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sábado, 4 de abril de 2020

Artesanato pelas mãos de ouro do artesão Alfredo Teixeira, desde o Cantão do Ticino


Artesanato pelas mãos de ouro do artesão
Alfredo Teixeira, desde o Cantão do Ticino


Alfredo Teixeira, consegue fazer de um pedaço de qualquer “toco”, qualquer objecto; desde um barco a qualquer outro objecto destes em madeira, até instrumentos de música; basta pensá-los e realizá-los.

Temos de amar muito o que fazemos, ter muita paciência, cultura e paixão; tudo isto, que está aqui feito e produzido, leva muito tempo para fazer, e muitas vezes tenho de fazer e desfazer, pois como são miniaturas torna-se bem mais difícil fazer estes trabalhos, dai ser necessário ter mesmo muita paciência e também ter alguma sabedoria e conhecimento sobre aquilo que se está a fazer! Por essa razão, estas coisas mais pequeninas requerem mais cuidados, pois são ainda mais difíceis de trabalhar! Quanto mais pequenas forem as peças, mais difícil se torna de as manusear; por isso mesmo é preciso muita paciência e muita paixão. Por isso, como eu disse logo no início, é preciso ter cultura, conhecimento e paixão, para transformar estas coisas em pequenas obras de arte.

Considero as minhas obras de arte uma tradição popular, coisa rara para as nossas comunidades que pensam sobretudo que a tradição fora de Portugal seja apenas o folclore ou uma bandeira, mas Portugal não têm só o folclore e uma bandeira para mostrar na emigração!

Exibir a bandeira, com 5 Quinas, representa o símbolo nacional da República Portuguesa. O folclore é muito bonito, mas claramente que nada tem a ver com arte braçal que eu trabalho, pois isto que eu faço requer um pouco de conhecimento histórico, cultural e tradicional.

A Nave dos Descobrimentos faz parte da história de Portugal, eu até diria a parte mais importante da nossa história, pois é a parte dos Descobrimentos; esta é a Nave São Gabriel, que foi usada por Vasco da Gama para o Caminho da India, em 1497-1499, e depois por Pedro Álvares Cabral, em 1500, para a descoberta do Brasil. Esta Nave levou-me entre os 7 e os 9 meses de tempo para a construir. Esta era a Nave Capitania da Frota Portuguesa, dos anos 1500-1600; é uma Nave símbolo da história Portuguesa da época dos Descobrimentos, uma das épocas mais brilhantes, e heróicas da história Portuguesa. A história dos descobrimentos e da Navegação é um motivo de grande orgulho para Portugal, e para mim é uma honra e um orgulho poder relembrar, com as minhas obras e as minhas reproduções, estes eventos históricos vividos pela nossa Nação; esta Nave, para mim, é uma das obras mais importantes que fiz e da qual tenho muito orgulho, porque relembrar os Descobrimentos e os nossos grandes Heróis, com estas miniaturas, é uma honra, pois é uma das partes mais importantes da história de Portugal.
Não podemos esquecer a grande potência que era Portugal, nos anos 1500 e durante todos os Descobrimentos; esta Nave é, sem dúvida para mim, a obra mais importante de todas as que fiz até agora, e gostaria que através destas minhas obras, em miniatura, pudesse dar conhecimento aos Portugueses de quanto foi grande a nossa nação, quanto é rica e importante a nossa história. Na realidade, Portugal foi uma grandíssima Nação; isto é a nossa memória, que nem todos conhecem, mas que seria bom todos viessem a conhecer e orgulharem-se pelas nossas raízes, pelo nosso passado de grandes navegantes. Eu, com estas miniaturas, gostaria também de transmitir essa parte histórica, a todos.

 Quando falo, faço-o com grande orgulho Lusitano, com toda a honra de ser português e de fazer parte de um passado tão rico de história.

Hoje, em dia, há esta falta de patriotismo, que é comum nas novas gerações, mas que deviam ter, por tudo o que foi o povo Português, por todas as conquistas e todas as batalhas vencidas; só podemos ter orgulho do nosso passado e da nossa história, o grande orgulho de Portugal!

Todas as minhas criações, onde reproduzo partes da nossa história e tradições, são realizadas sobretudo durante as horas nocturnas, depois de jantar, em que venho passar muitas horas do meu tempo, dedicando- me a estas miniaturas, com muita emoção e que me fazem reviver muita historia e tradição, como já frisei antes. Sempre que posso, isto já faz parte do meu dia-a-dia; tudo isto está enraizado dentro de mim, toca-me profundamente, e seria muito bom se isto acontecesse com mais conterrâneos. Matando assim as saudades, e trazendo Portugal até nós, enquanto não podemos ir até Portugal, é o meu orgulho; até tenho uma certa vaidade, em poder exprimir o amor pelo meu país, desta forma muito especial, pois a nossa história é grandiosa e eu sinto isso, de alma-e-coração.

Não me foi possível continuar os estudos depois da escola secundária e, como muitos, tive de emigrar, mas desta forma encontrei a maneira de poder enriquecer o meu conhecimento, quer seja histórico ou cultural, e tento fazer algo que fique e transmita o que faço, para enriquecer as novas gerações. A este país de acolhimento, que é a Suíça, se tivesse continuado os meus estudos, creio que teria feito a divulgação histórica cultural de Portugal, tenho muito orgulho na bandeira Portuguesa, dos Açores e da Madeira. Tento representar no meu pequeno atelier toda a história Lusitana.

Sempre transmito aos meus filhos, os meus trabalhos d´arte; eu sou casado há 27 anos, com uma Italiana; sou feliz e realizado, pelo que sinto-me muito contente. Os meus filhos estão crescendo e, como estamos a viver na Suíça, também com uma cultura Italiana,transmitida pela mãe, eu continuo a transmitir aos meus filhos a cultura Lusitana. Os meus filhos são jovens do presente e do futuro, mas não deixam de ter conhecimento do passado e das raízes dos seus pais, pelo que posso dizer estar bem satisfeito, porque eles começam a interagir com estas realidades multiculturais, que até são uma mais-valia, para a cultura mista. Estou muito contente, pois esta multicularidade enriquecedora faz com que, por exemplo, o meu filho mostre um grande interesse por todas estas obras que faço.

Também posso dizer que eu e o meu filho somos membros de um grupo de folclore, aqui em Lugano; neste momento, é o meu filho que deseja continuar esta tradição do folclore, e claro que eu o apoio, mas se eu tivesse que fazer uma escolha entre o folclore e aquilo que eu faço, certamente que escolheria o que faço. Mas estou satisfeito, porque acompanho o meu filho, que também desta forma mostra o seu interesse pelas tradições e cultura da nossa terra.

Também tento transmitir, aos meus filhos, tudo o que faz parte das nossas tradições e cultura, e vejo muito interesse neles, pois fazem perguntas, querem conhecer e saber, embora que vivendo aqui, onde as tradições e a cultura são diferentes, possa parecer estranho, mas para os jovens isso só pode ser uma mais-valia, ficando com conhecimentos multi-culturais.
Nunca me passou pela cabeça pôr as minhas peças de arte à venda; estas coisas são para mim; até as posso emprestar, expor, mas vender não! Isso nunca, eu sinto estas minhas peças, estas miniaturas, como se fizessem parte de mim.
  
Sendo eu português e a minha esposa Italiana, vivendo aqui na Suíça, há aqui certamente uma mistura de culturas, e sim é verdade que casais, onde os dois sejam Portugueses, não conseguem transmitir aos próprios filhos o que estou conseguindo eu, não obstante esta multi-culturalidade, e sim isso para mim é um grande orgulho! Pois eu que represento Portugal, e vivo com a minha cara-metade de outra nacionalidade, a viver noutro país, consigo fazer e transmitir o que uma grande parte dos Portugueses não consegue! Com isto, não faço críticas, mas é a realidade.
  

Adaptação/Fotos; Hermínia Dorici






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