Carta aberta sobre os erros do sistema de segurança social suíço e o apagamento dos anos de doença contributiva
Exmos. Senhores,
Chamo-me António Manuel, sou um cidadão que trabalhou, adoeceu e cumpriu sempre com as suas obrigações neste país. Mas hoje escrevo esta carta não só por mim, mas por muitos. Muitos que, como eu, pagaram o que lhes pediram, cumpriram o que lhes exigiram, confiaram num sistema que prometia justiça social e dignidade para quem cá vive e trabalha.
Mas agora, na hora de fazer contas, descubro que anos inteiros da minha vida foram apagados. Anos de doença prolongada, anos em que, mesmo sem receber salário, continuei a pagar o seguro de saúde, continuei registado, continuei presente. E no entanto, a conta da AVS não os regista. Como se a doença me tivesse apagado não só do trabalho, mas da existência.
Três anos de baixa. Nenhum declarado como contributivo. Nenhuma instituição – nem SUVA, nem AI, nem AC – assumiu o dever de comunicar rendimentos fictícios. Ninguém me avisou. Ninguém me explicou. Mas todos continuaram a cobrar.
O Estado suíço é implacável a exigir, mas irresponsável a reparar.
Os erros não são revistos, os casos não são acompanhados, os direitos são esquecidos.
E este não é um caso único. Há muitos Antónios, Marias e Rosas que passam pelo mesmo. Gente que serviu este país com o corpo e com a alma. Gente que caiu doente e foi simplesmente riscada das contas.
Não aceito esta injustiça.
Exijo a revisão integral do meu extracto contributivo. Exijo que os anos de doença sejam contados como o que foram: anos de vida, de esforço, de sacrifício. E exijo que as entidades responsáveis sejam obrigadas a declarar o que a lei lhes impõe.
Esta carta é um apelo. Um grito. Um pedido de dignidade.
Porque um país que se diz justo não pode apagar quem ficou doente.
Com verdade e coragem,
António Manuel
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