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domingo, 9 de janeiro de 2022

Sobradelo da Goma: cap. – I, II, III - uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra!

Sobradelo da Goma:

uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra

 

Este texto leva-nos numa viagem sobre a história de Sobradelo da Goma e as suas gentes, desde o passado até ao presente, desde que a memória lembre e não atraiçoe, pois alguma coisa pode ficar esquecido. Estes testemunhos foram todos retirados de pessoas vivas e outras já falecidas.

 


Sobradelo da Goma é uma freguesia situada no Concelho da Póvoa de Lanhoso, Distrito de Braga; no lado onde o Sol nasce, no horizonte pela manhã, indica o Leste, com cerca de 800 habitantes. Era no passado composta pelos seguintes lugares; Alcouce, Berraria, Cabanelas, Carreira, Chêlo, Duquesas, Igreja Velha, Lajes, Outeiro, Pinhel, Penas, Souto Velho, Vaje, Várzeas, Varzielas, Vinha, Ferrador, Lameiras, Belmonte, Ponte, Barbeitos e Carneiros, Godinhos, Vilarinho de Baixo e Vilarinho de Cima. É uma paróquia do Concelho da Póvoa de Lanhoso e da diocese de Braga. Hoje, muitos destes lugares deram lugar a ruas e muitas freguesias juntaram-se, designadas por União de Freguesias, mas Sobradelo da Goma continua como estava, devido a ser uma freguesia grande. Lembro que a electricidade entrou pelo lugar da Vinha e tão rápido chegou à minha casa, a Varzielas, portanto há cerca de 50 anos! A minha casa foi das primeiras a ter luz, nem toda a gente aderiu à electricidade dentro de casa; desde essa altura passamos a ter luz pública, para iluminar os caminhos de terra batida, hoje quase todos alcatroados (os meus pais disseram-me; não metas ali nada dentro de metal, mas mal viraram as costas meti um arame, e logo foi sacudido e até vi estrelas; ainda hoje tenho medo à electricidade, nem suporto choques estáticos da roupa ou objectos). Éramos uma sociedade sem luz eléctrica, nem telefone, nem rádio e nem TV. Eu, e os `putos´ do meu tempo, íamos ver TV a preto e branco para a venda do Nelinho, outros para as restantes vendas espalhadas pela freguesia e ao pé de casa via, com a minha mãe e meus irmãos, a telenovela no Joaquim Dias e Maria Moreira, era a casa do Chedas. Mais tarde uns tempos, lá tivemos TV a preto e branco. Hoje, temos Fibra Óptica, energias renováveis, eólicas, estradas em todos os lugares da freguesia, água canalizada em que 50% é proveniente da Barragem dos Pisões. Quase não havia automóveis. Só algumas motorizadas e algumas bicicletas. Quase não havia socialização na população. Juntávamos para desfolhadas, para vindimas e pisar vinho, para fazermos semeadas de batatas à enxada. Ir à Missa era o mais comum para as pessoas se verem e conversar. Havia as festas e arraiais para dançar, onde surgiam os engates, que vinham a dar em casamento; grande parte dos paroquianos da Goma casavam dentro da freguesia ou com jovens de freguesias vizinhas. Cabia aos paroquianos a manutenção económica do pároco de qualquer freguesia. Como disse inicialmente, a nossa freguesia era uma das mais populosas do Concelho. Costumava-se dizer que o Padre da freguesia era o lavrador mais rico; recebia dos paroquianos, milho, vinho, azeite, centeio e feijão. Todo o agricultor era obrigado a contribuir com o dízimo em colheitas. A casa paroquial, onde vivia o inquilino, ou seja o Padre da Freguesia, situada no largo da Igreja, tem uns grandes fundos, onde possuía as arcas em madeira para receber os cereais, vários pipos e grandes barris para depositar o vinho. O azeite costumava ser depositado em ânforas ou talhas de barro. Os meus pais contribuíam com um cântaro de vinho, cerca de 15 litros e uma rasa de Milho, cerca de 28 quilos. Já os meus avós, antes dos meus pais, contribuíam com o dobro, na altura que possuíam uma grande Quinta, pois tudo dependia da produção de cada agricultor! Os grandes Senhorios e Caseiros davam também azeite, cerca de 15 litros, cinco rasas de milho e uma de centeio. A freguesia tinha mais de 100 quintas. O Padre vendia uma parte dos produtos, pois havia muita gente que não possuía Quintas e nem pequenos terrenos e quem não tinha era pobre, a não ser que tivesse estudos e tivesse alguns estatutos pessoais e civis! Esses povos tinham outros sustentos e compravam os seus bens essenciais com dinheiro e muitas vezes com trabalho. Era usual usar as medidas através de uma vara ou aos palmos e a chamada braça, abrindo os braços bem abertos de um homem, cerca de 2, 20 metros. As pessoas trabalhavam de sol a sol e no fim do almoço faziam uma sesta para apregoar o cansaço.

