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terça-feira, 25 de novembro de 2025

25 de Novembro no Parlamento, entre rosas brancas e cravos vermelhos, e um Presidente da República que deixou o fim e que não deixa pena

25 de Novembro no Parlamento, entre rosas brancas e cravos vermelhos, e um Presidente da República que deixou o fim e que não deixa pena:

(uns põe cravos vermelhos a sobrepôr as rosas brancas e outros retiram.)





O Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, falou hoje pela última vez no Parlamento, pois as eleições presidenciais de dezoito de Janeiro de dois mil e vinte e seis aproximam-se e a sua voz cessará naquela casa. O país viu-lhe o percurso transformar-se com o tempo, como quem passa de vinho firme a água deslavada, diferença abrupta que marcou o declínio de um ciclo político.

Hoje celebrou-se no Parlamento Português o vinte e cinco de Novembro, revelando-se novamente as divisões que persistem. O Governo da Aliança Democrática apresentou rosas brancas, ao lado do Chega, que partilha igual leitura desta data. A esquerda, fiel à memória do vinte e cinco de Abril, exibiu cravos vermelhos e pouco reconhece no vinte e cinco de Novembro, como se o caminho da História tivesse parado no instante da Revolução. Uns defendem que Abril e Novembro são partes do mesmo percurso, início e desfecho. Outros rejeitam essa união, dizendo que nada os aproxima. Assim, num espaço que deveria ser exemplo de união, multiplicam-se vozes contraditórias.

Como sempre, o Parlamento pareceu um circo, ou um teatro mal composto, onde cada actor tenta erguer-se acima dos restantes. A violência nasce ali muitas vezes, na palavra lançada como pedra, gesto que agrava a confusão dos Portugueses, já marcados pela pressa dos dias, pelas dificuldades constantes e pela violência crescente nas ruas. Deveria ali nascer orientação, mas cresce apenas tumulto.

(O cravo vermelho, símbolo do vinte e cinco de Abril, representa a liberdade conquistada, a coragem que triunfou sobre décadas de sombra. A rosa branca, usada hoje no Parlamento, pretende trazer paz e concórdia, mas carrega uma serenidade distante da vibração revolucionária. Entre o vermelho ardente e o branco pálido, revela-se a tensão entre a memória do povo e a leitura institucional.)

(O vinte e cinco de Abril é a alvorada que devolveu voz ao povo, rompendo o medo e abrindo futuro. O vinte e cinco de Novembro é o momento que firmou o rumo, travando excessos e estabilizando a democracia nascente. As datas unem-se porque uma abriu o caminho e a outra impediu que esse caminho se perdesse.)

Nestes cinquenta anos, muito se dissipou entre debates estéreis e memórias disputadas. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, criticado por muitos, foi acusado pelo Major Sanches Osório, figura dos dias de Abril e de Novembro, de repetir métodos antigos. Osório, perseguido após o golpe de onze de Março de mil novecentos e setenta e seis, fugiu para Espanha, enquanto o General Spínola partiu para o Brasil.

O Movimento Democrático de Libertação de Portugal, fundado a cinco de Maio de mil novecentos e setenta e cinco sob a liderança de Spínola, preparava o regresso de um exército destinado a expulsar os comunistas do poder. Entre os seus apoiantes encontravam-se Sanches Osório, Canto e Castro, Galvão de Melo, Rui Castro Lopo, Abílio de Oliveira, Joaquim Ferreira Torres, Avelino Ferreira Torres e o Brigadeiro Pires Veloso, além de figuras destacadas da Igreja, Arcebispos e Cónegos. No gabinete político, dirigido por Spínola e Fernando Pacheco de Amorim, estavam António Marques Bessa, Diogo Pacheco de Amorim, hoje Vice-Presidente da Assembleia da República e membro do Chega, José Miguel Júdice e Luís Sá Cunha.

Cinquenta anos após o vinte e cinco de Novembro recordam-se também os que perderam a vida sem fazerem parte de grupos ou movimentos, como o Padre Maximiano e a jovem Maria de Lurdes, assassinados na Estrada Nacional Dois, perto de Santa Marta de Penaguião, lembrando que a história da liberdade também se escreve com sangue.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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