ficou sentido

Mas Deus sempre me ajudará

Porque ele é meu amigo

 

Nossa Senhora está a meu lado

E também me vai ajudar

Para que possa vencer na vida

E maldizentes mais tarde calar

 

Com a minha sobrinha morei

Desde Abril até Maio

Depois fui para a minha casa

Com imensa tristeza quase desmaio

 

À família e amigos de Portugal

A vocês também agradeço

Pelo bem que me fizeram

Na vida, nunca esqueço

 

Nos maus momentos da vida

Vocês são pessoas de eleição

O bem que me fizeram

Ficará gravado no meu coração

 

Assim foi o meu começo

E a todos, vou dizer

A vida de emigrante

Às vezes é para esquecer

 

Um tributo e agradecimento a todos os que sempre me ajudaram ao longo da vida.

 

Fernando Leão, poeta

 

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Histórias da Lídia Silvestre; a Rolinha

A Rolinha

 


Estava a casa posta em sossego, ia a tarde já avançada, deleitava-se a vida ao som do chilrear dos passarinhos, longínquos sons de buzinas e deslizar de carros na via principal, quando o excitado ladrar do Jeko põe a vida em polvorosa.

 

Vistoria no quintal, latidos apressados, um mar de penas brancas pelo ar, e caída, num canto entre ervas e arbustos, uma ave que facilmente segurei entre mãos, livrando das garras do caçador canídeo.

Assustada, a ave parecia inerte, e nada havendo à mão que lhe servisse de amparo, serviu o enorme cesto de vime, que numa árvore do quintal secava após lavagem, colocado em cima da mesa, bichinho no interior, um pano de cozinha para cobrir, uma base vaso com água e ali ficou, quieta.

 

Horas depois, continuava imóvel, e dúvidas nasceram – um pombo bebé? Uma rola bebé? Penugem a imitar cor de café com leite, não se assemelhava ao cinzento de qualquer das hipóteses.

 

Era urgente uma solução, para que tivesse espaço, luz e pudesse voar; improvisou-se uma casa na varanda, lençóis velhos cobriram a pedra mármore do chão, para o proteger das fezes. Duas caixas com um pau de vassoura entre si, a servir de poleiro, panos quentes no interior, um velho cabide madeira, um poleiro alto, um pesado recipiente de vidro para aperitivos tornou-se bebedouro, e a comida do periquito terá sido a sua primeira refeição na nova residência.

 

Breve se verificou que não conseguia voar mais do que um metro, e o seu pescoço ostentava um colar de ausência de penas, provocado por um ataque provavelmente de gato, já que a boquinha do Jeko deixaria marca maior, provavelmente fatal.

Decorreram dois meses; a identidade da rolinha manifestou-se pelo seu “rulhar”, que ecoava por toda a casa, quando pretendia atenção ou a sua refeição diária, e levando a que o Jeko rosnasse grosso, sem perceber de onde vinha o cantar da rolinha.

 

Aos poucos, cresceu a dimensão do seu voo, e era notório o seu estado de saúde; acreditámos estar recuperada o bastante para o seu regresso à liberdade.

 

Portas da varanda aberta, podia a menina escolher voar, ou ficar…; foram breves os minutos em que pousou no parapeito; ali, a poucos metros, outras irmãs conversavam instaladas na copa de uma frondosa árvore, e ela lá foi, voo seguro para a sua nova vida, depois de dois meses de reclusão, para tratamento.

 

Passou um mês, e pela casa ainda ecoa o chamamento da rolinha, mas o que em mim ficou foi uma necessidade de olhar sempre que ouço uma rola, na busca de vislumbrar uma de cor ainda não cinzenta, ou com o colar no pescoço que me diga “ fui eu que estive aí, na tua varanda, durante dois meses”.

