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domingo, 30 de novembro de 2025

Homenagem: Gabriel Lino

Homenagem: Gabriel Lino

Sr. Lino, que teve a mercearia portuguesa, 'o escudo', em Zurique, partiu para Portugal e tornou a regressar. Não vai há muito que me contou um pouco da vida dele quando o encontrava na Bahnhof de Oerlikon, palavras que guardo comigo. Homem de bondade, terá uma boa morada depois da vida. 

Os nossos pêsames.

Vamos recordar o Gabriel Lino em homenagem!




Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

A Ilha não aguenta mais

A Ilha não aguenta mais:

Turismo de massas, falta de civismo e o silêncio político na Madeira





Nos últimos anos, a Madeira tornou-se um destino cobiçado a nível global, celebrada por revistas de viagens, influencers, agências como uma “pérola do Atlântico” e políticos sem a mínima noção da realidade da ilha e dos madeirenses.
Por trás desta imagem sedutora, cresce um problema profundo que muitos insistem em ignorar: a pressão insustentável do turismo de massas, a falta de respeito por parte de alguns visitantes, e a ausência de vontade política para proteger o que é de todos, mas pertence primeiro aos madeirenses pois a ilha sempre foi a sua casa.
A natureza, que durante séculos foi o escudo e o orgulho da ilha, começa a mostrar sinais claros de esgotamento. As levadas, os trilhos e os miradouros já não são espaços de contemplação, mas sim corredores, de passagem acelerada, muitas vezes marcada por lixo, barulho e comportamentos irresponsáveis. O conceito de “turismo sustentável” parece ter ficado nos folhetos promocionais, sem tradução na prática.
Pior ainda, a relação entre visitantes e residentes deteriora-se à medida que o civismo se perde. O pós COVID, trouxe um boom turístico abrupto, mas também um novo tipo de visitante: mais exigente, menos sensível ao contexto local, e frequentemente desrespeitador. Há relatos de turistas a acampar ilegalmente, a invadir propriedades privadas, a tratar os espaços públicos como se fossem extensões de ressorts. Tudo isto enquanto muitos madeirenses são afastados das suas próprias zonas por causa da especulação imobiliária, trânsito insuportável e perda de identidade comunitária.
E onde está a resposta política? Silenciosa, vaga, lenta. Medidas eficazes de regulação do turismo são prometidas, mas raramente aplicadas. Há falta de fiscalização real nos trilhos, ausência de limites na carga turística e pouca aposta em sensibilização para turistas e locais. O medo de “estragar a economia” parece justificar a destruição progressiva do equilíbrio ambiental, cultural e social da ilha, onde andam os reais defensores da ilha e da natureza? Não, aqueles que por ocasião das eleições prometem tudo e no final dão uma mão cheia de nada.
É possível viver do turismo sem se tornar escravo dele. É possível receber bem sem se anular. Mas para isso, é preciso coragem política, participação cidadã e um novo modelo que priorize o bem-estar da ilha, dos madeirenses, do meio ambiente a longo prazo, e não apenas os lucros para alguns a curto prazo.
A Madeira é mais do que um destino bonito. 
É casa, é história, é natureza viva. E ela não pode continuar a pagar o preço da indiferença.


Chefe, José Maria Ramada

 Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Suíça, entre seguros, instâncias e silêncios: quando a verdade de um trabalhador é ignorada

Suíça, entre seguros, instâncias e silêncios: quando a verdade de um trabalhador é ignorada:


Na Suíça, país que tantos apontam como modelo de rigor e justiça, há histórias que revelam a face escondida de um sistema que funciona para uns, mas que falha miseravelmente quando o trabalhador estrangeiro deixa de produzir e começa a precisar de apoio. Este é um caso que é espelho de muitos outros, caso que atravessa seguradoras, instituições estatais, tribunais, empresas e burocracias que se protegem umas às outras enquanto deixam cair quem mais precisa.
Trata-se de um trabalhador que exerceu sempre o seu posto a 100%, cumprindo horários, regras, deveres e obrigações com pontualidade suíça. Sempre recebeu o seu ordenado a 100% durante os períodos de trabalho. Apenas recebeu 80% quando estava de baixa médica, e esses 80% dizem respeito unicamente à indemnização legal da baixa, nunca ao trabalho. Esta distinção é tão simples como a luz da manhã, mas foi deliberadamente ignorada.
Primeiro, a responsabilidade estava na AXA Seguros, através da empresa 3S Reinigung, onde a trabalhadora desempenhou funções a 100%. É prática comum que a AXA pague dois anos completos de baixa antes de qualquer transferência para a SUVA. Mas aqui não seguiram a prática, e a responsabilidade foi passada para a SUVA sem transparência nem explicação. A SUVA pagou durante algum tempo e, sem aviso, deixou de pagar.
Quando a SUVA deixa de pagar, a responsabilidade passa para a IV / SVA, conforme a lei. E foi isso que aconteceu. Mas, em vez de proteger o trabalhador, o resultado foi uma pensão miserável de 770 francos suíços mensais, valor que não permite sobreviver na Suíça, nem permite regressar a Portugal sem abandonar filhas e netos. Nenhuma instituição explicou porquê. Nenhuma assumiu o que lhe cabia.
E isto apesar de a trabalhadora ter exercido actividade também noutras empresas, como Enzler e SHS Hotel, acumulando funções, horários e contributos. Todo este percurso está documentado, e a documentação foi enviada. Comprovativos oficiais de trabalho a 100%, relações de trabalho, declarações de empresas, tudo entregue. E ainda assim, tudo ignorado.
O erro agravou-se quando a SVA Zürich, responsável pelo cálculo dos anos contributivos, recusou reconhecer os períodos de baixa com o devido valor de 80% da indemnização, recusou reconhecer o posto de trabalho a 100%, e insistiu em tratar o trabalhador como se tivesse exercido actividade reduzida ou insuficiente, iludindo-se voluntariamente perante provas claras. Contaram os anos de baixa de 80% para não ter direito aos 100% de trabalho anteriormente trabalhado. Isto é máfia!
Para piorar, contabilizaram o rendimento do cônjuge como se fosse salário fixo, quando na verdade é trabalho temporário, incerto, dependente de empresas de trabalho intermitente, marcado por períodos sem actividade e problemas de saúde. Mesmo assim exigem cálculos, valores, rendas, seguros obrigatórios, tudo como se a vida fosse perfeita e contínua, quando a vida real é feita de falhas, doenças, despedimentos e limitações.
A SVA continua a exigir respostas em 30 dias, mas quando é ela a responder, pode demorar meses. Não há equivalência, não há reciprocidade, não há humanidade. Pedem documentos que já têm, forçando o cidadão a repetir envios, como se o objectivo silencioso fosse cansar, desgastar, forçar à desistência. Pedem datas que podem solicitar directamente à SUVA, valores que podem pedir à AXA, confirmações que podem obter das empresas onde o trabalhador exerceu funções. Mas não fazem. Empurram. Fogem. Prolongam.
E é assim que trabalhadores estrangeiros, que deram a vida inteira ao país, que alimentaram a economia, que respeitaram leis e obrigações, caem na pobreza extrema. Caem no desespero psicológico. Caem na sensação de abandono. São tratados como Auslanders, como estrangeiros de segunda categoria, úteis enquanto produzem, invisíveis quando adoecem.
Prometeram-lhes uma Suíça justa. Deram-lhes uma Suíça burocrática que não quer ver a verdade quando essa verdade implica responsabilizar instituições.
A Repórter X denuncia este caso porque representa milhares.
Representa um país que se esquece, por vezes, que justiça não é papel; é dignidade.
Representa trabalhadores que fizeram tudo a 100%, mas que recebem apenas 770 francos como recompensa final, omitindo o ordenado na totalidade.
Representa um sistema que precisa de ser visto, questionado, escrutinado. Mas as leis foram pensadas nisto e apenas podemos gemer, mais nada!
E representa, acima de tudo, a certeza de que a verdade, por mais abafada que tentem deixá-la, acaba sempre por se levantar como uma alvorada teimosa. Vamos continuar a dar voz a quem não tem voz...

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

sábado, 29 de novembro de 2025

A escolha a dedo na Comunicação Social da Diáspora:

A escolha a dedo na Comunicação Social da Diáspora:


Em Portugal, onde o Estado deveria servir todos por igual, voltou a repetir-se o gesto antigo de escolher a dedo quem recebe apoio e quem fica a ver pelas frestas. Na comunicação social dirigida às comunidades emigrantes, apenas três entidades e pessoas foram contempladas, deixando no ar a sensação amarga de que o bolo continua a ser repartido sempre pelas mesmas mãos.
Em declarações à Revista Repórter X, o deputado José Dias Fernandes afirmou que foram beneficiados o LusoJornal de França, o Sr. Noronha no Reino Unido e uma rádio online criada no círculo político de José Cesário, ligada ao Conselho das Comunidades Portuguesas e ao núcleo do PSD em Inglaterra. Nada de novo, diz quem observa estas decisões há décadas, apenas a continuidade de um caminho onde o poder distribui favores conforme a cor que veste, tal como antes fazia o Partido Socialista, tal como agora faz o Governo atual da Aliança Democrática.
Entre aqueles que dedicam a vida a informar, muitos ficaram de fora, sem explicação, sem critério transparente, sem o reconhecimento merecido. Três estruturas comem o bolo todo, enquanto outras, que trabalham com seriedade e independência, continuam à espera de que o Estado veja mais longe. Fica a pergunta que ecoa no tempo, dura e necessária, que país é este que escolhe sempre os mesmos para ouvir e deixa tantos outros em silêncio?
Em nota de rodapé, importa lembrar que, na diáspora, há jornais que criticam determinados políticos e esses políticos, conhecendo bem essas críticas, deixam de lhes enviar notícias. Forçam esses jornais a vasculhar o que encontram nas redes sociais, no Facebook, no Instagram e por aí fora, como se a informação tivesse de ser conquistada a pulso, em vez de partilhada com dignidade.
Enquanto isso, tantos escritores espalhados pelo mundo e pelo próprio país, que desejam ver as suas palavras em papel ou até mesmo online, têm as portas fechadas. Obras ricas, matérias dignas, histórias profundas são recusadas, enquanto se aceita, com demasiada facilidade, ir buscar conteúdos sem autorização às redes sociais. Pegam no que não lhes pertence, transformam-no em notícia, muitas vezes sem valor, e nem sequer pedem confirmação ao autor. É uma prática pobre, que deturpa sentidos, que altera a palavra alheia, que desrespeita o ofício.
Hoje já não há jornalismo como antes. O rigor perdeu-se, a honra diluiu-se e surgem por aí indivíduos que se apresentam como jornalistas, sem formação, sem ética, sem compromisso. É a degradação de um ofício que sempre exigiu mais do que simples aparência. Jornalista é aquele que sabe estar!
E não se compreende como, no passado, o Partido Socialista, através do deputado Paulo Pisco, e mais recentemente o próprio José Cesário, andaram a distribuir apoios a certos indivíduos e estruturas cuja legitimidade é, no mínimo, questionável. Há associações e jornais que são fictícios, pura fachada, o que torna tudo ainda mais grave.
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Retractos

Retractos:

Tropas na Suíça 

Cada fotografia que se partilha nasce de um gesto simples, mostrar aquilo que merece ser visto. Pode ser cultura, memória, homenagem, luto, aniversário ou uma causa que defendemos com firmeza, mas o sentido é sempre o mesmo, dar voz ao que não deve ser esquecido. Há em cada imagem uma luz quieta que resiste ao passar dos dias.

Quando uma nova fotografia sobe, a anterior desce, mas continua presente. Fica ali, sem título, sem ornamento, a guardar a verdade que transporta. Recorda-nos que tudo tem valor, mesmo quando deixa de estar no topo do olhar.

Assim seguimos, com serenidade e constância, a divulgar em várias plataformas para que cada canto alcance alguém diferente. É este o nosso modo de honrar o passado, iluminar o presente e abrir caminho ao futuro.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Danúbio amor sagrado


Danúbio amor sagrado:



O Danúbio resplende em fogo e encanto,
Reflecte a cidade em seu fulgor profundo,
Budapeste se entrega ao véu do manto
Da lua cheia em sangue a incendiar o mundo.

No eclipse sagrado, a noite é chama,
Os nossos corpos buscam-se em fervor,
A sombra cresce e o silêncio clama
Por beijos feitos de desejo e amor.

As pontes guardam segredos eternos,
As torres brilham sob o céu rubro e ardente,
Somos dois astros em caminhos ternos,

Perdidos juntos no instante candente.
E o rio, em versos, grava o nosso ardor,
Fazendo eterno o fogo deste amor.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

No Parlamento ecoou a voz de Rita Matias do Chega sobre crianças retiradas na Suíça

No Parlamento ecoou a voz de Rita Matias do Chega sobre crianças retiradas na Suíça:



No Parlamento português ecoou a voz de Rita Matias do Chega, erguida sobre o impulso de pais portugueses na Suíça, que através da Revista Repórter X e pela mão do deputado José Dias Fernandes, levaram ao coração da Assembleia da República a denúncia das retiradas abusivas de crianças pela KESB, um clamor que já não podia ser calado. Já antes foi o Eurodeputado que fez tremer o Parlamento!
A palavra caiu pesada, caiu verdadeira, caiu como uma pedra sagrada no centro da praça, obrigando o País inteiro a olhar para esta ferida que tantos tentaram esconder. Foi mais do que um discurso, foi um grito feito de dor e de coragem, empurrado para dentro do hemicýclo pelas mãos inquietas de mães e pais que nunca desistiram.

E por detrás deste clamor parlamentar existe um cenário que vem de longe, um cenário que a própria comunicação social suíça, em todas as suas cores e dialectos, tem exposto há muitos anos. Fala-se muito na Suíça de retiradas de crianças, fala-se de protecções que se transformam em rupturas, fala-se de adoções decididas por autoridades que concentram poder e justificações técnicas, fala-se de instituições que recebem menores afastados dos seus lares, fala-se de famílias que são rasgadas por relatórios frios, e fala-se também de decisões que, segundo muitos, sacrificam a humanidade em nome da ordem.Na Suíça nem tudo que reluz é ouro!

Os jornais suíços, desde o 20 Minuten ao Blick, do Tages-Anzeiger à SRF, carregam páginas e mais páginas sobre crianças retiradas e tambémcasis da corrupção com os Lesadosda SUVA. Não importa a nacionalidade, porque a dor não tem fronteiras, e o drama é transversal. Há anos que se publicam matérias sobre a KESB, a autoridade de protecção de crianças e adultos, tantas vezes criticada, tantas vezes acusada de agir com zelo excessivo, com pouca transparência e com demasiado poder.
São notícias que descrevem menores entregues a terceiros, pais que perdem os filhos por avaliações sumárias, processos complexos que esmagam quem não domina a língua do cantão, e um sistema que diz proteger mas que, por vezes, falha onde não podia falhar. Há casos e casos, mas a retirada de crianças é apenas um negócio é o que é e é disso que se trara, enquanto paus e crianças sofrem até chegarem ao limite, depois duzem que os oaus estão doidos e que precisam de um psicólogo!

A Suíça, que o mundo tanto admira, tem também a sua sombra. Nem tudo o que luz é ouro, nem neve, nem chocolates! Há histórias duras escondidas sob montes e Alpes, e a imprensa suíça trata o assunto com uma frequência que denuncia que este não é um caso isolado, mas sim um problema estrutural, profundo, persistente.

E quando no Parlamento português se falou de crianças portuguesas retiradas, falou-se de algo que não nasce do nada. Nasce desta mesma realidade que os suíços discutem nos seus próprios jornais. Rita Matias não referiu a KESB no discurso, mas todos os caminhos conduzem ao mesmo mecanismo institucional. E foi a Revista Repórter X que entregou ao deputado José Dias Fernandes a missão de levar isto ao sítio onde Portugal tem de ouvir, porque há pais que clamam à porta da República e não aceitam que o Estado lhes fique indiferente.

Depois deste estrondo político, quando o assunto ganhou corpo e nome, surgiu o outro lado da verdade. Hoje há filhos, muitos, que procuram os pais que nunca conheceram. Filhos que descobriram tarde que foram adoptados por outros progenitores, crescidos longe do sangue que lhes pertence. Carregam uma saudade que não sabem explicar, um vazio que não compreenderam em criança, mas que em adultos se transformou numa busca. Procuram documentos, procuram raízes, procuram respostas.
É uma cadeia longa de memórias partidas, uma dor antiga que se repete nas gerações novas.

E no meio deste vendaval, nós, Revista Repórter X, assumimos o nosso lugar. Reunimos com pais que lutam contra decisões da KESB, pais que ficaram sem os seus filhos e que resistem com a força de quem perdeu o essencial. Reunimos também com lesados da Suva, que carregam o peso de injustiças que nunca deviam ter acontecido. Pedimos documentação a todos, porque a verdade deve ser provada, e a justiça deve ser sustentada com papel e testemunho, para que não reste dúvida.

Esses documentos seguem agora para os deputados. José Dias Fernandes, do Chega, mantém o seu compromisso com estas famílias. Mas há algo novo, algo digno de nota. Pela primeira vez, Carlos Gonçalves, do PSD, demonstrou interesse verdadeiro em receber estes mesmos documentos, em confrontar-se com esta realidade dura que tantos tentam silenciar. É um gesto que abre esperanças, é um passo que pode criar pontes onde antes havia muros.

Estamos a preparar uma reunião para o início do ano, aqui na Suíça, com pais e com lesados da Suva. Quando toda a documentação estiver reunida, seguirá para a Assembleia da República, para o Embaixador de Portugal na Suíça, para o Cônsul-Geral em Zurique, para o Cônsul-Geral da Suíça em Portugal, e para outros representantes que não podem, nem devem, virar o rosto a este drama.

Porque há qualquer coisa que falta na acção diplomática portuguesa, e essa falta pesa. As autoridades fazem contactos, mas não chegam ao resultado. É preciso mais. É preciso firmeza, é preciso presença, é preciso que Portugal levante a sua bandeira quando um só filho seu é tocado por injustiça.

Assim se escreve esta história.
Não com adornos, mas com verdade.
Não com medo, mas com coragem.
Não com silêncio, mas com voz.

E que cada passo que dermos ajude a iluminar o caminho das famílias que ainda procuram justiça, e das crianças que ainda procuram o regresso ao seu nome verdadeiro.

Autor Quelhas


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Marques Mendes muito frio para chegar a Belém

Marques Mendes muito frio para chegar a Belém:


Luís Marques Mendes, figura moldada ao longo de décadas no aparelho do PSD, dá hoje mais nas vistas como comentador televisivo na SIC do que alguma vez deu enquanto governante com poder real. Teve pastas importantes, influência directa e oportunidades raras, mas deixou atrás de si um rasto pálido, quase sem obra visível, sem rasgo, sem marca que fizesse o país erguer a cabeça com respeito. Foi quase tudo dentro do partido, menos Primeiro Ministro, mas o povo recorda-o mais pelos estúdios da televisão do que pelos corredores do poder.

Agora, quando decide concorrer à Presidência da República, tenta vestir o manto da independência, como se pudesse desligar de um dia para o outro a história longa que o prende ao PSD. Mas o passado não se despe como um casaco velho. Gouveia e Melo, também candidato presidencial, chamou-o frontalmente de “cavalo de Tróia do PSD”. Essa frase não se apaga, não se retira, não se recalca. É dele, dita em praça pública, com a força dura de quem quer marcar posição. E pesa sobre Luís Marques Mendes como pedra que não se move.

O candidato tenta agora soar mais combativo. Critica o Governo, ergue a voz sobre a Saúde, sobre as greves, sobre o rumo do país, como se nesse tom mais sério estivesse finalmente a revelar a firmeza que nunca mostrou enquanto ministro ou líder partidário. Mas a pergunta ergue-se como montanha, se hoje promete coragem, onde estava essa coragem quando tinha poder para agir? 
Quem nada fez quando podia tudo, fará agora quando lhe pedem ainda mais?

Há um espelho inevitável nesta caminhada. Marcelo Rebelo de Sousa também veio da televisão, também foi comentador, também se aproximou dos portugueses pelo ecrã, também se apresentou como figura ponderada acima dos partidos. O resultado, para muitos, foi desastroso. Marcelo sorriu onde devia ter protegido, calou-se onde devia ter enfrentado, tornou-se o pior Presidente da República da nossa história democrática, leve demais para um tempo pesado. E agora surge Luís Marques Mendes, seguindo-lhe o rasto, repetindo-lhe o caminho, copiando-lhe o método, como se a exposição mediática pudesse substituir a grandeza que um presidente deve ter.

Luís Marques Mendes pode falar da ética que o levou a perder o PSD, pode recordar os anos em que aprendeu a improvisar discursos para provarem que não era o pai a escrevê-los, pode citar a prudência como virtude. Mas ética sem coragem é apenas postura, e prudência sem força é apenas silêncio bonito. Portugal precisa de um presidente que aqueça o país, não de um que o deixe gelado. Precisa de alguém que abrace o futuro, não de alguém que permanece preso ao passado como se o passado fosse abrigo.

É por isso que o Quelhas, ex pré-candidato à Presidência da República Portuguesa, diz que Luís Marques Mendes está muito frio para chegar a Belém, porque Belém não é um estúdio de televisão, é o coração simbólico da nação, e quem não mostrou força quando teve tudo dificilmente acenderá a chama quando lhe entregarem ainda mais.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Sustentabilidade e preocupação ambiente

Sustentabilidade e preocupação ambiente:



 Os políticos do mundo falam tanto mas no fundo nada fazem.
Vêem constantemente com choradinhos do clima, ambiente e sustentabilidade, mas tudo não passa duma tanga banal e conversa fiada, sejam políticos locais, regionais, nacionais ou mundiais.
 Não há G8, nem Fórum sobre o clima, que o tema não venha à baila mas sempre adjacente a dinheiro, Não há Conselhos Europeus ou Conselhos da ONU, que não se fale no assunto, mas nada se faz de seguida, diga-se até que países dos que mais sofrem com as alterações são os que mais contribuem para a mesma, China, Índia, Estados Unido, Rússia e Europa.
 Já passaram mais de duas décadas desde que os cientistas começaram a alertar para a situação calamitosa que se vive no planeta e para a situação catastrófica que prevêem no futuro se não se mudarem hábitos e acima de tudo atitudes.
 Tornou-se banal falar no clima e em sustentabilidade, está na ordem do dia, jornais, televisões, fóruns e afins. Mas o que fazem no fundo os políticos? O que faz o ser humano? O que é a sustentabilidade?
 Desde a pré-história, que o ser humano tinha a capacidade de satisfazer as suas necessidades sem comprometer o seu futuro. Deslocava-se sem poluir, produzia para consumir, caçava para se alimentar enfim tinha a capacidade de satisfazer as suas necessidades
As guerras e a ambição do poder, levaram o ser humano a criar mais e mais meios, não para satisfazer as suas reais necessidades, mas sim fazer frente ao poderio económico e territorial, esqueceu-se completamento da casa onde habita “O Planeta Terra”.
 A população aumentou, o consumismo e a destruição da natureza começaram o colocar em causa as gerações futuras.
 Não é por acaso que o mundo tem tido tantos avisos, fenómenos meteorológicos extremos, cada vez mais intensos e mais frequentes já são realidade neste nosso tempo.
 Todos acompanhamos recentemente o pavor que desabou à volta de Valência, antes tinha sido o pior dos ciclones a espalhar o caos pela costa atlântica do sul dos Estados Unidos, nas Caraíbas China e Filipinas, enfim não há região da terra que não esteja sujeita às alterações climáticas e catástrofes da natureza, ainda no verão as inundações e cheias terríveis na Europa Central, a seca em várias regiões de África que ameaça atravessar o Mediterrâneo, ou seja, a confirmação do alertado pelos cientistas, uma realidade que reclama ação, determinação com urgência.
 Este ano foi rico em eventos PROCLIMA:
 Conferencia dos G8, Convenção das Nações Unidas, COP 28, Conferencia do Clima 24 e para quê? Conclusões e cartas de compromisso, saem sempre, mas o grande problema é cumprir, porque o poderio económico é superior ao sofrimento humano.
O lema desta edição “Solidariedade para o Mundo Verde”, destacou a urgência de uma vontade política real em direcção à transição energética e do compromisso real entre os países para acelerar esse processo. Chega de palavras, temos de tomar atitudes e passar à acção, Hoje não sabemos de vamos a tempo, mas amanhã será tarde.
 Mas e nós? Individualmente não teremos também que fazer essa reflexão e mudar de hábitos de consumo? Já em 1907 um grande senhor, talvez o primeiro grande impulsionador do respeito pela natureza e pelos animais, criou um movimento que quer se goste ou não foi o primeiro a educar para a sustentabilidade, respeito pelo meio ambiente e sustentabilidade, claro que estou a falar de Baden Powell e do escutismo em geral, que é tão só a maior associação mundial de jovens.

