Cidadão de Zurique denuncia fragmentação do sistema de pensões na Suíça: “É como um polvo de mil e um braços”
ZURIQUE – Julho de 2025
Um cidadão residente no Cantão de Zurique, em representação da sua família, dirigiu-se a várias instituições do sistema de previdência profissional suíço (2.º pilar), denunciando a extrema fragmentação e opacidade da estrutura de gestão de fundos de pensões. Segundo este cidadão, que prefere manter o anonimato por razões de privacidade, o sistema suíço assemelha-se a “um polvo de mil e um braços”, onde cada braço conduz o cidadão a um novo labirinto burocrático sem saída clara.
A família, cujos membros trabalharam em diferentes empresas ao longo dos anos, tentou reunir, de forma transparente e estruturada, todos os créditos e direitos acumulados nos diversos regimes profissionais de pensões. O pedido foi inicialmente dirigido ao Zentralstelle 2. Säule – Sicherheitsfonds BVG, organismo que deveria, em teoria, centralizar e fornecer uma visão unificada desses fundos. Porém, a resposta não só se revelou evasiva como delegou a responsabilidade em quatro instituições distintas, entre elas a Tellco PK, Swiss Life, AXA e a Stiftung Auffangeinrichtung BVG.
“Fica claro que o objectivo é dificultar o processo, fazendo com que o cidadão desista e o dinheiro acabe por permanecer nas mãos das seguradoras”, denuncia o cidadão, em declarações escritas à nossa redacção. “Solicitei ajuda para mim e para a minha família, e em vez de um extrato consolidado, recebi uma lista de portas fechadas.”
A central de compensação recusou-se a contactar directamente as entidades gestoras e obrigou o cidadão a repetir, individualmente, o mesmo pedido junto de cada instituição. Esta ausência de articulação e de transparência, num sistema que mexe com os direitos fundamentais dos trabalhadores emigrantes, levanta sérias preocupações sobre a ética institucional vigente na Suíça.
“O mais grave é que não há uma entidade independente que assegure que os nossos direitos estão protegidos e que o nosso dinheiro não se perde nos corredores invisíveis da burocracia suíça.”
A Revista Repórter X continuará a acompanhar este e outros casos semelhantes, dando voz aos cidadãos que enfrentam o silêncio institucional e a fragmentação deliberada de sistemas supostamente criados para proteger o trabalhador.
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