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sábado, 1 de janeiro de 2022

Vidas Destroçadas – Capítulo N° 2 e 3



Vidas Destroçadas – Capítulo N° 2 e 3

 

Vidas Destroçadas – Capítulo N° 2

 

Vidas destroçadas é uma crónica, onde relatamos problemas de vida de homens e mulheres, que vêem as suas vidas devastadas, após acidentes e situações que envolvem dificuldades a nível de saúde, que se vêem esquecidos e ultrapassados pelo sistema médico e seguradoras, sem qualquer tipo de apoios.

 

Este é o segundo de vários programas, onde vamos ficar a conhecer novas histórias, novos protagonistas e novos problemas, e a finalidade destas entrevistas é ajudar estas vítimas a fazerem-se ouvir pelas autoridades.

 

João Pedro Antunes, um dos protagonistas do primeiro episódio Vidas Destroçadas, fundou um novo grupo no Facebook; no entanto, o Rui Fialho é fiel ao primeiro grupo, mas teve de acrescentar a Vidas Destroçadas - Cantão Alemão/ Francês; há ainda um terceiro grupo,  gerido por Paula Moreira e Sãozinha Torres, Voix Réduite Au Silence e ainda o Movimento Hierarquia 25, gerido por Alexandre Nogueira e José Mota, divididos por regiões diferentes, ideias diferentes, mas que cada um luta por todos, onde vão aparecendo cada dia mais casos e mais vítimas da mesma situação. O objectivo destes quatro grupos é unir forças entre os lesados, para que juntos possam reivindicar os seus direitos junto das autoridades e lutar contra a corrupção.

 

João Vieira de Araújo, residente em Schaffhausen, emigrou para a Suíça, natural de Guimarães, para trabalhar numa empresa em Zürich. Em Junho de 2007 foi operado a uma hérnia discal.

 

A operação não foi bem-sucedida, sendo operado mais duas vezes. Foi operado a segunda vez em Maio de 2008 e, em Junho desse mesmo ano, foi-lhe atribuída uma invalidez de 100%. Em Abril de 2011, recebeu uma carta da IV, onde lhe foi transmitido que não iam continuar a pagar a pensão, pois a sua invalidez era apenas de 21%. Contactou o médico que o operou, que refutou essa decisão e aconselhou a procurar um advogado, alertando que essa decisão não podia ser tomada por uma médica de clínica geral, e sim por um profissional especialista na área.

 

Depois de contestar a carta, a decisão manteve-se, mesmo com relatórios médicos de 5 especialistas, que afirmam uma invalidez de 100%. Este lesado acredita que são ocultadas informações aos utentes, para que possam ser ultrapassados pelo sistema, pois não consegue sequer aceder aos exames na sua totalidade, e afirmam que parte dos exames estão reservados apenas aos médicos. Desde 2011 que não recebe absolutamente nada, mas também não é capaz de trabalhar com todas estas limitações, pois foi operado na zona da coluna L4 S1, o que lhe afecta um nervo de um pé, e o impede de ter força no mesmo, chegando mesmo a cair. Estar em pé é um problema, mas estar sentado mais de 10 minutos também é um desafio. Sobrevivem com o ordenado da sua esposa, e com a ajuda dos filhos. Não têm dividas, mas vivem no limite.

 

Amândio Tiago Sampaio vive na Suíça há 13 anos, sendo natural de Fafe. É um jovem revoltado com a situação de vida, pois foi agredido em 2014 e, a partir daí, a sua vida nunca mais foi igual. Tentou continuar a trabalhar, mas depois de 5 operações ao nariz, e 8 infiltrações, a sua situação continua por resolver, e sente-se abandonado por todos, inclusive pelos médicos. Em 2019 tentou o suicídio, procurou ajuda médica e foi internado cerca de 1 mês.