 Temos de começar por actos tão simples, como separar o lixo.
 Preservar a natureza, respeitar os animais, pois só desta forma estamos verdadeiramente a respeitar o ser humano.
 Recordo que em 2005, num acampamento regional de escuteiros cujo lema era “Deus, Natureza e o homem”, os escuteiros eram convidados a fazerem a selecção de lixos, quando estava numa palestra sobre educação ambiental, uma das crianças, com pouco mais de 10 anos levantando o braço disse: Chefe, Deus criou a natureza, mas o homem na verdade só faz porcaria. 
 Engoli em seco e o único argumento que encontrei foi; cada um de nós tem de fazer a sua parte.
 O ser humano, apesar das várias campanhas de sensibilização e informação, na verdade só faz porcaria. Que legado queremos deixar para os nossos filhos e netos? Que mundo queremos deixar um dia?
 Muitas são as cidades no globo, com imensas actividades para miúdos e graúdos cujo foco é a sustentabilidade o meio ambiente. São milhares as pessoas que participam e são sensibilizadas para a ideia de uma cidade mais inteligente, descarbonizada e económica e ambientalmente viável.
 Talvez todos os municípios pudessem copiar estas iniciativas por serem tão importantes.
 E todos nós podemos começar já hoje, fazendo a separação dos lixos, poupando no consumo de água e energia, reutilizando e recondicionando produtos, comprar menos e melhor e por que não os produtos que nos vem dos produtores locais e as marcas portuguesas, produtos com mais qualidade e com uma maior duração!
 Aceder à economia circular, não encher o armário de roupas e porque não vender e comprar usadas?
 E a questão da separação do lixo? É tão simples! E se no futuro cada um tiver que pagar pela quantidade de lixo que produz e entrega como lixo comum?
 Não vai separar? Vai continuar a colocar papel, vidro e plástico no lixo comum?
 Sabemos que o plástico faz parte da nossa vida, usamos em escassos minutos e essas embalagens que demoram centenas de anos a degradarem-se.
Somos uma população a nível mundial virada para o consumismo desmesurado.
 Sabia que existe uma ilha de plástico que se formou no Oceano Pacífico com uma dimensão de três vezes superior à península Ibérica? E que só neste último ano foram parar os oceanos mais de 11 milhões de toneladas de plástico?
 E que há 50 anos a produção de plástico era de 2 milhões de toneladas por ano e agora meio século depois, 500 milhões de toneladas de plástico são produzidas em cada ano? Isto não nos deve fazer alterar hábitos?
 Não sei se este artigo sairá antes do Natal, mas, este Natal ou em qualquer grande festividade ao longo do ano, ofereça amor, ofereça carinho, ofereça alegria e momentos memoráveis. Sim, compre uma prenda, mas que de facto faça falta e dure, que não seja para encostar passado mês e contribuir para mais desperdício.
 Podemos, se quisermos, mostrar àquele miúdo hoje homem, que na verdade, “Deus fez a natureza, Mas o homem, está colocado neste mundo para o deixar melhor do que o encontrou.

Isto também é ser sustentabilidade e preocupação ambiental!