 

Lídia Silvestre

Jurista

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Júnior Racing Team reafirma talento em Baltar, no Campeonato de Portugal de Karting

Equipa, sediada no Porto, é uma das candidatas a conquistar principais títulos - quarta jornada


Júnior Racing Team reafirma talento em Baltar, no Campeonato de Portugal de Karting

Na quarta jornada dupla do Campeonato de Portugal de Karting Toyota, disputada este fim-de-semana, no Kartódromo de Baltar, em Paredes, a equipa Júnior Racing Team, com quatro pilotos entre 85 participantes, reafirmou o seu talento, quer na categoria-rainha do Karting português, a X30 (Sénior), quer na categoria Júnior, conquistando em ambas pontos importantes para se manter na luta por dois dos títulos mais mediáticos do panorama nacional.

Depois das provas de Viana do Castelo, Leiria e Portimão, a Júnior Racing Team – liderada por Mário Almeida – mostrou novamente o seu talento no passado fim-de-semana, desta vez no exigente circuito de Baltar. Com 30 pilotos em pista, João Miguel Oliveira foi, no sábado, o mais rápido nos dois treinos livres oficiais e sem surpresa, até pelo que tem feito ao longo da época; conquistou a pole-position nos treinos cronometrados com uma volta em 47,666s, aos 1023 metros da pista de Baltar, garantindo assim um ponto extra para as contas do campeonato. Depois, foi 2º classificado na manga de qualificação e, na Final, fechou o top-5 entre os pilotos que lutaram pela vitória. No domingo, o jovem piloto da Batalha voltou a mostrar a sua rapidez, ao rubricar a segunda melhor volta de treinos cronometrados, ficando a escassos 38 milésimos de segundo de assegurar mais uma pole-position. Na manga de qualificação, João Miguel Oliveira terminou no 6º lugar e, na Final, esteve na luta pelos lugares do pódio, acabando, contudo, por ter um honroso 4º classificado, resultado que lhe permitiu somar pontos importantes para o campeonato que está a ser disputado por mais 30 concorrentes.

Diogo Marujo, colega de equipa e de categoria de João Miguel Oliveira, também esteve entre os mais rápidos nos treinos livres oficiais de sábado, sendo mesmo o 2º numa das sessões. Nos treinos cronometrados, foi o 6º mais rápido e, na manga de qualificação, terminou num positivo 6º lugar. Na Final, o piloto de Mafra esteve na luta pelo top-5, mas acabou por terminar na 8ª posição. No domingo, Diogo Marujo foi o mais rápido nos treinos cronometrados, mas, à semelhança de outros 7 pilotos, foi penalizado, prosseguindo a prova com azar, já que um incidente obrigou-o a abandonar a manga de qualificação. Na Final, o piloto da Júnior Racing Team arrancou da 27ª posição e recuperou 17 lugares (!) até fechar o top-10, numa demonstração de talento.

Rodrigo Vilaça foi o 5º mais rápido nos treinos cronometrados de sábado, segundo na manga de qualificação e foi 3º na Final. No domingo, o piloto de Braga foi novamente 5º nos cronos, 4º na manga, devido a uma penalização que lhe retirou o segundo lugar, e na Final fechou o top-5. Ainda assim, Rodrigo Vilaça somou pontos importantes, que o mantêm na luta pelo título de campeão nacional da categoria Júnior.

Sempre a evoluir, Pedro Barbosa, foi 7º mais rápido nos cronos de sábado, na manga de qualificação; terminou no 5º lugar e na Final fechou o top-5. No domingo, o piloto de Guimarães foi o 6º mais rápido nos cronos e 7º na manga de qualificação, enquanto na Final garantiu a sexta posição.

A quinta e última jornada dupla do Campeonato de Portugal de Karting Toyota está agendada para os dias 17 e 18 de Setembro e será disputada no KIRO-Kartódromo Internacional da Região Oeste, no Bombarral.

 


Gratos pela atenção,

Os melhores cumprimentos,

Fernando Jerónimo

Jornalista

Texto fornecido para a Repórter X


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial