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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Marques Mendes muito frio para chegar a Belém

Marques Mendes muito frio para chegar a Belém:


Luís Marques Mendes, figura moldada ao longo de décadas no aparelho do PSD, dá hoje mais nas vistas como comentador televisivo na SIC do que alguma vez deu enquanto governante com poder real. Teve pastas importantes, influência directa e oportunidades raras, mas deixou atrás de si um rasto pálido, quase sem obra visível, sem rasgo, sem marca que fizesse o país erguer a cabeça com respeito. Foi quase tudo dentro do partido, menos Primeiro Ministro, mas o povo recorda-o mais pelos estúdios da televisão do que pelos corredores do poder.

Agora, quando decide concorrer à Presidência da República, tenta vestir o manto da independência, como se pudesse desligar de um dia para o outro a história longa que o prende ao PSD. Mas o passado não se despe como um casaco velho. Gouveia e Melo, também candidato presidencial, chamou-o frontalmente de “cavalo de Tróia do PSD”. Essa frase não se apaga, não se retira, não se recalca. É dele, dita em praça pública, com a força dura de quem quer marcar posição. E pesa sobre Luís Marques Mendes como pedra que não se move.

O candidato tenta agora soar mais combativo. Critica o Governo, ergue a voz sobre a Saúde, sobre as greves, sobre o rumo do país, como se nesse tom mais sério estivesse finalmente a revelar a firmeza que nunca mostrou enquanto ministro ou líder partidário. Mas a pergunta ergue-se como montanha, se hoje promete coragem, onde estava essa coragem quando tinha poder para agir? 
Quem nada fez quando podia tudo, fará agora quando lhe pedem ainda mais?

Há um espelho inevitável nesta caminhada. Marcelo Rebelo de Sousa também veio da televisão, também foi comentador, também se aproximou dos portugueses pelo ecrã, também se apresentou como figura ponderada acima dos partidos. O resultado, para muitos, foi desastroso. Marcelo sorriu onde devia ter protegido, calou-se onde devia ter enfrentado, tornou-se o pior Presidente da República da nossa história democrática, leve demais para um tempo pesado. E agora surge Luís Marques Mendes, seguindo-lhe o rasto, repetindo-lhe o caminho, copiando-lhe o método, como se a exposição mediática pudesse substituir a grandeza que um presidente deve ter.

Luís Marques Mendes pode falar da ética que o levou a perder o PSD, pode recordar os anos em que aprendeu a improvisar discursos para provarem que não era o pai a escrevê-los, pode citar a prudência como virtude. Mas ética sem coragem é apenas postura, e prudência sem força é apenas silêncio bonito. Portugal precisa de um presidente que aqueça o país, não de um que o deixe gelado. Precisa de alguém que abrace o futuro, não de alguém que permanece preso ao passado como se o passado fosse abrigo.

É por isso que o Quelhas, ex pré-candidato à Presidência da República Portuguesa, diz que Luís Marques Mendes está muito frio para chegar a Belém, porque Belém não é um estúdio de televisão, é o coração simbólico da nação, e quem não mostrou força quando teve tudo dificilmente acenderá a chama quando lhe entregarem ainda mais.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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