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quinta-feira, 24 de julho de 2025

A PALAVRA CORTADA PELA FIBRA – UMA RECLAMAÇÃO À SWISSCOM E O SILÊNCIO DA MÁQUINA

A PALAVRA CORTADA PELA FIBRA – UMA RECLAMAÇÃO À SWISSCOM E O SILÊNCIO DA MÁQUINA

Zurique, Julho de 2025

A palavra, quando escrita, tem peso. Fica. Regista. E obriga a resposta. Por isso, há instituições que a evitam, a escondem, ou simplesmente a apagam. Foi o que se verificou recentemente com a operadora suíça Swisscom, cuja recusa em manter um canal formal de comunicação escrita com os seus clientes denuncia uma postura calculada e perigosamente autocrática.

A equipa da Revista Repórter X, que há meses enfrenta graves falhas na qualidade da internet fornecida, viu-se forçada a redigir uma reclamação firme e fundamentada, denunciando não apenas o serviço deficiente, como também os prejuízos directos causados ao trabalho jornalístico, sobretudo nas entrevistas e transmissões online realizadas através da plataforma StreamYard.

A internet fornecida pela Swisscom tem-se mostrado instável, lenta, e manifestamente desproporcional ao preço elevado que é cobrado. Os canais televisivos falham com frequência, Netflix e outras plataformas ficam bloqueadas, e até a rede móvel se mostra caprichosa, interrompendo chamadas sem razão aparente. Para além disso, vários aumentos temporários de velocidade foram misteriosamente revertidos, como se se tratasse de uma espécie de castigo digital por se ter ousado pedir melhor.

Perante esta realidade, a redacção da Revista decidiu agir. Redigiu uma carta formal, em tom sério e respeitoso, mas inegavelmente firme, exigindo a reposição imediata do serviço contratado e alertando para a possibilidade de rescisão por justa causa (Kündigung), caso a situação não se resolvesse.

Foi então que se confrontou com o impensável: a Swisscom deixou de ter e-mail de contacto. O endereço info@swisscom.ch – que durante anos serviu para esclarecimentos e queixas – já não existe. A empresa passou a aceitar apenas chamadas, SMS e chats online. Todos os canais escritos formais foram encerrados. A palavra escrita, aquela que regista e compromete, foi eliminada do processo.

A única alternativa que resta é um formulário escondido no seu sítio electrónico, onde o cliente preenche campos genéricos e não recebe cópia do que enviou. A escrita fica prisioneira da plataforma. Sem prova. Sem rasto. Sem poder.

Esta escolha não é neutra. É uma forma moderna de censura passiva, em que o cidadão, reduzido à condição de consumidor, é impedido de falar com clareza e com registo. Trata-se de uma manobra fria e tecnológica, mas que carrega em si um velho vício: o desprezo por quem paga e ousa reclamar.

A Swisscom, enquanto fornecedora dominante em território suíço, tem responsabilidades. Não apenas técnicas, mas morais e democráticas. Quando uma operadora corta a voz do seu cliente e simultaneamente falha no serviço que presta, não está apenas a vender mal – está a minar a confiança na estrutura da sociedade digital.

A Revista Repórter X mantém a exigência de resposta formal e imediata, e prepara neste momento a exposição do caso junto da Ombudscom, entidade independente de mediação entre consumidores e operadoras. Mais do que uma disputa por megabites, esta é uma batalha pela dignidade da palavra e pela possibilidade de falar – com firmeza, com razão, e com rasto.

Porque a fibra pode ser óptica, mas a verdade ainda se escreve à luz da consciência.

autor: Quelhas


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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