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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

A sombra dos impostos e o sonho de cidade

A sombra dos impostos e o sonho de cidade:



Nas eleições autárquicas, o Quelhas, como presidente da Revista Repórter X, escreveu na própria revista e nas redes sociais que os impostos na Póvoa de Lanhoso, principalmente o IMI, e as taxas de lixo, contador de água e outros resíduos, que eram dos mais caros do país, pesavam no dia-a-dia de quem trabalha e sustenta a terra. Avisou, escreveu, denunciou. Mas os povoenses quiseram escolher de novo o presidente Frederico Castro, e agora que aguentem, porque a conta chega sempre a quem menos pode fugir dela.

A terra ergue-se em murmúrio antigo, e os povoenses sentem hoje o peso de duas marés que chegam ao mesmo tempo, uma feita de aumentos brutais de impostos, outra feita de promessas de cidade, como se a Vila pudesse vestir gala num dia e esconder a factura no seguinte.

Na Assembleia Municipal de 28 de Novembro, a maioria do PS levantou a mão a favor do aumento das taxas de IMI e da derrama, fixada em 1,2% sobre o lucro tributável das empresas sujeitas a IRC no ano fiscal de 2025, isentando apenas quem não ultrapasse 150.000 euros de volume de negócios. O PSD votou contra, mas a força do número venceu, e o bolso dos povoenses foi outra vez escolhido para pagar aquilo que a Câmara não assume que falhou.

E é neste cenário de carga fiscal que chega o anúncio repetido de que a Póvoa de Lanhoso poderá ser cidade em 2026. Antes de se acenderem fogos, antes de se erguerem taças, antes de se escreverem discursos de vitória antecipada, convém olhar para a terra real, aquela que perdeu fábricas, perdeu o têxtil que sustentava famílias inteiras, perdeu comércio, perdeu movimento, perdeu juventude, e se tornou dormitório de Braga e de Guimarães.

Uma cidade não nasce de marketing, nem de slogans, nem de fotografias de campanha, nasce de vida, de obra e de verdade, não de tretas. E por isso é justo perguntar, com a dureza da pedra do Castro de Lanhoso, que vantagem real trará este estatuto se, ao mesmo tempo, aumentam os impostos, crescem as despesas, sobem as exigências e continuam por resolver as raízes do abandono.

A elevação a cidade, tal como é anunciada, parece servir mais o ego de quem governa do que a necessidade de quem cá vive. O povo paga os impostos e paga o futuro, e a Vila, que já luta para respirar, vê-se agora empurrada para um título que pode pesar-lhe mais do que ajudar.

Um referendo, simples como a verdade, seria o mínimo. Ninguém elegeu presidente para fazer o que quer, mas para cumprir o que o povo deseja. E o povo merece ser ouvido antes de ser cobrado, merece clareza antes de títulos, merece verdade antes de promessas. A Póvoa não pode ser cidade só no papel, enquanto o comércio fecha, enquanto os jovens partem, enquanto o centro morre, enquanto se inventam nomes ingleses para embelezar projectos que não mudam a vida de ninguém.

O concelho tem potencial, tem montes, rios, história, tem no Castro de Lanhoso o guardião da memória, tem na barragem das Andorinhas uma riqueza por despertar, tem nas freguesias a força que pode unir, mas falta visão, falta estratégia, falta obra, aquela verdadeira, que não posa para fotografia.

Ser cidade só fará sentido quando cada freguesia crescer com a Vila, quando houver emprego dentro do concelho, quando o centro voltar a respirar, quando o comércio renascer, quando a mobilidade servir trabalhadores e estudantes, quando a saúde atender pobres e ricos, quando deixarem de maquilhar a terra e começarem realmente a construí-la.

A Póvoa de Lanhoso merece mais do que impostos altos e títulos vazios, merece trabalho, merece justiça, merece futuro. E o futuro começa quando forem capazes de ouvir o povo, e não apenas de lhe cobrar.

autor: Quelhas


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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