 

Continuou a trabalhar após esse internamento e, em 2020, teve um acidente de trabalho, sendo que o seu braço direito ficou lesionado e precisava de uma operação, mas a SUVA descartou responsabilidades, alegando que era uma lesão antiga. Nesse mesmo ano, voltou a ter uma queda no trabalho, lesionando-se num ombro, e a situação com a SUVA repetiu-se, tendo que arcar com todos os custos do tratamento. Após esse acidente, o patrão ordenou que não trabalhasse. Mediante avaliação da SUVA foi considerada uma invalidez de 10%, sendo encaminhado para a psiquiatria, onde alegam que os problemas psicológicos não têm a ver com a situação acima citada. A AI também não se responsabiliza, pois afirma que Tiago tem bens lucrativos e por isso não tem direito a ajuda. Tiago sente-se esgotado, revoltado e vítima de racismo, por ser emigrante. Actualmente no fundo de desemprego, considera regressar a Portugal, sem ver os seus direitos reconhecidos.

 

Daniela Pinto, vive em St. Gallen e, em Março do corrente ano, sofreu um acidente de trabalho, nomeadamente uma queda de 14 degraus, fracturando um ombro e uma perna. Depois de várias consultas, concluíram que na perna apenas havia pisaduras, e insistiram durante 2 meses nos tratamentos apenas do ombro (infiltrações). Após esse período, devido às queixas na perna, fizeram o mesmo tipo de tratamento na coluna, e só aí resolveram fazer uma ressonância. Diagnosticaram 2 hérnias, elos deslocados, nervos necrosados, bem como dedos dos pés. Ao fim de 5 meses, a SUVA descartou responsabilidades; então, começou a ser seguida numa clínica privada, pelo mesmo médico, em vez de ser seguida no hospital público. Depois de recusar novas infiltrações, propuseram uma cirurgia, que aceitou, pois os médicos deram-lhe boas expectativas de sucesso de tratamento. Depois de ter aceitado, recebeu uma chamada em que lhe foi dito exactamente o contrário, para que a lesada viesse a recusar a cirurgia. A SUVA, alegando que todas as lesões são de causas naturais, não assume responsabilidades. Recorreu dessa decisão, e até hoje não obteve qualquer resposta. Daniela sente-se vítima de discriminação e desprezo e sem meios para recorrer a ajuda.

 

Não sabe o que vai ser da sua vida e, com apenas 28 anos, vê-se privada de trabalhar e lutar pelos seus sonhos. Tendo em conta as histórias de vida dos restantes membros, que vivem numa luta constante, muitos deles há muitos anos, não consegue imaginar um futuro risonho para si.

 

Ramiro Pessoa, natural da Amarante, emigrou para a Suíça em 2001. Em 2013, teve o seu primeiro acidente de trabalho, e após cerca de 18 meses de baixa, regressou ao trabalho a 50%. Depois desse regresso, teve um acidente de carro, estando internado cerca de 3 meses. A SUVA não assumiu nenhuma remuneração desse acidente, e esteve mais de 2 anos a receber subsídio de doença. Fez duas operações à coluna, o que lhe provocou problemas na perna esquerda e mão direita, que ainda permanecem. Em 2018, após uma queda em casa, que resultou na fractura da clavícula, foi operado duas vezes ao braço esquerdo. A SUVA assumiu até determinada altura, mas mais tarde, mesmo depois do lesado ter ganho a causa em tribunal, este órgão recorreu da decisão, e Ramiro está há mais de 3 anos sem receber qualquer ajuda; apenas uma reforma de 817CHF, e trabalha 3 horas por semana, a limpar um supermercado. A perna esquerda e a mão direita continuam com lesões, ficam dormentes e sem força, e não consegue resolver a situação.

 

A AI conferiu-lhe uma invalidez de 22%, afirmando que pode trabalhar a 100% em trabalhos leves. Sendo um Gruísta encartado, vê o seu esforço e investimento de estudo sem qualquer utilidade, pois a falta de sensibilidade na mão direita não lhe permite trabalhar na sua profissão.

 

António Alexandre Nogueira, natural de Penafiel, é mais um dos muitos lesados, que luta pelos seus direitos. Em 2015 teve um acidente, tendo tido lesões graves na sua mão esquerda. Foi detectada uma fractura da cartilagem do polegar e também lesões a nível dos tendões do polegar e pulso. Depois de 2 semanas e meia de baixa, e sendo um emigrante recente e com medo de perder o seu emprego, obrigou-se a ir trabalhar, aguentando as dores à base de medicação.

