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domingo, 9 de janeiro de 2022

Entrevista; João Pina, Groupe Pina Jean - Natal solidário; Fundação Nova Era Jean Pina

Entrevista; João Pina, Groupe Pina Jean

 


João Pina é o presidente da Fundação Nova Era Jean Pina, em França, desde 2019. Nascido na freguesia de Trinta, concelho da Guarda, emigrou para França, onde reside desde 1988 e é hoje um empresário de sucesso no setor da construção civil, possuindo actualmente várias empresas, que fazem parte integrante do Groupe Pina Jean.

Depois de chegar a França, esteve 5 anos sem autorização de residência, e a única forma de a conseguir era ter um patrão que lhe oferecesse um contrato, ou estabelecer-se por conta própria. Arriscou na segunda opção, em 1993, abrindo uma empresa ligada à marcenaria. Em 2001 deu-se a ascensão e o maior crescimento e, até 2009, todas as empresas do grupo estavam abertas, umas de raiz, outras adquiridas. Hoje o grupo tem 10 empresas, umas produtivas, outras não produtivas e tem 62 funcionários no seu grupo. A maioria são oriundos da Guarda e oferece, a todos eles, aulas de francês para uma adaptação mais fácil e, sempre que pode, uma habitação.

Sempre lutou arduamente para poder crescer e dar as melhores condições de vida à sua família. Levou toda esta garra de Portugal e, depois de ter tido um acidente que quase lhe tirou a vida, e ter tido uma segunda oportunidade, João decidiu que queria também dar novas oportunidades a outras pessoas que tenham perdido tudo, quer por acidentes, catástrofes, questões de saúde, falta de trabalho, ou outros motivos de força maior. João considera que, antes do seu acidente, era uma pessoa com uma vertente um pouco leviana. Embora sempre trabalhasse muito para conseguir crescer na vida e dar o melhor à sua família, também tinha vícios, como por exemplo álcool e excentricidades monetárias e festas. A partir do dia do seu acidente, a sua vida mudou e começou a reconhecer aquilo que realmente era importante, e uma das suas prioridades foi começar a ajudar quem também precisa de uma nova oportunidade.

Esses trabalhos de ajuda iniciaram-se no seu concelho de nascimento, a Guarda, e foram-se arrastando pela Europa, e depois pelo mundo fora.

Até há 3 anos atrás, foi muito difícil gerir as suas acções de beneficência, pois todos os custos eram suportados por João, a título particular. Em 2019, foi aconselhado pelo, na época, presidente da câmara municipal da Guarda, Álvaro Amaro, hoje deputado europeu na Bélgica, a oficializar esses actos e criar uma fundação. Seguiu então o conselho do presidente e contactou várias pessoas, para se tornarem embaixadoras da sua fundação e dessa forma conseguir angariar fundos monetários, e apoios sociais e culturais. Nesse ano, conseguiu cerca de 500 apoiantes.

Este ano, no Natal, vão distribuir 1200 cabazes com 17 produtos de qualidade, e vão ainda ajudar cerca de 5 mil famílias. Todos os seus funcionários contribuem com o valor de um cabaz (50€), e contribuem ainda com trabalho físico, para cargas, descargas e transporte dos cabazes. João está sempre na linha da frente de todos os trabalhos. Fizeram várias parcerias com locais, onde possam adquirir bens alimentares, uma delas a pastelaria de Belém, situada em Paris. Contam com um apoio monetário da proprietária e também paletes de alimentos, mas também utilizam esse local para recolher bens alimentares, roupas, brinquedos e outros bens. Também são parceiros da companhia de Portugal, que contribui com paletes de bens alimentares e permite também que coloquem no local um carrinho, para que os clientes do supermercado possam deixar o seu contributo com o mesmo tipo de bens. Têm um protocolo com a associação lusófona Cap Magellan, muito conhecida pelos grandes eventos que organiza, nomeadamente a gala onde são homenageadas pessoas e instituições que se destacam nas comunidades, e que dá uma grande visibilidade à fundação. Também em França há um protocolo de colaboração com a Associação LusoPoissy. O protocolo com a Aldeia de Crianças SOS, na Guarda, com carácter anual, visa oferecer trimestralmente produtos alimentares, de higiene pessoal e de limpeza e com a Associação “Ajudaris”, em Portugal, que tem o objectivo de combate à pobreza e exclusão social.

No âmbito do Protocolo firmado com a Casa do Benfica na Guarda, e da qual é o patrono, foi realizada uma recolha de bens alimentares, brinquedos e roupa, que foi entregue à Loja Social Mão Amiga. O Grupo Pina Jean tem um acordo de parceria com o Tennis Club de Croissysur- Seine, TCCS (78). Este clube recebe cerca de 150 pessoas e acolhe 50 crianças portadoras de deficiências motoras. É padrinho da instituição de beneficência Casa da Criança, na Guarda, e visita com frequência a pediatria do Hospital da Guarda, levando sorrisos e presentes às crianças aí internadas.

Firmou um protocolo de colaboração, no Âmbito do Ensino Escolar, com o Estabelecimento Prisional da Guarda, Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, onde o objectivo é trabalhar na educação dos reclusos. Têm sido atribuídos prémios de mérito, de ordem monetária, “Prémio João Pina”, aos melhores formandos dos vários anos/ tipos de formação do concelho da Guarda, bem como aos reclusos.

Também têm protocolo com a junta de freguesia da Guarda, que contribui com trabalho braçal para a elaboração dos cabazes. A assinatura do protocolo de colaboração com o Centro de Dia e Lar de Idosos de Santana de Azinha, no Concelho da Guarda, tem por objectivo primordial oferecer sonhos aos utentes do mesmo. Nesse lar, são também angariados bens, junto das famílias dos utentes.

Existem protocolos com inúmeras câmaras municipais, por todo o Portugal, e o objectivo dos protocolos com as câmaras não é só para poder dar, e sim para incentivar a que também elas doem e contribuam com os bens tradicionais das suas terras, ou mesmo com valores monetários. Na Venezuela os cabazes são distribuídos através da secretária de estado das comunidades, Dra. Berta Nunes e também do presidente da fundação ibero-americana de luso-descendentes, Jany Ferreira.

 

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Natal solidário; Fundação Nova Era Jean Pina

 

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Todos os transportes são feitos por empresas fidedignas, e que graciosamente oferecem o mesmo, para que os produtos cheguem ao destino final, e não haja desvios. Em cada local, existem receptores dessas cargas, da confiança de João, e a partir daí é que são direccionadas até às famílias. Trabalham de forma transparente, entre todos os participantes nas tarefas, e são divulgados todos os intervenientes nas redes sociais, para que seja fácil o acesso a essa informação, por todos. Na chegada à Guarda, por exemplo, todas as quantidades são controladas pela câmara municipal e junta de freguesia; em Fafe o capitão da Cruz Vermelha e os responsáveis pelo canil (que recebem bens para animais) estão encarregues dessa logística.

Recentemente, foi estabelecida uma parceria com Daniel Bastos, de Fafe, que hoje é também embaixador da fundação. Após as eleições, foram realizadas várias reuniões com presidentes de várias instituições, incluindo o canil e a Cruz Vermelha, supracitados, a fim de estabelecer as formas de colaboração entre todos.

Todos os patrocínios, a nível monetário, para com outras instituições, são suportadas pelo grupo Jean Pina, e não pela fundação.

Esta fundação presta auxílio a sem-abrigo, crianças, pessoas com dívidas, famílias em situações degradadas, como falta de alimentação, roupas, entre outros bens de primeira necessidade.

Este ano decidiram não realizar jantar de beneficência, ao contrário do que aconteceu em 2019 e onde estiveram 1200 pessoas, devido às restrições pandémicas mas, em contrapartida, serão ajudadas 5 mil famílias, em vez de cerca de 350, como foi nesse ano.

A casa do Benfica homenageou João com um busto, o que o fez sentir emocionado e lisonjeado. Considera essa homenagem como uma forma de agradecer, pelo apoio que prestou à casa do Benfica, pagando as suas dívidas, bem como as ajudas que tem proporcionado às instituições e famílias da Guarda. João é patrocinador da equipa de Juvenis da Casa do Benfica em Paris; todo o equipamento possui o logotipo da empresa que administra, bem como uma vertente Social para a Santa Casa da Misericórdia de Paris. Também foi escrito um livro sobre a sua vida, “Jean Pina, de sonhador a promotor”, por uma professora de seu nome Elisabete Dente, como forma de gratidão pelas suas acções. É também orgulhoso por ser o único emigrante detentor de uma medalha de mérito, atribuída pela câmara municipal da Guarda.

Para João, um grande devoto de Nossa Senhora de Fátima, e que acredita que todas as suas acções e todo o seu sucesso têm interferência da virgem, “não é o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos”; nem “é o quanto damos, mas quanto amor colocamos em dar”, e acredita verdadeiramente no valor humano. Acredita que foi Nossa Senhora de Fátima que lhe salvou a vida, e por isso tem um altar em sua homenagem, em sua casa.

João Pina já foi entrevistado por vários canais televisivos portugueses, SIC, TVI e RTP, e várias publicações de notícias em Portugal e França sobre as suas actividades de benemérito.

Além da sua ligação com revistas e jornais, tem também acordos com rádios de Portugal, França, Luxemburgo, Bélgica, entre outros países.

Estas ligações de respeito com todos estes órgãos, bem como com câmaras municipais, associações culturais e de literatura, têm resultado em muitos benefícios para esta fundação, pois a divulgação é essencial para um crescimento do número de apoios e ajuda e que a fundação seja vista como um núcleo sério e de confiança. Todos os apoiantes são informados das aplicações dos contributos. Um dos principais apoios tem sido para com os portugueses presentes na Venezuela. Também os porta vozes desta fundação, espalhados por todo o mundo, são fundamentais para a divulgação da mesma, ajudando na angariação de novos apoios e contribuições.

 

“Esteve presente nesta entrevista também o Dr. Barros, que por sua vez felicitou João Pina por todo o seu percurso e pela forma como aquele acidente sofrido o redireccionou para o futuro, nomeadamente para as causas sociais. Dr. Barros foi candidato à câmara municipal da Póvoa de Lanhoso, e tem um objectivo de mostrar à sociedade que todos temos a capacidade de reagir perante as situações mais complicadas, conforme aconteceu com João. Acredita que os cidadãos, que se mantiveram na sua terra, são capazes de descruzar os braços e podem ser-lhes entregues as ferramentas para não passarem necessidades. Acredita que no caso da Póvoa de Lanhoso, um concelho rural, faz sentido motivar as pessoas a voltar aos cultivos e fazê-las regressar ao trabalho, produzindo bens de primeira necessidade, nomeadamente a alimentação com recurso à agricultura e pecuária, e dessa forma fornecer também à sua comunidade melhorias de nível alimentar, com bens de qualidade.  Além disso, pretendem ajudar a remodelar casas com condições degradadas. Este projecto passa por seleccionar as famílias com necessidades de ajuda, e a partir daí conhecer os recursos que cada uma dessas famílias possui, sejam terras, conhecimentos ou instrumentos de trabalho, e proporcionar um trabalho de equipa entre eles. Neste momento, existem 2 famílias a ser ajudadas, com remodelação das suas casas e com ajuda para produção de produtos hortícolas e de pecuária.

Este projecto, apoiado pelo novo presidente da câmara da Póvoa de Lanhoso, Frederico Castro, passa por encontrar uma quinta rural, que possa ser autossustentável, sem depender dos grandes fornecedores, a nível de energia e outros recursos, e possa ser trabalhada nas áreas acima citadas. Dessa forma, poderá ser trabalhada também a arquitectura futurista, de modo a produzir novos recursos e a ultrapassar as carências da população. Têm ainda como objectivo acolher crianças e idosos, de forma a fazê-los passar o seu tempo, fazê-los sentir-se válidos e ao mesmo tempo trazer melhoramentos a nível psicológico, fugindo do sentimento de prisão dos lares.

João Pina, depois de ouvir a finalidade do projecto, mostrou-se disponível para conversar e ajudar, pois parece-lhe um projecto interessante de cidadania e verdadeira solidariedade para a independência dos necessitados.

Para o Dr. Barros, este projecto de João Pina está mais desenvolvido do que as pessoas imaginam e do que a própria comunicação social transparece. A fundação tem chegado a muitas comunidades pelo mundo fora, e a Revista Repórter X vai actuar numa ampla divulgação da mesma, para que possa chegar ainda mais longe. Foi sugerida uma parceria mais estreita com o nosso órgão de comunicação social, para que haja uma divulgação de todas as suas acções no continente, bem como junto da diáspora portuguesa espalhada pelo mundo. Essa sugestão foi aceite de imediato, e será estudado o melhor método para actuar, pelos membros responsáveis.

Na impossibilidade de mencionar todos os intervenientes nestas acções, todos os padrinhos e todos os contribuintes, endereçamos um agradecimento especial, em nome da Repórter X e de João Pina, pois graças à ajuda de todos, esta fundação está a fazer a diferença no mundo.”

 Entrevista; Quelhas, repórter X 

Entrevistado e introdução João Pina, Dr. Barros 

Transcrição de Vídeos; Patrícia Antunes 

Revisão Editorial; Sociólogo político, Dr. José Macedo de Barros

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Descendente de músicos; Ricardo Gomes


Descendente de músicos; Ricardo Gomes

 

Nascido a 27 de Novembro de 1982, na freguesia de Gulpilhares, Concelho de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto. Neto de Joaquim Gomes, compositor, cantor e fundador do conjunto Pai e Filhos, onde também era músico o seu Pai Domingos. Cresceu e desenvolveu o gosto pela música. Entre esses momentos, muito pequeno já subia aos palcos nas actuações do conjunto. Logo o prazer levou-o no caminho da música. Inicialmente sobe aos palcos, fazendo parte do grupo Extrovertidas, seguindo a Banda Bandaneia, passagens importantes para o seu caminho. Seguidamente, participa no primeiro trabalho discográfico com a Banda Artmuzik, sem dúvida uma participação que lhe dá reconhecimento como voz principal do grupo. Após o fechar de um ciclo marcante na Banda Artmuzik, segue-se o segundo trabalho no grupo mítico Iniciadores. Terminado esta ligação ao grupo Iniciadores, segue a solo e em duo o trajecto musical entre danceterias, festas e romarias. Cada vez mais dedicado à música, o dia-a-dia é vivido na apresentação do seu trabalho, tornando-se como única fonte de rendimento. Infelizmente, com a pandemia não foi possível continuar a exercer o seu trabalho; foi fechado o mundo para quem sobrevive da música. Em casa, com todas as dificuldades que o momento trouxe, surge a vontade de fazer valer o que mais lhe dá prazer, a música. O primeiro, entre outros posteriormente, começa a dar música, alegria num momento duro para todos, usando como base de transmissão o Facebook. Início no mundo desconhecido, os directos, logo trouxeram cada vez mais espectadores presentes na sua transmissão. Sentia-se a felicidade dos ouvintes, que o acompanharam e mostraram a sua gratidão por assistir a esses directos. De todos os cantos do mundo, entre emigrantes, de todo o Portugal continental, ilha da Madeira e ilha dos Açores; em plena pandemia tornou-se cada vez mais conhecido, criando um espaço, que preserva ainda hoje como gratidão pela presença dos seus seguidores e fãs. Após a abertura, começa a fazer jus à sua dedicação na pandemia. Os convites vão surgindo, com idas já concretizadas à Suíça e recebido por emigrantes, às Ilhas dos Açores e presenças em festas. São prova de que o trabalho, dedicação e amor à música trouxe o seu devido reconhecimento. Agradecimento a todos os seus fãs, amigos, ouvintes e a todos os que são parte de um caminho próspero. Mais ainda virá em breve.

 

Vitor Gomes

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

Sobradelo da Goma: cap. – I, II, III - uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra!

Sobradelo da Goma:

uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra

 

Este texto leva-nos numa viagem sobre a história de Sobradelo da Goma e as suas gentes, desde o passado até ao presente, desde que a memória lembre e não atraiçoe, pois alguma coisa pode ficar esquecido. Estes testemunhos foram todos retirados de pessoas vivas e outras já falecidas.

 


Sobradelo da Goma é uma freguesia situada no Concelho da Póvoa de Lanhoso, Distrito de Braga; no lado onde o Sol nasce, no horizonte pela manhã, indica o Leste, com cerca de 800 habitantes. Era no passado composta pelos seguintes lugares; Alcouce, Berraria, Cabanelas, Carreira, Chêlo, Duquesas, Igreja Velha, Lajes, Outeiro, Pinhel, Penas, Souto Velho, Vaje, Várzeas, Varzielas, Vinha, Ferrador, Lameiras, Belmonte, Ponte, Barbeitos e Carneiros, Godinhos, Vilarinho de Baixo e Vilarinho de Cima. É uma paróquia do Concelho da Póvoa de Lanhoso e da diocese de Braga. Hoje, muitos destes lugares deram lugar a ruas e muitas freguesias juntaram-se, designadas por União de Freguesias, mas Sobradelo da Goma continua como estava, devido a ser uma freguesia grande. Lembro que a electricidade entrou pelo lugar da Vinha e tão rápido chegou à minha casa, a Varzielas, portanto há cerca de 50 anos! A minha casa foi das primeiras a ter luz, nem toda a gente aderiu à electricidade dentro de casa; desde essa altura passamos a ter luz pública, para iluminar os caminhos de terra batida, hoje quase todos alcatroados (os meus pais disseram-me; não metas ali nada dentro de metal, mas mal viraram as costas meti um arame, e logo foi sacudido e até vi estrelas; ainda hoje tenho medo à electricidade, nem suporto choques estáticos da roupa ou objectos). Éramos uma sociedade sem luz eléctrica, nem telefone, nem rádio e nem TV. Eu, e os `putos´ do meu tempo, íamos ver TV a preto e branco para a venda do Nelinho, outros para as restantes vendas espalhadas pela freguesia e ao pé de casa via, com a minha mãe e meus irmãos, a telenovela no Joaquim Dias e Maria Moreira, era a casa do Chedas. Mais tarde uns tempos, lá tivemos TV a preto e branco. Hoje, temos Fibra Óptica, energias renováveis, eólicas, estradas em todos os lugares da freguesia, água canalizada em que 50% é proveniente da Barragem dos Pisões. Quase não havia automóveis. Só algumas motorizadas e algumas bicicletas. Quase não havia socialização na população. Juntávamos para desfolhadas, para vindimas e pisar vinho, para fazermos semeadas de batatas à enxada. Ir à Missa era o mais comum para as pessoas se verem e conversar. Havia as festas e arraiais para dançar, onde surgiam os engates, que vinham a dar em casamento; grande parte dos paroquianos da Goma casavam dentro da freguesia ou com jovens de freguesias vizinhas. Cabia aos paroquianos a manutenção económica do pároco de qualquer freguesia. Como disse inicialmente, a nossa freguesia era uma das mais populosas do Concelho. Costumava-se dizer que o Padre da freguesia era o lavrador mais rico; recebia dos paroquianos, milho, vinho, azeite, centeio e feijão. Todo o agricultor era obrigado a contribuir com o dízimo em colheitas. A casa paroquial, onde vivia o inquilino, ou seja o Padre da Freguesia, situada no largo da Igreja, tem uns grandes fundos, onde possuía as arcas em madeira para receber os cereais, vários pipos e grandes barris para depositar o vinho. O azeite costumava ser depositado em ânforas ou talhas de barro. Os meus pais contribuíam com um cântaro de vinho, cerca de 15 litros e uma rasa de Milho, cerca de 28 quilos. Já os meus avós, antes dos meus pais, contribuíam com o dobro, na altura que possuíam uma grande Quinta, pois tudo dependia da produção de cada agricultor! Os grandes Senhorios e Caseiros davam também azeite, cerca de 15 litros, cinco rasas de milho e uma de centeio. A freguesia tinha mais de 100 quintas. O Padre vendia uma parte dos produtos, pois havia muita gente que não possuía Quintas e nem pequenos terrenos e quem não tinha era pobre, a não ser que tivesse estudos e tivesse alguns estatutos pessoais e civis! Esses povos tinham outros sustentos e compravam os seus bens essenciais com dinheiro e muitas vezes com trabalho. Era usual usar as medidas através de uma vara ou aos palmos e a chamada braça, abrindo os braços bem abertos de um homem, cerca de 2, 20 metros. As pessoas trabalhavam de sol a sol e no fim do almoço faziam uma sesta para apregoar o cansaço.

 

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Sobradelo da Goma; cap. II

uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra

 

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Mulheres e homens iam à missa; no final, as mulheres iam cozinhar e muitos homens aproveitavam o final, para irem até às tascas tomar uns copos de vinho. Naquela altura ninguém trabalhava aos Domingos, excepto para alimentar o gado e regar os cultivos. O passatempo dantes era jogar a malha, namorar, ir até às tascas beber, ou ir a uma festa local, ou de outra freguesia. Havia alambiques de azeite, havia lagares de vinho, havia moinhos; hoje, o que há, está abandonado à sua sorte!

 

Guerra Mundial


Desde há muitos anos que o nome desta freguesia é conhecido por bons motivos e muitos nomes vão aqui constar. O avô paterno do director da Revista Repórter X, de seu nome Joaquim Gonçalves, foi sargento na guerra mundial na Batalha de La Lys, na região da Flandres, nas Trincheiras em França. Joaquim Gonçalves, na terra conhecido como sargento `Quelhas´, era oriundo de Calvelos, Guilhofrei; casou com Elisa Rodrigues de Sobradelo da Goma. O sargento era família da Mouta de Vilarinho de Baixo e dos Rodrigues de Carreira. O director da revista herdou o apelido “Quelhas” de seu avô, pois nasceu na casa do Quelhas, no Lugar de Varzielas. Sobreviveu à guerra mundial e veio para Portugal, trabalhar para o Estado. Foi guarda-rios e viveu em Braga, onde nasceu Manuel, o pai de Quelhas. Tinha mais dois irmãos; Ernesto, emigrou para o Brasil e lá faleceu e uma irmã, Arlinda, que viveu na Póvoa de Lanhoso, no centro, e tinha a Tasca do Cantinho, mais tarde mercearia, onde hoje se situa a Óptica 1, que pertence ao Álvaro Oliveira ou conhecido como Álvaro do Cantinho, que é também Provedor do Idoso numa tutela da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso no presente ano 2021. Fez parte de uma filarmónica em Sobradelo da Goma, da qual não há registos, mas segundo conterrâneos mais velhos, efectivamente existiu. Era um homem conceituado, com muitas terras, umas que herdou de uma tia povoense que vivia com a sua irmã, na casa do Cantinho e outras que comprou, e que mais tarde foram penhoradas por um erro de um familiar, que decidiu comprar um camião, quase único em Portugal e correu-lhe mal (a área era todo o envolvente da ex. Discoteca Isabelinha, aviários da Groba, David Guimarães e do Abel Trolas). Apenas restou a casa de família, onde nasceu Quelhas e as terras herdadas, que, mesmo assim à morte dos pais, as terras deram um bolo dividido em cinco, na herança daquilo que ficou e que outrora foi habitado e fabricado, onde viveram cinco irmãos, `Quelhas´ - João Carlos, Arlindo, Maria Augusta, Luís Filipe e Carla Cristina.

 

Individualidades



Houveram e há ainda entre nós muitas pessoas importantes na terra dos ourives, para além do Sargento; muitos vieram ao de cima, quando saíram para a primeira emigração, principalmente para o Brasil; caso da família do Vale, falecidos, os benfeitores da estrada brasileira. Há muitos familiares vivos, caso do Ferreiro, José do Vale! Como as famílias dos presidentes de junta desde o 25 de Abril de 1974. Zeca da Groba, falecido. Casimiro da Silva, falecido. Manuel Armando, falecido. David Guimarães, falecido; aqui o Vice-presidente substitui este presidente no activo à sua morte, Claudino Carneiro, ainda vivo. Manuel Poças Martins, falecido. Aristides Costa, ainda vivo. Abílio Monteiro Rodrigues, ainda vivo, é o presidente actual na freguesia de Sobradelo da Goma no ano 2022. O sargento Quelhas era da família do Quinhas  da Venda de Vilarinho de Cima, mãe do Engenheiro Alves, que para além de ter vivido em Sobradelo e transitado para Brunhais com os pais e irmão Carlos, que teve e empregou muita gente na confecção têxtil, eram oriundos de Guilhofrei por parte da mãe e dos nossos avós. Tem outros familiares, a Dolores da Casa da Capela do Rebelo em Carreira. Já a esposa Elisa pertencia à família Rodrigues e família do Rego (A família do Rego é também uma família conceituada; eles têm uma costela da freguesia de Castelões, Guimarães. Conhecidos hoje em dia por trabalharem na arte da filigrana, e terem a conhecida Oficina do Ouro no Lugar das Penas daquela freguesia. Também têm um presidente de Junta e um Vereador na Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso até ao ano 2021. No ano 2022 mantém apenas o Presidente de Junta!)

 

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Sobradelo da Goma; cap. III

uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra

 

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A família da Mouta, Gonçalves Veloso, confunde-se como parentescos do Quelhas pela parte da mãe, pois tem o nome VELOSO, Ermelinda Ribeiro Veloso, enquanto o pai, GONCALVES, tem Manuel Rodrigues Gonçalves, logo cruzam os nomes entre famílias. Reparem, dois nomes na família da Mouta como Gonçalves Veloso! No entanto, a mãe Ermelinda, tem sim familiares, conhecida como família do SOL, RIBEIRO; nasceram em Belmonte, no sopé de Várzeas e sobrinhas no Souto Velho, as saudosas irmãs Cidália Ribeiro, que foi catequista e era solteira, e a Mariazinha Ribeiro que teve muitos filhos; a Mariazinha Ribeiro casou com o  Poças, sobrinho do Manuel Poças, que viveu em Várzeas e que tinha um irmão chamado João Poças, que casou com a irmã de minha avó Erminda Ribeiro Veloso, que se chamava Adosinda Ribeiro Veloso. O João Poças e Manuel Poças nada tinham a ver com a família do Sol; apenas se cruzaram nas famílias. O João Poças casou com a Adosinda Ribeiro, irmã de Erminda Ribeiro, as quais foram vizinhas no lugar de Fundevila em Garfe e eram da Casa do Sol, ou apenas a mãe delas nascera em Belmonte e casou para Garfe. Suscita aqui a dúvida e por outro lado o Poças, sobrinho dos dois, João e Manuel Poças, também casou com a sobrinha, Mariazinha Ribeiro da família do Sol, a viver no Souto Velho! Julga-se que talvez a família, conhecida por alcunha de Mouta, com o nome Gonçalves Veloso, do lugar de Vilarinho de Baixo, se cruzou também com familiares da Família Ribeiro de Belmonte noutras vertentes do passado. Mas também se põe a hipótese de que a Família Rodrigues do lugar da Berraria, com sobrinhos no Outeiro, António, Celeste e Laurinda Rodrigues do Rego por parte do Pai, se cruzou com a família Gonçalves de Calvelos, para além do Sargento Quelhas, que casou para Varzielas com a Elisa Rodrigues. A conclusão foi feita pelo Cientista Veloso, que confirmou que as pessoas conheciam-se na missa e nos arraiais das festas da freguesia e também por intermédio de familiares, e namoravam e é de todo provável sem confundir. Na incerteza, quase certeza, sabe-se que a Felizarda Fernandes era prima de Joaquim Gonçalves (Sargento Quelhas); viveram numa grande casa, na Casa do Cancela na freguesia de Guilhofrei, da mesma família do Guarda Cancela que esteve no Posta da GNR da Vila da Póvoa de Lanhoso. Felizarda Fernandes era natural de São Silvestre, Vieira do Minho; casou com António Veloso e deste casamento nasceu o pai do cientista António Joaquim Gonçalves Veloso, de seu nome Manuel Veloso, que casou com Erminda Gonçalves da Igreja Velha e é de todo impossível ligar exactamente estes parentescos, mas que coincidem, eles coincidem e são certos aos olhos dos vivos ainda hoje; já o ditado popular dizia que somos todos irmãos!

 

Nota; este texto é um esboço de um futuro livro. Continua em Fevereiro 2022


Quelhas, Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

São 771 mil os cidadãos estrangeiros a residir em Portugal, mais 109 mil do que no ano passado.

IMIGRAÇÃO:
São 771 mil os cidadãos estrangeiros a residir em Portugal, mais 109 mil do que no ano passado.

No último ano foram 109 mil os estrangeiros com pedidos de residência em Portugal aprovados. Depois da quebra de 2020, país regressa aos números pré-pandemia e bate recordes. São agora 771 mil.

T. P. 05 jan 2022

No último ano o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras aprovou os pedidos de residência em Portugal de 109 mil estrangeiros — e há milhares de processos agendados, pelo que a tendência será de crescimento ao longo dos próximos meses. Os valores registados em 2021 demonstram uma tendência de recuperação em relação ao ano anterior; um regresso aos valores pré-pandémicos — em 2019 foram 110.048 os cidadãos estrangeiros com pedidos de residência aprovados —; e representam um novo recorde. Há agora 771 mil estrangeiros com residência no país. Nunca tinham sido tantos.

Os números são avançados esta quarta-feira pelo Diário de Notícias, que explica também que, na comparação com 2015, ano de recuperação dos fluxos migratórios, após a crise financeira de 2010, Portugal tem agora praticamente o dobro de residentes estrangeiros — eram 388.731.

Apesar de ainda não estarem distribuídos por nacionalidade de origem, continua o jornal, as previsões apontam para que a nacionalidade brasileira se mantenha como a principal — em 2020, ano em que se registou um aumento significativo de cidadãos italianos e indianos, os brasileiros representavam 27,8% do total de imigrantes residentes em Portugal.

Este aumento do número de autorizações de residência resultará também de um esforço do SEF para reduzir os casos pendentes: o prazo médio para agendar a entrevista que dá início ao processo é agora de um ano e meio; no passado chegou a ser superior a três ou quatro anos.

Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial


Voto antecipado para os eleitores temporariamente deslocados no estrangeiro Gabinete de Informação e Imprensa - MNE

NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL; Revista Repórter X...



 Voto antecipado para os eleitores temporariamente deslocados no estrangeiro Gabinete de Informação e Imprensa - MNE

Comunicado conjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Administração Interna.

O voto antecipado para os eleitores recenseados em território nacional que se encontrem temporariamente deslocados no estrangeiro, para a eleição da Assembleia da República, decorre entre os dias 18 e 20 de janeiro nas embaixadas e postos consulares.

Este modelo de votação destina-se aos eleitores que se encontrem deslocados por uma das seguintes razões:

- Por inerência do exercício de funções públicas ou privadas;

- Em representação oficial de seleção nacional, organizada por federação desportiva dotada de estatuto de utilidade pública desportiva;

- Enquanto estudante, investigador, docente e bolseiro de investigação em instituição de ensino superior, unidade de investigação ou equiparada reconhecida pelo ministério

competente;

- Doente em tratamento;

- Eleitores que acompanhem ou vivam com os eleitores mencionados nos quatro pontos anteriores.

Os eleitores que reúnam as referidas condições podem votar antecipadamente nas embaixadas e dos postos consulares, devendo apresentar, no momento da votação, o Cartão de Cidadão, Bilhete de Identidade ou outro documento identificativo, como carta de condução ou passaporte, e indicar a sua freguesia de inscrição no recenseamento eleitoral.

 

A lista dos locais de voto antecipado no estrangeiro está publicada na página da Comissão Nacional de Eleições, em

https://www.cne.pt/.../2022ar_locais_voto_presencial...

 

Lisboa, 4 de janeiro de 2022

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial


sábado, 1 de janeiro de 2022

Atestar residência fiscal em Portugal?

Atestar residência fiscal em Portugal? 

O certificado de residência fiscal emitido através do Portal das Finanças vai ser, no ano de 2022 que arranca amanhã, o único documento que atesta a residência fiscal em Portugal para ativação de Convenção para evitar a Dupla Tributação (CDT), segundo o Fisco.

A Direção de Serviços de Relações Internacionais da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) informa que a AT “simplificou o procedimento de certificação” da residência fiscal em formulários de administrações fiscais estrangeiras e que a partir de amanhã, 01 de janeiro de 2022 não é mais necessário remeter os referidos formulários.

“Tornámos o procedimento de certificação mais célere já que não precisa de enviar quaisquer formulários para a Autoridade Tributária e nem de aguardar a sua devolução postal, depois de autenticados”, lê-se na informação, que destaca ainda o facto de a AT já ter dado conhecimento deste novo procedimento “a todas” as administrações fiscais estrangeiras com as quais Portugal tem CDT.

Depois deste sábado, 1 de janeiro, basta ir ao Portal das Finanças para solicitar um certificado de residência fiscal, esclarece, explicando bastar escrever a palavra ‘certidão’ no campo de pesquisa e aceder a ‘pedir certidão’, autenticando-se com o NIF e senha pessoal e escolher ‘residência fiscal’.

“Preencha todos os campos solicitados e não assinale nada no campo Q5, onde se menciona a existência de formulário estrangeiro”, lê-se na nota aos serviços, precisando ainda que, após o preenchimento dos dados, confirma-se o pedido e “fica de imediato” com o certificado de residência fiscal.

“Deve juntar este documento ao formulário estrangeiro devidamente preenchido e remetê-lo para a entidade estrangeira a quem o mesmo se destine”, acrescenta, concluindo que o certificado de residência fiscal emitido através do Portal das Finanças “é um documento seguro, com forma de validação fiável e é o único documento que atesta a residência fiscal em Portugal para efeitos de beneficiar do disposto nas CDT”.

Os critérios de residência estão previstos no Código do IRS, tendo em conta que residentes em território português estão sujeitos a tributação em sede de IRS sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.

Vidas descambadas – nº 4


Vidas descambadas – nº 4

 

No quarto episódio desta crónica que relata problemas graves, que portugueses na Suíça atravessam, acusando grandes instituições, como por exemplo, sistemas de saúde e seguradoras, de corrupção, tivemos um debate, onde foram discutidas opiniões. Estiveram presentes alguns lesados, que já habitualmente participam, bem como Ana Maria Pica, representante do sindicato UNIA de Luzern e do PS de Zürich, e Vítor Alves Gomes, desde Bruxelas, Concelheiro Nacional do PSD pela Emigração na Europa e foi 1° Suplente do Deputado, Carlos Gonçalves, do PSD pelo Círculo da Europa na Assembleia da República. A presença destes dois membros, teve como objectivo dar-lhes a conhecer esta dura realidade, para que possam unir esforços e solucionar questões. Toda a divulgação feita, quer por membros, quer por meios de comunicação social, tem surtido efeito, e este assunto foi levado, além de canais suíços com grande impacto, também ao consulado geral de Portugal em Zürich. Realizou-se uma reunião com o Dr. Paulo Maia e Silva, e o Dr. João Castro, que por sua vez receberam amavelmente João Quelhas representante máximo da Revista Repórter X e Rui Fialho. Ambos ficaram estupefactos com o cronograma gravíssimo que recai sobre estes emigrantes acidentados, que se sentem lesados e desamparados pela justiça e pela saúde.

 

O objectivo destes emigrantes, que infelizmente cresce todos os dias, mas felizmente esse crescimento torna estas pessoas cada vez mais fortes e coesos, e com capacidade de fazer com que os lutadores levem o seu objectivo a bom porto, que é, ver os seus direitos reconhecidos. Estão dispostos a fazer tudo o que se verificar necessário, para conseguir fazer justiça por todos, e por consequência, talvez, conseguir mudar o sistema corrupto que afecta tantos portugueses, e tantos emigrantes de outras nacionalidades, e o futuro da área da saúde se revele mais risonho.

Alexandre, uma das vítimas desta situação, esteve presente nesta conferencia, e expôs a sua questão directamente a Ana Maria Pica, uma vez que esta trabalha no sindicato UNIA, pois, este lesado, sindicalizado nesta instituição, contava há mais de um ano com a ajuda de uma jurista desta mesma entidade, e após esse período à espera de uma resposta, foi informado pela própria, que o seu ordenado não permitia que seguisse para tribunal. Segundo esta jurista, depois de ter consultado a sua hierarquia superior, constataram que o vencimento anual do lesado, não permite que este seja defendido pela justiça, indo contra a sua seguradora. Segundo Alexandre, vários membros do grupo vidas destroçadas também sindicalizados na UNIA, estão a passar pela mesma situação. Ana Maria Pica esclareceu Alexandre quanto a essa situação, e informou, que o valor anual não interfere com o apoio jurídico. O único facto que anula o direito ao apoio jurídico, é se a data de sindicalização é anterior ou posterior ao acidente e também, se a área de actuação tem ou não um contrato colectivo de trabalho. Para as áreas sem contrato colectivo de trabalho, como é o caso da agricultura, onde Alexandre trabalhava, não qualquer tipo de direito, perante as leis suíças. Alexandre também referiu que mesmo assim, tem outros colegas de diferentes áreas, em que as tabelas são as mesmas e também alegam não ter direitos, ao que Ana respondeu que nesses casos há deturpação de informação. No entanto, afirma que este lesado tem direitos, apenas é preciso apurar o que tem que ser feito. Ana mostrou-se disponível para receber Alexandre, de forma a conhecer o seu processo, e poder ajuda-lo. (esta questão que foi muito falada, quer pelos injustiçados, quer pelo Sindicato Unia e pela opinião pública, vai ter direito a reunião levada a cabo pelo Quelhas, representante da Revista Repórter X, que convidou novamente Rui Fialho, com a visada Ana Maria Pica do Sindicato de Luzern e Dra. Marília Mendes do Sindicato de Berna, juntando também o Cônsul, Sr. Dr. Paulo Maia e Silva, que pediu para participar em conversa com as representantes daquele Sindicato, preocupado com os portugueses da Suíça, depois da reunião no consulado com o Quelhas e Rui Fialho e à posterior com membros do Grupo Vidas Destroçadas.

Alexandre questionou ainda Ana Pica e a posição da UNIA relativamente aos emigrantes, que se intitula de maior grupo de apoio dos direitos dos mesmos, mas estes continuam a sentir-se desamparados pela mesma.

Ana Maria Pica, afirma que, em muitos dos casos, as seguradoras descartam responsabilidades, pois aparecem formulários direcionadas à mesma mal preenchidos. Esse mau preenchimento acontece, pois muitas vezes, os relatórios médicos são deturpados. De qualquer forma, afirma ainda que qualquer relatório médico que afirme que há um problema que impede um lesado de trabalhar, não há qualquer lei que se sobreponha a isso, mas estes lesados, por sua vez, afirmam que nenhum médico se opõe a um advogado.

Vitor Alves Gomes, esteve presente, pois tem interesse em ajudar os portugueses e as comunidades a resolver as suas questões sociais. A Suíça, é um dos países que menos conhece, e dessa forma é de seu interesse conhecer estas situações, das quais, até aqui, não tinha conhecimento. Como emigrante, Vítor, sente-se privilegiado por ser filho de pais emigrantes, mas reconhece as dificuldades a que muitos portugueses estão sujeitos.

 

Este Concelheiro Nacional do PSD pela Emigração na Europa, após conhecer as dificuldades, Poderá ter um papel importante, sendo intermediário dos lesados perante as forças políticas e de governo, para que sejam ajudados, fazendo chegar até eles o ponto grave da situação... Como conselheiro, aconselha, não tem poder executivo, mas acredita na justiça e no bom trabalho dos consulados e embaixada e do governo. Passando estas informações para os órgãos do governo, espera uma resolução dos problemas. Também acredita que a Dra. Ana Maria Pica irá fazer tudo o que estiver ao seu alcance para os ajudar. (Lembramos que Victor Gomes, na caída do Deputado Carlos Gonçalves, passa a candidato pelo Círculo da Europa na Assembleia da República, nestas eleições Legislativas de 30 de Janeiro 2022)!

 

João Quelhas, enviou cerca de 100 e-mails para consulados e responsáveis políticos, Câmaras Municipais da Suíça, dos quais não obteve resposta. Apenas teve resposta por telefone e E-mail do gabinete da Dra. Berta Nunes, secretária de estado das comunidades portuguesas.

Rui Fialho, afirma que se sente vítima de corrupção, e no país dos direitos humanos, vê situações desumanas acontecerem a nível da saúde, da política, dos sindicatos, das seguradoras e todas as áreas que envolvem a questão em que se encontra inserido. A sua emigração para terras helvéticas não teria acontecido, se soubesse o que sabe hoje.

Rui Fialho, tem uma resposta antiga de uma assessora do presidente da república, que na altura afirmava que os seus problemas ultrapassavam as capacidades do presidente. Nesta fase, Rui apenas pede a Vítor Alves Gomes que faça chegar esta situação a todos quantos lhe seja possível, pois a falta de união dos portugueses, também é um entrave na resolução de muitos problemas.

A Revista Repórter X também irá continuar ao lado dos lesados, hoje tem contacto com 4 grupos, que irá ser parcial com todos e será também apoio de outros grupos de portugueses na Suíça que queiram ser ajudados. O trabalho junto dos responsáveis continuará a ser feito com a mesma dedicação, para que em breve possamos noticiar bons desenvolvimentos nesta área, que, com certeza, serão uma vitória para todos os emigrantes.

