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sexta-feira, 2 de abril de 2021

Clea Vieira - Estudei muitos anos no Instituto Pio XI, colégio de freiras, no subúrbio do Rio de Janeiro

Estudei muitos anos no Instituto Pio XI,

colégio de freiras, no subúrbio do Rio de Janeiro

 

 No final das contas, o amor não depende de quão bonito alguém é, mas até que ponto ele é retratado em seu livro da fantasia (…) - Starobas Renos

 

Desde muito cedo, conheci a dor da perda de minha mãe biológica, a separação de meus irmãos, os maus tratos de minha avó paterna, o descaso das famílias que não me quiseram e o bullying na escola por ser órfã. Desde muito cedo conheci, também, que o antídoto para o mal da dor é o amor. Sim, eu fui abençoada com o amor incondicional de minha mãe adoptiva, Dina, uma freira (que não usava mais o hábito, mas perseverava na sua fé e amor a Jesus) que me doou a sua vida, um futuro e, hoje, é o meu Norte. Com ela tomei gosto pela leitura, pelos idiomas estrangeiros, pela caridade e, principalmente, a ter fé em si e nos outros. Eu sou Clea Vieira, o quinto filho.

 

Estudei por muitos anos no Instituto Pio XI, colégio de freiras, no subúrbio do Rio de Janeiro, no Colégio Pedro II, mas foi no Colégio Miguel Couto, preparatório para vestibular, que descobri que, independente da carreira que eu seguisse, eu queria escrever. E esse mea-culpa atribuo a Paulo Supimpa, professor de Física e Filosofia, que me presenteou com uma de suas Cobras, Terceira Margem, e, hoje meu amigo, é alguém que me descreve melhor que eu mesma poderia.

 

Ele diz que sou “alguém que confia na divindade abstracta, metafísica, criadora e que, sob tal tutela, nada me derrubará. Grega por opção, e esse amor põe no meu sangue a Filosofia que me inspira – talvez esteja aí nossa maior afinidade; somos como uma floresta de letras, tentando encontrar respostas”.

 

 

E que falo do amor pela vida como Belchior e, embora ele fosse convicto que sou ateniense (eu sou!), reconhece em mim uma espartana, que “escreve inspirada pela tragédia grega e pelo vento do Mediterrâneo. E que, entender esse verão interior, fica por conta de quem ousar decifrá-lo, ou correr o risco de desfrutá-lo. Ama o Presente, e no presente, quer amar. Respeita a diversidade e espera paz para o futuro, mas para isso, sabe que precisa lutar. Ainda vou perguntar-lhe: Clea, quais são as suas armas?”; digo-te, Os Amigos!

 

Pretendia enveredar na zootecnia e cuidar dos cavalos, minha paixão, mas minha mãe ficou frustrada; acho que ela esperava mais de mim, algo que me fizesse parecer com ela e, então, fiz três tentativas diferentes; Licenciatura em Português e Espanhol (fui aprovada para a UERJ, mas eu não queria o óbvio), Comunicação Social - Editoração em Relações Públicas, passei na UFRJ apenas para o segundo semestre e desisti por medo da localização - eu poderia explicar melhor, mas agora eu não sei- e Publicidade - Faculdade Hélio Alonso, também segundo semestre, mas por ego; eu tinha pontuação para primeiro lugar em Turismo, e então essa foi minha opção. Porém, fiz apenas um semestre e migrei para Publicidade! Eu sei, foi patético (risos).

 

Enfim, e nessa dicotomia, eu tinha-me tornado aluna nota dez em marketing - e suas especializações:; desportivo, político, cultural etc., Estética - estudávamos a influência das Artes nos mídia; eu fui destacada nessa matéria pelo gosto peculiar que demonstrei por Camille Corot, em especial a Obra "O Vento". No Direito - o que me influenciou na escolha do MBA que fiz em Segurança Pública e, como era obrigatória escolha de outras matérias, destaquei-me em Redacção em Revista, Fotografia em Jornal, Produção e Áudio em RTVC e, pasmem, Radialismo - embora eu tenha feito teste para a Rádio Manchete AM e não fui aprovada, o que me desanimou noutra tentativa.

 

A minha experiência em publicidade foi ínfima, confesso. Alguns trabalhos de criação, onde destaco apenas o tratamento de imagens que fiz para a exposição "África" no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e criação da fachada do restaurante Pirandello, em Ipanema, que eu amei! E quando Sue Lyon, que interpretou Lolita, faleceu e um amigo me convidou a fazer tratamento de imagem de fotos do filme para o Jornal do Brasil, que foi uma honra, pois ele sabia de minha admiração pela Obra.

 

Porém, a saga continua e lá estava eu em mais um curso de extensão de Marketing (Digital, agora) e, no intervalo, avistei o edifício do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro pela janela e disse aos colegas; próxima paragem! Eles riram. Até eu ri depois; afinal quem iria dar-me uma chance lá, se eu não era jornalista. Mas a roda da fortuna girou a meu favor. Um dia, entediada no bureau de Criação, que eu trabalhava em Copacabana, decidi fazer sorteio com as oportunidades de emprego oferecidas na Faculdade e liguei para o que tinha o contacto com nome diferente e, voilá, era no Tribunal; porém iria trabalhar na EMERJ, Escola de Juízes.

