As
fraquezas de Cabo-Verde e a ignorância de sucessivos Governos, na voz de uma
adolescente
Chamo-me
Geovânia Marilda Semedo Mendes, Filha de Martina Lopes Semedo Mendes e de
Domingos Ramos Mendes. Tenho 18 anos de idade. Sou cabo-verdiana, vivo na Cidade
da Praia.
Em
09/05/2016, faleceu o meu Pai; sofri muito porque éramos muito amigos, ele
sofria da doença Hanseníase e usava muito álcool. “A Hanseníase, conhecida
antigamente como Lepra, é uma doença crónica, transmissível e atinge principalmente
a pele e os nervos periféricos com capacidade de ocasionar lesões neurais,
conferindo à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo
estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.” A família
Semedo sofreu essas represálias.
Os
sinais e sintomas mais frequentes da Hanseníase ou Lepra são muitos; devem
pesquisar na Internet para se inteirarem dos factos, caso tenha interesse!
Geovânia
Marilda e seu Irmão, únicos infectados pelo seu Pai, estiveram em tratamento
durante um ano, mas ainda não sabem o resultado final, porque fica caro aos
bolsos da família Semedo fazerem essas análises. Embora o tratamento tivesse
sido grátis, não se percebe porque as análises também não são grátis! Pois, confessa
a pequena Marilda, que as Análises não podem ser grátis, porque as análises têm
de ser feitas em Clínicas e enviadas para Portugal (tudo comercial, até a
saúde). Como a crise em Áfricas é tremenda, com Governos suicidas, com
interesses próprios, como tantas vezes vemos nos telejornais, o que custava
pagar 95 Euros cada Análise para cada pessoa cabo-verdiana saber se continuam
infectada ou não, com risco de morrer cedo e ou ter uma infecção transmissível!
O pior de tudo é que Lisboa aceitou o tratamento e Cabo-Verde rejeitou
simplesmente, porque dizem que a doença podia ser tratada em território
nacional, mas Marilda diz que em Lisboa era mais confiante e já saberiam o
resultado final que tanto esperam.
(a
Geovânia Marilda Semedo Mendes apela a que possam pagar directamente as duas
Análises para se certificarem da patologia da sua doença e se devem estar
descansados ou voltar a fazer tratamento, uma vez a menina já não tem manchas,
mas o menino ainda tem algumas manchas)
“O
Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento da
doença em unidades básicas de saúde e em referências. O tratamento da doença é
realizado com a Poliquimioterapia (PQT), uma associação de anti-microbianos,
recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).”
A
Geovânia Marilda Diz;
somos 6 Filhos (quatro rapaz e duas meninas).
Depois
da morte do meu Pai, a família já não existia mais, somente Irmãos e a minha Mãe,
tivemos que desistir da escola por causa de condições financeiras, que pena não
é! O meu sonho era ser Advogada ou ter o meu próprio salão de beleza, mas
infelizmente não é possível.
No
ano 2018 descobriram-nos, a mim e ao meu Irmão a Hanseníase/ Lepra na pele, tal
como teve o meu Pai, mas disseram-nos que éramos jovens e que íamos ser tratados
rapidamente, porque somos jovens. Tivemos um Ano de tratamento, e isso
complicou com os meus estudos, porque o medicamento era forte e eu esquecia de
todas as coisas e ficava nervosa.
A
minha Mãe era sozinha a criar todos os filhos e ainda tinha problemas de saúde;
eu ficava triste por causa do sofrimento dela e resolvi desistir da escola e
trabalhar, para ajudar na casa.
Mais
aqui, em Cabo-Verde, o trabalho não é muito, ainda mais para uma menina menor
de idade, naquela altura, e agora com 18 anos de idade e ainda com problema de
saúde não é! Nós em Cabo-Verde estamos abandonados pelo Governo à nossa mercê;
não há grandes possibilidades de emprego. A agricultura ajuda, mas é uma
pequena fasquia; onde está a chuva, exclama Marilda!? As ilhas de Cabo-Verde têm
o clima desértico. A temperatura durante o dia é muito quente, já à noite poderá
ser fria. A chuva aqui é escassa e, por esse motivo, a agricultura também é uma
crise por falta de rega; se não fosse a temperatura, grande parte dos cabo-verdianos
não passavam fome de cão.
Em
Cabo-Verde, o turismo tem sido um dos sectores de foco para o novo Governo, como
forma de promover o desenvolvimento do País. Realizaram-se uma série de
actividades na Cidade da Praia, presididas pelo Governo que tem mencionado as
FRAQUEZAS que o País tem de eliminar para que o sector se possa desenvolver.
A
Pequena Marilda reflecte que tem o mar como uma grande fonte para o Turismo e
está mal explorado!