 

Temos falado na situação de muitos ex. emigrantes terem enganado no passado o sistema de saúde suíça, conseguindo reformas ou pensões chorudas no qual muitos em Portugal ficaram sem elas pelo motivo de as autoridades suíças terem investigado situações de ex. emigrantes inaptos para o trabalho, serem encontrados a trabalhar na sua terra Natal. A isto queremos dizer que à conta de uns, agora paga o pecador, que realmente precisa e não consegue facilmente a pensão de invalidez, uma vez que muitos a levaram por manhosice, hoje apelam ao acidentado um trabalho adaptado até 30 ou 40 % para sobrevivência, para não lhes pagar o direito á invalidez, que por certo muitos mereciam, enquanto outros no passado levaram essa invalidez por uma pequena coisa, que não os impedia de trabalhar no mesmo ramo de sempre. Temos também tido queixas de alguns que se dizem lesados do sistema e que infiltrados estão a tentar a sua sorte como a sorte de alguns no passado, aqueles que foram dados como inválidos e ao cortarem-lhes a Pensão voltaram á Suíça. Pergunto, onde está a invalidez destes habilidosos!? Hoje muitos passam dificuldades, porque o sistema de saúde suíço apertou e vale tudo para recusar direitos, deitando a culpa uns aos outros, entre a IV, SUVA, outras seguradoras, médicos, advogados, etc… para não falar de quem preenche mal a papelada no serviço de socorros e saúde, desde o acidente ao internamento e à posteriori os papeis burocráticos e respostas a cartas na linguagem suíça proveniente de cada Cantão pelos chamados chicos- experts que tem agências e são malformados na área.

 

Patrícia Antunes

Dr. Barros, Sociólogo

 

Vidas Destroçadas – Capítulo N° 2 e 3



Vidas Destroçadas – Capítulo N° 2 e 3

 

Vidas Destroçadas – Capítulo N° 2

 

Vidas destroçadas é uma crónica, onde relatamos problemas de vida de homens e mulheres, que vêem as suas vidas devastadas, após acidentes e situações que envolvem dificuldades a nível de saúde, que se vêem esquecidos e ultrapassados pelo sistema médico e seguradoras, sem qualquer tipo de apoios.

 

Este é o segundo de vários programas, onde vamos ficar a conhecer novas histórias, novos protagonistas e novos problemas, e a finalidade destas entrevistas é ajudar estas vítimas a fazerem-se ouvir pelas autoridades.

 

João Pedro Antunes, um dos protagonistas do primeiro episódio Vidas Destroçadas, fundou um novo grupo no Facebook; no entanto, o Rui Fialho é fiel ao primeiro grupo, mas teve de acrescentar a Vidas Destroçadas - Cantão Alemão/ Francês; há ainda um terceiro grupo,  gerido por Paula Moreira e Sãozinha Torres, Voix Réduite Au Silence e ainda o Movimento Hierarquia 25, gerido por Alexandre Nogueira e José Mota, divididos por regiões diferentes, ideias diferentes, mas que cada um luta por todos, onde vão aparecendo cada dia mais casos e mais vítimas da mesma situação. O objectivo destes quatro grupos é unir forças entre os lesados, para que juntos possam reivindicar os seus direitos junto das autoridades e lutar contra a corrupção.

 

João Vieira de Araújo, residente em Schaffhausen, emigrou para a Suíça, natural de Guimarães, para trabalhar numa empresa em Zürich. Em Junho de 2007 foi operado a uma hérnia discal.

 

A operação não foi bem-sucedida, sendo operado mais duas vezes. Foi operado a segunda vez em Maio de 2008 e, em Junho desse mesmo ano, foi-lhe atribuída uma invalidez de 100%. Em Abril de 2011, recebeu uma carta da IV, onde lhe foi transmitido que não iam continuar a pagar a pensão, pois a sua invalidez era apenas de 21%. Contactou o médico que o operou, que refutou essa decisão e aconselhou a procurar um advogado, alertando que essa decisão não podia ser tomada por uma médica de clínica geral, e sim por um profissional especialista na área.

 

Depois de contestar a carta, a decisão manteve-se, mesmo com relatórios médicos de 5 especialistas, que afirmam uma invalidez de 100%. Este lesado acredita que são ocultadas informações aos utentes, para que possam ser ultrapassados pelo sistema, pois não consegue sequer aceder aos exames na sua totalidade, e afirmam que parte dos exames estão reservados apenas aos médicos. Desde 2011 que não recebe absolutamente nada, mas também não é capaz de trabalhar com todas estas limitações, pois foi operado na zona da coluna L4 S1, o que lhe afecta um nervo de um pé, e o impede de ter força no mesmo, chegando mesmo a cair. Estar em pé é um problema, mas estar sentado mais de 10 minutos também é um desafio. Sobrevivem com o ordenado da sua esposa, e com a ajuda dos filhos. Não têm dividas, mas vivem no limite.

 

Amândio Tiago Sampaio vive na Suíça há 13 anos, sendo natural de Fafe. É um jovem revoltado com a situação de vida, pois foi agredido em 2014 e, a partir daí, a sua vida nunca mais foi igual. Tentou continuar a trabalhar, mas depois de 5 operações ao nariz, e 8 infiltrações, a sua situação continua por resolver, e sente-se abandonado por todos, inclusive pelos médicos. Em 2019 tentou o suicídio, procurou ajuda médica e foi internado cerca de 1 mês.

 

Continuou a trabalhar após esse internamento e, em 2020, teve um acidente de trabalho, sendo que o seu braço direito ficou lesionado e precisava de uma operação, mas a SUVA descartou responsabilidades, alegando que era uma lesão antiga. Nesse mesmo ano, voltou a ter uma queda no trabalho, lesionando-se num ombro, e a situação com a SUVA repetiu-se, tendo que arcar com todos os custos do tratamento. Após esse acidente, o patrão ordenou que não trabalhasse. Mediante avaliação da SUVA foi considerada uma invalidez de 10%, sendo encaminhado para a psiquiatria, onde alegam que os problemas psicológicos não têm a ver com a situação acima citada. A AI também não se responsabiliza, pois afirma que Tiago tem bens lucrativos e por isso não tem direito a ajuda. Tiago sente-se esgotado, revoltado e vítima de racismo, por ser emigrante. Actualmente no fundo de desemprego, considera regressar a Portugal, sem ver os seus direitos reconhecidos.

 

Daniela Pinto, vive em St. Gallen e, em Março do corrente ano, sofreu um acidente de trabalho, nomeadamente uma queda de 14 degraus, fracturando um ombro e uma perna. Depois de várias consultas, concluíram que na perna apenas havia pisaduras, e insistiram durante 2 meses nos tratamentos apenas do ombro (infiltrações). Após esse período, devido às queixas na perna, fizeram o mesmo tipo de tratamento na coluna, e só aí resolveram fazer uma ressonância. Diagnosticaram 2 hérnias, elos deslocados, nervos necrosados, bem como dedos dos pés. Ao fim de 5 meses, a SUVA descartou responsabilidades; então, começou a ser seguida numa clínica privada, pelo mesmo médico, em vez de ser seguida no hospital público. Depois de recusar novas infiltrações, propuseram uma cirurgia, que aceitou, pois os médicos deram-lhe boas expectativas de sucesso de tratamento. Depois de ter aceitado, recebeu uma chamada em que lhe foi dito exactamente o contrário, para que a lesada viesse a recusar a cirurgia. A SUVA, alegando que todas as lesões são de causas naturais, não assume responsabilidades. Recorreu dessa decisão, e até hoje não obteve qualquer resposta. Daniela sente-se vítima de discriminação e desprezo e sem meios para recorrer a ajuda.

 

Não sabe o que vai ser da sua vida e, com apenas 28 anos, vê-se privada de trabalhar e lutar pelos seus sonhos. Tendo em conta as histórias de vida dos restantes membros, que vivem numa luta constante, muitos deles há muitos anos, não consegue imaginar um futuro risonho para si.

 

Ramiro Pessoa, natural da Amarante, emigrou para a Suíça em 2001. Em 2013, teve o seu primeiro acidente de trabalho, e após cerca de 18 meses de baixa, regressou ao trabalho a 50%. Depois desse regresso, teve um acidente de carro, estando internado cerca de 3 meses. A SUVA não assumiu nenhuma remuneração desse acidente, e esteve mais de 2 anos a receber subsídio de doença. Fez duas operações à coluna, o que lhe provocou problemas na perna esquerda e mão direita, que ainda permanecem. Em 2018, após uma queda em casa, que resultou na fractura da clavícula, foi operado duas vezes ao braço esquerdo. A SUVA assumiu até determinada altura, mas mais tarde, mesmo depois do lesado ter ganho a causa em tribunal, este órgão recorreu da decisão, e Ramiro está há mais de 3 anos sem receber qualquer ajuda; apenas uma reforma de 817CHF, e trabalha 3 horas por semana, a limpar um supermercado. A perna esquerda e a mão direita continuam com lesões, ficam dormentes e sem força, e não consegue resolver a situação.

 

A AI conferiu-lhe uma invalidez de 22%, afirmando que pode trabalhar a 100% em trabalhos leves. Sendo um Gruísta encartado, vê o seu esforço e investimento de estudo sem qualquer utilidade, pois a falta de sensibilidade na mão direita não lhe permite trabalhar na sua profissão.

