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domingo, 9 de janeiro de 2022

Nazaré

Nazaré

 

Recentemente, ao fazer o meu percurso de férias, passando pela bonita zona balnear da Nazaré, deparei-me com duas senhoras, de seus nomes Noémia Borda de Água e sua amiga Maria Rosa.

“A Nazaré é uma vila portuguesa, do distrito de Leiria, sede do município homónimo e com cerca de 10 300 habitantes. Situa-se na antiga província da Estremadura e integra a Comunidade Intermunicipal do Oeste e a região do Centro.”

Estavam sentadas na rua com duas placas nas suas mãos que diziam “Alugam-se casas e quartos”, enquanto Dona Noémia, a senhora mais comunicativa, cantava uns lindos fados com sua brilhante voz (que nos tempos de sua mocidade, se alguém da área a encontrasse, de certeza que a contratariam). Então, sentei-me ao pé delas e “puxei paleio”, porque logo senti que seria interessante uns momentos de prosa com tais simpáticas senhoras. Assim que me sentei, puxei do telemóvel e pus a gravar a maravilhosa conversa, para que não perdesse nenhum pormenor interessante. No desenrolar da mesma procurei saber um pouco mais sobre a história cultural desta terra, questionando a Dona Noémia. Perguntei:

- Como era há uns anos atrás a vida do mar?

- Era de pobreza, daquela que se queria comer e não havia, era uma sardinha para três pessoas e quando era.

- O que vai no coração das mulheres e famílias dos pescadores?

- É uma vida negra e amarga de uma enorme ansiedade e com medo que não regressem.

- Quanto tempo ficavam no mar?

- Há pesca todos os dias, como também existia a pesca ao bacalhau, que durava seis meses lá para a Noruega, em que estes ficavam longe de tudo e de todos.

- Além do mar quais são os outros meios de subsistência da vossa terra?

- Além da pesca, é o turismo e o comércio; são os três meios principais.

- Ouvi dizer que houve um marco histórico muito importante da política para a Nazaré, o qual veio ajudar no desenvolvimento da vossa terra; é verdade, querem-me falar sobre isso?

- Sim. Se não fosse o antigo Presidente da República, o Sr. Mário Soares (naquela altura), que resolveu construir um porto de abrigo, para melhorar a segurança de muita gente. Foi motivo para a Nazaré ter um futuro melhor, mais seguro, mais tranquilo e com mais qualidade de vida.

Assim, numa conversa curta e objectiva; e assim terminamos a nossa conversa com a Dona Noémia e sua amiga Maria Rosa. Foi gratificante este encontro com pessoas tão simples, que o que têm no coração, têm na boca e como complemento o seu sorriso contagiante. Como costumo dizer, “um sorriso multiplica milhões de sorrisos bem como nos seus olhos aguacentos de um passado amargo, mas com o espírito de luta e guerreirismo”. No final, para nos deliciar, Dona Noémia presenteou-nos com mais um fado intitulado “O Xaile de minha mãe”.

 

 

“O topónimo "Nazaré" está intrinsecamente ligado à Lenda de Nossa Senhora da Nazaré.

Ao longo do século XX, a Nazaré evoluiu progressivamente de uma vila piscatória para uma vila dedicada ao turismo, tendo sido um dos primeiros pontos de interesse turístico internacional em Portugal. A indústria do turismo é hoje uma das principais empregadoras da vila.

Faz parte da tradição nazarena o uso de sete saias pelas suas mulheres. A explicação não é consensual, mas está intimamente ligada à faina; as nazarenas tinham o hábito de esperar os maridos e filhos, da volta da pesca, na praia, sentadas no areal, passando aí horas em vigília. Usavam as várias saias para se cobrirem, as de cima para proteger a cabeça e ombros da maresia e as restantes para tapar as pernas.

As sete saias das mulheres e a camisa de flanela e barrete preto dos homens atraíram, durante os anos 50 e 60, do século passado, nomes como Lino António, Jorge Barradas, Stanley Kubrick ou Cartier-Bresson, que documentaram, em pintura e fotografia, o dia-a-dia do povo nazareno.

É hoje impossível falar da Nazaré, sem referir o recorde mundial da maior onda já surfada, de 30 metros, estabelecido por Garrett McNamara, na Praia do Norte, em Novembro de 2011.

Devido à projecção mundial que têm as ondas gigantes da Nazaré, a vila tornou-se na anfitriã dos maiores campeonatos internacionais de surf e recebe muitos desportistas dessa modalidade, assim como milhares de curiosos e de turistas que vêm apreciar as suas corajosas demonstrações.”

 

Fernando Leão

Representante Repórter X em França

 

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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