 

Em 2018 foi submetido a uma cirurgia que, segundo os médicos, seria um quisto gorduroso nas costas, mas revelou-se “uma bola com raízes”, agarrada ao pulmão direito e a um músculo que liga à anca.  Cerca de um mês depois, voltou a lesionar-se no pulso esquerdo, e questionado pela médica se seria uma lesão antiga, o paciente afirmou que resultou de uma queda e que reincidiu no local, onde já tinha tido problemas.  Cerca de um mês depois, voltou a lesionar-se no pulso esquerdo, e questionado pela médica se seria uma lesão antiga, o paciente afirmou que resultou de uma queda e que reincidiu no local, onde já tinha tido problemas.

 

A médica decidiu reabrir o processo antigo e, dessa forma, trocaram a baixa médica, relativa à cirurgia nas costas, pela baixa médica por acidente de trabalho. A partir daí, viu-se numa luta constante e sem fim. Essa baixa foi paga até Novembro de 2020. Em 2019, houve um corte de cerca de ⅔ do seu salário, recebendo cerca de 600CHF por mês. Pediu ajuda à UNIA, por ser sindicalizado nessa instituição, sendo apoiado por uma advogada, que recorrendo dessas decisões da seguradora, teve frutos e o valor foi reposto. Após consultar vários médicos de Lausanne, nenhum aconselhou a fazer alguma cirurgia à mão. Foi informado por uma médica da sua área de residência, “que a experiência de infiltração havia corrido mal e não iria passar novamente a baixa, pois, o caso não tinha solução”. Conseguiu uma nova médica de família, que lhe passou a baixa imediatamente, após conhecer o seu historial e, segundo os novos médicos, também não aconselham a uma nova cirurgia, pois pode piorar a situação da mão e por consequência também do braço. A seguradora SYMPANY, sem qualquer tipo de avaliação e sem qualquer tipo de acordo, decidiu comparticipar cerca de 10 000 CHF, e informou o lesado que teria que operar num trabalho adaptado a si próprio, e não teria mais nenhuma comparticipação a nível de tratamentos médicos ou pensões. Em Janeiro, a advogada recorreu dessa decisão, e desde Janeiro que não tem qualquer resposta. Afirma que “a Suíça e companhias de seguros têm lucro de milhões, mas vivem de sistemas corruptos e de máfia”.

 

Celso Henriques, natural de Mangualde, e é motorista de pesados. Ao descer do camião, teve uma torção do joelho, e foi apenas medicado. Como o médico não resolveu a situação, trocou de médico e foi operado. A SUVA rejeitou qualquer tipo de responsabilidades e foi considerado doença profissional/ trauma. Como a SUVA não pagou nada, viu-se obrigado a ir trabalhar, levando a um aumento da lesão. Foi novamente operado, por um novo cirurgião, que por sua vez elaborou novos relatórios, onde afirma que tudo isto se deve a um acidente de trabalho. Até hoje não recebeu qualquer ajuda, nem da SUVA, nem da AI, nem da Krankenkasse, e uma vez que o patrão também não recebe nenhuma comparticipação, caso não fosse trabalhar, este também não podia pagar o seu salário. O médico já enviou os relatórios a várias entidades, e uma vez que ninguém se responsabiliza, Celso regressou ao trabalho, mesmo estando ainda em recuperação, e ficou registado pelo profissional de saúde, que a situação se vai agravar, pois o tratamento não foi concluído.

 

Tivemos oportunidade de conversar com Victor Carlos, um dos protagonistas da crónica nº1, que nos fez saber que esta entrevista já tinha dado frutos, pois o tema foi abordado num programa suíço.  Essa abordagem foi muito subtil, mas muito enérgica, e pode ouvir-se o director da SUVA, bem como o director geral da Social, o director da AI e mais algumas pessoas responsáveis. Foram mencionados alguns casos idênticos aos destes lesados. Este canal está a dar visibilidade a esta causa, e todos estes membros acreditam que unidos, e com todas as suas ajudas da comunicação social, se farão ouvir. Todos estes membros se mostraram disponíveis para acolher novos queixosos nos seus grupos, para que possam ser ajudados, e todos juntos possam combater estas ilegalidades e este desrespeito pelos cidadãos. No fim da entrevista, o director da Repórter X comprometeu-se a ajudar a fazer chegar estes artigos e estas histórias de vida às mãos certas, aos políticos e outras entidades responsáveis, de forma a poder ajudar estes lesados.