 

António Alexandre Nogueira, natural de Penafiel, é mais um dos muitos lesados, que luta pelos seus direitos. Em 2015 teve um acidente, tendo tido lesões graves na sua mão esquerda. Foi detectada uma fractura da cartilagem do polegar e também lesões a nível dos tendões do polegar e pulso. Depois de 2 semanas e meia de baixa, e sendo um emigrante recente e com medo de perder o seu emprego, obrigou-se a ir trabalhar, aguentando as dores à base de medicação.

 

Em 2018 foi submetido a uma cirurgia que, segundo os médicos, seria um quisto gorduroso nas costas, mas revelou-se “uma bola com raízes”, agarrada ao pulmão direito e a um músculo que liga à anca.  Cerca de um mês depois, voltou a lesionar-se no pulso esquerdo, e questionado pela médica se seria uma lesão antiga, o paciente afirmou que resultou de uma queda e que reincidiu no local, onde já tinha tido problemas.  Cerca de um mês depois, voltou a lesionar-se no pulso esquerdo, e questionado pela médica se seria uma lesão antiga, o paciente afirmou que resultou de uma queda e que reincidiu no local, onde já tinha tido problemas.

 

A médica decidiu reabrir o processo antigo e, dessa forma, trocaram a baixa médica, relativa à cirurgia nas costas, pela baixa médica por acidente de trabalho. A partir daí, viu-se numa luta constante e sem fim. Essa baixa foi paga até Novembro de 2020. Em 2019, houve um corte de cerca de ⅔ do seu salário, recebendo cerca de 600CHF por mês. Pediu ajuda à UNIA, por ser sindicalizado nessa instituição, sendo apoiado por uma advogada, que recorrendo dessas decisões da seguradora, teve frutos e o valor foi reposto. Após consultar vários médicos de Lausanne, nenhum aconselhou a fazer alguma cirurgia à mão. Foi informado por uma médica da sua área de residência, “que a experiência de infiltração havia corrido mal e não iria passar novamente a baixa, pois, o caso não tinha solução”. Conseguiu uma nova médica de família, que lhe passou a baixa imediatamente, após conhecer o seu historial e, segundo os novos médicos, também não aconselham a uma nova cirurgia, pois pode piorar a situação da mão e por consequência também do braço. A seguradora SYMPANY, sem qualquer tipo de avaliação e sem qualquer tipo de acordo, decidiu comparticipar cerca de 10 000 CHF, e informou o lesado que teria que operar num trabalho adaptado a si próprio, e não teria mais nenhuma comparticipação a nível de tratamentos médicos ou pensões. Em Janeiro, a advogada recorreu dessa decisão, e desde Janeiro que não tem qualquer resposta. Afirma que “a Suíça e companhias de seguros têm lucro de milhões, mas vivem de sistemas corruptos e de máfia”.

 

Celso Henriques, natural de Mangualde, e é motorista de pesados. Ao descer do camião, teve uma torção do joelho, e foi apenas medicado. Como o médico não resolveu a situação, trocou de médico e foi operado. A SUVA rejeitou qualquer tipo de responsabilidades e foi considerado doença profissional/ trauma. Como a SUVA não pagou nada, viu-se obrigado a ir trabalhar, levando a um aumento da lesão. Foi novamente operado, por um novo cirurgião, que por sua vez elaborou novos relatórios, onde afirma que tudo isto se deve a um acidente de trabalho. Até hoje não recebeu qualquer ajuda, nem da SUVA, nem da AI, nem da Krankenkasse, e uma vez que o patrão também não recebe nenhuma comparticipação, caso não fosse trabalhar, este também não podia pagar o seu salário. O médico já enviou os relatórios a várias entidades, e uma vez que ninguém se responsabiliza, Celso regressou ao trabalho, mesmo estando ainda em recuperação, e ficou registado pelo profissional de saúde, que a situação se vai agravar, pois o tratamento não foi concluído.

 

Tivemos oportunidade de conversar com Victor Carlos, um dos protagonistas da crónica nº1, que nos fez saber que esta entrevista já tinha dado frutos, pois o tema foi abordado num programa suíço.  Essa abordagem foi muito subtil, mas muito enérgica, e pode ouvir-se o director da SUVA, bem como o director geral da Social, o director da AI e mais algumas pessoas responsáveis. Foram mencionados alguns casos idênticos aos destes lesados. Este canal está a dar visibilidade a esta causa, e todos estes membros acreditam que unidos, e com todas as suas ajudas da comunicação social, se farão ouvir. Todos estes membros se mostraram disponíveis para acolher novos queixosos nos seus grupos, para que possam ser ajudados, e todos juntos possam combater estas ilegalidades e este desrespeito pelos cidadãos. No fim da entrevista, o director da Repórter X comprometeu-se a ajudar a fazer chegar estes artigos e estas histórias de vida às mãos certas, aos políticos e outras entidades responsáveis, de forma a poder ajudar estes lesados.

 

 

 

Vidas Destroçadas – Capítulo N° 3

 

Na terceira fase desta crónica, que relata situações da vida de pessoas, que vêem os seus direitos serem ultrapassados por sistemas corruptos, iremos conhecer novos protagonistas de situações idênticas. O objectivo de todos é todos juntos fazerem um grito de revolta e que se possam fazer ouvir e reaver os direitos de que se vêem privados. Todas estas pessoas falam deste tema como uma doença chamada corrupção, que vigora em todo o mundo e apontam o sector da saúde como um dos maiores alvos de putrefacção e, mediante aquilo que têm investigado e apurado, existem inúmeras lacunas neste sector, por preencher. Nesta situação, a Repórter X, tem como objectivo tomar a posição de voz do povo, e conseguir chegar ao Estado suíço, bem como ao português, para assim ajudar a lutar pelos direitos de todos, especialmente dos nossos emigrantes.

 

Rui Fialho acredita que esta iniciativa ainda não tem a visibilidade pretendida, pois ninguém tem interesse nos problemas dos outros, mas mesmo assim pretendem actuar, de forma a mostrar que estas situações são reais, e querem ter o apoio de todos, incluindo pessoas não lesadas, pois qualquer um está sujeito a estar nesta situação, um dia. Afirmam ser manipulados e enganados pelos médicos, que informam os pacientes de um facto, e escrevem outro nos relatórios.

 

Eduardo Dias, natural da Póvoa de Lanhoso, Gruísta emigrado na Suíça há mais de 20 anos, sofreu um acidente em 2018. Após esse acidente, apenas lhe foi receitada uma pomada para aplicação tópica, mas, passados 2 meses, começou a sentir falta de resistência e de força nas pernas. Consultou um médico, e foi-lhe indicado fazer fisioterapia, sendo diagnosticada uma fractura num dos elos da coluna e uma hérnia discal. Após cerca de 15 dias de internamento, foi-lhe injectada cortisona entre os elos da coluna e não aconselharam a cirurgia, pois apenas teria 5% de sucesso, podendo ficar numa cadeira de rodas. Esteve de baixa médica 10 meses, sendo despedido da sua empresa, tornando-se temporário. Após trabalhar 4 meses como temporário, foi de férias e, no regresso, foi-lhe administrada uma injecção semelhante à primeira, mas que, por sua vez, causou efeitos adversos, afectando o braço e a perna esquerda. Sendo transportado para o hospital de ambulância devido a um bloqueio total, apenas foi diagnosticada uma inflamação dos músculos. No final de 2019, esteve internado em vários hospitais, a fazer sessões de fisioterapia durante meses, saindo do último hospital de canadianas. De momento está a ser ajudado pela social, pois devido a um erro no preenchimento dos seus documentos do desemprego, estes não foram aceites. O seu problema foi considerado uma doença, e não uma lesão do trabalho.

