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terça-feira, 8 de julho de 2025

Sofrimento: Quando uma imagem não deve ser publicada, mas deve ser denunciada

Sofrimento: Quando uma imagem não deve ser publicada, mas deve ser denunciada


Recebemos uma imagem comovente e perturbadora do Luxemburgo, que não publicamos no seu estado original por respeito à dignidade da criança e da família, mas que decidimos ilustrar simbolicamente para que a denúncia não morra no silêncio.

A fotografia mostra uma menina menor de idade, com visíveis sinais de desnutrição e abandono clínico, sob custódia de uma instituição hospitalar no Luxemburgo. A imagem foi captada pelos avós, durante uma breve visita autorizada. Ao verem a neta atada de pernas e braços, semi-nua, desconfortável, pediram à enfermeira que a soltasse. Esta recusou, alegando ordens superiores. Só mais tarde, sob ameaça dos avós de chamarem a polícia, a criança foi desatada.

Segundo a mãe, que nos contactou directamente e confiou à Revista Repórter X o relato e a imagem, a menina foi retirada pela autoridade tutelar luxemburguesa (equivalente à Kesb suíça), com base em acusações falsas de maus-tratos, num processo descrito pela família como apressado, opaco e desumano. Desde então, a menina tem sido mantida na instituição, longe da família, submetida a cuidados que a fragilizaram ainda mais.

Os pais, que residem legalmente no Luxemburgo e têm outros filhos saudáveis, alertaram desde o início para os efeitos adversos da dieta administrada à menina. Foram ignorados. Durante semanas, a alimentação inadequada provocou vómitos constantes, recusa alimentar e perda acelerada de peso. Só após insistência contínua da família, agora com apoio legal, foi autorizada uma alteração na dieta. A menina mostrou sinais de melhoria. Contudo, a trégua foi breve. O seu estado voltou a agravar-se, e acabou por ser hospitalizada de urgência, com sintomas reincidentes e necessidade de oxigénio. Ainda hoje, permanece em perigo, clinicamente instável, com sinais de sofrimento físico e abandono médico.

A menina, gémea de outra criança saudável, sofre de necessidades clínicas específicas e há anos era acompanhada por médicos especializados em Portugal. Desde que foi separada da família, está medicamente debilitada e emocionalmente devastada. Segundo os relatórios da instituição, encontra-se em estado vegetativo. Segundo os pais, ela reconhece, reage, comunica. Mas foi transformada em silêncio, para alimentar um sistema que lucra com a separação.

A situação tornou-se ainda mais alarmante com a entrada em cena de propostas de múltiplas cirurgias invasivas, à coluna, à anca, ao estômago, sem qualquer consentimento informado ou possibilidade de obter uma segunda opinião médica em Portugal. Os pais recusaram, exigiram esclarecimentos, foram empurrados para fora do processo. A autoridade parental foi suspensa. Os advogados da família, que agora assumem a defesa legal, acusam o Estado luxemburguês de violar tratados internacionais e de agir com parcialidade e desrespeito pelos direitos fundamentais da criança e da família.

Os contactos com a filha estão limitados. As visitas são breves, supervisionadas, e sem liberdade de comunicação. Os avós e as irmãs foram excluídos do convívio. A menina agora está hospitalizada, mas o hospital tornou-se prisão.

Estas práticas, ainda que justificadas por relatórios técnicos e decisões judiciais, são hoje motores de um negócio humano institucionalizado, onde os mais frágeis, crianças doentes, pais emigrantes, famílias sem voz, são convertidos em estatísticas, orçamentos e lucros para clínicas, lares, advogados, intérpretes e estruturas do Estado tutelar.

A menina sabe que está separada. A menina tenta comunicar. A menina resiste. Mas está cercada por um sistema que lucra com a sua dor.

Este caso junta-se a muitos outros já denunciados pela Revista Repórter X, não só na Suíça como noutros países europeus, e será documentado no nosso dossier especial sobre violência institucional contra menores e famílias emigrantes.

A voz da mãe e do pai, que não publicamos, é a mesma de tantas outras mães silenciadas. E por isso, publicamos esta ilustração. Porque o que não se mostra, morre. E o que se cala, consente.

A criança não é um número. A dor não é um relatório. A família não é descartável.

A verdade será dita. E a dor será ouvida.

autor: quelhas
Revista Repórter X – dar voz a quem não tem voz.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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