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sábado, 4 de abril de 2020

Ana Maria Pica no Sindicato Unia



Sindicato Unia

Ana Maria Pica, é natural do Alentejo, e é formada em ciências sociais e de psicologia. Reside na Suíça, há mais de 20 anos e é presidente de um dos grupos de Mulheres da Suíça Central. É representante do Partido Socialista na Suíça e vive com o lema “juntos por uma sociedade forte”. Ana é uma portuguesa que tem uma extraordinária energia, para lutar por qualquer causa que defenda e por aquilo em que acredita. Defende que precisamos de fazer acontecer.
Aliada ao sindicato UNIA, faz um trabalho de orientação para todas as pessoas, mas em especial para todas as mulheres.
O sindicato UNIA abriu-lhe as portas no grupo das mulheres e Ana decidiu abraçar esta causa, com muita força, garra e dedicação.
Devido à emigração, e à necessidade de as pessoas abandonarem o seu país, estas deparam-se com uma nova realidade e uma necessidade de enfrentar uma nova integração e uma nova língua, trabalhos mal remunerados, entre outras dificuldades. Muitas das vezes, estas pessoas são exploradas, pois consentem que isso aconteça, devido à necessidade de ganhar dinheiro para sobreviver.
Ana começou a ser procurada para auxiliar estas pessoas, e aos poucos foi criando o grupo das mulheres, mais a nível laboral. Gradualmente, começou a actuar também a nível social e teve um crescimento exponencial, até ao nível em que está hoje.
Ana é filha de emigrantes. O seu pai esteve emigrado em França, nos tempos em que ser emigrante era sinónimo de sofrimento. A história do seu progenitor é um exemplo para Ana e este defendia que devemos sempre lutar por aquilo que achamos correcto e em que acreditamos, passando-lhe grandes valores, valores esses que encontrou na Suíça, no sindicato. Desta forma, ela procura fazer aquilo que o seu pai não conseguiu fazer.
Em Portugal, já pertencia à politica e fazia parte do Partido. Na Suíça, foi nomeada para fazer parte das relações internacionais, a convite do Dr. Paulo Pisco.


Hoje em dia, todos os contratos colectivos de trabalho, seja em hotelaria, construção, limpezas, etc., têm que estar de acordo com os princípios do sindicato UNIA, como por exemplo a GAF (Gesamt Arbeit Fachwelt) e, desta forma, mesmo que a entidade empregadora coloque no contrato que irá pagar menos do que está na lei e esse contrato seja assinado, o que é válido é o que o sindicato diz.
Na área da hotelaria é onde se verificam as maiores irregularidades. Os trabalhadores são escravizados e explorados, principalmente em hotéis de 5 estrelas. O problema não está nos hotéis, pois por norma pagam bem às empresas de recursos humanos que contratam para trabalhar com eles; o problema está nessas empresas de trabalho temporário, contratadas para a limpeza dos seus edifícios.
Ana também actua em manifestações, nomeadamente em empresas, de forma a que os empregadores ganhem consciência de como actuam perante os seus trabalhadores, com intuito de melhorar salários, condições de trabalho e a forma como são tratados.
Houve um crescimento exponencial do movimento em busca de trabalho, devido à crise na Europa.

Esta crise gerou um grande desespero nas famílias e a entrada em massa de população na Suíça, gerando esta exploração e este abuso por parte dos empregadores, tratando as pessoas como objectos.
Ana defende que o país, em si, devia rever o funcionamento das empresas de temporários, pois muitas delas caem no ridículo de fazer contratos de 2/3 dias, abusando da necessidade das pessoas, não oferecendo estabilidade a ninguém.
Quase um terço da população da Suíça são emigrantes (aproximadamente 2 milhões de pessoas), o que faz aumentar a problemática da exploração. Por exemplo, recentemente a Suíça começou a ter muitos emigrantes polacos, que se sujeitam a ganhar 10 CHF. à hora, levando Ana a questionar-se de como conseguirão eles sobreviver.
Existem muitas empresas a infringir as leis dos direitos dos trabalhadores, mas existem também outras empresas que são sérias e que chegam mesmo a procurar o UNIA para se poderem manter informados sobre e legislação.

 O UNIA está disponível para esclarecer os cidadãos sobre os seus direitos, nomeadamente os valores que têm a receber de acordo com o trabalho que fazem. Este sindicato tem vários departamentos, cada um deles dedicado às áreas de actuação dos trabalhadores, esclarecendo dúvidas e dando também apoio jurídico, a quem já é sócio, há um determinado tempo.
O sindicato UNIA tem um protocolo para entrada dos cidadãos; portanto, desta forma, o cidadão não pode tornar-se sócio, quando já tem um problema a resolver, pois se assim fosse, seria injusto para com quem paga a quota há vários anos.
Este sindicato é politico de esquerda e Ana defende que as pessoas devem querer fazer parte dele, pois o sindicato unido consegue negociar com os patrões para aumentar os valores pagos à hora, e essa negociação acontece ano após ano. Quanto maior o número de sócios, melhor será a negociação.
Exemplo; na construção civil ganha-se melhor, pois 87% dos trabalhadores são sócios do UNIA.
Quando há uma manifestação dos trabalhadores da construção, o país pára e os próprios chefes têm medo e ganham um respeito diferente pelos funcionários. Por exemplo, não queriam renovar a lei da pré-reforma aos 60 anos, mas com a força reivindicativa dos trabalhadores renovaram.
A área das limpezas continua a ser a área de maior exploração e que mais precisa de ser trabalhada. Só a partir de 2012 começaram a ter direito ao décimo terceiro mês. A lei dizia que deviam receber 25% no primeiro ano de trabalho, 50% no segundo, 75% no terceiro e só após quatro anos na mesma empresa podiam receber a totalidade.
O UNIA, por norma, não é uma entidade que ajude a procurar trabalho, nem tem obrigação disso, mas tem muitos conhecimentos que ajudam os sócios a procurar novos trabalhos. Ana, em média, coloca 60 a 70 pessoas por ano.
O sindicato também disponibiliza um vasto número de cursos, que todos os sócios podem frequentar e também disponibiliza um livro em italiano, alemão e francês, que contém muitas formações úteis. Tudo isto tem como objectivo promover o crescimento do cidadão, principalmente dos emigrantes que muitas vezes são vulneráveis, por não terem informação para saber o que é verdade, e apenas ouvem o que os outros dizem, não sendo isso o mais correcto.
Qualquer pessoa pode inscrever-se no UNIA e existem diferentes quotas, desde 10,50CHF por mês.
Esta cota mais baixa é mais direccionada e aplicável às donas de casa, que vão fazendo formações.
Quem trabalha e tem um ordenado, na sua folha de salário tem um discriminativo que permite que o próprio sócio, no fim do ano, possa dirigir-se ao UNIA e receber os seus direitos. Dessa forma, podem ser reembolsados em 80% do que é descontado mensalmente na folha de salário.
Para se afiliar ao UNIA basta preencher o formulário de inscrição.
Ana e o seu companheiro já foram ameaçados várias vezes devido ao trabalho que fazem de defender os direitos dos trabalhadores, mas encara esses problemas com cabeça erguida e refere que apenas a fortalece e, enquanto acreditar nos projectos a que está associada, irá continuar.
Além de trabalhar na política e no sindicato, faz um trabalho com mulheres que são exploradas e maltratadas, em casos que chegam mesmo a envolver a polícia. Embora sejam assuntos sigilosos e de protecção, Ana ajuda muitas mulheres e todas podem procurá-la, caso precisem da sua ajuda.

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