As
Principais Oportunidade de negócios são; Hotéis, Resorts e Similares, Transporte aéreo “Low
cost”, MICE, Turismo rural e Ecoturismo, Turismo de Cruzeiros, Desportos
náuticos, Tracking, Turismo de Saúde, Cultura de Rua, Cultura geral e, a
acrescentar, as vendas nas lojas e ambulantes disparavam para o sustento de
qualquer família ter uma boa qualidade de vida, mas está tudo morto. Moribundo.
Tudo, devemos a “As fraquezas de Cabo-Verde e a ignorância de sucessivos
Governos”
“Chamo-me Geovânia Marilda Semedo Mendes, Filha de Martina Lopes Semedo
Mendes e de Domingos Ramos Mendes. Tenho 18 anos de idade. Sou cabo-verdiana,
vivo na Cidade da Praia.”
A Geovânia Marilda disse à repórter X: “Eu já dormi na rua, passei fome, mas mesmo assim não desisto.”
Nós quisemos saber o porquê e claramente tentámos que tudo fluísse
normalmente, mas apercebi que nem tudo estava a ser contado com vergonha! É
evidente que a Marilda tem sentimentos e auto-estima, em que lhe dei os parabéns
pela coragem de se expor; penso que muito lutadora e muito inteligente; basta
ler o texto escrito pela própria, escreve bem e é observadora.
Então, a pequena Marilda disse o seguinte:
Eu arrumei um namorado, e sofri muito por causa dele, porque ele não
trabalhava e só dormia e comia e não se importava se eu comia ou não; ele
queria apenas ter aproveitamento sexual de mim. Cheia disto, um dia brigámos e
tive que dormir na rua; não queria que a minha mãe soubesse disso!
Eu faço tudo por minha mãe e não a queria chatear, porque foi o caminho que
eu escolhi.
Eu também fui muito enganada pelo sistema, porque eu estava iludida para
ganhar dinheiro para comermos em família, ter uma vida digna e sem fome.
Ganhava 50 Euros por mês num Bar, senti-me muito cansada e explorada a
trabalhar de sol a sol e não dava para comermos; pelo que desisti. Pai
falecido, Mãe doente, irmão doente, eu própria com a Lepra, que felizmente foi
curada. Muitos irmãos. Terras secas com agricultura reduzida. Pouco turismo. É
claro que as dificuldades aumentaram, a qualidade de vida em Cabo-Verde é
miserável. Poucos vivem bem, a maioria vive o dia-a-dia com dificuldades. Eu, desta
altura, sinto-me muito triste por não poder ajudar a minha família, não há
emprego. De momento, faço umas tranças a algumas pessoas que têm uma qualidade
de vida melhor, que trabalham! As pessoas que têm emprego devem venerá-lo.
Palavra puxa palavra, depois de a Marilda contar um pouco da sua vida, foi
ganhando confiança e com calma perguntei sobre a Internet:
Sabes, João, havia amigos do Facebook que me faziam propostas para enviar
fotos nuas e que em troca me enviariam dinheiro, e eu acreditava e fazia isso,
fazia para ter dinheiro para comer, para ter dinheiro para ajudar a minha Mãe!
Nunca recebi dinheiro, deixei de confiar e nunca mais mandei fotos!
Tive de perguntar se fazia sexo virtual; negou.
Perguntei se fazia prostituição de rua; negou.
Bem, quem sou eu para
julgar a Marilda, apenas queria saber a vida dos cabo-verdianos! Falou talvez
na terceira pessoa do singular e noutras meninas e meninos, homens e mulheres.
Eu sabia bem que as meninas africanas, quando ligam muitas vezes a Câmara,
mostram logo o rabo a abanar, ao estilo cabo-verdiano ou ritmo africano,
fazendo jogo de cintura e é claro que a ideia é seduzir para que recebam algum
valor para comprar bens, falo de meninas mais experientes em relação à Marilda;
meninas que vestem bem, pintam-se, passeiam, estudam. O lema é pedir dinheiro
para alguns pequenos luxos do dia-a-dia, para andarem bonitas (já são bonitas),
para um telemóvel melhor, com boa câmara, para saldo do mesmo, para computador,
para trabalhos de escola, um pouco à imagem que todos sabemos, ter o que
desejamos. Daí advém o sexo virtual, mas fazem uma vez, tal como a Marilda diz
fazer com as fotos de nus; assim não serão enganadas pela promessa de não
receberem pela sua exposição; a primeira vez é grátis, para fascinar, digamos.
Quando pedi à Marilda
para falar de meninas e não dela, ficou aliviada:
Confessa que a grande causa da prostituição em Cabo-Verde é a Internet,
aliada à necessidade de sobrevivência e à pobreza extrema e a alguns luxos que
podem obter disso.
