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quarta-feira, 9 de julho de 2025

TRABALHO, NÃO ESMOLA — Vive sempre com DIGNIDADE - o labirinto cruel das instituições helvéticas

TRABALHO, NÃO ESMOLA — Vive sempre com DIGNIDADE

Revista Repórter X
Por Quelhas

No coração de um dos países mais ricos da Europa, um trabalhador português enfrenta o labirinto cruel das instituições helvéticas. Carrega no corpo a marca de um transplante renal, mas também a força interior de quem nunca virou a cara ao trabalho.

Hoje, labora em regime temporário numa gráfica, ambiente duro, extenuante, fisicamente incompatível com a sua condição. Trabalha durante alguns meses, e noutros vê-se forçado a permanecer em casa por falta de ocupação. Durante esse tempo, subsiste com o apoio da RAV, onde está legalmente inscrito para receber os subsídios de desemprego sempre que o trabalho escasseia.

Agora, faltam-lhe apenas alguns dias para esse apoio terminar.

Dizem-lhe que os seus direitos chegaram ao fim. Alegam que, apesar de não ter ainda cumprido dois anos de apoio, os pagamentos mensais foram “mais elevados”, e por isso o Fundo-desemprego foi antecipadamente esgotado. Ignoram, porém, que trabalhou vários meses nesse período, com os devidos descontos para o seguro feitos pelo empregador, o que, pela lógica da justiça e da legalidade, deveria prolongar o tempo de direito ao subsídio.

Mas não se trata de alguém que perdeu o emprego. Trata-se de alguém que sempre quis manter-se ligado ao mundo laboral, mesmo em condições precárias e sob risco para a saúde. O seu objectivo é claro e digno: abandonar o trabalho temporário e a gráfica, que respeita mas já não pode suportar, e conseguir um trabalho adaptado, com carga horária entre 50% e 100%, onde possa continuar a contribuir de forma íntegra, útil e diária.

O sistema suíço, porém, responde com frieza. Ele identificou na Fundação Wisli uma possível oportunidade de emprego compatível com a sua saúde. Mas, para ali trabalhar, dizem-lhe que tem de estar no IV (invalidez), mesmo estando apto e disposto a trabalhar. Para receber algum tipo de apoio, apontam-lhe a assistência social (Sozialhilfe). Uma teia institucional que, em vez de abrir caminhos, empurra para o abismo da exclusão e do carimbo da inutilidade.

Mas ele não quer IV.
Não quer Sozialhilfe.
Não quer RAV.

Quer apenas um posto de trabalho digno e compatível com a sua condição física.

Quer um futuro, não um subsídio.

A Revista Repórter X denuncia, com veemência, o desrespeito pelas contribuições legítimas feitas ao sistema por este trabalhador. Denuncia o absurdo de empurrar alguém para a reforma antecipada por invalidez, quando esse alguém ainda pode, quer e precisa de trabalhar.

Exigimos das autoridades cantonais e federais, da RAV de Bülach, da UNIA, do SECO, e da Fundação Wisli, uma resposta transparente, justa e humana.

Porque um sistema que destrata quem quer trabalhar não é sistema de progresso, mas sim instrumento de controlo e exclusão.

O caso de Mário do Carmo não é isolado.
Mas é exemplo. É símbolo. É grito.

E por isso não ficará calado.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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