 

 

 

Vidas Destroçadas – Capítulo N° 3

 

Na terceira fase desta crónica, que relata situações da vida de pessoas, que vêem os seus direitos serem ultrapassados por sistemas corruptos, iremos conhecer novos protagonistas de situações idênticas. O objectivo de todos é todos juntos fazerem um grito de revolta e que se possam fazer ouvir e reaver os direitos de que se vêem privados. Todas estas pessoas falam deste tema como uma doença chamada corrupção, que vigora em todo o mundo e apontam o sector da saúde como um dos maiores alvos de putrefacção e, mediante aquilo que têm investigado e apurado, existem inúmeras lacunas neste sector, por preencher. Nesta situação, a Repórter X, tem como objectivo tomar a posição de voz do povo, e conseguir chegar ao Estado suíço, bem como ao português, para assim ajudar a lutar pelos direitos de todos, especialmente dos nossos emigrantes.

 

Rui Fialho acredita que esta iniciativa ainda não tem a visibilidade pretendida, pois ninguém tem interesse nos problemas dos outros, mas mesmo assim pretendem actuar, de forma a mostrar que estas situações são reais, e querem ter o apoio de todos, incluindo pessoas não lesadas, pois qualquer um está sujeito a estar nesta situação, um dia. Afirmam ser manipulados e enganados pelos médicos, que informam os pacientes de um facto, e escrevem outro nos relatórios.

 

Eduardo Dias, natural da Póvoa de Lanhoso, Gruísta emigrado na Suíça há mais de 20 anos, sofreu um acidente em 2018. Após esse acidente, apenas lhe foi receitada uma pomada para aplicação tópica, mas, passados 2 meses, começou a sentir falta de resistência e de força nas pernas. Consultou um médico, e foi-lhe indicado fazer fisioterapia, sendo diagnosticada uma fractura num dos elos da coluna e uma hérnia discal. Após cerca de 15 dias de internamento, foi-lhe injectada cortisona entre os elos da coluna e não aconselharam a cirurgia, pois apenas teria 5% de sucesso, podendo ficar numa cadeira de rodas. Esteve de baixa médica 10 meses, sendo despedido da sua empresa, tornando-se temporário. Após trabalhar 4 meses como temporário, foi de férias e, no regresso, foi-lhe administrada uma injecção semelhante à primeira, mas que, por sua vez, causou efeitos adversos, afectando o braço e a perna esquerda. Sendo transportado para o hospital de ambulância devido a um bloqueio total, apenas foi diagnosticada uma inflamação dos músculos. No final de 2019, esteve internado em vários hospitais, a fazer sessões de fisioterapia durante meses, saindo do último hospital de canadianas. De momento está a ser ajudado pela social, pois devido a um erro no preenchimento dos seus documentos do desemprego, estes não foram aceites. O seu problema foi considerado uma doença, e não uma lesão do trabalho.

 

Alice Beloto, em 2017, deixou de conseguir andar, devido a uma hérnia discal que estava a comprimir o nervo da ciática, sendo operada de urgência. Ao fim de 4 meses foi obrigada a regressar ao trabalho. Passado meio ano, começou a ter dores enormes na anca, e depois de uma ressonância foi informada que esse problema advinha do problema antigo da coluna, pois ainda não estava cicatrizado. Em 2019 deixou de conseguir andar novamente; tinha dores horríveis e dormência na perna. Após uma ressonância, foi-lhe administrada baixa médica e foi detectada uma hérnia exactamente no mesmo sítio. Após infiltrações, ficou pior e, por isso, foi internada de urgência e operada. A cirurgia não foi bem-sucedida e, mesmo durante a fisioterapia, continuava sem conseguir andar. Optou por se inscrever na IV, por precaução, caso as coisas não corressem como esperava, e em Novembro de 2019 foi submetida a uma terceira cirurgia, e ainda hoje tem dores indescritíveis e não sente a perna esquerda. Mesmo com exames médicos, não sabem se é um resto de hérnia, ou se a cicatriz está a comprimir o nervo da ciática, internamente. Foi acompanhada por médicos de neurologia, e fez vários tipos de terapia. Tentou o suicídio, pois tinha dores exageradas, e acabou por perder o emprego. Desde o Verão deste ano que não recebe qualquer tipo de vencimento. Tem sido empurrada de médico para médico e, nas várias terapias que frequenta, ninguém lhe dá respostas. Foram detectados relatórios médicos falsos, que tem em sua posse e os exames que lhe têm sido feitos, desapareceram. Está à espera de uma resposta relativa ao seu grau de invalidez. Não vê um futuro risonho à sua frente, nas condições em que está; tem uma filha de 21 anos e sobrevivem com o salário do marido.