 

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Sobradelo da Goma; cap. II

uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra

 

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Mulheres e homens iam à missa; no final, as mulheres iam cozinhar e muitos homens aproveitavam o final, para irem até às tascas tomar uns copos de vinho. Naquela altura ninguém trabalhava aos Domingos, excepto para alimentar o gado e regar os cultivos. O passatempo dantes era jogar a malha, namorar, ir até às tascas beber, ou ir a uma festa local, ou de outra freguesia. Havia alambiques de azeite, havia lagares de vinho, havia moinhos; hoje, o que há, está abandonado à sua sorte!

 

Guerra Mundial


Desde há muitos anos que o nome desta freguesia é conhecido por bons motivos e muitos nomes vão aqui constar. O avô paterno do director da Revista Repórter X, de seu nome Joaquim Gonçalves, foi sargento na guerra mundial na Batalha de La Lys, na região da Flandres, nas Trincheiras em França. Joaquim Gonçalves, na terra conhecido como sargento `Quelhas´, era oriundo de Calvelos, Guilhofrei; casou com Elisa Rodrigues de Sobradelo da Goma. O sargento era família da Mouta de Vilarinho de Baixo e dos Rodrigues de Carreira. O director da revista herdou o apelido “Quelhas” de seu avô, pois nasceu na casa do Quelhas, no Lugar de Varzielas. Sobreviveu à guerra mundial e veio para Portugal, trabalhar para o Estado. Foi guarda-rios e viveu em Braga, onde nasceu Manuel, o pai de Quelhas. Tinha mais dois irmãos; Ernesto, emigrou para o Brasil e lá faleceu e uma irmã, Arlinda, que viveu na Póvoa de Lanhoso, no centro, e tinha a Tasca do Cantinho, mais tarde mercearia, onde hoje se situa a Óptica 1, que pertence ao Álvaro Oliveira ou conhecido como Álvaro do Cantinho, que é também Provedor do Idoso numa tutela da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso no presente ano 2021. Fez parte de uma filarmónica em Sobradelo da Goma, da qual não há registos, mas segundo conterrâneos mais velhos, efectivamente existiu. Era um homem conceituado, com muitas terras, umas que herdou de uma tia povoense que vivia com a sua irmã, na casa do Cantinho e outras que comprou, e que mais tarde foram penhoradas por um erro de um familiar, que decidiu comprar um camião, quase único em Portugal e correu-lhe mal (a área era todo o envolvente da ex. Discoteca Isabelinha, aviários da Groba, David Guimarães e do Abel Trolas). Apenas restou a casa de família, onde nasceu Quelhas e as terras herdadas, que, mesmo assim à morte dos pais, as terras deram um bolo dividido em cinco, na herança daquilo que ficou e que outrora foi habitado e fabricado, onde viveram cinco irmãos, `Quelhas´ - João Carlos, Arlindo, Maria Augusta, Luís Filipe e Carla Cristina.

 

