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terça-feira, 19 de setembro de 2023

À conversa com calceteiros portugueses, na Suíça

Arte de calceteiro



À conversa com calceteiros portugueses, na Suíça

 

Vieram de Lamas de Ôlo, no concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real, na serra do Alvão.

Formam uma equipa de trabalho de rua, constituída por Daniel, António, Bruno e Tiago. Estavam a aplicar pedra na calçada, proveniente de Espanha.

Encaram ter um trabalho, que consideram como arte, sem valor na Suíça. Acham que são mal pagos. Reformam-se aos 60 anos de idade, por ser considerada uma actividade dura, depois de negociação com os sindicatos e o governo suíço.

São trabalhadores muito introvertidos e pouco colaboradores na conversa, face a um registo vídeo.

 

“Os vídeos, já tem mais de 100 mil visualizações e alguns comentários impróprios referentes aos calceteiros, quer ao repórter, `Quelhas´ no qual estão a ser apagados e advertidos; o protagonista chama a atenção para que sejam bem-educados e respeitem os outros e para darem a sua opinião de forma suave, cuidada e responsável para não arranjarem conflitos.”

 

Ganham, em média, entre 5 e 7 mil francos, na empresa Staub Pflasterungen.

No descanso da tarefa, foi possível ao Bruno e Tiago, falarem mais calmamente, para falarem da sua arte.

A pedra vem já preparada, em forma de cubo grande. Os fornecedores são também portugueses e italianos, conforme a cor de pedra que se pretenda para a rua. O pior da actividade é o trabalho sob condições climáticas adversas e na posição de cócoras, que todos reconhecem, que obriga a terem de mudar frequentemente de postura, para evitar deformação da coluna vertebral. O pior, mesmo, é o esforço nas costas e as dores musculares.

O trabalho deles começa por se fazer uma cama de areia, na caixa que têm de calcetar. Depois, têm de dispor as linhas de pedra, conforme o desenho pretendido pelo cliente, e ajustando cada pedra, uma a uma, por toques de desbaste de arestas. Finalmente, lavam a pedra, nivelam a calçada com vibradora e aplicam cimento podre, na junção entre os cubos de pedra.

Fazem o reparo que da mesma forma que os valores dos salários são mais altos, também o custo de vida sobe, pelo que, para se sobreviver nos países ditos mais ricos, tem de trabalhar toda a família, face ao grande esforço financeiro das rendas e tudo.

 

Texto; Dr. José Macedo de Barros, sociólogo político, conselheiro e revisor da Revista Repórter X

 


Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

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