D. GODINHO FAFES
Para
que as terras se consolidem e desenvolvam são precisos homens com carácter,
galhardia e estratégia, capazes de conduzir o seu destino pela via do
compromisso. Godinho Fafes é uma personagem que viveu há quase mil anos, mas
consegue reunir estas admiráveis qualidades, tão escassas nos dias de hoje, e
ser um grande homem na história.
Descendente
de D. Fafes Sarracins de Lanhoso (morto no combate de Água das Mayas,
junto a Coimbra, quando o rei da Galiza, D. Garcia de Portugal, foi aprisionado
por seu irmão D. Sancho, de Castela) e de D. Ouroana Mendes (irmã de D. Fernão
Mendes, o Velho, de Bragança), Godinho Fafes foi senhor de Lanhoso,
nobre de alto coturno e cavaleiro do Condado Portucalense, nascido nestas
Terras e falecido no Mosteiro de São Salvador, em Fonte Arcada, cerca do
ano de 1142.
Rico-homem
e com boas relações, mandou edificar em 1067 o Mosteiro de Fonte Arcada,
mostrando-se primoroso a guardar as piedosas regras dos monges e tendo como
continuador o primeiro abade Frei João, afamado de santo. O Mosteiro
recebeu do rei D. Afonso Henriques carta de Couto antes de 1140 e, em
sequência, foi aumentado e patrocinado pelos sucessores de D. Godinho.
Dotado
de enorme persistência e visão políticas, Godinho Fafes contribuiu para a
afirmação da nossa nacionalidade de Portugal. Apoiou e encorajou o conde D.
Henrique na política de reforço da importância das pretensões de administração
eclesiástica pelo primado do arcebispo de Braga bem como na luta pela autonomia
do Condado, colaborando na manutenção de uma liberdade de acção política bem
próxima da independência de Portugal.
Como
governador de Lanhoso e ao fazer de Fonte Arcada terra influente com mosteiro
beneditino em pleno coração do Minho, não só protegeu uma região dominada
pelo Castelo de Lanhoso, muito relevante na defesa do Reino pela sua posição
inexpugnável, como alcançou para os seus habitantes o gozo de consideráveis
privilégios. Nos princípios do século XIV tinha justiça própria e nove
freguesias.
Foi
por si e seus descendentes em relação com o Mosteiro que se fixou o
patronímico Godinho, que tão boa reputação deixou na nação. Aliás, D.
Egas Fafes de Lanhoso, também nascido nas Terras de Lanhoso [prelado católico,
nomeadamente, Cónego da Sé Arquiepiscopal de Braga, em 1227, e Bispo de
Coimbra, em 1247, vindo a falecer em Montpellier no ano de 1268], foi seu
descendente pois era filho de D. Fáfila Godins, fidalgo e VI Senhor de Lanhoso.
A
grandeza da obra de Godinho
Fafes é merecedora do penhorado reconhecimento pelas gentes da
Póvoa de lanhoso!
Fontes consultadas: Livro da Torre do Tombo,
Inquirições de D. Afonso, III, Livro IX, fl. 36v; Ordens Religiosas em Portugal
- Das Origens a Trento-Guia Histórico, de Bernardo Vasconcelos e Sousa, pág.53;
Beneditina Lusitana; Identificação de um País, de José Mattoso, 5ª edição, pág.
149; História de Portugal, Volume 1, de A.H. de Oliveira Marques, edição Palas;
Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, volume 9, pág. 661.
Dr. Rui Rebelo, advogado
História é o conhecimento que estuda o ser humano e sua ação
ao longo do tempo. Ao se dedicar ao estudo das transformações das diferentes
sociedades ao longo dos anos, a História investiga a trajetória dos
acontecimentos e eventos considerados importantes. A Póvoa de Lanhoso está
cheia de história e a Repórter X tem procurado meios para divulgar…!
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