Individualidades



Houveram e há ainda entre nós muitas pessoas importantes na terra dos ourives, para além do Sargento; muitos vieram ao de cima, quando saíram para a primeira emigração, principalmente para o Brasil; caso da família do Vale, falecidos, os benfeitores da estrada brasileira. Há muitos familiares vivos, caso do Ferreiro, José do Vale! Como as famílias dos presidentes de junta desde o 25 de Abril de 1974. Zeca da Groba, falecido. Casimiro da Silva, falecido. Manuel Armando, falecido. David Guimarães, falecido; aqui o Vice-presidente substitui este presidente no activo à sua morte, Claudino Carneiro, ainda vivo. Manuel Poças Martins, falecido. Aristides Costa, ainda vivo. Abílio Monteiro Rodrigues, ainda vivo, é o presidente actual na freguesia de Sobradelo da Goma no ano 2022. O sargento Quelhas era da família do Quinhas  da Venda de Vilarinho de Cima, mãe do Engenheiro Alves, que para além de ter vivido em Sobradelo e transitado para Brunhais com os pais e irmão Carlos, que teve e empregou muita gente na confecção têxtil, eram oriundos de Guilhofrei por parte da mãe e dos nossos avós. Tem outros familiares, a Dolores da Casa da Capela do Rebelo em Carreira. Já a esposa Elisa pertencia à família Rodrigues e família do Rego (A família do Rego é também uma família conceituada; eles têm uma costela da freguesia de Castelões, Guimarães. Conhecidos hoje em dia por trabalharem na arte da filigrana, e terem a conhecida Oficina do Ouro no Lugar das Penas daquela freguesia. Também têm um presidente de Junta e um Vereador na Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso até ao ano 2021. No ano 2022 mantém apenas o Presidente de Junta!)

 

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Sobradelo da Goma; cap. III

uma terra esquecida no tempo, que o tempo ainda lembra

 

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A família da Mouta, Gonçalves Veloso, confunde-se como parentescos do Quelhas pela parte da mãe, pois tem o nome VELOSO, Ermelinda Ribeiro Veloso, enquanto o pai, GONCALVES, tem Manuel Rodrigues Gonçalves, logo cruzam os nomes entre famílias. Reparem, dois nomes na família da Mouta como Gonçalves Veloso! No entanto, a mãe Ermelinda, tem sim familiares, conhecida como família do SOL, RIBEIRO; nasceram em Belmonte, no sopé de Várzeas e sobrinhas no Souto Velho, as saudosas irmãs Cidália Ribeiro, que foi catequista e era solteira, e a Mariazinha Ribeiro que teve muitos filhos; a Mariazinha Ribeiro casou com o  Poças, sobrinho do Manuel Poças, que viveu em Várzeas e que tinha um irmão chamado João Poças, que casou com a irmã de minha avó Erminda Ribeiro Veloso, que se chamava Adosinda Ribeiro Veloso. O João Poças e Manuel Poças nada tinham a ver com a família do Sol; apenas se cruzaram nas famílias. O João Poças casou com a Adosinda Ribeiro, irmã de Erminda Ribeiro, as quais foram vizinhas no lugar de Fundevila em Garfe e eram da Casa do Sol, ou apenas a mãe delas nascera em Belmonte e casou para Garfe. Suscita aqui a dúvida e por outro lado o Poças, sobrinho dos dois, João e Manuel Poças, também casou com a sobrinha, Mariazinha Ribeiro da família do Sol, a viver no Souto Velho! Julga-se que talvez a família, conhecida por alcunha de Mouta, com o nome Gonçalves Veloso, do lugar de Vilarinho de Baixo, se cruzou também com familiares da Família Ribeiro de Belmonte noutras vertentes do passado. Mas também se põe a hipótese de que a Família Rodrigues do lugar da Berraria, com sobrinhos no Outeiro, António, Celeste e Laurinda Rodrigues do Rego por parte do Pai, se cruzou com a família Gonçalves de Calvelos, para além do Sargento Quelhas, que casou para Varzielas com a Elisa Rodrigues. A conclusão foi feita pelo Cientista Veloso, que confirmou que as pessoas conheciam-se na missa e nos arraiais das festas da freguesia e também por intermédio de familiares, e namoravam e é de todo provável sem confundir. Na incerteza, quase certeza, sabe-se que a Felizarda Fernandes era prima de Joaquim Gonçalves (Sargento Quelhas); viveram numa grande casa, na Casa do Cancela na freguesia de Guilhofrei, da mesma família do Guarda Cancela que esteve no Posta da GNR da Vila da Póvoa de Lanhoso. Felizarda Fernandes era natural de São Silvestre, Vieira do Minho; casou com António Veloso e deste casamento nasceu o pai do cientista António Joaquim Gonçalves Veloso, de seu nome Manuel Veloso, que casou com Erminda Gonçalves da Igreja Velha e é de todo impossível ligar exactamente estes parentescos, mas que coincidem, eles coincidem e são certos aos olhos dos vivos ainda hoje; já o ditado popular dizia que somos todos irmãos!

 

Nota; este texto é um esboço de um futuro livro. Continua em Fevereiro 2022


Quelhas, Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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