Aqui, em Cabo Verde,
existem muitas meninas menores de idade que já estão com filhos e passam por
muitas dificuldades. Os rapazes só querem sexo! Por isso, digo que não devem
fazer isso, porque colocar uma criança no mundo para sofrer não é justo.
E os rapazes só querem
fazer as meninas sofrer e colocar bebé na barriga e ir à procura de outras, quantas
mais melhores, depois têm filhos em todas elas e não assumem nenhum; assim está
o estado da Nação.
É triste ter filho e o filho ver os Pais separados por causa de um bebé não
planeado.
Muitos e muitos meninos e meninas estão sem escola como eu, por vários
motivos; no meu caso por doença a seguir da pobreza, e em que me dizem; sem
escola como vai ser o vosso futuro?
Como vamos comer o que queremos?
Os nossos sonhos vão para o lixo, não é?
Nunca é tarde para recomeçar uma nova vida; por isso temos tempo para ter
filho, para ter um amor, para ter o nosso futuro; mas, para tudo isso, é
preciso estudar.
A prostituição vem daqui; quando não temos condições de ter filhos, um dia
vamos ter e ainda dizem o "pão é Deus quem dá"; como Deus vai dar
trabalho se para ter trabalho é preciso que estudamos não é? O futuro passa por
termos certificados; aqui, a terra sem chuva não nos alimenta, senão vivíamos
da agricultura e criávamos animais.
E os nossos filhos crescem com necessidades; vejam amigos, como funciona
sem ter um Pai e uma Mãe com condições mínimas de sobrevivência digna de um ser
humano?
E quando tem idade de ir p’rá escola não tem condições de pagar estudos?
E isso leva a pessoa a fazer prostituição para ajudar a família não é?
E o Governo não quer nem saber das necessidades dos outros, das crianças
que estão na rua a beber e a usar drogas. Há Pais a alimentar os bebés com
álcool, em vez de leite, para enganar a fome. Agora vejam se é ou não quase
obrigatório prostituir?
É assim a sociedade cabo-verdiana, que vai complicando todos os dias. Tens
de sobreviver; o contrário é a morte com doenças e sem defesas de proteínas.
E qual é o exemplo dos Pais que têm filhos menor de idade e sem condições?
É a mesma coisa que anda a acontecer com os filhos. Prostituição!
Vou-me perguntando a mim mesma; a prostituição vai aumentando por causa de
ilusão, quer ter boa roupa, bom sapato e um bom perfume?
Será que não pode ter isso sem a prostituição?
Hoje em dia está difícil não é?
E o aborto vai aumentando, cada dia mais por causa de sexo desprevenido.
Para terminar, daqui desta história dá perfeitamente para pensar que muita
menina vem para a Europa ao engano e cai na prostituição, principalmente nos
países em que a Prostituição é livre, como na Suíça.
Agradecia à Marilda por todo o seu esforço e disse que a compensaria com um
pequeno valor, Respondeu; “Se espero por esse dinheiro para comer morro de
fome!”
Senti-me mal várias vezes pelo testemunho escrito sobre estas notas, mas
este último deu-me uma volta tão GRANDE à barriga que vou pegar uma das
primeiras frases e vou aqui deixar o testemunho repetido sobre a doença que
sofreram com a Lepra.
(a Geovânia Marilda Semedo Mendes apela a que possam pagar directamente as
duas Análises para se certificarem da patologia da sua doença e se devem estar
descansados ou voltar a fazer tratamento, uma vez que a menina já não tem
manchas, mas o menino ainda tem algumas manchas).
Como se aperceberam, está aqui um texto genuíno a falar das fraquezas de
Cabo-Verde e a ignorância de sucessivos Governos, na voz de uma adolescente, na
fome extrema, na droga, na prostituição, no aborto, no abuso, no poder e na
fraqueza de um ser humano que teve o azar de nascer no sítio errado dependendo
da sua cor, politica ou religião e que inocentemente, embora escreva bem, conta
algo que muitos europeus nem lhe passa pela cabeça, em que pedem uma mísera
ajuda para fazerem análises, para saberem se os dois irmãos estão completamente
curados da Lepra!
- Eu vou pedir ajuda a todos vocês para esta família, através da conta
Repórter X, e assim controlar despesas; caso enviem pequenos donativos enviarei
para a conta da Mãe da pequena Marilda, mostrando prova de recebimento como de
envio, que assim seja e aguardo que possam ajudar com valores pequenos, pois se
muitos o fizerem pode dar mais valor. Obrigado.
Revista Repórter X
IBAN CH59 0900 0000 8937 0140 6
BIC POFICHBEXXX
Gussstrasse 20
8180 Bülach
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