José Maria Ramada

 Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

terça-feira, 25 de novembro de 2025

25 de Novembro no Parlamento, entre rosas brancas e cravos vermelhos, e um Presidente da República que deixou o fim e que não deixa pena

25 de Novembro no Parlamento, entre rosas brancas e cravos vermelhos, e um Presidente da República que deixou o fim e que não deixa pena:

(uns põe cravos vermelhos a sobrepôr as rosas brancas e outros retiram.)





O Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, falou hoje pela última vez no Parlamento, pois as eleições presidenciais de dezoito de Janeiro de dois mil e vinte e seis aproximam-se e a sua voz cessará naquela casa. O país viu-lhe o percurso transformar-se com o tempo, como quem passa de vinho firme a água deslavada, diferença abrupta que marcou o declínio de um ciclo político.

Hoje celebrou-se no Parlamento Português o vinte e cinco de Novembro, revelando-se novamente as divisões que persistem. O Governo da Aliança Democrática apresentou rosas brancas, ao lado do Chega, que partilha igual leitura desta data. A esquerda, fiel à memória do vinte e cinco de Abril, exibiu cravos vermelhos e pouco reconhece no vinte e cinco de Novembro, como se o caminho da História tivesse parado no instante da Revolução. Uns defendem que Abril e Novembro são partes do mesmo percurso, início e desfecho. Outros rejeitam essa união, dizendo que nada os aproxima. Assim, num espaço que deveria ser exemplo de união, multiplicam-se vozes contraditórias.

Como sempre, o Parlamento pareceu um circo, ou um teatro mal composto, onde cada actor tenta erguer-se acima dos restantes. A violência nasce ali muitas vezes, na palavra lançada como pedra, gesto que agrava a confusão dos Portugueses, já marcados pela pressa dos dias, pelas dificuldades constantes e pela violência crescente nas ruas. Deveria ali nascer orientação, mas cresce apenas tumulto.

(O cravo vermelho, símbolo do vinte e cinco de Abril, representa a liberdade conquistada, a coragem que triunfou sobre décadas de sombra. A rosa branca, usada hoje no Parlamento, pretende trazer paz e concórdia, mas carrega uma serenidade distante da vibração revolucionária. Entre o vermelho ardente e o branco pálido, revela-se a tensão entre a memória do povo e a leitura institucional.)

(O vinte e cinco de Abril é a alvorada que devolveu voz ao povo, rompendo o medo e abrindo futuro. O vinte e cinco de Novembro é o momento que firmou o rumo, travando excessos e estabilizando a democracia nascente. As datas unem-se porque uma abriu o caminho e a outra impediu que esse caminho se perdesse.)

Nestes cinquenta anos, muito se dissipou entre debates estéreis e memórias disputadas. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, criticado por muitos, foi acusado pelo Major Sanches Osório, figura dos dias de Abril e de Novembro, de repetir métodos antigos. Osório, perseguido após o golpe de onze de Março de mil novecentos e setenta e seis, fugiu para Espanha, enquanto o General Spínola partiu para o Brasil.

O Movimento Democrático de Libertação de Portugal, fundado a cinco de Maio de mil novecentos e setenta e cinco sob a liderança de Spínola, preparava o regresso de um exército destinado a expulsar os comunistas do poder. Entre os seus apoiantes encontravam-se Sanches Osório, Canto e Castro, Galvão de Melo, Rui Castro Lopo, Abílio de Oliveira, Joaquim Ferreira Torres, Avelino Ferreira Torres e o Brigadeiro Pires Veloso, além de figuras destacadas da Igreja, Arcebispos e Cónegos. No gabinete político, dirigido por Spínola e Fernando Pacheco de Amorim, estavam António Marques Bessa, Diogo Pacheco de Amorim, hoje Vice-Presidente da Assembleia da República e membro do Chega, José Miguel Júdice e Luís Sá Cunha.

Cinquenta anos após o vinte e cinco de Novembro recordam-se também os que perderam a vida sem fazerem parte de grupos ou movimentos, como o Padre Maximiano e a jovem Maria de Lurdes, assassinados na Estrada Nacional Dois, perto de Santa Marta de Penaguião, lembrando que a história da liberdade também se escreve com sangue.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial