Nunca, 
aqui, nos referimos diretamente ao caso do agora ex-cônsul-geral em Zurique, 
Paulo Rufino, que é um caso muito nublado e típico da intrigalhada das 
Necessidades. E nunca nos referimos diretamente ao caso para não dar 
oportunidade a que as más línguas habituais que volta e meia são também 
institucionais, falando na paz dos gabinetes ou nas guerras de corredor (como 
sempre) propalassem que o caso era aqui tratado apenas por uma questão de 
amizade pessoal. Mas mesmo assim propalaram, pois houve quem tivesse propalado, 
ainda que o caso tivesse sido comedida e vagamente referido, sendo de razão 
comum a outros mais "casos". O cônsul-geral regressa um ano depois de ter sido 
nomeado, acreditado e de se ter instalado, portanto sem ter cumprido a missão 
até ao fim como seria expetável, num processo paralelo a um outro onde a forma 
da boa fé sobressai sobre um fundo de sugerida má fé. Ora, não escondemos, antes 
pelo contrário deixamos claro que a amizade que nos liga a Paulo Rufino, como a 
que nos liga a tantos e tantos outros diplomatas, em nada influencia a 
apreciação do caso, nem essa amizade alguma vez pôs em crise a deontologia do 
diplomata ou a nossa. Até porque essa amizade não vem de escola, nem de copos, 
nem de mordomias, nem por salários de valor social - ela tem uma história e essa 
história prende-se exclusivamete com o nosso dever deontológico por duas vezes 
exercido em denunciar situações (passaportes na Tailândia e serviços secretos do 
regime comunista em Praga) em que o diplomata foi alvo de manifesta injustiça 
calculada de proteção de terceiros, abuso de poder e manipulação de influências. 
Um dia, recapitularei esses dois momentos da história porque são emblemáticos da 
forma como a carreira cultiva a sua deontologia e como por vezes quer interferir 
na dos outros mesmo em prejuízo do interesse público. Por agora, fica apenas o 
registo de que um cônsul-geral regressa um ano depois do Estado ter despendido e 
não pouco com a sua partida para o posto, dispêndio que ninguém põe em causa 
para uma missão normal de quatro anos e que apenas se justifica ser 
intempestivamente interrompida por prevaricação grave, conflitualidade insanável 
com a hierarquia ou com a comunidade à qual presta serviço, ou por imprevistos 
da vida (cabeça partida, doença irreversível ou esmagamento por comboios). O 
caso deste regresso antecipado é um caso no mínimo estranho e também no mínimo 
deixa sugerido que a máquina, a célebre "máquina", está a ser gerida tal como a 
Junta Autónoma das Estradas outrora era - corporativamnente, naquele mau sentido 
que está longe de ser o do sentido neo-liberal que, este, até pode ser um bom 
sentido desde a lei e as regras sejam para todos e em iguais circunstâncias. E 
não assimo a rogo, assimo mesmo.Carlos Albino
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