 

Ana Taveira vive na Suíça há 26 anos. Depois de 20 anos a trabalhar num lar, começou a ter dores fortes de cabeça, que sucediam com desmaios. Foram detectadas 3 hérnias discais e foi operada de urgência.

 

Garantiram que em 3 meses estaria apta a ir trabalhar. Após a cirurgia, acordou paralisada, sem conseguir sequer mexer os olhos. Nessa altura, não conseguiu trabalhar, nem sequer podia retirar o colar cervical, pois tinha dores muito fortes. Tentou regressar ao trabalho, mas com tantas dores desmaiou e foi detectada então uma infecção na prótese, que tinham colocado. Em dois anos, foi operada três vezes ao mesmo problema. Recebeu em casa os documentos para preencher da IV, sem os ter pedido, nem mesmo o seu médico de família. Durante 2 anos recebeu vencimento da empresa, e quando fez o pedido para o fundo de desemprego, apenas foram atribuídos 56 dias desse mesmo fundo. Fez uma desintoxicação por medicamentos, fez reabilitação e, mesmo com relatórios dizendo que tinha dores crónicas, tinha que ir trabalhar. As dores permaneceram, e decidiu ser seguida numa clínica, onde foi avaliada com uma invalidez de 40/ 50%.

 

Depois de uma avaliação pela IV, concluíram que a Ana não tinha direito a comparticipação, pois não sabia trabalhar com um computador. Está há 6 anos sem qualquer tipo de apoio. Contactando a IV, alegaram não receber os relatórios da nova médica, mas contactados pela psicóloga, por quem é seguida todas as semanas, foi marcada uma junta médica. Segundo o médico de família, que anteriormente havia diagnosticado algo leve, hoje afirma ter um problema muito sério, que nem permite que trabalhe a 50%. De momento, está a trabalhar a 60%, com muito esforço da sua parte e com a ajuda da sua chefe e das suas colegas de trabalho. Em tempos, a IV pagou-lhe 2 cursos ligados à educação infantil, e é nessa área que trabalha.

 

Tina Silva, que chegou à Suíça em 2011, mas onde já não reside, toda a sua vida foi cabeleireira. Quando chegou à Suíça, por não saber falar francês, teve que deixar de trabalhar nessa área, pois não conseguia comunicar com as clientes, e começou a trabalhar em fábrica. Depois, abraçou um trabalho na restauração de uma escola, fazendo o trabalho de 3 pessoas. Passados dois anos, devido ao excesso de trabalho, começou a ter dores fortes nas mãos e, consultando o médico, foi feita uma ressonância que acusou tendinites, quistos e líquidos. Depois de infiltrações e fisioterapia, foi feita uma nova ressonância e alegaram detectar hérnias a comprimir os elos da coluna, mas o médico de família negava. Os sucessivos exames e intervenções continuaram e, após uns tempos em casa, esteve no fundo de desemprego, que a obrigou a trabalhar. Ao fim dos 10 meses de desemprego, alegaram que era incapacitada para o trabalho, e não comparticiparam mais nada. Na junta médica foi-lhe dito que efectivamente tinha duas hérnias na cervical, mas apenas conferiram uma incapacidade de 2% e que poderia “limpar pó”. Foi diagnosticada também uma depressão, que negou e não aceitou, mas hoje afirma que estava triste e pensou o suicídio. Durante 6 anos, o marido sustentou a sua família, e decidiu então regressar a Portugal. Já iniciou um processo de tratamento em Portugal, e hoje em dia agradece, por nunca ter sido operada na Suíça.