 

Alice Beloto, em 2017, deixou de conseguir andar, devido a uma hérnia discal que estava a comprimir o nervo da ciática, sendo operada de urgência. Ao fim de 4 meses foi obrigada a regressar ao trabalho. Passado meio ano, começou a ter dores enormes na anca, e depois de uma ressonância foi informada que esse problema advinha do problema antigo da coluna, pois ainda não estava cicatrizado. Em 2019 deixou de conseguir andar novamente; tinha dores horríveis e dormência na perna. Após uma ressonância, foi-lhe administrada baixa médica e foi detectada uma hérnia exactamente no mesmo sítio. Após infiltrações, ficou pior e, por isso, foi internada de urgência e operada. A cirurgia não foi bem-sucedida e, mesmo durante a fisioterapia, continuava sem conseguir andar. Optou por se inscrever na IV, por precaução, caso as coisas não corressem como esperava, e em Novembro de 2019 foi submetida a uma terceira cirurgia, e ainda hoje tem dores indescritíveis e não sente a perna esquerda. Mesmo com exames médicos, não sabem se é um resto de hérnia, ou se a cicatriz está a comprimir o nervo da ciática, internamente. Foi acompanhada por médicos de neurologia, e fez vários tipos de terapia. Tentou o suicídio, pois tinha dores exageradas, e acabou por perder o emprego. Desde o Verão deste ano que não recebe qualquer tipo de vencimento. Tem sido empurrada de médico para médico e, nas várias terapias que frequenta, ninguém lhe dá respostas. Foram detectados relatórios médicos falsos, que tem em sua posse e os exames que lhe têm sido feitos, desapareceram. Está à espera de uma resposta relativa ao seu grau de invalidez. Não vê um futuro risonho à sua frente, nas condições em que está; tem uma filha de 21 anos e sobrevivem com o salário do marido.

 

Ana Taveira vive na Suíça há 26 anos. Depois de 20 anos a trabalhar num lar, começou a ter dores fortes de cabeça, que sucediam com desmaios. Foram detectadas 3 hérnias discais e foi operada de urgência.

 

Garantiram que em 3 meses estaria apta a ir trabalhar. Após a cirurgia, acordou paralisada, sem conseguir sequer mexer os olhos. Nessa altura, não conseguiu trabalhar, nem sequer podia retirar o colar cervical, pois tinha dores muito fortes. Tentou regressar ao trabalho, mas com tantas dores desmaiou e foi detectada então uma infecção na prótese, que tinham colocado. Em dois anos, foi operada três vezes ao mesmo problema. Recebeu em casa os documentos para preencher da IV, sem os ter pedido, nem mesmo o seu médico de família. Durante 2 anos recebeu vencimento da empresa, e quando fez o pedido para o fundo de desemprego, apenas foram atribuídos 56 dias desse mesmo fundo. Fez uma desintoxicação por medicamentos, fez reabilitação e, mesmo com relatórios dizendo que tinha dores crónicas, tinha que ir trabalhar. As dores permaneceram, e decidiu ser seguida numa clínica, onde foi avaliada com uma invalidez de 40/ 50%.

 

Depois de uma avaliação pela IV, concluíram que a Ana não tinha direito a comparticipação, pois não sabia trabalhar com um computador. Está há 6 anos sem qualquer tipo de apoio. Contactando a IV, alegaram não receber os relatórios da nova médica, mas contactados pela psicóloga, por quem é seguida todas as semanas, foi marcada uma junta médica. Segundo o médico de família, que anteriormente havia diagnosticado algo leve, hoje afirma ter um problema muito sério, que nem permite que trabalhe a 50%. De momento, está a trabalhar a 60%, com muito esforço da sua parte e com a ajuda da sua chefe e das suas colegas de trabalho. Em tempos, a IV pagou-lhe 2 cursos ligados à educação infantil, e é nessa área que trabalha.

 

Tina Silva, que chegou à Suíça em 2011, mas onde já não reside, toda a sua vida foi cabeleireira. Quando chegou à Suíça, por não saber falar francês, teve que deixar de trabalhar nessa área, pois não conseguia comunicar com as clientes, e começou a trabalhar em fábrica. Depois, abraçou um trabalho na restauração de uma escola, fazendo o trabalho de 3 pessoas. Passados dois anos, devido ao excesso de trabalho, começou a ter dores fortes nas mãos e, consultando o médico, foi feita uma ressonância que acusou tendinites, quistos e líquidos. Depois de infiltrações e fisioterapia, foi feita uma nova ressonância e alegaram detectar hérnias a comprimir os elos da coluna, mas o médico de família negava. Os sucessivos exames e intervenções continuaram e, após uns tempos em casa, esteve no fundo de desemprego, que a obrigou a trabalhar. Ao fim dos 10 meses de desemprego, alegaram que era incapacitada para o trabalho, e não comparticiparam mais nada. Na junta médica foi-lhe dito que efectivamente tinha duas hérnias na cervical, mas apenas conferiram uma incapacidade de 2% e que poderia “limpar pó”. Foi diagnosticada também uma depressão, que negou e não aceitou, mas hoje afirma que estava triste e pensou o suicídio. Durante 6 anos, o marido sustentou a sua família, e decidiu então regressar a Portugal. Já iniciou um processo de tratamento em Portugal, e hoje em dia agradece, por nunca ter sido operada na Suíça.

 

José Gonçalves Mota, vive na Suíça há 5 anos. No dia 3 de Fevereiro deste ano sofreu um acidente, nomeadamente uma queda, que provocou o deslocamento de um disco da coluna. Nesse próprio dia, a SUVA assumiu o acidente. No fim de Maio regressou ao trabalho, pois a recuperação foi bem sucedida, mas em Agosto teve uma recaída. Com dores em exagero levaram-no ao hospital e, após uma ressonância, foi detectada uma hérnia discal, que comprime a medula. O médico de família afirma em todos os atestados que é uma consequência de um acidente de trabalho, mas a médica cirurgiã, que o acompanha, afirma que é doença, assim como outros médicos de Friburgo. A própria médica, num livro publicado, contradiz-se às suas afirmações verbais, escrevendo que se trata de um acidente de trabalho. Até agora, não tem qualquer resposta da SUVA, mas felizmente o seu excelente patrão continua-lhe a pagar o salário. Na última consulta, a médica afirmou que estaria apto para trabalhar, quando a sua medula se encontra num estado de degradação contínuo. Quando se viu quase obrigado a trabalhar, José afirmou que apenas regressava quando os médicos assinassem um termo de responsabilidade, assumindo todas as responsabilidades, caso tivesse lesões maiores. Vendo-se nessas situações, os médicos, em poucos minutos, decidiram que teria que ser operado. Está de momento a aguardar essa cirurgia. Todas estas vítimas afirmam estar a ser trapaceadas pelo sistema de saúde e seguradoras, que não querendo arcar com despesas de pensões vitalícias, aliciam médicos a alterar relatórios.

 

José Leitão, outro lesado que contactou o Rui, tem em sua posse um dossier, onde contém provas de todas as atrocidades e mentiras das várias entidades competentes. A página do Facebook, criada por estes membros, tem sido denunciada em força, acreditam eles por pessoas envolvidas nestes casos, o que faz com que seja bloqueada automaticamente. Terminam assim, mais duas crónicas de vidas destroçadas, que contará ainda com mais episódios e mais histórias de vida.

 

Novos dados; “A Suíça quer é que os nossos emigrantes desistam; o Eduardo Dias disse-nos ao telefone que abandonou a Suíça, para não se endividar.  O Amândio Tiago disse ao telefone que quando acabasse o Fundo-Desemprego, lá para Março, também ia embora! João Pedro e José Gonçalves Mota voltam a ser operados. Já o Celso Henriques escreveu-nos a dar conta que, entretanto, o seguro de doença pagou 17500 CHF e o seu patrão não lhe pagou e ele despediu-se com justa causa. Entretanto, a empresa abriu falência e ainda recebeu uma ajuda de 6000 CHF da insolvência, por ter ficado sem 3 meses de ordenad; acrescenta que isto ainda não acabou; está de baixa e os que deviam pagar ainda não deram sinal. Ao Fernando Bandeira, arranjamos um tradutor, para ir à Social ou onde precise. Os membros do Grupo “Voix Réduite Au Silence” receberam resposta do Presidente da República, mas nada se sabe o que diz o comunicado.  Com o Rui Fialho reuniremos no Consulado de Zurique e temos uma reunião brevemente com responsáveis do Sindicato Unia de Luzern e Bern e com o Cônsul de Zurique, para falar da situação geral e do caso do Alexandre Nogueira, que tem dado muito que falar. Todo o historial está-se a dar a conhecer ao Estado Português!

 

Nota; As fotos não publicadas, dos respectivos entrevistados, não foram autorizadas ou não responderam; no entanto, publica-se as imagens reais do vídeo em directo e que podem também ser vistas nos vídeos no Youtube, Facebook e Página da Revista.

 

 

Entrevista; Quelhas, repórter X

 

Entrevistados; João Vieira de Araújo. Amândio Tiago Sampaio. Ramiro Pessoa. António Alexandre Nogueira. Celso Henriques. Daniela Pinto. Victor Carlos. Rui Fialho. Eduardo Dias. Alice Beloto. Ana Taveira. Tina Silva. José Gonçalves Mota

 

Transcrição de Vídeos; Patrícia Antunes

 

Revisão Editorial; Sociólogo político, Dr. José Macedo de Barros