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domingo, 13 de julho de 2025

Trabalhar só com carimbo de inválido - Nenhuma escuta, nenhuma ponte concreta

Trabalhar só com carimbo de inválido

Na terra dos relógios perfeitos, o tempo de quem adoece parece não ter valor. Um simples pedido de apoio para trabalhar, feito por uma mulher de saúde frágil que ainda resiste à ideia de depender da assistência social ou de se declarar inválida, foi recebido com a frieza calculada da burocracia suíça.

A carta foi enviada com humildade e clareza: a cidadã — com limitações físicas causadas por uma doença prolongada — pediu ajuda para aceder a uma actividade protegida e adaptada, numa instituição reconhecida. Em vez de acolhimento ou orientação humana, recebeu uma resposta protocolar da profissional, "Fachspezialistin Stab IV", funcionária do Bundesamt für Sozialversicherungen (BSV).

A resposta? Um redireccionamento para brochuras da SVA Zürich, links de internet e a sugestão genérica de contactar a IV para iniciar um processo. Nenhuma escuta, nenhuma ponte concreta. Apenas portas fechadas sob a forma de parágrafos bem formatados.

O actual sistema exige o absurdo: para se poder trabalhar de forma adaptada, é preciso primeiro ser declarado inválido. Só quem já recebe ou está em processo de obtenção da IV pode candidatar-se a essas funções. Quem quer prevenir a queda, evitar a miséria, continuar a ser útil dentro das suas capacidades, é ignorado.

É esta a Suíça que não aparece nos postais. Um país onde a pessoa só vale se encaixar nos códigos da máquina. Onde o sistema não se adapta ao ser humano, mas exige que o ser humano se desfigure para caber nas suas molduras administrativas. Onde se fala de reabilitação, mas se pratica exclusão.

A doente em questão mostrou motivação, apresentou competências, pediu apenas uma oportunidade compatível com a sua condição. O que recebeu foi um empurrão para o fundo: ou IV, ou assistência social. Trabalhar? Só com o rótulo de inválido.

Denunciamos este caso como exemplo claro de um sistema que falha onde devia cuidar, que controla onde devia servir, e que impõe silêncio onde devia ouvir. Porque quando até trabalhar se torna um privilégio reservado a quem está "administrativamente doente", a sociedade deixou de ser justa para ser apenas funcional.

E os seres humanos não são funções.

Quelhas.


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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