O melhor candidato a Presidente da República ficou de fora:
A verdade é que mais candidatos haveriam se assinassem o formulário como deve ser e juntassem o Cartão de Cidadão! Esperar o ovo no cu da galinha dá no que deu. Deu merda...!
Entre os oito candidatos que vão aos grandes debates televisivos, André Ventura, António Filipe, António José Seguro, Catarina Martins, Henrique Gouveia e Melo, João Cotrim de Figueiredo, Jorge Pinto e Luís Marques Mendes, o único que se assume, de forma clara e repetida, como emigrante é Henrique Gouveia e Melo, nascido em Quelimane, Moçambique, vivendo lá parte da adolescência, e, depois do vinte e cinco de Abril, com a família a emigrar para o Brasil, onde viveu na juventude antes de regressar a Portugal.
Nas próprias palavras dele, “fui imigrante no Brasil e recebido de braços abertos” e “fui emigrante e conheço bem as necessidades e dificuldades de quem vive longe do seu país”.
Isto significa que, entre os candidatos que entram no circo televisivo, há um homem com biografia de emigração, mas nenhum que hoje viva na pele aquilo que vive um emigrante na Suíça, na França ou no Luxemburgo.
Depois há os casos de ligação ao estrangeiro, mas não propriamente emigrantes no sentido popular da palavra.
José Cardoso nasceu em Moçambique, filho de portugueses, veio para Portugal com três anos e fez toda a vida em território português, sendo um português de origem ultramarina, não um emigrante da diáspora de hoje.
João Cotrim de Figueiredo tem vida muito ligada à Europa, anos em Bruxelas e pelo espaço europeu, mas isso é trajecto político e profissional, não emigração de quem sai para ganhar a vida.
E existe a história que a diáspora conhece bem, a de João Carlos Veloso Gonçalves, Quelhas, emigrante na Suíça, que se apresentou publicamente como “o primeiro emigrante na história de Portugal, pré-candidato às eleições presidenciais de 2026”, com a candidatura anunciada na imprensa das comunidades, como português na Suíça que queria ser Presidente da República.
E que, mais tarde, afirmou com clareza que “o propósito da candidatura foi por água abaixo, mas a luta com os emigrantes continua”.
Ou seja, dito sem rodeios, emigrante da diáspora, hoje, com os pés na neve e a cabeça em Portugal, não está em nenhum debate.
O único com passado de emigração que chega à linha da frente é Gouveia e Melo.
Os outros falam muito de emigrantes, visitam-nos, pousam para fotografias, mas são políticos formados dentro do sistema.
Há um candidato que foi emigrante, há muitos que cortejam os emigrantes, mas um verdadeiro candidato da diáspora, em campanha a partir do estrangeiro, esse ficou à porta do sistema.
E é exactamente aí que reside a ferida que nunca se fecha.
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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