 

Participei da disputa pela vaga com mais 6 candidatas e, segundo o meu ex-chefe José Tedesco, consegui a vaga pela pergunta inusitada que fiz após ele indagar se eu tinha alguma dúvida e respondi "sim, quando eu começo?". Nossa, por essa nem eu esperava (risos).

"Tedesco foi a melhor escola que tive" - eu poderia citar o Tribunal em si, onde fiz muitos amigos e inimigos "não declarados" (sim, eu era jovem, bonita, cheia de gás e inteligente! - e isso era uma afronta para alguns), mas com o meu ex-chefe pude estagiar na empresa particular dele (a RTT) e as oportunidades foram únicas em minha vida.

 

O meu primeiro dia foi acompanhando Pedro Bial, jornalista da TV Rede Globo, mais tarde com trabalhos para a Qantas Airlines, RioTur, campanhas políticas, Museus etc. Entre muitos trabalhos que tive, a honra de participar estão no "Prémio AMIL Resgate e Saúde", que ocorreu na torre do Hotel Le Meridien (atual Hilton) e a entrega do "Prémio Embratel de Jornalismo" (2001), no Golden Hall do Copacabana Palace - onde conheci Ronaldo Rosas (jornalista e radialista, que, mais tarde, foi inspiração do meu projecto final para Edição em Rádio e TV), em 1999, na extinta Rede Manchete. Mais tarde, reencontramo-nos no Facebook e ele, gentilmente, após eu contar a minha traumática entrevista para a tal Rádio citada, decidiu ser o meu cicerone em locução, por um tempo, ministrando aulas particulares na Multi-Rio.

 

Feitiço; Um dia uma sócia, em agradecimento ao atendimento que lhe dei, presenteou-me com chocolates suíços

 

Continuação Pág. 28

 

Acredito eu que o contacto com a justiça me fez querer mais; então, tomei coragem e aventurei-me em estudar para a Polícia Federal; na época foi-me oferecida a chance de estudar para todas as polícias, caso eu fizesse MBA em Segurança Pública - e foi o que fiz. Comecei, então, a trabalhar com o Dr. Henrique Fernandes (Inspetor da Civil "in memoriam") e sua equipa de Detectives particulares, por três anos. Mas era muita aventura "com o crime", para alguém romântica como eu.

 

Então, como a vida não é um conto de Alice, tampouco a saga do Pequeno Príncipe, a carreira que nem iniciou, desmotivou-me; retirei, então, tudo do meu currículo e fui em busca de algo diferente.

Fui parar como assistente administrativa, vestindo terninho e salto alto de novo, mas agora noutra "Escola"; o Clube dos Caiçaras, no coração da Lagoa Rodrigo de Freitas. Lá, eu tive a oportunidade de trabalhar em todos os sectores e conhecer a sua gestão. E, mesmo com as dificuldades laborais, eu era apaixonada pelo Clube! Um dia, uma sócia em agradecimento ao atendimento que lhe dei, presenteou-me com chocolates suíços e disse "que você desfrute deles na Suíça um dia!". "Eu? Na Suíça? Eu quero ir para a Grécia!" - pensei. Eu fui, mas nas férias do ano passado, com a esperança de "um dia hei-de regressar".

 

A Roda girou novamente e vim parar na Suíça!

 

Aqui, entendi as dores e delícias de ser o Pequeno Príncipe e os surtos psicóticos de Alice - em que acha que todos são bons e melhores que ela e tenta se encaixar aqui e ali para ser aceite. Mas, meu lado Anne Frank me ajuda a ver beleza até na dor e aqui estou, escrevendo aqui e ali sobre coisas que vi, vivi e senti, sobrevivendo de faxinas e sonhos, apesar do pouco dinheiro. Mas sempre contando com a ajuda celestial dos amigos - os anjos que Deus insiste em enviar-me. Logo eu tão errada, tão nada, sou agraciada por almas bondosas, que vêem em mim algo que eu nunca imaginei, que poderia tornar-me em inspiração, mesmo fazendo que as minhas Obras sejam inéditas.

 

Gratidão eterna aos que me permitiram estar aqui contando isso hoje; Sr. Quelhas e Sr. Ramada (pelo Repórter X e Alma Latina), mas eu nada seria sem Vai, Arpan, Isaac Derro e Dr. Amit (India), Gabriela, Mattero e Thommas (EUA), Tatiane, Patricia Freixo, as Cristinas da minha vida, Marcia, Beth, Sylvio, Durval, Supimpa, Artan, Claudia, Nathan, Edilani, Dina, Guilherme, Flavia, Marco e Simone Vieira, Marlene, Patrick, Jorge Ohara, Liborio, meus irmãos e Washington, Tio Elizeu, Zélia, Rogerio, Mauro, Dayse, Murilo, Aécio, Glauce, meus atuais chefes, inclusive.

 

Clea Vieira

 

 

 

 

 


 


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