 

José Gonçalves Mota, vive na Suíça há 5 anos. No dia 3 de Fevereiro deste ano sofreu um acidente, nomeadamente uma queda, que provocou o deslocamento de um disco da coluna. Nesse próprio dia, a SUVA assumiu o acidente. No fim de Maio regressou ao trabalho, pois a recuperação foi bem sucedida, mas em Agosto teve uma recaída. Com dores em exagero levaram-no ao hospital e, após uma ressonância, foi detectada uma hérnia discal, que comprime a medula. O médico de família afirma em todos os atestados que é uma consequência de um acidente de trabalho, mas a médica cirurgiã, que o acompanha, afirma que é doença, assim como outros médicos de Friburgo. A própria médica, num livro publicado, contradiz-se às suas afirmações verbais, escrevendo que se trata de um acidente de trabalho. Até agora, não tem qualquer resposta da SUVA, mas felizmente o seu excelente patrão continua-lhe a pagar o salário. Na última consulta, a médica afirmou que estaria apto para trabalhar, quando a sua medula se encontra num estado de degradação contínuo. Quando se viu quase obrigado a trabalhar, José afirmou que apenas regressava quando os médicos assinassem um termo de responsabilidade, assumindo todas as responsabilidades, caso tivesse lesões maiores. Vendo-se nessas situações, os médicos, em poucos minutos, decidiram que teria que ser operado. Está de momento a aguardar essa cirurgia. Todas estas vítimas afirmam estar a ser trapaceadas pelo sistema de saúde e seguradoras, que não querendo arcar com despesas de pensões vitalícias, aliciam médicos a alterar relatórios.

 

José Leitão, outro lesado que contactou o Rui, tem em sua posse um dossier, onde contém provas de todas as atrocidades e mentiras das várias entidades competentes. A página do Facebook, criada por estes membros, tem sido denunciada em força, acreditam eles por pessoas envolvidas nestes casos, o que faz com que seja bloqueada automaticamente. Terminam assim, mais duas crónicas de vidas destroçadas, que contará ainda com mais episódios e mais histórias de vida.

 

Novos dados; “A Suíça quer é que os nossos emigrantes desistam; o Eduardo Dias disse-nos ao telefone que abandonou a Suíça, para não se endividar.  O Amândio Tiago disse ao telefone que quando acabasse o Fundo-Desemprego, lá para Março, também ia embora! João Pedro e José Gonçalves Mota voltam a ser operados. Já o Celso Henriques escreveu-nos a dar conta que, entretanto, o seguro de doença pagou 17500 CHF e o seu patrão não lhe pagou e ele despediu-se com justa causa. Entretanto, a empresa abriu falência e ainda recebeu uma ajuda de 6000 CHF da insolvência, por ter ficado sem 3 meses de ordenad; acrescenta que isto ainda não acabou; está de baixa e os que deviam pagar ainda não deram sinal. Ao Fernando Bandeira, arranjamos um tradutor, para ir à Social ou onde precise. Os membros do Grupo “Voix Réduite Au Silence” receberam resposta do Presidente da República, mas nada se sabe o que diz o comunicado.  Com o Rui Fialho reuniremos no Consulado de Zurique e temos uma reunião brevemente com responsáveis do Sindicato Unia de Luzern e Bern e com o Cônsul de Zurique, para falar da situação geral e do caso do Alexandre Nogueira, que tem dado muito que falar. Todo o historial está-se a dar a conhecer ao Estado Português!

 

Nota; As fotos não publicadas, dos respectivos entrevistados, não foram autorizadas ou não responderam; no entanto, publica-se as imagens reais do vídeo em directo e que podem também ser vistas nos vídeos no Youtube, Facebook e Página da Revista.

 

 

Entrevista; Quelhas, repórter X

 

Entrevistados; João Vieira de Araújo. Amândio Tiago Sampaio. Ramiro Pessoa. António Alexandre Nogueira. Celso Henriques. Daniela Pinto. Victor Carlos. Rui Fialho. Eduardo Dias. Alice Beloto. Ana Taveira. Tina Silva. José Gonçalves Mota

 

Transcrição de Vídeos; Patrícia Antunes

 

Revisão Editorial; Sociólogo político, Dr. José Macedo de Barros



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