Episódios dignos de crime contra a vida e xenofobia
Após orientação de formadores de
opinião e de diversos profissionais que, felizmente, fazem e/ou fizeram parte
da minha vida acadêmica e profissional, a resposta unânime foi “Processo
trabalhista”.
Nesse meio tempo fui convidado
por canais, revistas e Podcaster para expor os episódios dignos de crime contra
a vida e xenofobia.
Senhores, venho de um país cheio
de criminalidade em todas as instâncias, o Brasil. Sim, somos palco de várias
lutas sociais. Mas mesmo assim garanto que a Lei Trabalhista funciona. E não
toleramos que informações pessoais sejam repassadas a terceiros na empresa. Mas
tive que ouvir, entre piadas de mau gosto e comentários vulgares, informações
sobre minha vida sem ao menos divulgar meu nome. E zombar de uma profissão,
seja ela qual for, é assédio moral. Eu não tinha sossego nem no vestiário nem
no horário de trabalho.
No meu país do 3º mundo NÃO é
permitido que um subordinado desafie as ordens de seus chefes diretos e a
pessoa que cometeu mais bullying contra mim desafiou a restrição dada a ele por
2 líderes diretos (um da minha equipe e outro da equipe dela) de sua entrada em
meu ambiente de trabalho. Ela, além de não se respeitar, mostrava e demonstrava
que não devia obediência e respeito ao ambiente de trabalho, e me confrontava e
ria de mim sempre que queria.
No meu país, mesmo em
desenvolvimento, tem uma das mais belas constituições do mundo! Acredite ou
não, fiz MBA em Segurança Pública e garanto que o Brasil tem leis. E mesmo aí a
omissão de socorro e a negligência são consideradas crimes. Sim, senhores, quando
desmaiei e fiquei inconsciente, o chefe da equipe me deixou em um banco de
metal e disse ao nosso outro colega que tinha muito trabalho a fazer e me deu
as costas. Ok, entendo que ninguém é pago para ser cozinheiro e atuar como
socorrista. Mas essa pessoa não estava no Brasil nem no país dele, que, talvez,
não tenha recursos para acionar uma equipe preparada para isso. Estávamos em um
dos aeroportos mais seguros do mundo, equipados com pessoal bem treinado,
principalmente em termos de segurança. O que significa que bastava apertar um
botão, dar um telefonema ou, talvez, espiar no corredor e um policial estaria
andando pelas proximidades. Mas nada disso era uma opção para ele. Ele me
deixou lá condenado ao meu próprio destino. Porém, o único da equipe que não
sabia se comunicar em alemão ou inglês (universal), não esqueceu a linguagem da
Vida e não desistiu da minha vida. A este senhor toda honra e toda glória, pois
a ele devo meu eterno respeito. E a este cito o nome: Pande!
Continuando a saga, gostava de ir
trabalhar para a SSP, gostava da minha rotina, era assídua, impecável e, dentro
do possível, sociável. Por decisão conjunta com meu cirurgião, Dr. Ivo Fischer,
solicitei a troca de plantão e como a empresa informava que não havia vagas,
solicitei a rescisão do contrato.
Pouco tempo depois, deparei-me
com alguém que acreditou em mim mais do que eu próprio, e a quem também
menciono o nome, D. Ana Rita Azevedo, a quem serei eternamente grato. Fui
trabalhar no SportsBar e, francamente, pude entender o tamanho da inveja das pessoas
por lá. Apesar de ter passado por um período desagradável e desafiador que me
fez questionar erroneamente se minha vida tinha valor, já recebia apoio
psicológico por causa da maldade humana nesse período, sou humano e tive que
sair por uma emergência e justifiquei com um laudo médico. Porém, acho que
estava na equipe errada, pois eles se estimavam tanto que diziam que “ela
passou uma semana doente” e eu só faltei o período indicado no laudo médico.
Mas quem organizou o Plano de Trabalho deliberadamente me retirou. Acabei de
aceitar a decisão, mas ouvi “o dirigente não gostou da ausência dele e pede que
você seja afastado da equipe porque precisamos de pessoas saudáveis”. Uau! Eu
me questionava o que era ser saudável ali naquela equipe:
1. Chegar atrasado todos os dias
e ainda ser bajulado pelo chefe?
2. Ser arrogante com os colegas
porque se acha melhor ou tem a preferência de um superior direto?
3. Sempre trabalha de mau humor e
trata os outros com grosseria?
4. Sair para fumar a cada 30
minutos?
5. Inventam situações para
denegrir a imagem de quem acham melhor/concorrentes?
