Há portugueses na Suíça com dificuldades; muitos
não sabem gerir o dinheiro e precisam de apoios psicológicos
Raquel Costa
A Revista Repórter X,
mais concretamente o Director João Quelhas, recebeu um pedido de ajuda para a
Raquel e para a sua família. A Revista Repórter X não tem por hábito recusar
pedidos de ajuda. Não ajudamos a nível monetário, mas fazemos o que está ao
nosso alcance, para divulgar as carências dos necessitados e assim chegar a
mais pessoas e apelar ao coração dos mais solidários. Também indicamos locais
onde os carentes se podem dirigir, para obterem ajuda. Raquel é uma das
afectadas por esta crise pandémica, e tem pedido ajuda a nível de bens
essenciais, principalmente alimentos para a filha de 9 meses.
Natural de Águeda, é
residente na Suíça há 32 anos. Trabalha na Coop, é casada e tem três filhas (de
21 anos, 18 anos e 9 meses). Viu-se obrigada a pedir ajuda, pois o marido está
em casa devido ao encerramento dos restaurantes, recebendo 80% do ordenado. No
mês de Fevereiro recebeu apenas 50% (2600 CHF). Mesmo continuando a trabalhar a
100%, com o ordenado de 3600 CHF (que perfaz um total de 6200CHF juntamente com
o ordenado do marido, a 50%) Raquel afirma que não conseguem sobreviver com
esse valor, e pediu ajuda. O nosso entrevistador, o director Quelhas,
questionou-a quanto à veracidade dessas palavras, pois afirma que há pessoas a
sobreviver com menos, incluindo o próprio, interrogando-a ainda sobre o que
falhou, para precisarem de pedir ajuda. Raquel afirma que têm dividas,
créditos, nomeadamente em Portugal, de uma casa, a casa para pagar na Suíça e
os seguros de saúde. Pagam 5 seguros de saúde (Krankenkasse) e João acredita
que pagam valores demasiado elevados; por isso, aconselhou a pedirem ajuda a
nível de documentos à Gemeinde (Câmara Municipal) para que possam encaminhar
para a Krankenkasse e dessa forma pagarem menos. A sua filha mais velha também
é trabalhadora e sendo assim, colabora com o que pode e é responsável pelas
suas próprias contas.
Raquel, para não falhar
com as obrigações dos créditos, decidiu cortar na alimentação e por isso pede
ajuda com bens alimentares.
Inicialmente, João
questionou se já tinha sido ajudada por alguém, ao que respondeu que não, mas o
nosso director contactou a Missão Católica Portuguesa de Zürich, mais
concretamente o padre Walfrido, sendo informado pelo mesmo, que a Raquel e a
família já tinham sido ajudados por eles. Quando confrontada por Quelhas sobre
isso, Raquel assumiu a ajuda (dois vales do Migros de um valor que não quis
revelar) e ainda ajuda com bens alimentares, vinda de outras pessoas. Quelhas
afirmou ainda que, depois de contactar o padre, tinha sido informado que se
houvesse necessidade, voltariam a ajudar esta família.
Após estas declarações,
João fez esta cidadã ver que há milhares de pessoas na Suíça que neste momento
estão em Kurzarbeit (Lay-off), a ganhar 80% do salário, e muitas vezes só entra
um vencimento em casa e também sobrevivem.
Mesmo quando existem
pedidos de ajuda à social, esses valores também têm de chegar, e por isso toda
esta problemática familiar passa por falha na gestão dos valores que
mensalmente recebem, pois são 3 pessoas assalariadas. Assim, afirma que esta
família não teria necessidade de pedir ajuda, se soubesse gerir a vida. João
aconselha esta senhora a aprender a controlar os gastos, pois amanhã podem
ficar desempregados, ou doentes e ter de ir para a baixa, e a situação ficar
ainda mais caricata do que está agora.
Além da Missão Católica
Portuguesa de Zürich, aconselhamos Raquel a falar com o Grupo Entre Asas.
Quelhas também os contactou, recebendo a informação que este grupo colaborou
com oferta de bens alimentares, entregando pessoalmente.
A Revista Repórter X,
mesmo sabendo de toda esta história e dos valores que entram mensalmente em
casa desta família, e mesmo acreditando que se houvesse boa gestão não haveria
necessidade de pedir ajuda, não a negou, e resolveu realizar esta entrevista,
para que este seja também um exemplo para outras pessoas na mesma posição, e
para que alguns leitores possam aprender, com esta situação de crise mundial,
que é necessário poupar para uma emergência e que tudo pode mudar da noite para
o dia.
João Quelhas aconselha
esta senhora a aprender a gerir o seu dinheiro, para que não fiquem contas
atrasadas e dessa forma poder evitar situações críticas como esta.
No meio de todas estas
dificuldades, acreditamos que tanto Raquel como outras pessoas na mesma
situação precisam de apoio psicológico, pois não é fácil lidar com a pressão de
não ter condições de responder às obrigações.
No fim da entrevista,
Raquel e a família agradecem todos os apoios, que têm chegado até eles.
A Revista Repórter X, e
todos os seus intervenientes neste artigo, são isentos de qualquer opinião
sobre este assunto, e isentos de qualquer crítica. Todas as palavras proferidas,
aquando da entrevista propriamente dita, entre João Quelhas e a entrevistada Raquel,
como durante a transcrição e revisão do artigo, não têm como objectivo criticar
ou ofender, mas sim alertar para este tipo de problemáticas e ajudar pessoas
que possam estar a passar pela mesma situação.
Transcrição Vídeos; Patrícia Antunes
Entrevista; João Quelhas
Revisão Dr. José Macedo de Barros, sociólogo político
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