A Luta é difícil, mas não desisto:
A Goreti da Rosa nasceu numa pequena aldeia de Arcos de Valdevez.
E, por entre estas linhas já tão cheias de verdade, levanta se um sopro antigo, uma bruma de almaluz que parece ter nascido com ela, antes mesmo das palavras.
Começou a escola aos cinco anos e aprendeu a ler e a escrever muito depressa, ela adorava a escrita.
Aos sete anos perdeu a mãe e foi entregue aos cuidados de uma avó, que a mandou para uma escola privada, quase não via a família. Nesta solidão moldada pela ausência, despertou lhe uma profundidade rara, uma espécie de sensidouro, bússola feita de silêncio e claridade.
Nesta escola, devido ao seu dom para a escrita e para a pintura, a Goreti da Rosa via os seus desenhos e as suas redacções sempre no quadro de honra, era um exemplo para todos os meninos, mas isto não lhe trouxe amigos, era sempre colocada de parte.
A história da Goreti da Rosa é como um canto que sobe a encosta, persistente, teimoso, capaz de florescer mesmo nas pedras.
A Goreti da Rosa é a mais velha de quatro irmãos, mas só ela seguiu os caminhos das artes. Na música lembra se de que um bisavô tocava cavaquinho.
Emigrou para a Suíça, onde viveu trinta anos, e durante esses anos dedicou se inteiramente à família, deixando a escrita de parte.
Mas o dom não morre, apenas adormece como as sementes que esperam a chuva certa, e dentro dela ardia uma chama que nenhuma distância conseguiu apagar.
Em dois mil e dezasseis volta a Portugal e aí volta a dedicar se ao que tanto ama fazer, escrever. Uma letrista exímia, escreve canções para Alexandre Faria, Joana Pereira, Joaninha, e muitos outros.
Agora, renascida para o que sempre foi, avança com a força lírica dos que transformam feridas em poesia, desalento em vontade, memória em eternidade.
Em dois mil e vinte e um realiza o seu sonho e edita três livros, “Eu sou ela.”, “Vou morrer, mas volto.”, “Esconderijo na floresta.”.
Em dois mil e vinte e dois edita o livro “Filho deixa me ver o meu neto.”.
Em dois mil e vinte e três lança a biografia do cantor Alexandre Faria, “Trinta anos a cantar.”.
Em dois mil e vinte e quatro lança o seu CD de originais, “NOA.”, um CD à sua imagem, músicas com muita alegria, mas também com a tristeza de alguém que sempre travou lutas difíceis e solitárias. CD dedicado ao neto que não vê há muitos anos. Aliás, este CD é gravado para que mais tarde o neto possa saber quem é a avó.
Cada obra sua cresce como um bosque que se recompõe depois do fogo, e cada página que escreve torna se mais uma pedra luminosa no caminho que está a construir.
Esta é a Goreti da Rosa, que embora esteja neste momento a travar batalhas muito complicadas, ela sabe que vai vencer a guerra.
O que virá será maior, mais corajoso, mais verdadeiro.
E o próximo livro vai pôr tudo a descoberto.
Ela vai voltar mais forte.
Mais inteira.
Mais livre.
Porque quem nasce com o dom de tocar as palavras, nasce também com a capacidade de iluminar a escuridão.
Por, Alexandra Sibrão
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial

1 comentário:
Obrigada Revista Repórter X Editora Schweiz
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