“RISCO DE COLAPSO NAS REGIÕES MONTANHOSAS E ALUVIÕES NA MADEIRA”
Recentemente uma pequena aldeia suíça foi totalmente destruída por uma avalanche de lama, pedra e gelo, as imagens transmitidas pelas redes de comunicação eram apoteóticas, apenas um morto, graças ao constante monitorizar das montanhas além da protecção que é colocada em locais de risco.
A Madeira é uma ilha de formação vulcânica muito acidentada cuja predominância é o basalto, mas será esta formação rochosa por si só capaz de suportar uma catástrofe?
Quase toda a aldeia Suíça de Blatten, nos Alpes suíços, foi soterrada após o colapso de um glaciar, que arrastou tudo o que se deparou pela frente. A evacuação preventiva evitou mortes, autoridades atribuem o desastre ao aumento da instabilidade causado pelas mudanças climáticas.
Está a Madeira preparada para estas alterações climáticas, sabendo que não tem o problema de glaciares, mas em contrapartida tem os constantes temores de terra que por si só deviam ser um sinal de alerta?
Não creio que esteja, poucos são os estudos de impacto ambiental com o abate constante da manta verde e quando não é a ganância do lucro são as mãos criminosas com os incêndios.
Na memória dos madeirenses ainda perdura a catástrofe de 20 de Fevereiro 2010, mas será que as ribeiras entretanto construídas, serão a solução em caso duma derrocada de grandes dimensões?
“A natureza é mais forte do que o ser humano. As pessoas que vivem nas montanhas sabem disso”, os madeirenses sabem isso muito bem.
Recentemente e com os incêndios que infestaram a ilha a desarborização foi catastrófica, as entidades oficiais começaram plantações em massa, mas quantos anos serão necessários para colocar de novo o equilíbrio nas serras, montanhas e picos na Madeira?
Todos os dias a comunicação social alerta-nos para pequenas derrocadas, na verdade estas são fruto dos incêndios cujo solo não permite a infiltração e os detritos têm de ir para algum lado.
Não foi feito um suporte adequado e colocadas barreiras de suporte nas margens das estradas, mas será que mesmo estas barreiras e suportes poderão suportar uma catástrofe como a vivida na Suíça?
Não, nada poderá suportar uma grande derrocada, quando todos estamos a dar cabo da ilha da Madeira, a construção desenfreada, o turismo de massas, muitas vezes de qualidade duvidosa. A falta de sensibilidade pela natureza e pelo meio ambiente algum dia vai rebentar pelas costuras.
Na pequena aldeia suíça, mais de dois milhões de metros cúbicos de material se desprenderam da montanha, não poderá acontecer algo parecido na ilha? São eventos imprevisíveis mas que sendo monitorizados, podem salvar vidas, na Madeira esta monitorização e cuidados com a ilha não acontecem desde há muito tempo. As mudanças climáticas aumentam os riscos naturais nas montanhas e nas serras na Madeira, mas o maior criminoso nestas situações é na verdade o ser humano.
Sempre houve e haverá áreas instáveis na Madeira, isso deve-se a factores geológicos, meteorológicos e humanos.
O aquecimento global, dá origem a instabilidades climáticas que acabam por se intensificarem em altitudes mais elevadas”, mas também a orla marítima é afectada com o degelo, a subida do nível da água do mar, o constante desrespeito por esse mesmo mar que é a maior fonte de alimentação dos madeirenses com descargas abusivas de estações de tratamento e não só, levam a que a mãe natureza clame à inteligência do ser humano que cada vez é menor e mais tarde ou mais cedo todos pagaremos.
Um estudo recente de cientistas confirma que a mudança climática aumenta os riscos naturais em todo o mundo. No futuro, deslizamentos de rochas e desmoronamentos podem tornar-se mais frequentes em regiões montanhosas pelas diversas razões. Condições geológicas locais e a topografia têm papel importante, afirmam os cientistas. A desestabilização das paredes rochosas é resultado de um processo que pode levar milhares de anos, mas fenómenos meteorológicos ou climáticos podem influenciar o momento do colapso.
Imagens de satélite, radares e sensores instalados no solo permitem monitorar os movimentos de terreno nas encostas. Em caso de anomalias, as autoridades podem emitir alertas de risco. Mas será que as autoridades madeirenses estão na disposição deste investimento que pode salvar vidas?
Os governantes madeirenses deviam preocupar-se com estas situações e acima de tudo, prevenção. Porque tudo o que fizermos de bom ou mau hoje, colheremos amanhã. O que será mais importante o incentivo ao turismo desenfreado ou a prevenção na segurança de todos?
Escritor, José Maria Ramada
Revista Repórter X Editora Schweiz Oficial
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