Declaração e Queixa
Venho por este meio denunciar práticas abusivas e sem nexo por parte de organismos ligados ao mercado de trabalho na Suíça, nomeadamente o RAV e a AMOSA.
Primeiro ponto:
a AMOSA toma a liberdade de enviar e-mails não solicitados, a promover questionários sobre a utilização da Inteligência Artificial na procura de emprego. Ninguém lhes deu autorização para usarem os meus dados, ninguém tem de ser influenciado por estudos e pressões para aceitar a Inteligência Artificial como norma. Cada pessoa procura trabalho como entende, com as ferramentas que quer. Não cabe a uns diplomatas de gabinete dizer como cada cabeça deve pensar. Isto é abuso e manipulação.
Segundo ponto:
o caso concreto de uma funcionária que trabalhou 18 anos na sua profissão, depois de escola e aprendizagem, e por capricho e orgulho do empregador foi despedida. Entrou no RAV, e em menos de um mês conseguiu trabalho de 57%, três dias por semana, com 3.500 francos limpos. Repito, 3.500 limpos, valor que muita gente só atinge a trabalhar a 100%, até Sábados e Domingos. Pois o RAV, em vez de valorizar a iniciativa da pessoa, pressiona-a para procurar outro emprego, e se surgir um emprego a 100% quer que abandone o que arranjou antes, mesmo que seja apenas para ganhar mais 500 francos, mas à custa de trabalhar todos os dias, nem que tenha que ser também Sábados e Domingos incluídos. Isto é burrice, isto é ignorância, isto é exploração. Obrigar alguém a trocar qualidade de vida e equilíbrio por trabalho dobrado em empresas exploradoras, só para cumprir estatísticas, é um comportamento sem lógica e sem dignidade.
Estes dois exemplos mostram o mesmo:
um sistema que já não serve as pessoas, mas apenas se serve delas. Um sistema que se esconde atrás de relatórios, questionários, estudos e modernidades como a Inteligência Artificial, enquanto na prática trata os trabalhadores como peças descartáveis.
Por isso, apresento esta queixa:
contra a AMOSA, pela utilização abusiva de dados e pressão em torno da Inteligência Artificial; e contra o RAV, pela prática obscura de obrigar pessoas a trocar bons empregos por maus empregos em nome de burocracias e números.
Peço que estas entidades sejam chamadas a responder pelo que fazem, e que deixem de impor vontades absurdas sobre quem apenas quer trabalhar com dignidade.
João Carlos Veloso Gonçalves
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