Ângela Peña trava batalha judicial contra abusos de seguradoras suíças
Tribunais ignoram provas, KPT e Assura provocam caos com seguros duplicados e dívidas não resolvidas
A viver em Berna, Ângela Peña, cidadã espanhola, vê-se mergulhada num emaranhado kafkiano provocado por duas seguradoras suíças — a KPT e a Assura — que, em vez de protegerem o segurado, contribuíram para uma sequência de erros, cobranças indevidas, danos morais e profunda indignação. O caso, arrastado pelos corredores do Tribunal da Segurança Social do Cantão de Zurique e pelo próprio Tribunal Federal, revela o vazio de humanidade em certos sectores da justiça helvética.
Tudo começou quando a KPT demorou meses a rescindir o contracto de seguro obrigatório, situação apenas desbloqueada após decisão judicial. Nesse intervalo, a Assura celebrou um novo contracto sem garantir a rescisão prévia do anterior, mergulhando a segurada num cenário ilegal de dupla cobertura — proibida por lei — sem qualquer explicação ou apoio.
Ângela Peña tentou, com persistência, fazer ouvir a sua voz. Enviou cartas registadas, e-mails, pediu explicações. Nada. A resposta das seguradoras foi o silêncio. A resposta dos tribunais foi a omissão. O pedido de indemnização por danos morais e pelos custos adicionais foi rejeitado sem que se reconhecessem os erros óbvios das companhias, ignorando também a dívida de cerca de mil francos que a Assura continua por pagar, referente a uma comissão não entregue.
Mais grave ainda: o Tribunal Federal alegou que a recorrente não enfrentou os fundamentos jurídicos da decisão, uma acusação que ela considera falsa e ofensiva. Ângela denunciou desde o início as falhas processuais, incluindo a não transferência correcta de um seguro familiar e a cobrança indevida de prestações que nunca deviam ter sido emitidas.
A cidadã exige que a Assura transfira imediatamente o seguro para a Helsana, como requerido, e não quer mais ter qualquer vínculo com uma seguradora que, nas suas palavras, “a tratou como número, não como pessoa”. Com lucidez cortante, afirma: “Assim como não como bifes e prefiro ovos, também não quero mais saber da Assura”.
Num tempo em que as seguradoras acumulam lucros à custa do sofrimento humano, Ângela Peña levanta a voz por muitos. Recusa calar-se. Está pronta para levar o caso ao Tribunal Europeu, se necessário. A justiça há-de ouvir, nem que seja tarde. Mas será sempre tempo de fazer o que é certo.
autor: Quelhas
Revista Repórter X
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