Arte de calceteiro
À conversa
com calceteiros portugueses, na Suíça
Vieram de Lamas de Ôlo, no
concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real, na serra do Alvão.
Formam uma equipa de trabalho de
rua, constituída por Daniel, António, Bruno e Tiago. Estavam a aplicar pedra na
calçada, proveniente de Espanha.
Encaram ter um trabalho, que
consideram como arte, sem valor na Suíça. Acham que são mal pagos. Reformam-se
aos 60 anos de idade, por ser considerada uma actividade dura, depois de
negociação com os sindicatos e o governo suíço.
São trabalhadores muito
introvertidos e pouco colaboradores na conversa, face a um registo vídeo.
“Os vídeos, já tem mais de 100 mil visualizações e alguns
comentários impróprios referentes aos calceteiros, quer ao repórter, `Quelhas´ no
qual estão a ser apagados e advertidos; o protagonista chama a atenção para que
sejam bem-educados e respeitem os outros e para darem a sua opinião de forma
suave, cuidada e responsável para não arranjarem conflitos.”
Ganham, em média, entre 5 e 7 mil
francos, na empresa Staub Pflasterungen.
No descanso da tarefa, foi
possível ao Bruno e Tiago, falarem mais calmamente, para falarem da sua arte.
A pedra vem já preparada, em
forma de cubo grande. Os fornecedores são também portugueses e italianos,
conforme a cor de pedra que se pretenda para a rua. O pior da actividade é o
trabalho sob condições climáticas adversas e na posição de cócoras, que todos
reconhecem, que obriga a terem de mudar frequentemente de postura, para evitar
deformação da coluna vertebral. O pior, mesmo, é o esforço nas costas e as
dores musculares.
O trabalho deles começa por se
fazer uma cama de areia, na caixa que têm de calcetar. Depois, têm de dispor as
linhas de pedra, conforme o desenho pretendido pelo cliente, e ajustando cada
pedra, uma a uma, por toques de desbaste de arestas. Finalmente, lavam a pedra,
nivelam a calçada com vibradora e aplicam cimento podre, na junção entre os
cubos de pedra.
Fazem o reparo que da mesma forma
que os valores dos salários são mais altos, também o custo de vida sobe, pelo
que, para se sobreviver nos países ditos mais ricos, tem de trabalhar toda a
família, face ao grande esforço financeiro das rendas e tudo.
Texto; Dr. José Macedo de Barros,
sociólogo político, conselheiro e revisor da Revista Repórter X
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