Sinceramente, eu tinha ataques de
ansiedade porque tinha um contrato caro e longo para morar perto do trabalho e
não me atrasar. Eu era, de longe, o mais comprometido com o trabalho, mas
agradeço por ter ouvido o que ouvi porque, mesmo da pior forma, me ajudou a
entender que o ser humano é desprezível. Ele pode destruir a vida de uma pessoa
sem remorso e, pior, sem bônus por isso. Pura maldade! E percebi que baixa
auto-estima e autoconfiança não eram meus problemas, eram. Eu estava cercado
por pessoas mesquinhas e vazias.
Mas, mesmo assim, vale ressaltar
que tudo isso representaria um problema para a empresa e para os funcionários
envolvidos no meu país de terceiro mundo.
Então, lá estava eu tendo que
“pisar em ovos” com todo mundo, e como se não bastasse quando a pessoa que me
odiava na cozinha do Pret-a-manger me viu “de volta” nas dependências do
aeroporto, o inferno virou físico . Quando ela, mesmo depois dos comentários
diários como “acha que é cozinheira mas não passa de faxineira”, “coitada, ela
é pele e osso”, “por que vocês homens olham para ela, eu tenho azul olhos” o
espaço começou a ficar pequeno demais para ela e ela começou a bater ombro a
ombro pelos corredores que levavam ao vestiário.
No meu país de terceiro mundo,
qualquer policial me diria para fazer o mesmo. No dela, bem, eu não sei, nem
quero saber, mas ouvi dizer que resolvem matando o inimigo. Mas isso não
importa porque não fui a nenhum dos nossos países pedir ajuda. Estamos na Suíça
e devemos agir como nativos em respeito à nação que nos acolheu. E é isso que
eu fiz. Pedi conselho a um policial que entendia português.
Honestamente, não sei o que
aconteceu depois disso porque tudo aconteceu muito rápido. Ele até me
aconselhou a denunciar ao Departamento Pessoal e não falar mais com chefes
diretos, pois eles tratam tudo como fofoca e esquecem que muitos estrangeiros
saem de seus países de origem alegando que a violência e a criminalidade os
obrigaram a sair de lá. Mas a violência e a criminalidade não saíram deles e
acabaram caindo sobre outros que consideram uma ameaça para eles. E acabei com
a autoridade e fiz o que foi sugerido.
Para minha decepção e surpresa,
recebi da minha chefe direta, dona Ana, a notícia de que eu estava de
sobreaviso. Nossa, nem eu sabia que era minha última semana lá porque a carta
de demissão involuntária só chegou no 3º dia (total 7 dias). Naquele momento me
deparei com uma situação: eu vinha do 3º Mundo, mas a atitude do Departamento
Pessoal era de quinta categoria.
Decepcionado, mas consciente do
meu papel cumprido, encerrei a decisão.
Houve alguns contratempos depois,
que só aumentaram minhas frustrações com o pessoal do SSP, como a troca
desnecessária de e-mails que não estavam de acordo com o padrão suíço de
qualidade (exemplo: e-mail por causa deste artigo - anexo) . Mas deixo isso
para o departamento de TI da empresa. Porque a veracidade do IP e outros dados
não podem ser alterados e/ou inventados.
Diante de todos os transtornos
que o mau caráter de alguns seres que se denominam humanos, busquei a
experiência, vivência e sabedoria de grandes líderes que passaram pela minha
vida profissional e intelectual, e unanimemente me orientaram a abrir um inquérito.
Embora fosse a coisa certa e
justa a fazer, ainda precisava consultar a pessoa mais sábia e justa com quem
já tive a honra de conviver, minha mãe (adotiva), Leopoldina Vieira. E,
conforme a sabedoria que lhe incutiu, concordou com todos os outros profissionais
de diversas áreas, mas deixou que eu pensasse em valores e honra, o que implica
analisar se o meu direito repercutiria negativamente na vida de terceiros,
maneira que soaria como vingança e despeito. E não há justiça quando o todo
está quebrado. Sim, minha vida em diversos ambientes estava no nível zero, só
eu sei das batalhas diárias que travo com minha saúde física, emocional e
mental.
E, por respeito às vidas que
dependem da vida desses seres desprezíveis que tive o desprazer de conviver e
sofrer em suas mãos, não quero mais ir para o SSP. Todas as vezes que pensei em
agendar tal carícia me senti mal, tive um problema de saúde e cheguei à
conclusão de que reviver isso só piora meu processo de cura interna.
Desejo-lhe uma vida longa e todos
os envolvidos também. Sem desrespeito, mas uma coisa da qual NENHUM ser humano
está livre é a Lei Divina. Eu acredito nisso sem dúvida.
Não mais,
Cléa Maria Vieira
Revista Repórter
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